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AGENDA CULTURAL

O Bambuzal de Ronald Duarte

27/abr

Artur Fidalgo Galeria, Copacabana, Rio de Janeiro, inaugurou a exposição “Ronald Duarte – Bambuzal”, com uma grande instalação composta por diversos bambus e 19 pinturas, que se relacionam com a instalação. Todos os trabalhos são inéditos e foram produzidos este ano especialmente para esta exposição.

 

Com curadoria de José Damasceno, a exposição é uma ocupação espacial da galeria a partir de um único material: o bambu. Por todo o espaço expositivo, o material distribui-se em diferentes formas, onde cria-se uma grande instalação com bambus que se organizam segundo o jogo entre ordem e desordem produzindo novos espaços. Deparamo-nos, então, com esse bambuzal inventado, esse bambuzal experimental. Espaço de liberdade e convívio. A escolha do material foi proposital: “Bambus vêm da ideia de resistência, que enverga, mas não quebra, como o momento atual que vivemos”, diz o artista.

 

Completa a mostra uma série de pinturas da série inédita “Bambuzal”, que faz parte de uma pesquisa que o artista vem desenvolvendo desde 2015, em que imprime o gesto através de um bastão oleoso sobre a tela, configurando energias das transversalidades e atravessamentos no espaço. As obras da série “Bambuzal” foram feitas utilizando bastão paint stick, dado de presente para o artista pelo escultor norte-americano Richard Serra, em 1997, quando realizou exposição no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro. Ronald Duarte foi assistente do artista nessa mostra e, após produzir os trabalhos com esse bastão oleoso, Serra o deu de presente para Ronald, que agora, mais de 20 anos depois, cria os desenhos em que representa bambus com esse mesmo bastão.

 

 

Sobre o artista

 

Ronald Duarte nasceu em Barra Mansa, RJ, 1963. Vive e trabalha no Rio de Janeiro é mestre em História da Arte com habilitação em Linguagens Visuais pela UFRJ. Nos últimos 20 anos participou de importantes exposições e eventos culturais no Brasil e no Mundo. Faz sua primeira individual em 1999 no IBEU de Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, em seguida em 2000 expõe no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, RJ; em 2001 e 2002 ganha o Prêmio Interferências Urbanas em Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, com os trabalhos “O Que Rola Vc Vê” e “Fogo Cruzado”; em 2004 ganha da Funarte o Prêmio Projéteis em Arte Contemporânea e realiza pela primeira vez o “Nimbo//Oxalá”; em 2005 apresenta o “Fumacê do Descarrego” no Ano do Brasil na França no evento Nuit Blanche em Paris, França; em 2006 ganha o Prêmio Marcantonio Vilaça – Funarte com a série de vídeo “Guerra é Guerra”; em 2007 interfere no Museu Imperial de Petrópolis, RJ com o trabalho “Funk da Coroa Imperial” “O Museu como lugar”, Petrópolis, RJ; em 2008 ganha o Prêmio Iberê Camargo, apresentando a Performance “Alvo Fácil” na Cidade do Porto, Portugal, Fundação Serralves, Portugal; em 2009 convidado a participar da 10ª Bienal de Havana, Cuba com o trabalho “Nimbo//Oxalá”, que será apresentado também na 2ª Bienal do Fim do Mundo, Ushuaia, Patagônia, Argentina; no mesmo ano propõe uma guerra civil em Paint Ball no Museu Het Domain, Sittard, Holanda. Em 2010 participa como convidado da 29ª Bienal de São Paulo, SP, e participa da exposição Afro-Modern na Tate Galery, Liverpool, Reino Unido, essa mesma mostra foi para o Centro Galego de Arte Contemporânea, Santiago de Compostela, Espanha; em 2011 ganha o Prêmio da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro, RJ, apresenta o trabalho “Peito de Aço” é convidado pra fazer a Abertura da Art Basel, Miami, EUA e em seguida representa o Brasil na Europália, Bélgica, no mesmo ano participa da 4ª Bienal de Porto Santo, no arquipélago da Madeira, Portugal, apresentando o trabalho “O Brilho dos Olhos”; em 2012, Ano do Brasil em Portugal, é convidado como curador e artista no projeto “Tranza Atlântica” em Guimarães, Portugal, Capital Cultural Européia; em 2013 é convidado a participar da Feira do livro de Frankfurt no Ano do Brasil na Alemanha; em 2014 apresenta “Matadouro/Boiada de Ouro”, no Neuen Berliner Kunstverein, Berlim, Alemanha. Ronald participa do Festival de Arte de Accíon, em Cuenca, Equador, no ano de 2015, construindo um espiral de brasas: “Ancestral”. Em 2016, com a ação “Tapete para Encantados” e “Ferramenta de Exu” compõe a exposição ORIXÁS, na Casa França-Brasil, RJ. No ano de 2017, em parceria com o Coletivo Carne e Lourival Cuquinha, acionam o “EIXU DA TERRA”, resultado de uma das oficinas do evento Criaturas Urbanas, Recife-PE. No mesmo ano faz a “Boiada de Ouro”, no centro de Nova Friburgo e a instalação “Boiada do Chico”, na galeria KM7.

