Lourival Cuquinha: Crapulocracia

16/nov

 

 

 

 

 

A Central Galeria, São Paulo, SP, apresenta em seus últimos dias de exibição, “Crapulocracia”, a primeira mostra individual de Lourival Cuquinha na galeria. A exposição é a terceira de uma trilogia de exposições do artista que vêm acompanhando os últimos capítulos políticos do país e a consequente derrocada do pacto democrático.

 

Lourival Cuquinha, Recife, 1975. Vive e trabalha em São Paulo. Multidisciplinar, estudou na UFPE (Recife, 1993-2002) onde frequentou cursos diversos como Engenharia Química, Filosofia, Direito e História. Foi reconhecido em diversas premiações e programas de residência como: Prêmio Funarte Conexão Circulação Artes Visuais (2017), Prêmio Marcantônio Vilaça (2012), Prêmio Brasil Contemporâneo – Fundação Bienal de São Paulo (2010), Artist Links – British Council (2009), entre outros. Suas exposições individuais incluem: Transição de Fase, Funarte (Belo Horizonte, 2018); O Trabalho Gira em Torno, MAMAM (Recife, 2015); Territórios e Capital: Extinções, MAM Rio (Rio de Janeiro, 2014); Capital: destruction-construction, PROGR Foundation (Bern, Suíça, 2012); Topografia Suada de Londres: Jack Pound Financial Art Project, Centro Cultural Correios (Recife, 2012). Entre as coletivas recentes, destacam-se: À Nordeste, Sesc 24 de Maio (São Paulo, 2019); Panorama da Arte Brasileira, MAM-SP (São Paulo, 2017 e 2011); Bienal Sur, Centro Cultural Parque de Espanha (Rosário, Argentina, 2017); 5o Prêmio Marcantônio Vilaça, MAC-USP (São Paulo, 2015). Sua obra está presente em importantes coleções públicas, como: CCSP (São Paulo), MAM-SP (São Paulo), MAR (Rio de Janeiro), MAMAM (Recife), entre outras.

 

Cuquinha e a disputa do simbólico

 

Pollyana Quintella

 

Lourival Cuquinha é amplamente reconhecido no cenário brasileiro por estressar as relações entre arte e política. Lourival Cuquinha é amplamente reconhecido no cenário brasileiro por estressar as relações entre arte e política. Do furto do parangolé de Hélio Oiticica, no início dos anos 2000, às icônicas bandeiras compostas de notas de dinheiro, o artista se dedica há mais de vinte anos a perscrutar as fantasias e as ficções sociais que rondam a prática artística, seus limites, validações e atribuições de valor, bem como as relações íntimas entre exercício político e dimensão simbólica. Crapulocracia, sua primeira mostra individual na Central Galeria, é a terceira de uma trilogia de exposições que vêm acompanhando os últimos capítulos políticos do país e a consequente derrocada do pacto democrático. A primeira delas, OrdeMha, foi realizada em 2016, em paralelo ao golpe exercido sobre o mandato da ex-presidenta Dilma Rousseff, enquanto a segunda, Dos meus comunistas cuido eu (Roberto Marinho), presenciou a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2018. Todas elas, por meio de diferentes estratégias, buscam situar o trabalho do artista à luz desses acontecimentos.

 

No centro da exposição de 2016, uma grande lâmina rotativa, tal qual as placas de Petri – recipientes cilíndricos utilizados por cientistas para analisar microrganismos –, expunha o equivalente a um metro quadrado de lama tóxica da Vale despejada no Rio Doce, como se fosse possível encapsular a catástrofe. Se a lama cumpria o papel de presentificar o desastre e aproximar de nós o evento (tantas vezes reduzido a uma abstração narrativa em razão do bombardeio de notícias e informações), ela também instigava certo fascínio meditativo pela substância em movimento, pondo em tensão as relações entre estética e política ou entre frágeis dicotomias como ação e inação, atividade e passividade.

 

Desta vez, dois torniquetes atualizam o repertório das recentes tragédias brasileiras. Um exibe o petróleo que atingiu as praias do litoral nordestino em 2019, enquanto o outro expõe as cinzas das queimadas que se multiplicaram no território nacional em 2021, formando uma espécie de inventário das destruições que não cessam de nos atravessar. No Brasil do presente, não é exagero dizer que a realidade supera a fantasia; sobra delírio, mas falta imaginação. Lama, fogo, bolsa de colostomia, tudo soa como pura literalidade. Para que metáforas? Resta saber se ver as substâncias assim de perto será o suficiente para perturbar nossa anestesia.

 

O petróleo, material de interesse de Cuquinha há alguns anos, também está presente no neon que dá título à mostra – Crapulocracia. A palavra luminosa contaminada pelo combustível fóssil funciona como um marcador temporal do presente, em que as promessas históricas são suplantadas pela realidade pós-utópica e a imaginação coletiva fracassa continuamente em encontrar soluções para as crises em que estamos imersos, enquanto o país é governado por uma besta.

