Fotografias de Maureen Bisilliat.

12/ago

Coincidindo com o calendário da 36ª Bienal de São Paulo, a Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, apresenta, entre 23 de agosto e 26 de setembro, “O Turista Aprendiz”, exposição de Maureen Bisilliat que, posteriormente, seguirá em itinerância para Ribeirão Preto. A mostra reúne grande parte do material original apresentado na Sala Especial “O Turista Aprendiz” na 18ª Bienal de São Paulo em 1985: o filme “Decantando as Águas – O Turista Aprendiz Revisitado” e  cerca de 130 fotografias que foram feitas por Maureen Bisilliat e ampliadas sob a supervisão de Thomaz Farkas.

A Sala Especial “O Turista Aprendiz”, apresentada na 18ª Bienal de São Paulo, partiu de uma proposta de Maureen Bisilliat de estabelecer um diálogo com o livro homônimo de Mário de Andrade, publicado em 1947 a partir dos diários de viagens realizadas pelo escritor e folclorista em 1927 pelo Norte do Brasil e em 1928-1929 pelo Nordeste. Naquele momento, Maureen Bisilliat retomou os escritos do turista aprendiz, e se propôs a refazer algumas daquelas viagens. Junto a Dorian Taterka e Lúcio Kodato, Maureen Bisilliat percorreu e registrou, durante cinco semanas, imensidões aquáticas, de Belém a Manaus pelo Rio Amazonas e até Porto Velho pelo Rio Madeira. Junto ao amigo e arquiteto Antonio Marcos Silva, ela concebeu o espaço expositivo na Bienal como uma sala escura que remetia ao negro dos rios e uma expografia sinuosa que remetia às suas curvas. Era uma grande instalação composta por fotografias, indumentárias e artefatos populares relacionados a ritos sagrados e profanos.

Além do filme “Decantando as águas – O turista aprendiz revisitado” e das cerca de 400 fotografias realizadas por Maureen Bisilliat, foram apresentadas 50 fotografias realizadas por Mário de Andrade entre os anos de 1927 e 1929 acompanhadas por alguns trechos de seu diário. As fotografias de Maureen Bisilliat apresentadas naquela ocasião abandonavam a dualidade do preto e branco e davam conta de explorar a ampla gama de cores que compõem a diversidade da cultura brasileira do Norte e Nordeste.

A celebração dos quarenta anos da apresentação da Sala Especial “O Turista Aprendiz” na 18ª Bienal de São Paulo coincide com os quarenta anos de atividade da Galeria Marcelo Guarnieri, que abriu a sua primeira unidade em agosto de 1985 na casa número 1903 da Av. 9 de julho, em Ribeirão Preto.  É uma celebração que, ao ser concebida como uma exposição realizada nas duas unidades da galeria, considera o deslocamento como um fator basilar na prática e poética de Maureen Bisilliat, assim como no modo de funcionamento da galeria.

1985: O Turista Aprendiz

Esta exposição começa com uma viagem. Uma viagem realizada em 1927 que teve muitos desdobramentos no tempo e formas no espaço. Ela se desdobrou em diários, livros, fotografias, filmes, outras exposições e outras viagens. A história começa com Mário de Andrade, que, como parte de suas pesquisas sobre o folclore e a cultura popular brasileira, percorreu o Norte e o Nordeste do país entre os anos de 1927 e 1928-1929, atento aos seus modos de vida e às suas manifestações culturais e religiosas. Sendo também poeta e escritor, registrou as impressões dessas viagens em diários de bordo. Um espaço íntimo que tornaria-se público 20 anos depois, quando editado em formato livro sob o título “O Turista Aprendiz”. Além do texto, Mário de Andrade também fez uso da imagem, registrando com sua máquina Kodak seus instantes de trabalho e lazer em mais de 500 fotografias.

Wilma Martins na Galatea.

