Ernesto Neto: Linha de vida

13/mai

A Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta nova exposição de Ernesto Neto. A mostra é uma retrospectiva de desenhos produzidos pelo artista desde a década de 80 até os dias de hoje, grande parte da qual é ainda inédita no Brasil. As obras foram recentemente apresentadas na mostra “La Lengua de Ernesto: 1987 – 2011”, curada por Adriano Pedrosa, que itinerou pelo México entre 2011 e 2012.

 

Em “Linha da Vida”, Ernesto Neto apresenta conjuntos de desenhos que são agrupados não necessariamente pelas datas em que foram feitos, mas a partir de conceitos, processos e problemáticas similares. No conjunto “Estrelasos” desenhos são feitos com tinta para carimbo colorido e nanquim sobre papel encharcado de água. O pingo de tinta, ao cair sobre o papel, cria um campo de cor que se expande formando manchas circulares no plano. Na série “Ossos de Ipanema”, o artista usa o grafite para criar uma sucessão de linhas rítmicas que envolvem um núcleo central, como se uma forma abraçasse a outra. No grupo “Idade da Pedra”, a mesma ideia de um corpo envolto por outro aparece, mas desta vez as linhas se revelam por meio de frottage usando grafite.

 

Em “Folha Afeganistão” – conjunto feito no dia seguinte à invasão dos EUA no Afeganistão -, uma caneta prata gordurosa é usada para delimitar a expansão das manchas de nanquim. Para o artista, as formas orgânicas desta série abordam a questão da pele como fronteira e o corpo sendo território. Em “Fetus Female”, Ernesto Neto usa linha, cera e papel criando formas antropomórficas que enfatizam espaços vazios, o dentro e o fora. Já em “Poro pele Vida” esse espaço vazio é preenchido por manchas de nanquim diluído, trabalhando conceitos de expansão e contenção. A referência ao corpo humano é um denominador comum à vários trabalhos. Se ora o corpo aparece de maneira explicita, noutro momento ele é apenas uma sugestão, uma presença subliminar. Há ainda obras que sugerem uma paisagem interna humana, imagens que remetem a fecundação ou atividades celulares.

 

O desenho sempre foi uma prática paralela ao desenvolvimento das esculturas de Ernesto Neto, onde o papel é o anteparo, a superfície necessária, para a projeção de imagens que surgem, tanto a partir das esculturas como também de eventos vividos pelo artista. Não se trata de imagens de suas esculturas mas sim da projeção do pensamento escultórico do artista. É assim possível identificar nestes trabalhos bidimensionais a mesma linguagem e conceito de suas obras tridimensionais.

 

Sobre o artista

 

Ernesto Neto nasceu em 1964 no Rio de Janeiro onde vive e trabalha. Entre suas exposições individuais recentes, destacam-se: “O Bicho SusPenso na PaisaGen”, Estação Leopoldina, Rio de Janeiro, 2012; a instalação no Nasher Scultpure Center em Dallas, EUA, 2012; a grande retrospectiva “La Lengua de Ernesto: 1987-2011”, no Museo de Arte Contemporáneo de Monterrey (MARCO), México, que itinerou para o Antiguo Colegio de San Idelfonso, Cidade do México, 2011-2012; “O Bicho SusPenso na PaisaGen”, Faena Arts Center, Buenos Aires, Argentina, 2011; “The Edgesofthe World”, Hayward Gallery, Londres, UK, 2010; “Neto: Intimacy”, Astrup Fearnley Museum of Modern Art, Oslo, Noruega, 2010; “Dengo”, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil, 2010; “Anthropodino”, Park Avenue Armory, Nova York, EUA, 2009. O artista ainda participou de duas Bienais de Veneza, em 2001 e 2003 e também da Bienal de Sharjah nos Emirados Árabes.

 

De 18 de maio a 15 de junho.

Alex Vallauri no MAM-SP

10/mai

Os trabalhos de Alex Vallauri, considerado um dos maiores precursores da arte urbana no Brasil, estão expostos no MAM-SP, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, com a mostra “Alex Vallauri: São Paulo e Nova York como suporte”. Alex Vallauri começou seus trabalhos artísticos através das técnicas de gravura no início dos anos 60, em Santos, SP.

 

Nos anos 70, desenvolveu aplicações de gravura, xerografia, estampou camisetas, trabalhou com carimbos, postais, adesivos e bottons. Após, passou a fotografar painéis de azulejos pintados nos anos 50, para colá-los nas paredes de restaurantes paulistanos. Foi com estes registros que Vallauri participou da Bienal Internacional de São Paulo de 1977, onde foi exibido o vídeo “Arte para Todos”.

