Eduardo Climachauska na Laura Marsiaj

07/jun

 

Chama-se “O fundo do poço” a segunda exposição individual de Eduardo Climachauska na Galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Desta vez, o artista apresenta um conjunto de pinturas inéditas das séries “Rua Belgrado” e “Ilusão à toa” e também algumas esculturas das séries “Ho-ba-la-lá” e “O fundo do poço”. O conjunto de pinturas a óleo, betume e carvão sobre tela em tons bastante rebaixados são também “quadros onde a geometria existe, mas apenas para indicar, paradoxalmente, uma espécie de clareza na escuridão”. Elaborados em parte com materiais incomuns em pintura, aparentemente concordam que “o mais surpreendente em seu trabalho, que parece se mover entre a dormência e a faísca, é uma espécie de coragem para lidar com matéria aparentemente morta – e não à toa Eduardo Climachauska tem predileção por materiais como betume e carvão, que a longuíssima duração do tempo geológico decantou”. Os conjuntos escultóricos construídos a partir de materiais como o mármore, o concreto e a madeira aparecem aqui e ali também como a abrir brechas nesse espaço dominado por um cortinado denso. Particularmente as peças que dão título à exposição são conjuntos duais, onde blocos maciços assumem a função de interromper bruscamente a queda natural de prumos esculpidos em diferentes materiais, como se a representação figurada e tensa desse fundo de poço fosse também (e novamente de forma paradoxal), o motor de uma ação afirmativa, de construção de uma outra ordem, embora ainda instável como de resto em todo o trabalho do artista “marcado por tensões irresolvidas entre forças poderosas”.

 

Sobre o artista

 

 

Eduardo Climachauska é artista plástico, cineasta e compositor. Nascido em 1958 vive e trabalha em São Paulo SP. Formado em cinema pela Escola de Comunicações de Artes da USP, vem realizando exposições em importantes museus, instituições culturais e galerias de arte no Brasil e no exterior. Já realizou exposições no MAM de São Paulo e Rio de Janeiro, MASP, MAC USP, Centro Universitário Mariantonia, Centro Cultural de São Paulo, e em espaço profissionais como a Sycomore Art em Paris, entre outras. Tem produzido filmes e vídeos de curta e média metragem exibidos em mostras e festivais de várias capitais brasileiras, assim como Berlin, Paris, Lima, Cidade do México e Bruxelas, de modo individual ou em parceria com os artistas Nuno Ramos e Gustavo Moura.

 

 

Até 27 de junho.

 

Arquitetura Brasileira em Fotografias

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Arquitetura Brasileira Vista por Grandes Fotógrafos”, com curadoria de André Correa do Lago, dá continuidade a uma série de mostras sobre arquitetura brasileira organizada pelo Instituto Tomie Ohtake desde 2010. A primeira foi “Viver na Floresta”, com curadoria de Abílio Guerra, depois Julio Katinsky concebeu “O Coração da Cidade – A Invenção do Espaço de Convivência” e agora, o embaixador e profundo estudioso do tema, autor do livro “Oscar Niemeyer – Uma Arquitetura da Sedução”, apresenta obras referencias do país através das lentes de grandes nomes da fotografia.

 

 

Segundo André Correa do Lago, o fotógrafo de talento é um importante crítico de arquitetura, pois tem que conhecer a obra e analisá-la para procurar explicá-la através de imagens. “É nesse sentido que o fotógrafo, como diz Lucien Hervé, tem que destilar as ideias do arquiteto”.

 

 

Com 28 fotógrafos, onze dos quais brasileiros, a exposição conta com franceses e norte-americanos, além de um canadense, um argentino, dois alemães, dois italianos, um suíço, um espanhol e um ucraniano: Angelo Serravalle, Bob Wolfenson, Cristiano Mascaro, Dmitri Kessel, Fernando Stankuns, Francisco Albuquerque, Ge Kidder Smith, Hans Gunter Flieg, Iñigo Bujedo, Jean Manzon, Jorge Machado Moreira, Leonardo Finotti, Lucien Clergue, Marcel Gautherot, Massimo Listri, Michel Moch, Nelson Kon, Paolo Gasparini, Patrícia Cardoso, Peter Scheier, René Burri, Rob Crandall, Robert Polidori, Romulo Fialdini, Thomas Farkas, Todd Eberle, Virgile Simon Bertrand.