A Galatea apresenta “Wilma Martins: territórios interiores”, individual da artista Wilma Martins, com obras da emblemática série “Cotidiano”, a ser inaugurada no dia 23 de agosto em sua unidade da rua Padre João Manuel, em São Paulo. A mostra conta com texto crítico assinado pela pesquisadora e curadora Fernanda Morse.

Desenvolvida entre 1974 e 1984, “Cotidiano” é considerada a série mais conhecida da artista. Nela, cenas de interiores domésticos – como salas, cozinhas e quartos – se entrelaçam com rios, plantas e animais, criando composições onde o real e o imaginário se encontram em harmonia. A brancura intimista dos espaços privados contrasta com a vitalidade orgânica da natureza, revelando um olhar poético e silenciosamente subversivo sobre os pequenos gestos da vida cotidiana.

A série foi redescoberta na exposição “Cotidiano e Sonho”, retrospectiva realizada em 2013, com curadoria de seu marido, Frederico Morais, importante crítico e historiador de arte brasileiro. Essa será a primeira exposição dedicada à artista desde a retrospectiva póstuma “Wilma Martins: território da memória”, realizada em 2023. É, também, uma oportunidade rara de ver um escopo tão abrangente da série “Cotidiano” reunido em uma só exposição.

Em cartaz até 18 de outubro.

Encerramento de duas exposições.

08/ago

Neste sábado, 09 de agosto, a partir das 15h, as artistas Mariana Rocha e Siwaju conduzirão visitas guiadas por suas exposições “Desde sempre o mar” e “SPECTRUM”, em cartaz, respectivamente, nos prédios 17 e 11 da galeria. Trata-se de evento de encerramento das exposições “Desde sempre o mar” e “SPECTRUM”.

Inspirada pela vastidão marítima e pelos mistérios da vida microscópica, Mariana Rocha mergulha em um universo onde as fronteiras entre ciência, mito e arte se dissolvem. Desde sempre o mar reúne pinturas inéditas que transitam entre figuração e abstração, evocando formas orgânicas como raízes, cílios, braços e membranas – elementos que se desdobram como símbolos da origem e da continuidade da vida. Segundo o curador Renato Menezes, que assina o texto de apresentação da mostra, “Mariana Rocha trapaceia a escala e, assim, a própria pintura parece se tornar, para a artista, um meio de reequacionar os mínimos essenciais da vida. Partícula e todo, célula e organismo, gota e oceano renegociam suas ordens de grandeza bem diante de nossos olhos.”

“Já Siwaju traz esculturas que articulam matéria e Cosmos, energias visíveis e invisíveis, objeto e entorno, corpo escultórico e espaço, organizando-se em uma temporalidade espiralada, em constante fluxo de expansão e retrospecção, ativando saberes afrodiásporicos. “Desdobram-se pelo espaço “famílias de obras” interligadas, cada uma com gramáticas e gestos próprios, mas todas atravessadas pelo desejo de criar zonas de interferência onde passado e futuro, beleza e libertação coexistem em tensão criativa.”, aponta a curadora Nathalia Grilo, autora do texto de apresentação da exposição.

O encontro marca o encerramento das mostras.

Panorama da produção de Raymundo Colares.

A abertura  da exposição “Raymundo Colares: Pista livre”, acontece na Almeida & Dale, Caconde 152, São Paulo, SP, a partir do dia 09 de agosto.

Com curadoria de Ligia Canongia, a exposição apresenta um panorama da produção de Raymundo Colares ao reunir pinturas, guaches e os emblemáticos Gibis, livros-objetos que convidam o público a manuseá-los. Colares criou um repertório visual composto por referências do construtivismo, pop art e cultura urbana. O ônibus, ícone frequente em suas telas, surge como elemento indicial dessa fusão, evocando a noção de movimento e dinamismo das grandes metrópoles, expressa por meio dos planos multidirecionais que tendem à colisão.

A palavra da curadoria.