 

Para João Spinelli, curador da exposição,  “…Alex Vallauri foi respeitado em todas as suas atividades artísticas. Apenas o sucesso comercial lhe foi negado, o que jamais o impediu de continuar a criar arte – apenas arte, na qual o humor, a ironia, a crítica e o prazer de viver eram passados para a população sem retoques ou arrependimentos. Um artista transformador, perfeitamente engajado no seu tempo e no seu espaço. Uma carreira desenvolvida num curto intervalo cronológico: entre 1967 e 1987. Ele intuitivamente pressentiu essa brevidade temporal. Tinha pressa de entender, captar e vivenciar o pouco tempo que a vida lhe destinara; pesquisava e produzia sem parar, nunca se acomodava. Ele queria mais, precisava de mais. O tempo foi demasiadamente curto para uma produção artística tão farta e boa”.

 

Hoje o nome do artista é uma referência internacional em termos de arte urbana e na presente mostra do MAM-SP, são exibidas cerca de 170 obras distribuídas em técnicas diversas como pinturas, arte postal, fotografias, vídeos e grafites.

 

Até 23 de junho.

 

Na Galeria Marcia Barrozo do Amaral

07/mai

O artista Luiz Philippe, mineiro radicado no Rio de Janeiro, que tem obras no acervo do MAM-Rio, na coleção de Gilberto Chateaubriand, abre exposição individual na Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ.

 

A mostra reúne um conjunto de obras, inéditas em sua maioria.

 

Um dos trabalhos apresentados, a escultura “Icarus”, um “equipamento de vôo” em que asas de anjo são paradoxalmente construídas de ferro, nos dá a direção de um olhar sobre o conjunto da mostra.

 

As obras selecionadas trazem a diversidade de materiais que caracterizam o trabalho do artista, como o ferro, a madeira e a pedra. A grande recorrência do ferro oxidado nas esculturas do artista é claramente ligada à memória de infância, passada em uma usina siderúrgica em Minas Gerais, em meio a minérios e sucatas, enquanto que o uso de pigmentos ferrosos como pintura vem do intenso convívio e aprendizado com Frans Krajcberg, também dos primeiros anos, durante o período “mineiro” daquele artista.

 

Sobre o artista:

 

LUIZ PHILIPPE Carneiro de Mendonça nasceu em 23 de junho de 1957 em Minas Gerais, filho de uma família muito ligada às artes e aos artistas. Seus avós e seus pais eram colecionadores de arte antiga e moderna. Passou a infância morando numa usina de ferro pertencente à família. Durante os anos 60, seu pai, então diretor do Museu de Arte Moderna de Belo Horizonte (Museu da Pampulha), propicia os primeiros contatos com o mundo das artes. Nesse período conheceu o atelier de Guignard em Ouro Preto e conviveu intensamente com Frans Krajcberg, com quem mantém contato até hoje.

 

Graduou-se em Desenho Industrial em 1978 pela Escola Superior de Artes Plásticas da Fundação Universidade Mineira de Arte. Entre 1977 e 1981 foi sócio num estúdio de design, onde realizou diversos trabalhos gráficos.

 

Em sua carreira como artista plástico, algumas exposições individuais merecem destaque, como a do MNBA, quando apresentou pela primeira vez as suas “Malas de Pedra”; e a da Casa França-Brasil.

 

No exterior expôs na The Economist Art Gallery, de Londres, onde pode comemorar a venda de um de seus trabalhos para o ex-beatle George Harrison. E em Roma, na Galeria Candido Portinari, da Embaixada do Brasil. Nas exposições coletivas, são destaques a do MuBE, São Paulo; Exposição “Loucos por Design” e a do MAM-RJ “Novas Aquisições 2006-2007” da Coleção Gilberto Chateaubriand, quando mostrou a sua “Cadeira de Pernas Cruzadas”. Paralelo à profissão de designer, e desde sempre, exerceu atividades na área das artes plásticas, seja desenho, pintura, escultura e fotografia.

 

De 21 de maio a 22 de junho.

Regina Silveira na Luciana Brito

06/mai

Depois de cinco anos, Regina Silveira realiza exposição individual na Luciana Brito Galeria, Itaim Bibi, São Paulo, SP. A exposição, chamada “Offscale”, a artista apresenta pela primeira vez “Touch”, instalação que dá continuidade à série das mãos estampadas que compunham algumas obras de “Mundus Admirabilis e Outras Pragas”, sua última exposição individual em São Paulo, realizada em 2008.