 

Cuquinha, por sua vez, não se restringe à visão curta e nublada de um presentismo encerrado no aqui-e-agora. Trânsitos entre diferentes tempos históricos situam as complexidades políticas em perspectivas mais amplas, como é o caso de Apólice do Apocalipse (2018-2021), iniciada em 2018. Naquela altura, o artista apresentou uma cômoda de vidro antiga contendo uma transcrição da carta de Pero Vaz de Caminha, considerada o primeiro documento escrito no Brasil. Pouco a pouco, a carta ia sendo carcomida por um conjunto de grilos vivos, o que fazia menção direta ao fenômeno da grilagem, cujo nome tem origem no fato de que esses insetos eram utilizados para forjar o envelhecimento de falsos documentos. À luz da ação do artista, a história do país figurava como um gesto inautêntico. Agora, a mesma carta é exposta depois dos efeitos da grilagem, simulando o próprio anacronismo. Afinal, não há nada assim de tão novo no nosso fim do mundo; talvez estejamos mais próximos de um disco arranhado que repete um evento farsesco à exaustão. Junto a isso, a presença de uma lanterna de luz negra permitirá que o público reconheça que a carta foi escrita sobre um papel-moeda, entrelaçando identidade nacional, capital e poder.

 

A relação direta com o dinheiro também está presente em Brasil Sumidouro (2013). Recibos das mais variadas compras realizadas com o cartão de crédito do artista dão forma aos mapas das cinco regiões do país. Trata-se de uma espécie de loteamento simbólico do Brasil a partir de gastos pessoais, nublando as fronteiras entre o público e o privado. Sumidouro – lugar por onde algo desaparece – refere-se ao fato de que os dados impressos em tais notinhas fotossensíveis estão fadados a se apagar com o tempo. Restará apenas a cor do papel, nos fazendo questionar os critérios arbitrários de atribuição de valor no meio da arte.

 

É a obra Vendo Direitos à Venda (2021), contudo, que situa as operações financeiras com mais radicalidade. O artista comprou, em setembro deste ano, 100 ações da Petrobras pelo valor total de R$ 2.493,00. Os interessados em adquirir a obra deverão responder a um breve questionário cuja finalidade é designar se são ou não cidadãos golpistas. Os “brasileiros não golpistas” poderão comprar o trabalho por R$ 5.099,00, valor referente ao preço que as ações alcançaram em maio de 2008, momento de alta da empresa, enquanto “estrangeiros ou brasileiros golpistas” só poderão adquirir o trabalho pelo dobro do preço, R$ 10.198,00. Ao instituir tais condições, Cuquinha desconstrói um suposto espaço de neutralidade garantido pelo capital na comercialização, além de implicar as consequências políticas e econômicas dos últimos anos no seio das ações culturais.

 

Ao longo de todo o percurso definido por Cuquinha, somos reiteradamente provocados: Qual papel resta à prática artística na construção de um imaginário político? Como fazer do campo simbólico um espaço de disputa? Quais as negociações entre sujeito, instituições de poder e os limites da legalidade? Não será possível responder essas perguntas, mas, assim como para Cuquinha, nos caberá sustentar o problema: cutucar, desmontar e revirar as fantasias.

 

 

 

 

Lourival Cuquinha exibe Crapulocracia

30/set

 

 

A Central Galeria, Vila Buarque, São Paulo, SP, apresenta

 

 

até 19 de novembro, “Crapulocracia”, primeira mostra individual de Lourival Cuquinha na galeria. A exposição é a terceira de uma trilogia de exposições que vêm acompanhando os últimos capítulos políticos do país e a consequente derrocada do pacto democrático.

 

 

O trabalho de Lourival Cuquinha atinge o campo político geralmente partindo de impressões estritas e pessoais. Não chegou a concluir nenhum curso acadêmico, mas cursou engenharia química, filosofia, direito e história, passou dez anos na Universidade Federal de Pernambuco entre 1993 e 2002. Atua em artes visuais, nas áreas de artes plásticas, audiovisual (fotografia, cinema, vídeo) e intervenção urbana. Participou de exposições nacionais e internacionais, com trabalhos caracterizados pela interatividade e pelo diálogo com o público e com o meio urbano.

 

 

Em sua obra estão constantemente refletidos pensamentos sobre a liberdade do indivíduo e o controle que a sociedade e a cultura exercem sobre ele; assim como sobre a liberdade da arte, e o controle exercido sobre ela pelas instituições. Ao atuar tanto na cidade quanto na instituição, questionando o estatuto sobre o que é “obra de arte” e verificando os limites das instituições na hora de absorverem investidas artísticas transgressoras, sua obra nos leva a pensar nas formas pelas quais os artistas de hoje vêm se posicionando frente ao sistema da arte, além de criticar tais instituições, fazer uso delas, negociar permanentemente seu lugar, numa deriva contínua entre a crítica e a adesão. Percorrendo um arco que possui inflexões políticas e força poética, a obra de Lourival surge como local de provocação e nos leva a pensar sobre o lugar que a arte pode ocupar nessas negociações pelo exercício da liberdade, experimentando, assim, o seu alcance de intervenção no próprio sistema da arte e na realidade que o circunda.