Raymundo Colares manteve diálogo com o construtivismo brasileiro e suas raízes históricas, embora já sensível ao ideário pop, por sua estreita relação com as histórias em quadrinhos e o cinema. Os trabalhos de Mondrian, Duchamp e dos futuristas italianos foram cruciais em sua formação, mas a obra indiciava sintomas da iconografia urbana e da exuberância cromática da pop art. O universo popular em Colares convergiu para a figura do ônibus, um ícone-síntese do dinamismo nas grandes metrópoles. A experiência perceptiva da multiplicação e da deformação das coisas em movimento, que informara o cubismo e outros movimentos modernos, tornou-se centro de seu interesse. O artista tentava, pois, congregar planos disjuntivos, fatias de espaço que pareciam se colidir, imagens captadas aos estilhaços, sem a nostalgia da perspectiva ou de uma ordem. Ainda assim, suas pinturas são estruturadas, articuladas, e a complexidade desse jogo é que constitui o desafio da obra. Para ele, interessava fragmentar e reconstruir esses fragmentos de forma pulsante e errática, trazendo à luz uma das questões-chave de sua trajetória: a ideia de tempo, visualmente enunciada em planos multidirecionais e em velocidade. Raymundo Colares compreendeu que a questão do movimento, em última instância a questão do tempo, havia arremetido a experiência da pintura para além da estabilidade que conhecera no passado histórico, respondendo aos avanços da ciência e ao viver moderno. Pressentiu que essa atualização se prolongaria na era contemporânea, e que os efeitos da máquina seriam intensos e irreversíveis, mesmo não tendo vivenciado o mundo digital de nossos dias.

Ligia Canongia

Em cartaz até 04 de outubro.

Destacando a obra de Mano Penalva.

07/ago

Mano Penalva tem sua obra divulgada pela Baró Galeria. O artista nasceu em Salvador, Brasil, 1987, formou-se em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2008) e frequentou cursos independentes de arte no Parque Lage por sete anos (2005-2011). É fundador da Massapê Projetos, uma plataforma de artistas em São Paulo que fomenta o diálogo e a produção artística.

A prática de Mano Penalva gira em torno do deslocamento de objetos cotidianos, refletindo seu profundo interesse por antropologia e cultura material. Trabalhando com escultura, instalação, pintura, fotografia e vídeo, ele cria novos arranjos estéticos inspirados em estratégias de exposição no varejo, no ato de colecionar histórias e na interação entre espaços domésticos e públicos. Seu trabalho reforça a ideia de que a proliferação exponencial de objetos e imagens não necessariamente aguça nossa percepção ou consciência, mas busca nos fundir a eles.

Nos últimos anos, Mano Penalva participou de inúmeras residências internacionais, incluindo Casa Wabi (Puerto Escondido, México, 2021), Fountainhead Residency (Miami, EUA, 2020), LE26by / Felix Frachon Gallery (Bruxelas, Bélgica, 2019), AnnexB (Nova York, EUA, 2018), Penthouse Art Residency (Bruxelas, Bélgica, 2018), RAT – Artistic Exchange Residency (Cidade do México, México, 2017) e Pop Center – Camelódromo (Porto Alegre, Brasil, 2017).

Seu trabalho pode ser visto na exposição coletiva online Overstretching, em cartaz até outubro.

Fotoperformance com Elisa Band e Karina Bacci.

06/ago

Com Elisa Band e Karina Bacci no mamSP.

Período de inscrições: até 15.08. – Duração: 01/09 a 25/09. – Gratuito

Atenção: como forma de construir um ambiente diverso e inclusivo, pessoas negras, indígenas, transgêneras, neurodivergentes e/ou com deficiência, ou com perfil de baixa renda (renda familiar igual ou inferior a dois salários mínimos), terão prioridade nas vagas dos cursos. O preenchimento dos formulários não garante vaga, o processo de participação dos cursos é feito por um critério de avaliação socioeconômico. Desenvolvimento e análise de processo autoral em fotoperformance a partir de estímulos temáticos, referências artísticas e exercícios que experimentam o hibridismo entre essas duas linguagens.