A mostra, que pode ser vista desde a entrada da galeria, é composta por mãos gigantes gravadas em metal cujo objetivo é causar uma experiência de rever a percepção do espaço com uma pergunta: o que está fora de escala, as imagens ou os espectadores? Regina Silveira adianta que as mãos são marcas da passagem das pessoas: “- As mãos aqui são signos de presença e identidade que recobrem as paredes da galeria”. Dialogando com “Touch”, outra obra, “Dreamer” apresenta um conjunto de taças de cristal com marcas de mãos gravadas em tamanho real.

Outro trabalho da artista em exposição é “Dark Swamp”, uma grande instalação que faz parte do imaginário das “Pragas” apresentado em 2008 na qual um ovo negro é rodeado por uma mandala de crocodilos. Com ela, a artista quer representar o poder da maldade ou a maldade do poder. Os crocodilos, multiplicados de forma caótica, significam a contaminação se expandindo e o ovo é a gestação desta contaminação, indesejada e incontrolável.

Até 25 de maio.

Nelson Leirner 80

06/set

Artista múltiplo, Nelson Leirner inaugura exposição individual com o nome de “Quadro a quadro: Cem monas”, na Galeria Silvia Cintra + Box 4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ. Esta exposição comemora os 80 anos de Nelson Leirner, completados em janeiro. O artista mantém, antes da abertura, tudo sob muito sigilo, resguardando esta instalação única que ocupará todo o espaço físico da galeria. Serão cem imagens estilizadas da clássica “Mona Lisa”, exibidas em caixas de acrílico. Séries de “Mona Lisa” usando brincos, outra de batom vermelhão, outra com bigode, etc…em suma, uma instalação temática.

 

A ironia, marca registrada em sua carreira, é evidente. Trata-se de uma crítica ao abuso da tecnologia, que banalizou a figura da “Mona Lisa” em tantas piadas recebidas pelo artista por e-mail e encontradas na internet nos últimos anos. Para “banalizar o banalizado”, segundo suas próprias palavras, Leirner retomou o espírito artesão, com intervenções manuais em imagens da criação de Leonardo da Vinci. O próprio tecido que estampa as imagens foi cortado manualmente em um trabalho que se estendeu por 10 meses até a colocação final das peças. Uma síntese de uma carreira contada através de uma espécie de filme feito à mão, visualizado por meio de 100 trabalhos.

 

A “Mona Lisa” já havia sido abordada pelo artista em sua presença na Bienal Internacional de Veneza, em 1999. O artista assina a própria apresentação do trabalho em exposição. Nelson também estará na ArtRio, com outra obra inédita e lançará um livro no final do ano.

 

Até 20 de outubro.

 

Adriana Varejão no MAM-SP

A exposição “Adriana Varejão – Histórias às margens”, no MAM-SP, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, tem seleção de trabalhos fundamentais da artista. A curadoria é de Adriano Pedrosa pois ambos possuem um longo histórico de colaborações; há cerca de 15 anos trabalharam juntos na XXIV Bienal Internacional de São Paulo. Rodrigo Cerviño Lopez e Fernando Falcon, designers que já fizeram para a artista os projetos de dois livros, de seu ateliê e de seu pavilhão em Inhotim, são responsáveis pelo projeto expográfico e pelo desenho gráfico do catálogo da exibição.

 

 

A Grande Sala do MAM terá salas divididas por paredes equidistantes e contíguas, que formam salas cortadas por um corredor central. A transparência dos vidros que separam o museu do parque será mantida, ou seja, a exposição poderá ser vista também do lado de fora do MAM. Nas salas, distribuem-se 42 obras, muitas delas inéditas no Brasil, entre as quais uma em grandes dimensões produzida especialmente para a exposição. Retratando azulejos nos quais figuram plantas carnívoras, esta obra remete ao trabalho da artista presente no Panorama da Arte Brasileira de 2003, no próprio MAM-SP, em que azulejos reais traziam estampas de plantas alucinógenas. Além desse novo painel, de cerca de 18 metros de extensão, composto por 54 módulos de pintura, outros dois trabalhos foram produzidos para o MAM. Uma pintura em grande formato, com o panorama da Bahia de Guanabara, Rio de Janeiro, e um prato, ambos recriados em estilo chinês, nos quais a artista retoma sua série “Terra Incógnita”, iniciada em 1992, introduzindo elementos de seu trabalho atual.