 

 

Sobre o artista

 

 

Lourival Cuquinha (Recife, 1975) vive e trabalha em São Paulo. Foi reconhecido em diversas premiações e programas de residência como: Prêmio Funarte Conexão Circulação ArtesVisuais (2017), Prêmio Marcantônio Vilaça (2012), Prêmio Brasil Contemporâneo – Fundação

 

 

Bienal de São Paulo (2010), Artist Links – British Council (2009), entre outros. Suas exposições individuais incluem: Transição de Fase, Funarte (Belo Horizonte, 2018), O Trabalho Gira em Torno, MAMAM (Recife, 2015), Territórios e Capital: Extinções, MAM Rio (Rio de Janeiro, 2014), Capital: destruction-construction, PROGR Foundation (Bern, Suíça, 2012),  Topografia Suada de Londres: Jack Pound Financial Art Project, Centro Cultural Correios (Recife, 2012). Entre as coletivas recentes, destacam-se: À Nordeste, Sesc 24 de Maio (São Paulo, 2019), Panorama da Arte Brasileira, MAM-SP (São Paulo, 2017 e 2011), Bienal Sur, Centro Cultural Parque de Espanha (Rosário, Argentina, 2017), 5º Prêmio Marcantônio Vilaça, MAC-USP (São Paulo, 2015). Sua obra está presente em importantes coleções públicas, como: CCSP (São Paulo), MAM-SP (São Paulo), MAR (Rio de Janeiro), MAMAM (Recife), Centro Cultural do Banco do Nordeste, entre outras.

 

 

Ursula Tautz no Paço Imperial

01/set

 

No dia 09 de setembro, o Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “O Som do Tempo ou tudo que se dá a ouvir”, com uma grande instalação inédita da artista carioca Ursula Tautz, com curadoria de Ivair Reinaldim. Resultado de cinco anos de pesquisa, a instalação aborda o tempo e a memória. Composta por nove toneladas de terra negra, em formato de pirâmide, que soterram uma cadeira com braços e alto espaldar, além de areia dourada e badalos de sinos, a instalação de dois metros de altura é envolta por três filmes, que são projetados pelo ambiente. Por meio de uma obra imersiva, integrada ao espaço e ao entorno, cada visitante terá uma experiência única na mostra, que irá se transformar ao longo do tempo, com o germinar da terra que integra a instalação. Um desdobramento do trabalho será apresentado na ArtRio, de 08 a 12 de setembro.

 

 

“A exposição nos trará a oportunidade de presenciar não apenas um trabalho instalativo de arte contemporânea, mas a apreensão de uma experiência singular de montagem de imagens, sons e tempos, num jogo entre memórias pessoais e coletivas, realidade e ficção. Para além do visual ou do sonoro, a mostra é uma experiência para o corpo. Um convite para a vivência não virtualizada do mundo”, afirma o curador Ivair Reinaldim.

 

A exposição tem uma forte carga histórica e foi pensada especialmente para o Paço Imperial, palco de importantes acontecimentos da história do Brasil, como o Dia do Fico, a Abolição da Escravidão e a Proclamação da Independência do Brasil. “A obra tem relação com o nosso País. O trono soterrado pela terra faz alusão à colonização. E, após a pandemia da Covid-19, não foi mais possível desvincular o monte de terra das cenas que vimos todos os dias em consequência das inúmeras mortes causadas pelo vírus. Mas a terra é forte, preta e fértil, enquanto a areia dourada é uma referência às nossas riquezas, revelando a dicotomia do nosso país”, conta a artista Ursula Tautz.

 

Sobre a montanha de terra, estarão diversos badalos de sinos quebrados, “badalos mudos, parados, que trazem memórias de um tempo congelado, uma tentativa de unir passado e presente”, diz a artista. No entanto, é possível ouvir, de dentro do Paço Imperial, o badalar dos sinos das diversas igrejas ao seu redor, que marcam as horas. O som destes sinos estará sincronizado com os filmes, comandando sua projeção. Quando as badaladas que marcam a meia hora tocarem, os filmes serão paralisados. Quando as badaladas das horas inteiras tocarem, os filmes apagarão e retornarão após o término das badaladas, repetindo o processo ao longo de todo o dia.

 

 

“São vários tempos conversando ao mesmo tempo: o tempo do agora, marcado pelas badaladas dos sinos, o tempo passado dos filmes, o tempo histórico do Paço Imperial e das igrejas. São diversas maneiras de ver e sentir e cada um terá uma experiência única, particular”, diz a artista, cuja intenção foi criar um ambiente imersivo para os visitantes. “Estamos tão saturados de imagens, que a arte tem que te capturar, te transportar para outro lugar”, ressalta.

 

 

Os filmes têm a exata duração do tempo que o Paço Imperial fica aberto diariamente, seis horas. Desta forma, cada visitante terá uma experiência distinta. “Ou ele verá um trecho diferente do filme, ou não verá imagem nenhuma, ficará apenas diante do grande soterramento com seus cheiros e texturas”, diz a artista. Além disso, a instalação irá se transformar durante o período da exposição. Da terra negra, que é fértil, com certeza germinarão plantas.

