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AGENDA CULTURAL

Arte popular no Solar

Em meio à obra de restauro do Solar Visconde do Rio Seco, Praça Tiradentes, Rio de Janeiro, RJ, sete conjuntos de peças, de diferentes regiões brasileiras, estão agrupadas como instalações, de modo a potencializar sua importância.

 

O percurso começa com uma homenagem ao mestre Nuca, de Pernambuco, e seus leões de Tracunhaém. Provoca um mergulho no universo feminino pela visão sensorial das rendas e bordados do Brasil e das bonecas da Zezinha, mestre artesã do Vale do Jequitinhonha (MG).

 

A caminhada no labirinto de 200 cabeças da Irinéia sugere a passagem pelo país áspero e misterioso da imaginação dessa mulher guerreira, moradora da comunidade quilombola da União dos Palmares, em Alagoas.

 

A planície de flores secas, do grupo Flor do Cerrado Design e Artesanato, de Samambaia (DF), leva à floresta flutuante de 700 Varinhas da Conquista, feitas por famílias da Ilha do Marajó (PA). A travessia dessa floresta descortina as luzes da cidade, através das luminárias de lã de ovelhas criadas pela Associação de Artesãos Ladrilã – núcleo Pedras Altas (RS).

 

A iniciativa é do Sebrae e marca a apresentação do projeto do novo Centro de Referência do Artesanato Brasileiro, que ocupará o conjunto histórico de três prédios centenários na Praça Tiradentes. Coordenação de curadoria de Jair de Souza com a consultoria de José Nemer e Adelia Borges.

 

 

Sobre os artistas

 

Maria José (Zézinha) Gomes da Silva, Turmalina, MG, modelagem e queima de barro

 

Noivas, mães com seus filhos, moças em suas tarefas domésticas. Mulheres idealizadas em suas perfeições estáticas, impecáveis, manifestando o desejo de pureza, integridade e elegância popular. Elas são as bonecas de barro de Zezinha, entre as mais conhecidas cerâmicas do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Maria José Gomes da Silva, a Zézinha, aprendeu a modelar o barro com seus pais, também ceramistas. Suas bonecas têm um olhar de enigma e, ao longo do tempo, foram ficando ainda mais sofisticadas, com ricos vestidos cheios de detalhes e pequenos adereços. Pura feminilidade pintada com barro rosa claro e branco, e com pigmentos de minérios da região que são aplicados antes da queima no forno a lenha.

 

 

Irinéia Rosa Nunes da Silva, União dos Palmares, AL, cerâmica

 

Foi na comunidade quilombola do Muquém, em Alagoas, que Irinéia Rosa Nunes da Silva começou a modelar o barro. A partir de suas mãos, surgiram figuras humanas, animais e cabeças. Nossas cabeças se juntam às dela, compondo uma verdadeira colagem involuntária em movimento. Quem vê de fora descobre essa potência e identidade. O trabalho sempre é feito com o marido, Antônio Nunes. É ele quem retira o barro das margens do rio Mundaú e pisa na argila até amaciá-la. É então que Irinéia molda as cabeças, que depois irão para os fornos artesanais. O talento do casal é reconhecido no mundo. A artesã já foi indicada ao Prêmio Unesco de Artesanato para a América Latina e o Caribe em 2004 e faz parte do registro do Patrimônio Vivo de Alagoas. As “Cabeças de Irinéia” fazem parte de diversas coleções de arte.

 

 

Nuca e Marcos de Nuca, Tracunhaém, PE, barro cozido

 

Figuras totêmicas, assírias, enigmáticas, assim são os leões do Mestre Nuca. Manoel Borges da Silva nasceu em Nazaré da Mata, em Pernambuco, mas cresceu em Tracunhaém. E foi nesta cidade – em que “o barro ou vira santo, ou vira panela” – que aprendeu, ainda menino, a trabalhar com a argila. Um dia, trabalhando por encomenda, fez surgir do barro um leão. Os caracóis foram ideia de sua mulher e parceira Maria. Mestre Nuca, que em 2005 recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, morreu em fevereiro de 2014. Nesta sala, seus leões encontram a companhia dos de seu filho Marcos Borges da Silva, que imortaliza e dá sequência à obra do pai e mestre.

 

 

Até 26 de julho.

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