 

 

Dividida em duas partes, na primeira, a exposição reúne 18 edificações que tiveram grande influência no país e no mundo. Já na segunda parte, o curador procurou apresentar somente escadas e rampas, um dos maiores desafios para os arquitetos (e os fotógrafos!), porque algumas das mais belas escadas e rampas do século XX foram realizadas no Brasil.

 

 

“Essa exposição é dedicada aos fotógrafos que nos ajudam a descobrir, apreciar e eventualmente amar a arquitetura, e ao público que, cada vez mais, tem demonstrado identificar a fotografia e a arquitetura como duas das manifestações artísticas mais marcantes do século XXI”, declara André Correa do Lago.

 

 

 

De 11 de junho a 21 de julho.

 

Christian Cravo e Mario Cravo Neto

A Galeria Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Christian Cravo e Mario Cravo Neto”. Christian Cravo exibe as séries fotográficas “Tanzânia” e “Namíbia”, executadas nos últimos anos pelo artista em viagens de pesquisa por esses países africanos. Detalhes de animais criam paralelos visuais com a paisagem em grande contraste.

 

 

Nas fotografias de Mario Cravo Neto, selecionadas para a exposição, é possível encontrar as que foram produzidas em estúdio entre os anos 80 e 2000 e também as realizadas no contexto urbano da cidade de Salvador. O caráter simbólico e mítico das imagens é associado ao interesse do artista pela ancestralidade africana presente na cultura baiana.

 

 

Em conjunto com os trabalhos é apresentada uma seleção de fotografias de Vicente Sampaio, amigo de Mario Cravo Neto e fotógrafo que acompanhou Mariozinho, como este o chamava, em expedições fotográficas pela Bahia. Além de sua produção como fotógrafo, serão exibidos registros em que Mario surge como figura central desse universo íntimo e pessoal.

 

 

OLD TIMES, por Vicente Sampaio

“What makes photography a strange invention is that its primary raw materials are light and time” / John Berger

 

A quase três anos perdemos Cravo Neto, o Mariozinho. Na época, abalado, revi nossas fotos juntos de um tempo grandioso e belo que não escapa da memória, os tais anos 70, onde éramos jovens e doidos na Bahia mágica de então, naquela fruição do momento e tesão de apreender fotograficamente toda aquela insanidade visual que víamos passar pelos nossos olhos. Tive o privilégio de conviver com Mariozinho durante bons anos e bem próximo, eramos até vizinhos de casa (o fundo de seu estúdio dava para a minha rua quase em frente de casa), trocávamos figurinhas noturnas num vai e vem incessante de um darkroom para outro. Geralmente essas sessões de revelação de filmes e cópias invariavelmente terminava num banho de mar ao sol nascente, depois íamos cada um para o seu lado, dormir ou não, Mariozinho nessa época dizia que cansaço e sono eram depressão. Dessa convivência, além de uma bela e gigantesca exposição no MAM BA em 1976 que marcou época na Bahia, ficou esse registro de fotografias espontâneas, sem nenhuma pretensão a não ser exercitar o clic até irresponsavelmente… Não vou me alongar aqui, as fotos dizem per si!
Quando ele nos deixou, senti a importância dessas fotos diante do seu desaparecimento. Então selecionei os negativos, as fotos mais significativas, as digitalizei e pensei em alguma forma de publicação, mas me inibi, considerando algo oportunista.
Agora depois de todo esse tempo surge a feliz oportunidade do resgate dessas imagens que a Galeria Marcelo Guarnieri possibilita. A exposição vem ilustrar tão criativos anos de formação dessa figura pública que conquistou um amplo espaço pelo seu talento, perseverança e trabalho.
Tenho o privilégio de contribuir com imagens de sua intimidade numa época onde uma sofrida pureza desprentenciosa permeava tudo que fazíamos. Agora elas já não são só minhas, merecem ser vistas e vocês merecem vê-las.
Atotô Amigo!

 

De 07 de junho a 20 de julho.

No Galpão Fortes Vilaça

05/jun

Sob o título “Uma hora e mais outra”, Marina Rheingantz realiza exposição individual no Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP. A mostra inclui 15 pinturas a óleo, nas quais a artista mescla elementos antagônicos, sejam de imagens, estilos ou cores. Neste novo corpo de trabalho, o lugar de passagem, a paisagem desolada, a memória sublimada ganham a aparência de uma colagem.