 

 

“Trata-se de uma instalação impossível de ser narrada e/ou fotografada na sua totalidade, uma vez que nem relatos nem registros são capazes de dar conta das sequências e simultaneidades promovidas pela vivência da matéria, sons e visualidades no ambiente expositivo – fragmentos que, em conjunto, extrapolam aquilo que separadamente evocam”, diz o curador.

 

 

Filmes sobre a Memória

 

 

Projetados na parede, ao redor da instalação, estarão três vídeos produzidos pela artista, que falam sobre memória, sobre diferentes memórias. No primeiro, estão imagens da viagem da artista para a Polônia, onde foi à cidade da avó materna, Uldersdorf an der Biele, aldeia alemã localizada na baixa Silésia, que hoje não existe mais, pois o território foi devolvido à Polônia após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Neste filme estão diversos tipos de memória, a que ela ouviu e testemunhou da avó alemã, a memória do local e dos moradores, além de imagens da viagem que a mãe dela fez 20 anos antes para o mesmo lugar.

 

No segundo filme, também na Polônia, está a imagem de um estábulo onde passarinhos fizeram seus ninhos, e que se relaciona arquitetonicamente com o Terreirinho (espaço no Paço Imperial onde a exposição será apresentada). “São imagens de um transe, os pássaros voando, os sinos tocando, pois quando visitei a cidade era feriado de Corpus Christi e os sinos estavam por todos os lados, nos conventos, nas igrejas, nas procissões e nas ruas”, conta Ursula Tautz.

 

 

O terceiro tem como base o filme “No Paiz das Amazonas”, de Silvino Santos, com imagens da cidade de Manaus no início do século XX. Ele foi o primeiro cinegrafista brasileiro e fez o filme para os seringueiros, com o objetivo de livrá-los de acusações de extermínio étnico. Mesmo filmando uma realidade “maquiada”, é uma documentação fundamental, que aos olhos de hoje causa indignação. Para a exposição, este filme foi mesclado a vídeos enviados por 18 artistas, com imagens oníricas, a fim de se construir uma memória coletiva. “É como se fosse um sonho, com diversas imagens que não necessariamente têm relação umas com as outras, mas que me ajudam a construir uma memória de minha avó manauara, sobre a qual eu nada sei”, afirma a artista. Os artistas que participam do filme são: Analu Cunha, Ariana Schrank, Bel Lobo, Bianca Madruga, Carlos Vergara, Claudia Lundgren, Denise Adams, Jozias Benedicto, Juliane Peixoto, Laura Gorski, Letícia Tandeta, Marcos Bonisson, Patrícia Gouvea, Pedro Gandra, Rafael Adorján, Raphael Couto, Renata Solci Cruz e Vitor Mizael.

 

 

Cinco anos depesquisa

 

 

Para realizar o projeto, a artista fez uma longa pesquisa, que incluiu a viagem para a Polônia, além de estudos sobre os sinos, sua história, visitação às artesanais fábricas e entrevistas, como, por exemplo, com Manoel dos Sinos, o último sineiro do Rio de Janeiro. “Os sinos são símbolos universais, objetos solenes, marcam as horas, os ofícios e o cotidiano, ele são sinais sonoros de nossa humanidade comum. Os sinos nos acompanham há tempos, eles fazem parte da história humana e de nossos rituais desde o Egito Antigo; na Idade Média, a Igreja o fixou em suas torres e em nosso cotidiano, os sinos eram marca de poder, controle territorial e celestial, eram vistos como a manifestação concreta da voz de Deus”, escreveu a historiadora Luciana Muniz Sousa no texto que acompanha a exposição.

 

 

O Paço Imperial está adaptado às regras sanitárias, com medição de temperatura, uso obrigatório de máscara e monitoramento do fluxo de visitantes em todos os ambientes para garantir o distanciamento social recomendado de dois metros.

 

 

ArtRio

 

 

Como desdobramento da exposição, a artista apresentará na ArtRio deste ano, de 08 a 12 de setembro, um projeto solo no stand da galeria FASAM, onde apresentará o vídeo “Tudo que se dá a ouvir” e trabalhos que sintetizam o conceito da exposição no Paço Imperial.

 

 

O vídeo traz o registro de uma performance inédita na qual, vestindo calça e camisa de algodão cru e luvas brancas – em referencia ao filme-propaganda “No Paíz das Amazonas”, de Silvino Santos – a artista lançará doze badalos de sinos antigos e quebrados (que posteriormente serão expostos no Paço Imperial) contra as paredes do espaço, fazendo toda a caixa metálica ressoar, libertando o som do tempo.

 

 

Logo à frente do vídeo estará a memória da performance: a roupa utilizada, um badalo e as luvas. Estarão expostas, ainda, fotografias do filme “No Paíz das Amazonas” e dois trabalhos compostos por redomas e badalos em diferentes dimensões, areia, cordas e arames dourados, que resumem o conceito desenvolvido.