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Até 17 de maio.

Itinerante de Portinari

Após passar por Recife, Salvador e Curitiba e ser vista por um público em torno de 50 mil pessoas, chega ao Rio a exposição inédita “Portinari – A construção de uma obra” na CAIXA Cultural, Centro. Com entrada franca, a exposição poderá ser visitada de terça-feira a domingo, das 10h às 21h. Na abertura oficial para convidados, que acontece dia 02 de maio, às 19h, os frequentadores do espaço terão a chance de participar de uma visita guiada com o curador Luiz Fernando Dannemann. O projeto tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal.

 

A mostra reúne cerca de 70estudos, pinturas e obras do pintor, muralista e desenhista, que conquistou reconhecimento internacional retratando o cotidiano do país e a desigualdade social, com atualidade surpreendente. Também fazem parte da montagem 12 esculturas criadas pelo artista plástico Sérgio Campos, que reproduzem personagens de importantes obras de Portinari.

 

Segundo Dannemann, os trabalhos reunidos mostram o processo criativo do artista, ilustrando sua trajetória. “É uma exposição específica da construção da obra de Portinari, que mostra estudos, esboços e desenhos de grandes obras do artista”, comenta o curador. “São pedaços preciosos de um artista singular, de quem buscou originalidade na própria poesia do homem”. Entre eles, há estudos para o painel Guerra e Paz, que Portinari criou para a sede da ONU, em Nova York, entre 1952 e 1956.

 

Um dos grandes temas da obra do artista é a desigualdade social, revelada no registro do cotidiano, como em “Grupo com homem doente” e “Menino morto”, por exemplo. “Portinari era um ‘cronista’ que, ao invés de escrever, pintava as desigualdades, as efemérides”, diz o curador. “Os Retirantes” é a realidade do Brasil, pessoas que iam para as grandes cidades buscando melhores oportunidades. E muitas dessas obras continuam atuais, a crítica, a crônica, porque ainda vivemos em um país de desigualdade social”.

 

 

Esculturas

 

As esculturas de Sergio Campos contracenam com as obras de Portinari na mostra. Campos finalizou o planejamento do próprio artista plástico, que queria transformar suas figuras em esculturas. O Rio de Janeiro recebe 12 trabalhos, revelando uma tridimensionalidade da visão de Portinari. “Ele pretendia eternizar alguns de seus personagens em bronze. Como morreu prematuramente, aos 59 anos, não conseguiu concluir este projeto”, explica Dannemann. “Sergio Campos, membro da família do pintor, decidiu finalizar a ideia, criando esculturas fidedignas em cada detalhe”.

 

 

Sobre os artistas 

 

Portinari nasceu em 30 de dezembro de 1903, em Brodowski, interior de São Paulo. Filho de imigrantes italianos, teve uma infância humilde e recebeu apenas a instrução primária. Desde criança manifestou sua vocação artística, começando a pintar aos nove anos. Estudou na Escola de Belas-Artes do Rio de Janeiro e visitou países como a França e a Itália, onde concluiu os estudos. Em 1935 recebeu em Nova York um prêmio por sua obra “Café”, que o projetou para o mundo. Faleceu em 1962, tendo como causa aparente uma intoxicação causada por química presente nas tintas.