 

 

Marina tira o título da exposição de uma poesia de Drummond. Mais do que uma referência ou inspiração para sua produção, o título aponta para o processo de criação da artista. A partir de fotografias ou da própria memória, suas telas são construídas e descontruídas, camada por camada, uma hora após a outra no trabalho do atelier.

 

 

A artista continua a explorar imagens fragmentadas e paisagens insólitas, como na obra “Fisherman”, onde se vê uma vila que parece estar deserta retratada a distância em tons verdes e laranjas, ou na obra “Crossroads”, onde o esboço de uma malha viária cobre em tons cinza azulados a paisagem que estava por baixo. A mostra também traz alguns trabalhos onde o processo de apagamento adentra a abstração. Nas telas “Chuvisco e Chuvisco II” já não é mais possível identificar qualquer elemento que nos remeta a paisagem ou objeto, as camadas de tinta se sobrepõem formando grandes campos de cor, guardando apenas a memória do real.

 

 

O jogo com a abstração se estende à “Romã”, a maior obra da exposição, que desvela um padrão vermelho abstrato suspenso no centro da tela, flutuando sobre paisagem campestre, onde se inserem ainda esboços de lustres. Esta tela revela o desejo de experimentação da artista que agrega elementos díspares, sobreposições insólitas, ambientes interiores e exteriores em composição ousadas.

 

 

Sobre a artista

 

 

Marina Rheingantz nasceu em Araraquara, São Paulo, em 1983. Graduou-se em Artes Plásticas pela FAAP em 2007. Integrou o grupo da nova pintura paulistana “2000e8”, cuja entrada no circuito profissional teve forte presença na mídia especializada. Já teve individual no Centro Cultural São Paulo, 2012; e no Centro Universitário Maria Antônia, 2011. Dentre suas exposições coletivas recentes destacam-se: “Lugar Nenhum”, Instituto Moreira Salles, Rio de janeiro, 2013); “Os dez primeiros anos”, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2012; 6ª Bienal de Curitiba, 2011; entre outras. Seu trabalho está em coleções como a Pinacoteca do Estado de São Paulo e Instituto Cultural Itaú.

 

 

Até 27 de julho.

Exposição de Noguchi em São Paulo

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Isamu Noguchi”. A extensa obra de Isamu Noguchi (1904-1988) pode não ser muito conhecida no Brasil, mas ao mostrar suas luminárias em papel, dificilmente alguém deixará de reconhecê-las, pois são objetos familiares em residências do mundo todo. O artista de pai japonês e mãe americana, que viveu a maior parte da vida nos Estados Unidos, notabilizou-se por sua produção multidisciplinar, assunto que hoje mobiliza o mundo.

“Em busca por uma redefinição da escultura, a obra de Isamu Noguchi percorreu caminhos entre a confecção de objetos, desenho industrial, planejamento urbano, cenografia para teatro e dança, esculturas públicas e Land art”, explicam os curadores da exposição que o Instituto Tomie Ohtake traz ao Brasil, Matt Kirsch e Dakin Hart.

Organizada pelo Noguchi Museum, localizado em Long Island, Nova York, no antigo ateliê do artista, e de onde todas as 44 obras são provenientes, a exposição faz uma introdução das várias facetas de um criador que nunca pertenceu a um movimento em particular, mas soube introduzir e antecipar pautas contemporâneas a conceitos modernistas em sua vigorosa produção. Além de suas famosas luminárias em papel que se espalharam pelo mundo, Isamu Noguchi ficou conhecido também pelo mobiliário, ao desenhar móveis escultóricos. A mostra reúne desenhos, peças de design e esculturas em vários materiais como, cerâmica, mármore, madeira, granito, bronze, etc.

Isamu Noguchi tem uma produção extensa em escultura, com peças brutas retiradas da natureza, ou em outros materiais com sofisticadas formas, próximas a Brancusi, com quem trabalhou. Expandiu sua atividade para o campo do paisagismo, no qual suas peças se tornaram monumentos referenciais para os espaços. “Diversas amizades e colaborações – relacionadas especialmente ao visionário Buckminster Fuller, à coreógrafa Martha Graham e a uma série de arquitetos e designers do pós-guerra, entre eles Louis Kahn – contribuíram para aprofundar seu pensamento sobre o papel desempenhado pela escultura no mundo”, afirmam os curadores.

De 06 de junho a 21 de julho.