 Elisa Band

É performer, encenadora e pesquisadora. Formada em Artes Cênicas-Unicamp, foi uma das fundadoras do grupo K, dirigido por Renato Cohen. Em 2015, foi residente da Akademie Schloss Solitude (Alemanha) e publicou o livro de contos Perecíveis. Em 2021, apresentou a performance Nica pelo SESC. Ministra cursos de teatro e performance na SP Escola de Teatro, MAM São Paulo, Escola Superior de Artes Célia Helena, entre outros. Desde 2016 é diretora de Teatro da ONG Ser em Cena. Atualmente, é doutoranda pela ECA – USP e diretora da Cia. Ueinzz. Suas áreas são teatro contemporâneo, performance e literatura.

 Karina Bacci

Doutoranda em Artes Visuais na ECA/USP na área de concentração: Teoria, Ensino e Aprendizagem de Arte, Karina Bacci tem pós-graduação em Cinema, Vídeo e Fotografia e graduação em Fotografia, com habilitação em Arte e Cultura. Faz parte do GMEPAE e atua como fotógrafa e educadora na área cultural. Ministra cursos no MAM-SP desde 2001, além de lugares como USP, CCSP, SESC e Casa Mário de Andrade, tendo ganhado prêmios nessa área. É educadora, fotógrafa e curadora dos projetos itinerantes Retratos da Terra, Cidade Através da Lente e Olhar da Comunidade, com 53 oficinas, exposições e catálogos realizados em diferentes cidades do Brasil. Foi curadora da exposição Evgen Bavcar e Imagens Possíveis, em 2016, da exposição Tramas na Casa Mário de Andrade, em 2015, e das mostras de cinema do MAM-SP (Cinemam), de 2003 a 2005.

Mostra inédita de desenhos.

Com inauguração no dia 16 de agosto, “The Lincoln Park e Outros Lugares” é a primeira exposição individual do artista plástico Paulo Amaral após quase dois anos no Espaço Cultural do Hotel Praça da Matriz, Centro Histórico, Largo João Amorim de Albuquerque nº 72, próximo ao Theatro São Pedro, Porto Alegre, RS. Constituída de 20 desenhos, a maioria inéditos e realizados durante recente viagem à cidade de Chicago, nos Estados Unidos. A mostra estará em cartaz até o dia 07 de setembro.

Estão programados dois encontros do projeto “Roda de Cultura”, com o artista recebendo o público para um bate-papo descontraído sobre sua obra e trajetória, em duas quartas-feiras – 27 de agosto e 03 de setembro. Todos os eventos são gratuitos.

A série em destaque no Espaço HPM captura paisagens naturais pela riqueza expressiva do desenho de Paulo Amaral, com a predominância do figurativo e eventuais espaços ao semiabstrato, através do uso de lápis e carvão sobre papel ou tecido, em dimensões variadas. “Ultimamente, meu trabalho tem sido marcado pelo predomínio do uso de tinta acrílica sobre tela, então eu quis fazer algo diferente e escolhi a técnica do carvão e do grafite sobre papel ou tecido, algo do qual gosto muito”, ressalta o autor.

Sobre o artista.

Artista plástico e gestor cultural Paulo Amaral, 75 anos, tem uma ampla trajetória na área cultural. Nascido em Bagé (RS), iniciou seus estudos em pintura ao final da adolescência, em 1967, durante intercâmbio na Califórnia (EUA). De volta ao Brasil, formou-se em Engenharia Civil (1974), carreira que exerceu em Porto Alegre ao longo de 30 anos. Sua produção artística em modalidades diversas – desenho, pintura, gravura, serigrafia e escultura – é marcada por mais de 50 exposições individuais e 160 coletivas, muitas das quais no exterior. Em paralelo, notabilizou-se como crítico, escritor, curador e gestor. Dirigiu o Museu de Arte do Rio Grande do Sul em três períodos, a Direção Artística-cultural da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) e presidiu o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e o Conselho Consultivo de Patrimônio Museológico, desde 2021, atua como coordenador de Artes Visuais da Secretaria Municipal de Cultura da capital gaúcha.