 

Sergio Campos – Desenhista, pintor e escultor, é formado pela Escola de Belas Artes da UFMG. Criou técnica para construção de esculturas em aço e cobre e executou monumentos públicos de grande porte. Estudou pintura mural e escultura em bronze com o italiano Franco Cerri. Seus desenhos, desde os primeiros, tem uma alta tensão de músculos retesados, de veias saltando, um quê de flerte com os personagens de Portinari.

 

 

 

De 02 de maio a 1º de julho.

Laura Vinci em Porto Alegre

25/abr

O Instituto Ling, Porto Alegre, RS,  apresenta a exposição “Todas as Graças”, da artista paulista Laura Vinci. Com curadoria de Virginia Aita, “Todas as Graças” é uma instalação concebida especialmente para a galeria do Instituto Ling, com peças das séries “Graças”, “Pins” e “Mundos”, produzidas entre 2015 e 2018, em que a artista trabalha com materiais como latão (banhado a ouro e prata) e vidro borosilicato. São 21 peças da série “Graças”, quatro peças da série “Mundos” e “180 Pins”, dispostas no solo e paredes, em conjuntos que se relacionam entre si e preenchem de forma harmônica o espaço da galeria.

 

Conhecida do público portoalegrense por suas participações na Bienal do Mercosul (1999, 2005, 2009 e 2015), Laura Vinci é escultora e artista intermídia, com atuação em cenografia teatral. A artista se interessa, principalmente, pelo espaço e suas possíveis configurações. Com sua narrativa particular, poética e política em torno do corpo, do espaço e do efêmero, seus trabalhos são intervenções que provocam mudanças no ambiente, muitas vezes diante dos olhos do espectador. Laura Vinci investiga diferentes materiais, explorando suas diversas propriedades e seus potenciais de transformação visível, como nas passagens de estado (como mármore, pó e vidro, ou água, gelo e vapor) ou nas metamorfoses desses materiais.

 

Desde o final dos anos noventa, Laura também se dedica ao teatro, fazendo cenografia e direção de arte. Em 1998 fez “Cacilda!”, com o diretor Mundana Companhia, “O Duelo”, uma adaptação teatral da novela de Anton Tchekhov.

 

Suas obras fazem parte dos acervos da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Inhotim, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.

 

Segundo diz, em seu texto de apresentação, a curadora Virginia Aita, “a instalação Todas as Graças é um recorte peculiar na sua produção: mais intimista, solicita uma ‘escuta’ sutil das formas, que se coagulam num desenho despojado, pontuando elegantemente um silêncio aparente. Condensações de espaço e tempo, essas esculturas funcionam num conjunto dinâmico”.

 

A exposição é organizada pelo Instituto Ling com patrocínio da Crown Embalagens e realização do Ministério da Cultura / Governo Federal.

 

 

Até 21 de julho

Nassar está na Pinacoteca Estação

A Pinacoteca Estação, São Paulo, SP, exibe a retrospectiva do artista paraense Emmanuel Nassar. Com patrocínio de Credit Suisse, “Emmanuel Nassar: 81-18” abre o calendário de exposições do prédio, que é da Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura do Estado.

 

Com sua produção, Nassar provoca reflexões sobre o “erudito” e o “popular”. Suas pinturas e objetos estão marcados por interações aparentemente banais: das logomarcas pintadas em fachadas de rua à geometria rigorosa que remete ao concretismo brasileiro; da pintura popular do circo e do parque de diversões que circula o país à ironia da arte-pop americana. Além disso, o uso de símbolos como a bandeira nacional, a logomarca da Coca-Cola e a referência à Hollywood estão também presentes sem hierarquias, mas apresentadas com um senso de humor irônico.

 

“O trabalho de Emmanuel Nassar é muito potente. Fez com que a crítica do sudeste repensasse a noção idealizada que existia do pintor dito ingênuo”, explica o curador Pedro Nery.

 

A mostra apresenta quatro décadas de produção, reunindo trabalhos conectados por temas que são recorrentes ao longo desse período. Serão abordadas questões sobre identidade, a pop-arte ou a iconografia circense. Serão mais de cem trabalhos, entre eles “Receptor”, de 1981, o mais antigo presente na retrospectiva e que marca uma guinada em sua produção artística. Também “Fachada”, obra do acervo da Pinacoteca que representa em escala real o pórtico de um circo de rua e que foi feita para servir de entrada para a sala do artista na Bienal de 1989.