 

Também em exibição, os exemplos mais significativos das séries de “Pratos”, “Saunas”, “Ruínas de Charque”, “Mares e Azulejos”, “Línguas e Incisões”, “Irezumis”, “Acadêmicos”, “Proposta para uma Catequese”, “Terra Incógnita” e trabalhos que a artista apresentou na Bienal de São Paulo em 1994 e 1998.

 

Palavras da artista

 

“Margem remete a mar, mas também àquilo que está fora do centro”, daí o título da mostra. Para Adiana Varejão, “a história é algo vivo, o passado não é fechado nem morto, mas está sendo constantemente recriado, e essa é uma das principais motivações do trabalho”.

 

Sobre a artista

 

Adriana Varejão nasceu no Rio de Janeiro e é hoje um dos nomes da arte brasileira mais conhecidos no mundo, com obras em acervos de instituições tais como o Museu Guggenheim, NY, Tate Modern, Londres,  Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris, Fundación “La Caixa”, Barcelona e no Inhotim Centro de Arte Contemporânea, Brumadinho, MG. Participou de quase cem exposições, entre individuais como no Centro Cultural de Belém, Lisboa, 2005, Hara Museum, Tóquio, 2007), Fondation Cartier, Paris, 2005, e coletivas, entre as quais destacam-se as Bienais de Istambul, 2011, Bienal de Bucareste, 2008, Bienal de Liverpool, 2006, Bienal do Mercosul, 2005, Bienal de Praga, 2003, Bienal de Johannesburgo, África do Sul, 1995 e Bienal Internacional de São Paulo, 1994 e 1998. Participou do Panorama da Arte Brasileira 2003, do MAM, sob curadoria de Gerardo Mosquera.

 

Até 16 de dezembro.

Inimá em Brasília

O pintor mineiro Inimá de Paula, nome da renovação da arte moderna brasileira, recebe uma justa homenagem através de exposição retrospectiva no Gabinete da Presidência da Câmara dos Deputados, Brasília, DF. A exposição “Inimá de Paula” é resultado de parceria da Câmara dos Deputados com o Museu Inimá de Paula que cedeu 24 obras pertencentes a seu acervo.

 

Reconhecido pelos críticos como mestre das cores, Inimá de Paula (1918-1999) é um dos mais importantes pintores brasileiros. Suas obras enriquecem acervos de museus e coleções particulares no Brasil e no exterior. O artista revela em suas pinturas paisagens por onde morou e andou, como bairros cariocas, o litoral cearense e cenas da velha Europa. Os caminhos que sua arte percorreu, porém, sempre o trouxeram de volta às montanhas de Minas.

 

Nascido em Itanhomi, no Vale do Rio Doce, Minas Gerais, o pintor tinha um perfil introvertido e reflexivo, que contrastava com a eloquência dos traços vigorosos, características percebidas até pelos leigos, que se comprazem diante de seus quadros. Inimá participou ativamente dos movimentos estéticos de sua época e conviveu com alguns dos maiores artistas brasileiros, como Cândido Portinari e Oscar Niemeyer, que o apoiaram no início da carreira. Atuou no Ceará e no Rio de Janeiro, cidades onde viveu antes de voltar a Minas, no início dos anos 60.

 

O espaço do Gabinete da Presidência da Câmara, abre suas portas nos finais de semana para a população e a curadoria da exposição é do senador e ex-governador mineiro Aécio Neves.

 

 

Até 27 de setembro.

Em dupla

Rodrigo Andrade

Depois de realizar em 2010 a exposição “Arte brasileira: além do sistema”, na qual artistas populares foram expostos ao lado de contemporâneos, a Galeria Estação, Pinheiros, São Paulo, SP, vem promovendo o encontro entre esses dois mundos. Agora, em “O Jogo dos sete erros – Ranchinho e Rodrigo Andrade – 10 pinturas e 10 versões”, Rodrigo Andrade se propôs a fazer releituras de obras de Ranchinho. O resultado desta “pictofagia” está reunido na exposição com 10 trabalhos inéditos do artista contemporâneo expostos lado a lado às telas do pintor egresso da cultura de raiz.