 

 

Sobre a artista

 

Por proposições multimídia, Ursula Tautz desenvolve experiências artísticas que buscam perverter o tempo cronológico através de sua contínua transformação, gerando novas memórias e narrativas. Identidades culturais e históricas são muitas vezes evocadas através do tempo percebido pelo movimento pendular, seja um som, um balanço ou pelos badalos. Pesquisando as relações que envolvem o habitar, o pertencer, a artista utiliza a (re)significação do espaço para o desenvolvimento de suas questões. As ocupações tendem ao uso da instalação. Destes trabalhos de grandes dimensões derivam estudos, desenhos, fotografias, objetos, vídeos. Nos últimos anos o som vem se apresentando como uma nova forma de experimentação. A artista foi finalista do Prêmio Mercosul das Artes Visuais Fundação Nacional de Arte – FUNARTE e participou da Siart Bienal 2018 – Bienal Internacional de Arte da Bolívia em La Paz, e da residência artística Echangeur22, que resultou na exposição “Mobilité, Immobilité”, La Chartreusse, Villeneuve-lez-Avignon, França. Além de ter sido selecionada para a Bienal de Bahia Blanca. Suas obras integram o acervo do Museu de Arte do Rio (MAR).

 

 

Até 21 de Novembro.

 

 

Célia Euvaldo na Roberto Alban Galeria

25/ago

 

 

 

A Roberto Alban Galeria, Salvador, tem o prazer de anunciar a primeira exposição da artista Célia Euvaldo na galeria, também sua primeira mostra individual na Bahia. A artista, amplamente conhecida por suas pinturas em preto e branco, realizadas ao longo de mais de três décadas, apresenta um conjunto inédito de trabalhos em que explora a presença da cor, dando continuidade à sua pesquisa iniciada em 2016. A galeria estará aberta para visitação de 04 de setembro até o dia 16 de outubro. A mostra também poderá ser vista de modo virtual pelo site da galeria (www.robertoalbangaleria.com.br).

 

 

A partir de meados dos anos 1980, Célia Euvaldo investiga, majoritariamente no campo da pintura, as relações entre gesto e matéria. Suas telas de grande formato exploram as múltiplas possibilidades da relação entre o branco e o preto, em uma fatura marcada pela riqueza de texturas, nuances e gestualidade.

 

 

A dimensão física do corpo da artista na realização de seus trabalhos é um dos aspectos fundamentais como chave de leitura para a compreensão de sua produção artística. Suas telas são fortemente marcadas pela relação entre seu corpo e a escala do quadro, revelando – em camadas insuspeitadas e mesmo surpreendentes – a presença do gesto como força motriz e fundamental em sua criação.

 

 

“Um aspecto do meu trabalho é a presença do gesto. Mas não me refiro ao gesto expressivo, impulsivo, de descarga emocional. É o gesto em si, ou melhor dizendo, o esforço, a energia do gesto. Para isso, as dimensões grandes são essenciais. Isso vem desde meus trabalhos mais antigos, de 30 anos atrás”, afirma a artista.

 

 

Desde 2016, Célia Euvaldo tem se dedicado a uma investigação inédita em sua vasta produção pictórica, realizando um corpo de trabalho com a presença de cores abertas, como o vermelho, o laranja e o lilás. Os trabalhos reunidos para sua primeira exposição na Roberto Alban Galeria apontam, justamente, para este momento de ruptura e renovação de sua obra.

 

 

São pinturas que instauram, portanto, uma harmoniosa convivência entre o usual p&b e uma nova paleta de cores – telas que conjugam o preto em suas habituais texturas espessas, a partir de um uso robusto da tinta a óleo, a seções coloridas realizadas com a tinta mais diluída, em tons mais discretos de cinza ou em tonalidades fortes de cores laranja, azul e variações.

 

 

“Em todos os quadros eu deixo uma parte da tela sem pintar. Faço isso porque vejo essas duas matérias como “coisas”, “corpos”, algo quase escultórico. Se eu cobrisse toda a tela, essas “coisas” virariam áreas, e não quero isso. Quero esse peso e materialidade de coisa”, acrescenta a artista.

 

 

O texto do historiador e crítico de arte Ronaldo Brito reflete também sobre esta nova fase da pesquisa de Célia Euvaldo:

 

 

“A meu ver, as cores vibrantes surgem como fatores a mais de irritação e questionamento em uma pintura que opera numa área exígua e tira sua força ao vencer, repetidamente, a ameaçadora entropia. A questão substantiva passa a ser a seguinte: como agem esses contrastes cromáticos, às vezes gritantes, em um espaço pictórico que até então se resumia às invasões maciças do preto sobre o branco, a renegociar os limites entre a forma e o informe? Assim como ocorre com o preto marfim, também as cores abertas não destilam uma química de pintura, empenhadas em revelar a identidade única deste violeta, desse laranja ou daquele azul. Elas irrompem no quadro, resolutas, instintivamente misturadas e diluídas”.