 

Vale lembrar que esta individual dá continuidade ao programa de exposições que pretende realizar uma revisão da carreira de artistas que iniciaram suas trajetórias na década de 1980 e construíram um percurso destacado no contexto da arte contemporânea brasileira.

 

“O que há de mais perene no conjunto da obra de Nassar é, possivelmente, a ambiguidade de dois mundos brasileiros, um informal das ruas e da experiência mundana em contraste com a formalidade geométrica e utópica”, completa Nery.

 

A Pinacoteca prepara um catálogo que reunirá dois textos inéditos escritos pelos autores Pedro Nery e Thierry Dufrêne, historiador da arte. O livro trará ainda reproduções das obras expostas.

 

 

 

Até 02 de julho.

Almofadinhas no mBrac

16/abr

O grupo, formado por Rodrigo Mogiz (BH), Fábio Carvalho (RJ) e Rick Rodrigues (ES), três artistas que tem o bordado como ponto em comum de suas produções, participa neste mês de abril da Residência Artística CASA B, seguida de exposição no Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, mBrac, Rio de Janeiro, RJ, com abertura no dia 28 de abril. A exposição contará com trabalhos dos três “Almofadinhas”, tanto obras já existentes quando as que serão criadas durante a residência artística, junto a trabalhos de Arthur Bispo do Rosário, criando-se um diálogo simbólico entre a produção do grupo com a de Bispo do Rosário.

 

O grupo “Almofadinhas” surgiu em meados de 2015, quando os três artistas começaram a realizar conversas à distância, por meio das redes sociais, sobre as afinidades conceituais e imagéticas de suas obras. O convite para participar do programa partiu do curador do mBrac, Ricardo Resende, que também foi o curador da primeira exposição do grupo, realizada em 2017, em Belo Horizonte. Nesta nova edição a curadoria contará com Diana Kolker, gerente de educação do mBrac e coordenadora do programa de residências CASA B junto à Ricardo Resende.

 

Ricardo Resende, no texto para a exposição dos Almofadinhas em 2017, ao comentar o uso do bordado pelos artistas do grupo, afirma: “…têm essa linguagem como suporte do devaneio estético que dá um novo sentido ao gesto de bordar e, consequentemente, ao bordado. Enfeitar, adornar é um desvio da vida prática de resultados que pauta a tal sociedade do desempenho. Para Fábio Carvalho, Rick Rodrigues e Rodrigo Mogiz, o bordado permite uma experiência interior estética. Cada um à sua maneira, todos imprimem com o bordado a sua mensagem poética. 
 

Os três artistas têm necessidade dessa técnica ancestral de “enfeitar” tecidos. Usam a técnica para expressar visões do mundo e desde que se encontraram influenciam e interferem um no trabalho do outro. O resultado do que fazem com a técnica, como não poderia deixar de ser, é bonito, tocante e sedutor. Causam impacto pelas cores, pela delicadeza e, claro, quando mais se aproxima e com atenção redobrada para os trabalhos, descobre-se que não é só de estética que tratam. Surpreendem. Na verdade, causam estranhamento.

 

Mimetizam a beleza vista nos objetos de pano pois, de fato, leva-se um ‘susto’ quando se descobre o real motivo dos bordados, pois estamos acostumados com o bordado de enfeite. São questões ainda tabu para a humanidade o que abordam com seus trabalhos. Gênero, sexualidade, memória, família, guerras, violência e os costumes, a ambiguidade de ser sensível na sociedade contemporânea, subvertendo o universo cultural da feminilidade em suas poéticas. Os artistas aqui não são seres disciplinados, tão pouco conformados e, muito menos, ‘bonzinhos’. Não. Eles subvertem os modos, subvertem a própria arte ao fazerem da frugalidade dessa atividade, arte.” 