 

Andrade utilizou-se da apropriação, processo da linguagem contemporânea, e procurou a perfeição em suas releituras do mestre popular. O artista fotografou as obras e projetou as imagens em telas brancas, replicando cada pincelada. O deslocamento entre as versões é pequeno, sutil. De longe, chegam a ser idênticas, com as mesmas nuances no desenho e as diferenças surgindo apenas num olhar aproximado. O título da exposição, “O Jogo dos 7 Erros”, parte exatamente dessa semelhança exacerbada, que só revela na camada grossa de tinta, marca característica de Rodrigo Andrade, no olhar aproximado. O musico Toni Belotto, que é de Assis, mesma cidade de Ranchinho, já fez um filme em super 8 sobre o artista e assina texto para o catálogo da exposição.

 

Sobre Ranchinho

 

O artista Sebastião Theodoro Paulino da Silva, o Ranchinho, nasceu em 1923 e faleceu em Oscar Bressane, SP, 2003. Filho de bóias-frias, foi uma criança frágil e fraca, com muita dificuldade para desenvolver-se e aprender. O desenho sempre foi uma prática constante. Com o tempo não parava mais em nenhum trabalho, vivia sempre em casebres abandonados, catando sucata para vender. Por volta de 1970, o escritor e estudioso de arte José Mimessi, ensinou-lhe o manejo do guache e aos poucos sua obra chegou à cidade de São Paulo, provocando o interesse de vários colecionadores, impressionados com as soluções que adotava em suas pinturas. Em 2000, convidado por Emanoel Araújo, fez a releitura da tela de Almeida Jr. “Caipira picando fumo”, de 1893, que integrou na mostra “Almeida Júnior, um artista revisitado”, na Pinacoteca de São Paulo. Ranchinho participou ainda da Bienal Nacional de São Paulo, 1976; Bienal dos 500 anos, 2000;  e de inúmeras coletivas, entre as quais destaca-se “Pintura primitiva no Brasil”, Museu Carrillo Gil do México, 1980 e “40 pintores primitivos”, Museu Guido Viaro, Curitiba, PR, 1981.

 

Sobre Rodrigo Andrade

 

Estudou no Studio of Graphics Arts, em Glasgow, Inglaterra e frequentou o curso livre de gravura e pintura na Escola de Belas Artes de Paris, França. Desde o início de sua carreira, recebeu importantes prêmios em salões nacionais de arte. Participou da 29ª Bienal de São Paulo, SP, em 2010 e recebeu a Bolsa Vitae de Artes Plásticas em 2004. A partir de 1986, realizou diversas exposições individuais em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Participou de inúmeras exposições coletivas no Brasil e no exterior. Em 2000, iniciou uma série de intervenções pictóricas em espaços públicos: “Projeto Parede” no MAM-SP; “Lanches Alvorada”, em um bar no centro da cidade de São Paulo, e “Paredes da Caixa” no museu da Caixa Econômica Federal, São Paulo, SP.

 

 

Até 31 de outubro.

Cores de Willys de Castro

04/set

Willys de Castro

A retrospectiva de Willys de Castro na Pinacoteca do Estado, Praça da Luz, São Paulo, SP, abrange 130 obras do artista cujo pretígio é bastante crescente tanto nos Estados como na Estados Unidos e na Europa. Cada vez mais procurado por colecionadores estrangeiros, os trabalhos de Wyllis de Castro, falecido em 1988, tendem a seguir os mesmo passos da obra de Lygia Clark e Helio Oiticia. Um previsão segura para os anos vindouros. Sob a curadoria de Regina Teixeira de Barros, encontram-se em exibição telas, desenhos, estudos e vários trabalhos tridimensionais. A grande maioria das obras pertencem à Pinacoteca, sendo que um total de 56 peças são doações do companheiro do artista, o pintor Hércules Barsotti, falecido em 2010, mas doadas em 2001. As demais peças da mostra pertencem à Coleção Patricia Phelps de Cisneros, coleção venezuelana, acervos particulares do Brasil, mais o IAC e o Museu de Arte de São Paulo.

 

Nascido em Uberlândia, MG, Willys de Castro mudou-se para São Paulo na adolescência. Atuou durante anos na área de design gráfico, realizou pesquisas das diversas correntes construtivistas e dialogou com o Grupo Ruptura, de Waldemar Cordeiro. Os trabalhos mais antigos exibidos na mostra são estudos para pinturas realizados a partir de 1952, nos quais as formas geométricas e a atenção às cores sobressaem. Nos “Objetos Ativos”, o artista mescla pintura e escultura da passagem da década de 50 para a de 60, quando atinge, segundo a críica nacional, sua plenitude criativa. Em certos momentos, apenas uma pequena tira vertical de madeira já instiga o espectador. A série deu origem, mais tarde, aos chamados “Pluriobjetos”, relevos de parede feitos de materiais como madeira, alumínio ou aço, alguns deles presentes na exposição.