 

 

Sobre a artista

 

 

Pintora e desenhista, Célia Euvaldo nasceu em 1955, em São Paulo, onde atualmente vive e trabalha. Realizou suas primeiras exposições coletivas no circuito nacional em 1987, no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e em 1988, no Projeto Macunaíma, Funarte, também na mesma cidade. Obteve o 1º prêmio – Viagem ao Exterior – no 11º Salão Nacional de Artes Plásticas em 1989. Nos anos 90, realizou individuais na Paulo Figueiredo Galeria de Arte, em São Paulo, em 1991 e 93; no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 1995 e em 1999; dentre outras. Suas últimas individuais foram na Galeria Simões de Assis, em Curitiba, em 2020, e na Galeria Raquel Arnaud, em São Paulo, em 2018. Suas obras estão em diferentes coleções públicas como no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), Coleção de Arte da Cidade de São Paulo, Fundação Cultural de Curitiba e Museu do Estado do Pará. Célia Euvaldo marca um importante período da arte contemporânea brasileira, participando de mostras como a 7ª Bienal Internacional de Pintura de Cuenca, no Equador, em 2001 e da 5ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, em 2005, e realiza individuais em instituições como a Pinacoteca do Estado de São Paulo, intitulada “Brancos”, em 2006, Instituto Tomie Ohtake em 2013, entre outros. No âmbito internacional, a artista participou da mostra coletiva “Cut, Folded, Pressed & Other Actions” na David Zwirner Gallery, em Nova York, em 2016.

 

Angelo Venosa na Galeria Nara Roesler, Rio

15/abr

 

A Galeria Nara Roesler tem o prazer de anunciar a individual “Quasi”, de Angelo Venosa, em sua sede carioca. A mostra comemora a longa trajetória do artista paulistano radicado no Rio de Janeiro, cujo compromisso com a experimentação não deixa de lado o rigor técnico.

Nessa ocasião, Venosa apresenta trabalhos recentes, criados desde 2018, que expressam e desdobram as principais características de sua prática, entrelaçando formas, materiais e procedimentos do início de sua carreira com preocupações atuais. A grande maioria dos trabalhos foi desenvolvida com madeira, tecido e fibra de vidro. A partir desses materiais, Venosa elabora formas que apontam para a tensão entre o orgânico e o abstrato. Essas peças nos remetem a fósseis, fragmentos ou corpos inteiros de criaturas desconhecidas, fazendo-nos refletir sobre as diferentes temporalidades presentes no mundo, o passado, o presente e o futuro; assim como nos oferece uma reflexão sobre morte e sobrevivência. De fato, suas figuras sempre trazem algo de familiar e de estranho, de palpável, pela sua fisicalidade, e de mistério, por não nos permitir identificar um referente exato.

Radicado no Rio de Janeiro desde meados da década de 1970, Angelo Venosa participou da cena efervescente que ficou conhecida como “Geração 80”. Venosa é um exemplo de que o grupo de criadores que despontou nessa época não desenvolveu trabalhos apenas voltados para a linguagem da pintura, mas que, segundo a crítica de arte e curadora Daniela Name, “tinham em comum o desejo de recuperar a conexão afetiva com a representação e com as imagens, migrando seus interesses políticos para uma esfera subjetiva e íntima, o que coincide com uma ampliação da liberdade narrativa conquistada no período de redemocratização do país.”

A importante trajetória de Angelo Venosa pode ainda ser verificada pela sua presença em coleções privadas e institucionais, como Museu de Arte do Rio (MAR), a Pinacoteca do Estado de São Paulo, e o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS), em Madrid; mas também por ocupar o espaço público. A escultura “Baleia” (1989), na praia do Leme, é apenas uma das inúmeras esculturas do artista espalhadas pelo país, dialogando e transformando o ambiente em que se instaura.

Nova artista de A Gentil Carioca

16/mar

 

 

A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, anuncia a representação da artista Ana Linemann.

Sobre a artista

Nascida em 1955 no Rio de Janeiro, Ana Linnemann produz obras tridimensionais, trabalhando com técnicas como o bordado até objetos motorizados. A invisibilidade é uma das fronteiras da visualidade investigada em sua produção, ainda que de fato não exista. Essa dimensão invisível do trabalho da artista é aludida ora pela súbita mudança de estado de objetos no espaço expositivo e no espaço público, ora pela revelação do espaço interior do objeto. Segundo o crítico Moacir dos Anjos, seu trabalho “é informado por uma vontade de se deter com vagar diante dessas muitas coisas que habitam o mundo. Considera-se naquilo que têm de mais claro e, ao mesmo tempo, no que têm de oculto (…). Coisas que despertam ou comprovam na artista uma imensa atração pelo comum da vida. Isto a leva acercar-se delas o mais possível para entender sua natureza banal e mundana, como se fosse a primeira vez que as visse”.

Com uma trajetória consolidada que vem se desenvolvendo desde 1988, Ana Linnemann ganhou diversas bolsas e prêmios, entre os quais: Fundação Cisneros – CIFO 2019; Arte e Patrimônio, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Ministério da Cultura, 2011; Fundação Vitae, São Paulo, 2004; Fundação Pollock Krasner, 2004. Entre suas diversas exposições selecionadas, destacam-se: “An Emphasis on Resistance”, El Museo del Barrio, NY, 2019; “imanan”, Pivô Arte e Pesquisa, SP, 2018; “Lugares do Delírio”, Museu de Arte do Rio, RJ, 2017; “Cor, luz e movimento – Prêmio Marcantônio Vilaça”, Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, 2014; “The World as an Orange, The Sculpture Center”, In Practice Projects, NY, 2004; MALBA, Argentina, 2002. Suas obras integram as coleções da Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu de Arte do Rio (MAR); Cisneros Fontanals Art Foundation (CIFO); Museu de Arte contemporânea de Niterói (MAC Niterói).