 

A Casa B – Residência Artística é o programa de residência da Escola Livre de Artes (ELA) do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea (mBrac), dedicado a artistas, curadora(e)s e educadora(e)s para o desenvolvimento de pesquisas e poéticas através do diálogo com a comunidade, o território e com outros programas desenvolvidos pelo museu. A criação do programa foi motivada pelo potencial artístico-cultural da Colônia, que registrou na sua história a passagem de importantes nomes na arte brasileira como Arthur Bispo do Rosário, Ernesto Nazareth, Stela do Patrocínio e, atualmente, os artistas que compõem o Atelier Gaia.
 
O Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea (mBrac) integra o Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira, outrora uma instituição manicomial conhecida como Colônia Juliano Moreira, localizada na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O Museu é responsável pela preservação, conservação e difusão da obra de Arthur Bispo do Rosário – um dos expoentes da arte contemporânea, de reconhecimento nacional e internacional e que viveu internado na Colônia por 49 anos. Além de realizar exposições do acervo de Bispo do Rosário e artistas contemporâneos, a instituição toma para si o desafio de integrar arte e saúde, criando novas perspectivas sobre arte, educação e cuidado, e expandindo suas ações através da Escola Livre de Artes.

Os africanos, cinco exposições

O Museu Afro Brasil, Portão 10, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, inaugura cinco exposições e homenageia Mestre Didi e Frans Krajcberg. Nova geração de artistas africanos e o olhar europeu na fotografia contemporânea também estão entre os destaques das mostras. Instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo em parceria com a Associação Museu Afro Brasil – organização social de cultura, abre simultaneamente no sábado, 21 de abril, às 11h00, cinco novas exposições: “Um Frans, a natureza – Exposição em memória de Krajcberg: Esculturas, relevos e fotografias”; “Um Deoscóredes – 100 anos do Alapini Deoscóredes Maximiliano dos Santos: Arte e Religiosidade”; “Os Africanos – O olhar europeu da fotografia contemporânea”; “África Contemporânea” e “África e a presença dos espíritos”.


Com curadoria de Emanoel Araújo, os destaques das exposições ficam por conta das homenagens póstumas a dois nomes fundamentais das artes visuais no Brasil no século 20, ambos, coincidentemente, com íntima relação com a natureza: o pintor, escultor, gravurista e fotógrafo Frans Krajcberg (1921-2017), falecido no ano passado, e Mestre Didi (1917-2013), cujo centenário de nascimento foi celebrado no último dia 2 de dezembro.


Um Frans

Conhecido por dedicar sua vida e obra à defesa da natureza brasileira, a mostra individual “Um Frans”, a natureza reúne esculturas, relevos e fotografias de Krjacberg que revelam a revolta do artista contra a destruição do planeta.  A exposição destaca o modo criativo com que utilizava troncos de árvores, folhas e cipós como matéria-prima e fonte de inspiração para suas criações, que o próprio artista costumava chamar de “um grito da natureza por socorro”. “Frans foi um eterno encantado e um defensor da natureza que trazia dentro de sua alma peregrina as matas e florestas do Brasil. Em sua longa vida artística, Frans esteve intrinsicamente ligado as terras do país, nos convidando a fazer mais forte o seu eco irradiador em defesa das nossas matas, das florestas que ainda nos sobram, como a esperança e a beleza que emanam da sua obra”, ressalta o curador.

 

 

 

Um Deoscóredes  

 

 

A exposição “Um Deoscóredes – 100 anos do Alapini Deoscóredes Maximiliano dos Santos: Arte e Religiosidade” é uma homenagem ao centenário de nascimento de Mestre Didi (1917-2013), Alapini do Ilê Asipa e filho de Mãe Senhora (1890-1967) – iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá. A mostra celebra a obra de fôlego inesgotável e as tradicionais e potentes esculturas do artista, produzidas com materiais naturais como búzios, sementes, couro, nervuras e folhas de palmeira.

 

Repleta de elementos da cultura afro-brasileira, a produção artística de Mestre Didi “é como a união da antiga sabedoria, a expressão viva da continuidade e da permanência histórica da criação de uma nova estética que une o presente ao passado, o antigo ao contemporâneo, a abstração à figuração, formas compostas ora como totens, ora como entrelaçadas curvas. Suas esculturas, em sua interioridade, são uma relação entre o homem e o sacerdote que detém o espírito íntimo das coisas e de como elas se entrelaçam entre a sabedoria do sagrado e do profano”, define Emanoel Araújo. Dentro da exposição, será exibido pela primeira vez em São Paulo o documentário “Alapini: A Herança Ancestral do Mestre Didi Asipá”, de Silvana Moura, Emilio Le Roux e Hans Herold.