 

Até 14 de outubro.

Carvão: Mestre da cor

A Galeria Bergamin, Jardins, São Paulo, SP, exibe mostra panorâmica da obra de Aluisio Carvão. Denise Mattar, que assina a curadoria, escolheu uma titulação justa para a exposição: “ALUÍSIO CARVÃO  – Mestre da Cor”. Conheça a síntese de seu pensamento curatorial no texto abaixo, uma clara visão da trajetória deste renomado artista brasileiro.

 

 Síntese da curadoria

 

Aluísio Carvão ( 1920- 2001) nasceu em Belém do Pará e autonomeava-se “o amazônico”, pois tinha consciência de que a estética luminosa, vibrante e colorida daquela cidade perpassava toda a sua obra. Quando menino admirava a geometria dos indígenas brasileiros, observava na arte plumária a construção de unidades cromáticas exuberantes e fazia pipas, bandeirinhas e estandartes para enfeitar os arraiais.

…Procurando seu caminho foi ilustrador, cenógrafo, ator, mudou de cidade e por fim viajou para a capital do país para participar de um curso de especialização de professores de desenho.

 

Carvão chegou ao Rio de Janeiro em 1949, num momento efervescente, no qual estava em curso o sonho da modernidade nacional. Nas artes plásticas levantavam-se discussões acirradas e sofisticadas em torno do Abstracionismo Geométrico, uma linguagem que se propunha universal pela construção de um espaço racional, sem emoções, hedonismo ou patriotismo. Eram questões que Carvão desconhecia inteiramente, mas, após completar seu estágio, inscreveu-se, em 1952,  no lendário curso de Ivan Serpa, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde passou a conviver com  Lygia Pape, Abraham Palatnik, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Mário Pedrosa e Ferreira Gullar. Foi um mergulho vertical e radical …ele participou da criação do Grupo Frente (1954-56).

 

As obras de Carvão realizadas nesse período respondem aos enunciados do Concretismo. …Na série “Cromáticas”, que vai de 1957 a 1960, o artista constrói com a cor, que vive e pulsa, plena de emoção.

 

….O novo grupo, que busca a experimentação, é uma alforria para Carvão. Sua pesquisa intensifica-se a tal ponto que a cor sai dos limites da tela para ganhar o espaço e o artista produz as emblemáticas obras  “Cubo-Cor”(1960) e “Cerne-Cor”(1961). Segundo ele:  “Eu queria uma espécie de resumo da cor, queria, dar corporeidade à cor, o vermelho feito com pigmento e cimento. Todo cor, não só superficialmente pintado”.

 

No final de 1961, Aluísio parte para a Europa utilizando o prêmio de viagem recebido do Salão Nacional de 1960.  Na volta ao Brasil, em 1963, torna-se professor do MAM-RJ e trabalha em artes gráficas e desenho industrial.

 

Nesse período a cor e a geometria quase desaparecem da obra do artista, como que levadas pela ditadura militar que se impõe a partir de 1964. …No final da década, Carvão começa a empregar materiais não tradicionais, como tampinhas de garrafas e pregos, construindo obras óticas como “Superfície I”, e cinéticas/sonoras como os “Farfalhantes”(1967). Essa pesquisa se estende até 1971/3 quando produz as “Constelações” realizadas com barbantes tensionados.

 

Em 1975 Aluísio Carvão recomeça a pintar e a cor volta a ele soberana, luminosa e sensual. Nessas novas pinturas ele revê as memórias de infância, relembra sua cidade amazônica, alude a pipas, mastros e bandeirinhas. Esses signos poéticos, invadidos de cor, alcançam sua plenitude na série de sete obras apresentada 17a Bienal de São Paulo, em 1983.

 

Ainda na década de 1980 Aluísio tornou-se professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro. Era adorado pelos alunos e ajudou a formar a chamada “Geração 80. Em 1997, com vigor redobrado,  inaugurou duas obras monumentais : o Mural Lagoa-Barra no Rio de Janeiro e o Cubo-Cor no Parque da Marinha em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

 

Até sua morte, em 2001, Aluísio Carvão continuou pintando, cada vez mais liricamente. Suas obras são um marco na arte brasileira, e quem o conheceu nunca esquecerá de seus olhos luminosos e profundamente azuis, dos quais parecia se desprender a Cor.

 

Denise Mattar

2012

 

Até 14 de setembro