Percursos Mediados

02/out

A partir da próxima segunda-feira, dia 05 de outubro, estreia a terceira temporada da série “Percursos Mediados”, baseada na exposição “Pardo é Papel”, individual de Maxwell Alexandre. A mostra, em cartaz no MAR, Museu de Arte do Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, retrata uma poética urbana que passa pela construção de narrativas e cenas estruturadas a partir da vivência cotidiana do artista na cidade e na Rocinha, onde nasceu, trabalha e reside. Os vídeos serão publicados no canal do MAR no Youtube às segundas-feiras, até o início de novembro.

As duas primeiras temporadas completas da série “Percursos Mediados”, com cinco episódios cada, também estão disponíveis no Youtube. Inspirados nas exposições coletiva “O Rio dos Navegantes” e “Rua!”, os vídeos foram desenvolvidos a partir da prática pedagógica museal utilizada nas visitas presenciais oferecidas pelo museu.

 

Individual de Lucia Laguna

03/mar

A Fortes D’Aloia & Gabriel, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta até 16 de maio, a nova exposição de Lucia Laguna. Esta é a segunda individual da artista na Galeria, e sua primeira exposição após “Vizinhança”, mostra panorâmica dedicada à sua obra no MASP em 2018. Neste novo conjunto de pinturas, Lucia dá continuidade à divisão entre as séries de “Jardins”, “Paisagens” e “Estúdios” que norteia sua produção desde o início. Tal divisão aponta para a indissociabilidade que há entre o processo artístico de Laguna e o espaço de seu ateliê, situado na Zona Norte do Rio de Janeiro. É a partir dele – e da observação de seu entorno, que vai de seu jardim até o Morro da Mangueira – que a artista compõe paisagens híbridas, mesclando arquitetura e vegetação, planos geométricos e elementos figurativos.

 

“Paisagem n. 121” evidencia bem o método da artista. De início, Lucia permite que seus assistentes comecem o processo, delimitando linhas sobre a superfície da tela e inserindo desenhos e outros sinais gráficos. Quando a artista assume o comando da obra, dá-se início a desconstrução do que ali já estava, para que então se construam novos cenários por cima de sobreposições que acumulam dezenas de camadas até o resultado final.

 

Um peculiar cruzamento entre abstração e figuração, em jogo em sua produção, torna-se evidente no díptico “Paisagem n. 118”. Ao passo em que a pintura à esquerda revela uma paisagem dissolvida, quase líquida – portanto, mais abstrata -, à direita vemos uma composição mais fincada na figuração, com a presença de elementos como pássaros e um semáforo de trânsito. Este convívio entre registros pictóricos de naturezas distintas também está em “Paisagem n. 120”, obra em que a artista experimenta com o formato vertical, pouco usual em sua produção.

 

Já em “Jardim n. 44”, destaca-se uma outra característica da metodologia de Laguna: a tela, em formato quadrado, que é virada de ponta-cabeça diversas vezes durante sua feitura. Assim, a profusão de cores e figuras que desabrocham do centro da pintura pode assumir aparências ambíguas, ora evocando um buquê de flores, ora um galo, dependendo da direção em que é vista. Completa a exposição sua série “Desenhos”, em que Lucia cria composições sobre papel a partir dos pedaços remanescentes de fita crepe do início da produção das obras. Vestígios iniciais – e também póstumos – da engenhosa arquitetura de suas pinturas.

 

Sobre a artista

 

Lucia Laguna nasceu em Campo dos Goytacazes (RJ) em 1941. Formou-se em Letras em 1971, passando a lecionar Língua Portuguesa. Em meados dos anos 1990, começou a frequentar cursos de Pintura e História da Arte na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e realizou sua primeira individual em 1998. Ganhou em 2006 o Prêmio Marcantônio Vilaça do CNI SESI. Entre suas exposições individuais recentes, destacam-se: “Vizinhança”, MASP (São Paulo, 2018); e “Enquanto bebo a água, a água me bebe”, MAR (Rio de Janeiro, 2016). Suas principais coletivas incluem participações em: 30ª Bienal de São Paulo (2012), 32º Panorama da Arte Brasileira, MAM-SP (2011), Programa Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural (São Paulo, 2005 – 2006). Em abril deste ano, a artista estará na 12ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre, RS. Sua obra está presente em importantes coleções públicas, como MASP, MAM-SP, MAM-RJ, MAR, entre outras.

 

Acontece no MAR

18/fev

O Museu de Arte do Rio, MAR, Centro, Rio de Janeiro, RJ, conquistou, – em seis anos de existência -, um lugar ímpar na programação cultural carioca.

 

O Rio dos Navegantes

 

A exposição faz uma abordagem transversal da história do Rio de Janeiro como cidade portuária, apresentando as diversas vozes dos povos que desde o século XVI passaram, aportaram e aqui viveram. A mostra apresenta cerca de 550 obras de artista como Ailton Krenak, Antonio Dias, Arjan Martins, Carybé, Floriano Romano, Guignard, Kurt Klagsbrunn, Rosana Paulino e Virginia de Medeiros. Evandro Salles é o idealizador e curador e Francisco Carlos Teixeira, o consultor histórico. Também assinam a curadoria e a pesquisa Fernanda Terra, Marcelo Campos e Pollyana Quintella.