 

 

 

Os africanos

 

Muitos foram os fotógrafos que fizeram extraordinários registros dos povos e das manifestações culturais África afora. “Os Africanos – O olhar europeu da fotografia contemporânea” reúne trabalhos de quatro fotógrafos do chamado velho continente que conseguiram contribuir, com profundo requinte estético, para uma melhor compreensão artística da África atual. São eles: Hans Silvester (Alemanha), Isabel Muñoz (Espanha), Alfred Weidinger (Áustria) e Manuel Correia (Portugal).

África Contemporânea

 

A exposição “África Contemporânea” apresenta trabalhos de artistas de países como Moçambique, Benin, Senegal, Angola e Gana, tais como Dominique Zinkpè, Aston, Soly Cissé, Yonamine, Gérard Quenun, Owusu-Ankomah, Oswald, Celestino Mudaulane, Edwige Aplogan, Francisco Vidal e Cyprien Tokoudagba, criadores conhecidos por exporem as próprias feridas e acumulações por meio de pinturas, esculturas, instalações, desenhos e colagens. Sobre a atual produção artística em África, Emanoel destaca o compromisso das novas gerações com temas da atualidade: “A arte contemporânea tem grande comprometimento com seu tempo, fala através de metáforas, é menos contemplativa, no sentido clássico da expressão. A arte fala não só do seu tempo, mas de experiências culturais e políticas, e o artista africano, submetido a grandes impulsos, como diferenças econômicas e sociais, extrai daí sua invenção plástica”.

África e a Presença dos Espíritos

 

A mostra “África e a Presença dos Espíritos” reúne esculturas, máscaras, asens e moedas produzidas em cobre, madeira, tecido, miçangas e fibra vegetal dos tradicionais povos africanos Guro, Fon, Senufo, Iorubá, entre outras etnias. “A arte tradicional africana foi criada por artistas anônimos, dentro dos dogmas que a situa entre a grande criação: o homem, a natureza e os deuses em comunhão espiritual desses diferentes povos”, explica Emanoel.

 

 

De 21 de abril a 10 de junho.

Aula Aberta 397

É namoro ou amizade: É possível definir as relações entre artistas e curadores?
No dia 17 de abril, o Ateliê397, Pompéia, São Paulo, SP,  reúne seu time de professores para discutir a relação entre artistas e curadores. Junto à mesa formada pelos artistas Rodrigo Bivar e Raphael Escobar e os críticos-curadores Thais Rivitti e Carlos Eduardo Riccioppo, os alunos dos cursos e público interessado problematizarão sobre o tema.
Desde a histórica mostra de Harald Szeemann “When attitudes becomes form”, de 1969, o papel do curador tem sido fundamental para criar mediação entre artista, instituições e público. Mas, embora essencial, tal prática se vê comumente questionada, paradoxalmente, pelas mediações propostas. Nesse sentido, observamos uma independência do artista da figura do curador, tornando ele próprio artista-etc, como disserta Ricardo Basbaum em seu provocativo artigo “Amo artistas-etc”, como parte da publicação coletiva “The Next Documenta Should Be Curated By An Artist”, que reuniu artistas para pensar como seria a organização de uma grande mostra com a ausência da figura de um curador.Durante o encontro, não pretendemos defender lados, mas sim provocar o pensamento acerca das práticas tanto curatoriais, quanto artísticas, e elencarmos (se possível) razões que aproximam, distanciam ou geram casamentos de sucesso entre esses dois agentes da arte contemporânea. 

TRELA #3 apresenta: Denise Alves Rodrigues

 

O programa TRELA, que estreou este ano no Ateliê397, tem como estrutura convidar a(o) artista para trazer e debater um trabalho de sua autoria, numa conversa aberta guiada a partir de interlocutores convidados. TRELA parte do anseio de encontrar novas formas de trazer trabalhos a público, mesmo na ausência de grandes estruturas, mediações institucionais ou cronogramas, sem que seja perdida a densidade do debate que as obras podem provocar.
Em sua terceira edição, Denise Alves-Rodrigues apresenta a Série T2283Bunke. No dia 19/04 será realizado o debate com interlocução de Julia Coelho e mediação de Flora Leite.