Workshop com Charles Watson.

A inteligência física, aquela que acontece no movimento, no gesto, no fazer, pode ser a chave para desbloquear novas ideias e ampliar sua potência criativa.

No workshop “Processo Criativo e Physical Thinking: O corpo como recurso cognitivo”, o pesquisador e educador Charles Watson conduz dois encontros interativos que combinam questões como teoria x prática, os impactos da tecnologia sobre o nosso cérebro e o envolvimento corporal como recurso fundamental para a criatividade.  Partindo de uma abordagem transdisciplinar, que explora as contribuições entre diferentes áreas, desde a neurociência à dança, a atividade trata da importância da fisicalidade como ferramenta cognitiva, além do estímulo de conexões neurais que favorecem a criatividade e a inovação.

Serão 8 horas de conteúdo distribuídas em dois dias de workshop, no Instituto Ling, Bairro Três Figueiras, Porto Alegre, RS: na sexta-feira, 15 de agosto, das 14h às 18h, e no sábado, 16 de agosto, das 10h às 15h. A atividade é especialmente voltada para designers, artistas, publicitários, arquitetos, empresários e todos que lidam com inovação e geração de ideias.

Sobre o Ministrante.

Educador, pesquisador e palestrante com abordagem única, Charles Watson aborda os mecanismos e atitudes que favorecem um maior desempenho criativo em diversas disciplinas, tecendo uma teia de conexões improváveis entre uma ampla variedade de assuntos supostamente desconexos: desde arte contemporânea, design, música e negócios, passando pela genética, neo-darwinismo, inteligência artificial, neurociência e até comédia stand-up – sempre com uma pitada de humor britânico. Escocês radicado no Rio de Janeiro, Charles Watson é professor da EAV Parque Lage, palestrante sobre Processo Criativo para diversas empresas e instituições (incluindo Globo, Natura, Ipiranga, Shell e Vale do Rio Doce), e idealizador e diretor do projeto Dynamic Encounters International Art Workshop.

Nova representação.

Ana Cláudia Almeida é a nova artista representada pela galeria Fortes D´Aloia & Gabriel. Ana Cláudia Almeida nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, 1993 – O universo material de Ana Cláudia Almeida, encontra-se estabelecido sobre a manipulação de tintas, plásticos, bastões a óleo, tecidos e imagens. A feição esvoaçante de suas obras sobre pano, o caráter acumulativo e movediço da escultura e a fragmentação caleidoscópica das pinturas de grande escala transpõem e traduzem a memória intangível em matéria. Essa dimensão se faz sentir tanto na superfície dos trabalhos, conforme Ana Cláudia Almeida permite que vestígios de gestos anteriores permaneçam na forma final, quanto de maneira conceitual e simbólica. Feita de sobreposições intensas de espaços plenos e vazios, a abstração que ressoa sua obra espelha formal e tematicamente camadas de lembranças, práticas e rituais. Transitando entre a pintura, a escultura  e  o  vídeo,  a  produção de  Ana  Cláudia  Almeida  confronta  os  modos  como  ela  é  moldada – ou distorcida – por estruturas sociais, explorando as fricções entre o ambiente urbano e sistemas como religião, gênero e sexualidade.