Até março de 2020

 

Pardo é Papel

 

A individual do artista Maxwell Alexandre reafirma a vocação que o Museu de Arte do Rio conquistou em seis anos de existência: enfrentar o espelho, se reconhecer, escutar, afirmar o que interessa e prosseguir. Aos 29 anos, o jovem carioca retrata em sua obra uma poética urbana que passa pela construção de narrativas e cenas estruturadas a partir de sua vivência cotidiana pela cidade e na Rocinha, onde nasceu, trabalha e reside. Com obras no acervo do MAR, Pinacoteca de São Paulo, MASP, MAM-RJ e Perez Museu, Maxwell apresenta “Pardo é Papel” no Brasil após levar sua primeira exposição ao Museu de Arte Contemporânea de Lyon, na França.
Até maio de 2020

 

UÓHOL, de RAFAEL BQUEER

 

Interessado em questões que perpassam o corpo e as discussões de decolonialidade, gênero e sexualidade, o jovem artista transita entre linguagens como a performance, o vídeo e a fotografia. A mostra, em cartaz na Biblioteca MAR, joga com o sobrenome do ícone pop norte-americano Andy Warhol (1928-1987) e o termo “Uó” – gíria queer e popular para designar algo ou alguém irritante ou de mau gosto.
Até abril de 2020.

Cine Desejo

10/fev

O Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Praça Tiradentes, Cenro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura no próximo dia 15 de fevereiro, às 12h, a exposição “Cine Desejo”, com obras da artista Caroline Valansi que investigam o universo iconográfico da indústria do cinema pornô e a relação do corpo feminino com o sexo. Com curadoria de Pollyana Quintella, a mostra ocupará todo o andar térreo da instituição. Dentre as obras inéditas, estão algumas sendo criadas pela artista especialmente para a exposição. Alguns trabalhos emblemáticos desta pesquisa iniciada em 2015 também serão mostrados. Em exibição até o dia 28 de março.

 

“Cine Desejo” é uma antologia do interesse de Caroline Valansi sobre os cinemas de rua que passaram a exibir filmes pornôs. A subjetividade construída pelas imagens do cinema, que moldaram a imaginação sexual de várias gerações, e ainda o desdobramento desse universo do ponto de vista feminino, integram também sua investigação. As obras reunidas são intervenções da artista em cartazes históricos, cartografias, fotografias, letreiros, LEDs, colagens e serigrafias. “Cine Desejo” também discute o cinema como espaço de subversão, onde o “escurinho” é situação propícia para “namoricos e intimidades não autorizadas”. Com humor e ironia, a artista constrói espécies de contraimagens para o olhar masculino, também buscando “desierarquizar” o desejo a partir de uma perspectiva feminina e pós-pornô, onde as fronteiras estão esgarçadas.

 

Sobre a artista

 

Caroline Valansi nasceu em 1979 no Rio de Janeiro, RJ, é artista visual, professora e também trabalha com saúde mental na Casa Jangada. Graduada em Cinema na Universidade Estácio de Sá, com pós-graduação em Artes e Filosofia pela PUC-Rio. Completou seus estudos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e Ateliê da Imagem. Sua produção artística transita entre a palavra, o espaço e a ficção. Suas obras sempre foram enraizadas em seu forte interesse em traços coletivos e histórias íntimas. Caroline utiliza materiais familiares em sua pesquisa: fotos de salas de cinemas, velhos filmes pornográficos, imagens encontradas da internet e suas próprias fotografias e desenhos e, juntos, somam uma ampla exploração de representações da sexualidade feminina contemporânea.

 

Entre suas exposições individuais se destacam: “Corpo Cinético” (CCSP – Centro Cultural São Paulo, SP, 2019), “Carne Viva” (Espaço Subsolo, Campinas, SP 2019) e Memórias Inventadas em Costuras Simples (CCJE – Centro Cultural Justiça Eleitoral, RJ, 2009). Participou de exposições coletivas no Brasil, Cuba, Portugal, França, Colômbia e Argentina. Tem duas publicações lançadas: Sempre um bom Filme e o álbum de figurinhas Boa Para ambos de 2015. Organizou os eventos {|}XANADONA{|} (2016, A Galeria Gentil Carioca) e Feminismo e Feijoada (2015, CAPACETE). Faz parte da Cooperativa de Mulheres Artistas e participou do coletivo OPAVIVARÁ! de 2007 a 2014. Caroline Valansi tem obras em importantes coleções públicas e privadas, como a Biblioteca do Instituto Moreira Salles, em São Paulo; Gilberto Chateaubriand / MAM Rio, Museu de Arte do Rio (MAR), Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro; Museu Nacional de Brasília; Bienal de La Havana; Hillel Brasil, no Rio de Janeiro; Mr. and Mrs. Richard Sandor, Chicago, EUA; e Mr. and. Mrs. Simon Biddle, Londres.