 

 

Pinturas de Célia Euvaldo
Paralelamente, Célia Euvaldo, apresenta “Sobre Parede”, sua primeira individual no Instituto Tomie Ohtake, em uma das salas do mezanino. Acostumada a pintar telas de grandes dimensões, a artista encarou o desafio de extrapolar esse limite, realizando uma intervenção diretamente nas paredes do espaço expositivo. De escala expansiva, o site-specific segue a proposta pictórica da artista, conhecida pela produção de desenhos e pinturas sempre em preto sobre o branco ou somente com uma das duas cores.

 

No lugar de pincéis, Célia Euvaldo utiliza vassoura e rodo, dando dimensão ao gesto e produzindo diferentes relevos. Suas “varreduras’ levam o tempo da tinta, que vai rareando até se extinguir o traço, muitas vezes utilizando a força de seu corpo inteiro. Em texto de 2009 sobre o trabalho da artista, o crítico Ronaldo Brito diz: “…a tinta se concentra, quase uniforme, ou se dispersa, aqui e ali se acumula. A ação da vassoura e do rodo se alternam, contrapõem-se, sob o comando de uma lei formal que só legisla no prazo desse exercício sem protocolos”. Para a realização dessa intervenção, Célia mandou produzir uma vassoura de 120 cm, ideal para preencher os espaços da grande sala que a exposição ocupa.

 

Sobre a artista

 

Célia Euvaldo nasceu em São Paulo, em 1955,. A artista expõe regularmente desde meados da década de 80, tendo obtido o 1º prêmio – Viagem ao Exterior – no 11º Salão Nacional de Artes Plásticas em 1989. Entre 1988 e 1997, seu trabalho consistiu basicamente em desenho sobre papel, explorando e estirando os limites dessa categoria. A partir de então a pintura tem sido seu foco principal. Entre as mostras mais recentes, realizou individuais em 2011 no Museu da Gravura Cidade de Curitiba, e na Lemos de Sá Galeria, Belo Horizonte, bem como a mostra “Poeminhas” no Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo. Em 2006 apresentou a exposição “Brancos” na Estação Pinacoteca, São Paulo. Participou, em 2005, da 5ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS.

 

De 06 de junho a 28 de julho.

Cildo Meireles no Museu Reina Sofia

30/mai

A obra de Cildo Meireles encontra-se em exibição no Museu Reina Sofia, Madrid, Espanha. A mostra – de caráter retrospectivo – apresenta mais de cem obras do artista brasileiro, é uma oportunidade única para descobrir novos aspectos do trabalho de Cildo Meireles, um dos mais célebres artistas contemporâneos.
Cildo Meireles reproduz nesta exposição algumas das instalações mais importantes da sua história, ao lado de outras inéditas, como “Amerikka”, e outras apresentadas pela primeira vez na Espanha, como “Olvido” e “Entrevendo”. Além delas, fazem parte da retrospectiva desenhos, pinturas, esculturas e peças sonoras.
O conceituado artista foi vencedor do “Prêmio Velázquez” em 2008 e tem em sua carreira artística, um grande número de exposições internacionais como a Documenta de Kassel e as bienais internacionais de Veneza e São Paulo. A exposição foi organizada, em parceira, pelo Museo Nacional de Arte Reina Sofía, Museu de Serralves no Porto, Portugal, e HangarBicocca em Milão, Itália.

 

Até 14 de outubro.

Antonio Bandeira – da Razão à Sensibilidade

O Espaço Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe conjunto expressivo de obras de Antonio Bandeira. A exposição, um panorama da produção artística de Antonio Bandeira, um dos precursores da arte abstrata no Brasil, apresenta um conjunto de 70 obras, entre aquarelas, desenhos e pinturas. Artista pertencente à corrente abstracionista, sua arte é apaixonante. Influenciou gerações de artistas, bebeu na fonte do cubismo, do surrealismo e do expressionismo, ao mesmo tempo em que trata estas referências de uma forma absolutamente pessoal, realizando uma verdadeira “antropofagia pictórica”. A mostra exibe também dois filmes sobre o artista, além do filme “O Colecionador de Crepúsculos” de J.Siqueira.

 

Segundo o curador Marcus de Lontra Costa, o artista marca o amadurecimento da arte moderna no Brasil. “O Bandeira foi o nosso primeiro grande pintor moderno brasileiro internacional, quando a arte brasileira dialoga de igual para igual no mundo. Ele não fazia modernismo brasileiro, ele fazia modernismo”.