Entre suas exposições recentes destacam-se Ana Cláudia Almeida & Tadáskía, exposição diálogo entre as duas artistas que aconteceu simultaneamente nas galerias Fortes D’Aloia & Gabriel e Quadra, em São Paulo, Brasil (2024); desdobramento da exposição Tadáskía and Ana Cláudia Almeida: A Joyner/Giuffrida Visiting Artists Program, no Nevada Museum of Art, Nevada, Estados Unidos (2024). Dentre as individuais, destacam-se Guandu Paraguaçu Piraquara, Fortes D’Aloia & Gabriel – Carpintaria, Rio de Janeiro, Brasil (2023); Buracos, Crateras e Abraços, Quadra, Rio de Janeiro, Brasil (2021); Wasapindorama, Fundação de Arte de Niterói, Niterói, Brasil (2018).

A artista também fez parte das exposições coletivas Ensaio sobre a Paisagem, Instituto Inhotim, Brumadinho, Brasil (2024); Olhe bem as montanhas, Quadra, São Paulo, Brasil (2024); Essas Pessoas na Sala de Jantar, Casa Museu Eva Kablin, Rio de Janeiro, Brasil (2023); Crônicas Cariocas, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil (2021) e Casa Carioca, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil (2021). Suas obras integram as coleções do Museu de Arte do Rio, Instituto Inhotim e Sesc Rio de Janeiro.

Exposição de Fernando Duval em São Paulo.

05/ago

A galeria NONADA SP, em sua sede paulistana, expõe “Sob o signo do ocaso – Wasthavastahunn: o universo paralelo de Fernando Duval”, com curadoria de Bernardo José de Souza, – um breve retrospecto -, obras criadas ao longo de mais de sessenta anos. Com obras totalmente inéditas, a mostra traça um panorama da produção de Fernando Duval (1937, Pelotas, RS), figura singular no cenário da arte brasileira, cujas produções – desenvolvidas ao longo de mais de seis décadas – são inteiramente dedicadas ao desenvolvimento de um universo de ficção científica: o planeta Fahadoika e, em especial, o continente de Wasthavastahunn.

Num gesto que desafia as convenções do campo artístico e da própria realidade, Fernando Duval criou uma cosmogonia própria, com personagens, línguas, tradições e tecnologias, povoando esse mundo alternativo por meio de desenhos, pinturas, esculturas, textos, narrativas orais e até um dicionário completo. Entre a ficção especulativa, o escapismo e o prazer, sua obra se insere na tradição da outsider art, sendo uma das mais notáveis expressões de invenção radical na história recente da arte brasileira.

A exposição reúne uma seleção de trabalhos que revelam as camadas narrativas, políticas e sensoriais do imaginário wasthianno: um povo fictício que, apesar da semelhança com os humanos, vive à margem de sistemas econômicos, religiosos e patriarcais. Em Wastha não há pobreza nem trabalho compulsório – tampouco fé ou dogma científico. O que impera é uma filosofia hedonista e libertária em que o prazer, a especulação intelectual e a recusa às normas constituem os pilares de uma civilização alternativa e profundamente crítica à lógica dominante no mundo real.

A mostra inclui também registros de personagens míticos – como Santa Bartola, padroeira da loucura e dos afetos desviantes – e evoca figuras centrais da política interestelar de Wasthavastahunn, como Ada Andes, baronesa e chanceler junto às Galáxias Ulteriores. As obras de Fernando Duval assumem, assim, o papel de documentos sensíveis de um mundo que não apenas questiona a normatividade ocidental, mas propõe outros modos de viver, imaginar e habitar o tempo.

O projeto curatorial de Bernardo José de Souza parte do próprio envolvimento afetivo e intelectual com a obra de Duval – artista que, ao longo de sua vida, permaneceu à margem do circuito institucional, mas criou uma das mais completas e sofisticadas ficções do século XX no Brasil. Como escreve o curador, “entre o escapismo, a luxúria e a transgressão, Duval deu corpo a um universo paralelo ao nosso, estruturado sobre as bases da imaginação, do regozijo e da recusa em viver sob a normatividade das sociedades capitalistas e patriarcais”.

Em cartaz até o dia 27 de setembro é uma oportunidade única para adentrar os meandros desse universo radical e encantador.