 

A Série T2283Bunke foi desenvolvida pela artista em residência na KIOSKO Galería (Santa Cruz, Bolívia) em 2016. Tamara Bunke foi uma guerrilheira argentina que lutou ao lado de Che Guevara na Bolívia morta em 1967 e o asteróide 2283Bunke foi descoberto pela astrônoma soviética Lyudmila Zhuravlyova em 26 de Setembro de 1974 e nomeado em sua homenagem. T2283Bunke é composta por trabalhos que constróem diferentes mecanismos e resultados de coleta e apresentação de dados relacionados à guerrilheira e ao asteróide.

 

Sobre a artista
Denise Alves-Rodrigues em 1981, vive e trabalha em São Paulo. É tecnóloga autodidata, artista plástica e astrônoma amadora. Iniciou seus estudos de Artes em Ribeirão Preto – SP e é bacharel em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo – 2012.  Inventa aparatos eletrônicos e dispositivos astronômicos para coleta de dados – do céu, da água e da terra – pesquisando as fricções entre técnica e representação.

 

 

De16 a 22 de abril.

 

Verões marcantes 

12/abr

Momentos marcantes de verões passados, desde a adolescência nos anos 80 até hoje. Esse é o fio condutor do novo livro do fotógrafo Gustavo Malheiros. O projeto reúne em 280 páginas imagens do cotidiano de praias – e festas – ao redor do mundo. Uma época onde é possível aproveitar o esporte, a natureza, a música e os amigos como se o Sol não fosse se pôr jamais. Gustavo selecionou imagens de temporadas na Indonésia, Havaí, Califórnia, Rio de Janeiro, Hossegor (França), Costa Rica e Guarda do Embaú, em Santa Catarina).Sempre em busca do verão perfeito, o fotógrafo eternizou momentos com os amigos, pessoas locais que foi conhecendo, novos costumes e paisagens.

 

 

Sobre o artista 

 

Formado pela School of Visual Arts de Nova York, Gustavo Malheiros trabalhou com o renomado fotógrafo Bruce Weber no início de sua carreira. Já realizou exposições de seus trabalhos em Londres, Hong Kong, Madri, Turim, Paris e Nova York, além de Rio e São Paulo. No segmento publicitário, trabalhou com grandes agências como WMcCann, Lew Lara\TBWA, Giovanni DraftFCB, entre outras. Reconhecido pelos trabalhos de Moda, tem editoriais e ensaios em publicações como Vogue, Trip, TPM e GQ, com registros de modelos como Gisele Bundchen e Alessandra Ambrósio desde o início da carreira. Seus livros publicados são: Superação, O Coração do Brasil, Anônimos Famosos 1 e 2, O Livro das Águas, Ilhas Brasileiras, Amazônia, Foi no Carnaval que Passou, Pedra e Luz, Backstage, O Circo, Todos os Tons do Cerrado e Brazilyorkers. Atualmente, está trabalhando com filmes documentais: Anônimos Famosos, a série com mesmo tema de seus livros, atualmente sendo exibida no Canal Cine Brasil; Brazilyorkers, série também baseada em livro de mesmo nome, sobre brasileiros que moram em Nova York; e Tempestade, longa metragem que retrata o momento atual do surfe brasileiro, ainda em produção.

 

 

Sobre a obra

 

Título: Verão Passado / Preço sugerido: R$ 100,00

 

Formato: 26,6 x 32,6 cm / 280 páginas / capa dura / Impressão: Ipsis Gráfica e Editora

 

ISBN: 9788560504909

 

 

Ficha Técnica

 

Editores: Gustavo Malheiros / Silvana Monteiro de Carvalho / Paula Paixão / Maria Duprat

 

Fotografias: Gustavo Malheiros / Prefácio: Gustavo Malheiros / Design: Frederico Farina

 

Assistente Editorial: Rebecca Mattos / Pato Vargas / Produtora: Gabriela Lima / Stylist: Lucas Magno

 