 

Sobre o artista

 

Antonio Bandeira, precursor da arte abstrata no Brasil, nasceu no Ceará em 1922. Aos 20 anos participou ativamente da cena artística em Fortaleza, com Aldemir Martins, Inimá de Paula, Mário Barata e Raimundo Cela criam o Movimento Modernista de Fortaleza, findo o grupo, enviou um trabalho para o Salão Paulista de Belas Artes no qual foi premiado com a medalha de Bronze. Morou no Rio de Janeiro por um ano, participando ativamente da vida intelectual da cidade. Voltou para Fortaleza em 1945 quando recebeu uma bolsa de estudos do governo francês e mudou-se para Paris.

 

Sobre a obra do artista, Mário Barata diz que era “um revolucionário em arte. Leva uma bagagem onde há coisas notáveis. O desenho de Bandeira nada tem de educado, de estudado, é espontâneo, livre, audacioso. A paleta nunca é fixa, mutável como os assuntos. O que mais existe nos trabalhos de Bandeira é poesia, esta sim, perene”. Em entrevista a Milton Dias nos anos 1950, vem a afirmação definitiva de Bandeira sobre sua obra: “Nunca pinto quadros. Tento fazer pintura. Meu quadro é sempre uma sequência do quadro que já foi elaborado para o que está sendo feito no momento, indo esse juntar-se ao quadro que vai nascer depois. Talvez gostasse de fazer quadros em circuitos, e que eles nunca terminassem, e acredito que nunca terminarão mesmo.” Volta ao Brasil em 1951, reconhecido, expõe no Rio, em São Paulo, Salvador e participa da I Bienal. Vive no Brasil até 1953, expondo com sucesso aqui, na Europa e nas Américas, quando recebe o prêmio Fiat na II Bienal de São Paulo e viaja para a Itália. Volta ao Brasil em 1959, vive entre Fortaleza e o Rio de Janeiro. Em 1960, Lina Bo Bardi, convida o artista a inaugurar o Museu de Arte Moderna da Bahia, com uma exposição de 31 trabalhos. Em 1964, com o golpe militar, o artista retorna a Paris. Morre em 1967, vítima de anestesia de uma operação cirúrgica nas cordas vocais.

 

Até 09 de junho.

Evento – Rain Room

A primeira coisa que você vai notar sobre a Rain Room, uma instalação que abriu no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, é a umidade tropical. A segunda coisa é o som de centenas de galões de água jorrando de um teto artificial. Finalmente, depois dos seus olhos se adaptarem à escuridão, você finalmente consegue ver: a Rain Room, um espaço de 1.000 metros quadrados em um estado de chuva perpétua.

 

Mas você nunca se molha. Graças a oito sensores de movimentos instalados acima da sala, a água que cai do teto abre espaço quando você anda pela sala, deixando você completamente seco. A sensação de andar por uma parede de água e continuar seco é sinistra – e observar como as pessoas reagem é parte da diversão. “A Rain Room coloca pessoas fora da zona de conforto, extraindo a base das respostas automáticas e brincando com a intuição”, explica seus criadores, o coletivo de arte e tecnologia londrino rAndom International. “Observar como esses resultados imprevisíveis se manifestam, e a experimentação com este mundo de comportamento pouco perceptível, é a base da nossa força motriz.”

 

Os designers da rAndom International passaram os últimos três anos desenvolvendo a tecnologia usada na instalação. Recriar a chuva não é tão fácil como parece. Água caindo de 6 metros de altura se comporta diferente da água que cai das nuvens, por exemplo. E milhares de galões de água em um espaço público causa problemas específicos de saneamento. Para lidar com isso, a equipe do MoMA criou a própria instalação para a Rain Room, aproveitando um terreno baldio ao lado do malfadado American Folk Art Museum. Os artistas, por sua vez, ficaram em silêncio em relação às especificações da tecnologia – eles argumentam que tudo faz parte da magia.

 

A Rain Room é o tipo de instalação que museus sempre sonharam: espetacularmente experimental e acessível para quase qualquer tipo de audiência. Este tipo de atração é o que deve começar a surgir em museus, que sofrem para atrair espectadores.

 

Até 28 de julho.

Livro na Milan

23/mai

A galeria Milan, Vila Madalena, São Paulo, SP, realizou – dia 23 de maio – o lançamento de livro sobre a obra do artista plástico Paulo Pasta. O livro é um levantamento dos trabalhos do artista desde a década de 1980 até a atualidade, apresentando mais de 160 obras que evidenciam as diferentes fases de sua trajetória. A autoria é de Roberto Conduru, com o selo da Editora Barléu. São 215 páginas em capa dura.

 

Sobre o artista

 

Nasceu em Ariranha, SP, 1959. Doutor em artes visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA / USP, SP. Recebeu a Bolsa Emile Eddé de Artes Plásticas do MAC / USP, SP, em 1988. Dentre as exposições realizadas recentemente, destaque para individual na Fundação Iberê Camargo, em 2013, no Centro Cultural Maria Antonia, em 2011, para o Panorama dos Panoramas, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 2008, e para individual na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2006. Como professor, lecionou pintura na Faculdade Santa Marcelina – FASM, entre 1987 e 1999, desenho na Universidade Presbiteriana Mackenzie, entre 1995 e 2002, e pintura na USP, em 2011 e 2012. Leciona na FAAP desde 1998.

Sergio Camargo no IAC

13/mai

O IAC, Instituto de Arte Contemporânea, Vila Mariana, São Paulo, SP, apresenta uma nova proposição em seu calendário através da exposição “Sergio Camargo, Construtor de Idéias”, uma aproximação do público com a obra de Sergio Camargo, mostra que reúne parte do arquivo documental e do acervo do importante escultor.

 

Com curadoria da professora Piedade Grinberg – que trabalhou com Sergio Camargo nos seus três últimos anos de vida, organizando seu arquivo de obras e documentos – a mostra “Sergio Camargo, Construtor de Idéias” traz cerca de 100 itens entre documentos, fotos, desenhos, estudos, frases, obras em pequenos formatos, divididos em seis grandes núcleos: “Ateliês”; “Esquemas”; “Esquemas Vermelhos”; “Madeira”; “Relevo Azul” e “Xadrez”.

 

Composto por fotos e frases do artista, “Ateliês” exibe imagens dos principais espaços de trabalho que Sergio Camargo ocupou, como o ateliê que manteve em Laranjeiras, no Rio de Janeiro, entre 1951 e 1960, após o retorno de sua primeira estadia européia. Entre 1961 e 1973 voltou a residir em Paris onde manteve o ateliê de Malakoff, também retratado com imagens. Entre 1964 e 1990, o artista manteve o ateliê Soldani na cidade de Massa, Itália, próximo às pedreiras de mármore. No final de 1973 retorna definitivamente ao Rio de Janeiro, onde inicia a construção de seu ateliê em Jacarepaguá, com projeto do arquiteto José Zanine Caldas, que procura adaptar o espaço aos trabalhos do escultor filtrando indiretamente a luz solar.

 

Repletos de desenhos, frases, esquemas, rabiscos e obras em pequenos formatos, o núcleo “Esquema” revela com detalhes o processo de trabalho desenvolvido pelo artista. Entre os itens, 17 esquemas, pequenos escritos de próprio punho em lápis vermelho. “Ao menos como se trabalha, como eu trabalho, com sólidos que antes de colar eu posso combinar de todas as maneiras que eu quiser. Então, digamos, para um trabalho desses que aparece, são feitos trinta, quarenta que não aparecem, porque eu desmonto, só deixo montado aquele que eu aceitei”.

 

Com fotografias, textos e desenhos, o núcleo “Madeira” valoriza a matéria prima utilizada pelo escultor nos seus famosos relevos. Já “Relevo Azul” retrata uma das poucas experiências de Sergio Camargo com a cor. Segundo o próprio artista, a cor só interessava nos pequenos relevos como o apresentado nesse núcleo por fotos, esquemas, recortes de imprensa e a miniatura da obra. “Se aumentasse… qualquer coisa virava muito decorativa e depois não rendia o que a luz pode render com o branco, quer dizer, a luz revela mais o trabalho, acho que [o branco] é mais adequado a esse tipo de estrutura do que a cor”.

 

No núcleo “Xadrez” destacam-se os cinco desenhos originais de estudo para o jogo de xadrez desenvolvido pelo artista no início da década de 70. Esse trabalho marca a primeira experiência de Sergio Camargo com a pedra negro-belga, material que usaria regularmente na década de 1980.

 

Até 31 de agosto.