Tratamento de imagens: Pato Vargas / Assistente de fotografia: Andre Fontes / Rebeca Dourado / Fernando Cazaes

 

Revisão de texto: Kathia Ferreira

Dois no Galpão

A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de apresentar duas exposições individuais simultâneas: “Hiato” de Rodrigo Matheus e “Cartas na mesa” de Sara Ramo ocupam o Galpão, Barra Funda, São Paulo, SP. Na ocasião da abertura, Rodrigo Matheus lança ainda seu livro monográfico pela Editora Cobogó, uma publicação com textos de Matthieu Lelièvre, Philip Monk e Kiki Mazzucchelli que abrange sua trajetória artística dos últimos 10 anos.

 

De 12 de abril a 19 de maio.

Obras de Gabriela Machado

09/abr

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, apresenta, em mostra individual da artista Gabriela Machado, uma seleção de pinturas e esculturas produzidas entre os anos de 2013 e 2018. As pinturas fazem parte de diversas séries que a artista desenvolveu durante esses cinco anos em residências artísticas e viagens pelo mundo, já as esculturas são oriundas da série “Vibrato”, concebida entre Portugal (em residência na fábrica de cerâmica São Bernardo) e Rio de Janeiro e apresentada em 2016 no MAM-RJ.

 

Embora produza a partir de variadas dimensões desde a década de 1990, tiveram maior destaque em sua carreira as pinturas de grande escala e cores vibrantes, interessadas por elementos da paisagem que abarcavam desde visões de florestas, praias e morros, aos detalhes de um ramo de flores pousado na mesa de seu ateliê. A partir de 2013, Gabriela passou a concentrar-se na pintura de pequenas dimensões, rebaixando os tons de sua paleta de cores e compondo imagens menos festivas e mais silenciosas. Trabalhar em telas menores estimulava uma prática que ia além do espaço do ateliê: a mobilidade do material permitia à artista produzir em diferentes contextos, contaminando-se por eles. Foi o que aconteceu nos cinco anos seguintes, quando desenvolveu novas séries enquanto viajava para países como Portugal, Estados Unidos e regiões como a Patagônia, o sul de Minas Gerais e o litoral da Bahia. As pinturas apresentadas na exposição compõem um recorte de cada uma dessas séries, semelhantes por suas dimensões, mas distintas em suas particularidades enquanto conjuntos.

 

 

Em 2016, no período que passou em residência nos Hamptons, cores menos pálidas retornam a suas telas, pouco intimidadas pelo efeito que a escala diminuta do suporte produzia em qualquer elemento da composição. Voltaram à cena os vermelhos e rosas, embora ainda envoltos em cores mais geladas como o cinza e o bege. Nas pinturas mais recentes, produzidas a partir de 2017, aparecem os amarelos e verde-neons mergulhados em azuis escuros, vermelho-carmim misturado ao preto e ao laranja. Ainda se trata da paisagem, das flores, dos bichos, do mar e da floresta, mas agora há uma especial fascinação pelas visões noturnas, pela lua e pelos efeitos da luz.

 

As esculturas da série “Vibrato” se configuram em materiais diversos tais quais porcelana, madeira, bronze, gesso, argila e pedras. Oscilam não só a partir dos materiais, mas também a partir dos formatos, das alturas que alcançam e das cores que incorporam, compondo, juntas, uma espécie de sinfonia. Como observou Ronaldo Brito: “Daí o modo coerente como se apresentam em exposição – dispostas meio aleatoriamente sobre uma mesa comprida, em bases provisórias, que pertencem e não pertencem às esculturas. Ora falam, conversam à vontade entre si, ora se distanciam, isoladas em sua unidade formal particular.” As peças foram produzidas entre 2013 e 2015, período em que experimentou traduzir alguns procedimentos de suas pinturas para a escultura.

 

A exposição, que será inaugurada na noite de 10 de abril dentro da programação do Gallery Night, será acompanhada do lançamento de seu último livro “pequenas pinturas”, que também reúne os trabalhos desenvolvidos entre 2016 e 2018. O lançamento ocorre no dia 13 de abril, das 19h às 20h no Lounge de Lançamentos da sp-arte, localizado no piso térreo do prédio da Bienal.

 

 

Até 26 de maio.

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