DOIS NA VILANOVA

15/set

A Galeria Vilanova, Vila Nova Conceição, São Paulo, SP, inaugura a exposição “Entre Flores e Entrelinhas”, dos artistas plásticos Virgilio Neves e Vitor Azambuja, com curadoria de Bianca Boeckel. Para a mostra, foram selecionadas 11 obras inéditas – entre desenhos e pinturas -, cujo tema principal é a primavera e as sensações que acompanham essa estação, em trabalhos que envolvem todos os nossos sentidos e reproduzem flores, cores e aromas.

 

Em duas telas e quatro desenhos, Virgilio Neves cria linhas que ocupam o campo visual dos suportes e que delimitam imagens de maneira aleatória, entregue ao acaso. Após procurar por diversos tipos de ferramentas, o artista iniciou uma pesquisa com extrato de própolis líquido, utilizando este elemento em seus desenhos juntamente com uma caneta definitiva. O resultado obtido foi surpreendente não apenas pelos valores formais, mas pelas metáforas que surgiram a partir de então: “O aroma do própolis trazia sensações positivas que me devolviam à infância. E o poder de fixação desta substância e do seu aroma sobre o papel também estavam intimamente ligados ao poder de fixação desta memória em minha mente.”, comenta.

 

Por sua vez, Vitor Azambuja apresenta cinco telas com um tema recorrente em sua produção: a exuberância das rosas, em tons de cores inusitados e sempre surpreendentes – sua já conhecida marca. Apesar de sua inspiração na natureza, o artista não pinta pela observação e sim pela imaginação – a harmonia na combinação de suas cores não é fruto da reprodução, mas sim o resultado de um ato criativo autônomo. Formado em música pelo Conservatório Brasileiro de Música, como pianista, “para ele as flores, principalmente, o levam indubitavelmente aos sons que delas exalam”, disse Geraldo Edson de Andrade, membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte.

 

Em uma celebração ao início da estação mais florida do ano, a primavera, “Entre Flores e Entrelinhas” propicia ao público uma nova visão sobre um tema corriqueiro, com pinturas e desenhos que não apenas se complementam, mas também estreitam o diálogo com o espectador. Nas palavras de Bianca Boeckel: “As obras dos dois artistas cantam e dançam diante dos nossos olhos”.

 

 

De 20 de setembro a 03 de novembro.

Obras Religiosas de Brecheret

10/set

O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS-SP, exibe “Brecheret e sua Visão do Sagrado”, com curadoria de Sandra Brecheret Pellegrini e expografia de Haron Cohen. Composta por 35 esculturas, 4 desenhos e 4 fotografias, a mostra nos revela o lugar preponderante que a temática do sagrado ocupou na vida do escultor ítalo-brasileiro Victor Brecheret.

 

Ao longo de toda carreira de Victor Brecheret, seu impulso criativo é especialmente refletido em suas esculturas religiosas, sendo a primeira manifestação desse tema, que se tem conhecimento, a obra “Pietá”, por volta da primeira década do século XX. “Embora Brecheret nunca tenha se vinculado exclusivamente a temas religiosos, retornava sempre àquilo que transmitia sua criação interna, trazendo de dentro de si a sua fé.”, comenta Sandra Brecheret Pellegrini. Para a exposição no MAS-SP, foram selecionadas obras da coleção particular da curadora, da qual destacam-se Madonas, Virgens e Pietás confeccionadas em gesso e bronze, entre 1920 e 1940; Virgens com criança e Anjos, cenas bíblicas (Santa Ceia, Senhor dos Passos, Anunciação), crucifixos e santos (São Francisco, São Jerônimo, São Paulo) feitos em gesso, bronze patinado, terracota e madeira, nas décadas de 1940 e 1950; além de imagens masculinas, em sua maior parte dos anos 1940, esculpidas em gesso.

 

Dentro do universo religioso, Victor Brecheret concebeu esculturas que exibem seu cuidado e primor em todos os aspectos, inclusive em relação às características fisionômicas, como podemos observar nos Sacerdotes e Apóstolos, que exibem expressões faciais bem marcadas como se estivessem refletindo a busca de razões internas e meditações espirituais. Em Os Anjos e os Santos, o semblante é de felicidade, de certa forma nostálgico, relembrando o recebimento da luz divina. Já no final de sua vida, produziu esculturas delicadas, em barro cozido (terracota), se aproximando da estética do barroco brasileiro e demonstrando um preciosismo notável. De acordo com Sandra Brecheret Pellegrini, o ponto alto da escultura religiosa de Brecheret é, sem dúvida, a figura de São Francisco: “Explorada sob vários ângulos, tamanhos e formas, nos leva a acreditar que seja o santo de sua preferência, por seu amor à natureza.”

 

A mostra “Brecheret e sua Visão do Sagrado” transmite todo o amor que o escultor sentia pelas artes plásticas, sentimento com o qual se dedicou inteiramente ao ofício. Ressalta seu brilhantismo na trajetória artística de uma obra que teve início no século passado e que permanece hígida, atual, moderna, provocante. Cativa a memória dos paulistanos, por sua presença através de esculturas espalhadas pela cidade, as quais conferiram à capital parte de sua identidade social e cultural.

 

 

De 18 de setembro a 16 de novembro.

Liuba na Marcelo Guarnieri

01/set

Com o objetivo de aproximar o público das obras e do universo da artista, a galeria Marcelo Guarnieri, Jardim Paulista, São Paulo, SP, inaugura a exposição “LIUBA”, que reproduz parte do atelier da artista em São Paulo. A produção artística de Liuba dividiu-se nas três cidades em que residiu e estudou: Paris, Zurique e São Paulo. Na última, o seu atelier no bairro do Jardim Europa, preserva parte das obras de seu acervo, e testemunha a memória do processo de criação e execução de suas esculturas.

 

Para reconstrução do clima e da atmosfera do ambiente, a galeria selecionou 40 obras em bronze, de sua profícua fase dos anos 60 e 70. Com trabalhos que variam entre pequenas e médias peças, as esculturas da artista ganharam notoriedade do público e da crítica especializada, pelas formas e traços que remetem à agressividade de pássaros ou do humano em sua face animalesca. Aproximando-se de sua geração contemporânea, e do grito expressivo dos artistas modernos, suas obras podem ser vistas em museus e coleções ao redor do mundo, e em obras públicas ao redor do rio Sena em Paris, como “Upright Sculpture” de 1977, e “Animal I”, de 1985, ambas no Quai Saint Bernard.

 

Dois bustos, um retrato em bronze do marido Ernesto Wolf, e o outro do irmão, em gesso, que ficavam virados de costas no atelier da artista, denotavam a mudança de linguagem de sua produção. Se na década de 60, Liuba esculpia cabeças tradicionais, nos anos 70, após exercitar as suas formas-pássaros, a artista retoma o imaginário dos bustos, conferindo uma linguagem própria e autoral. Os bustos sugerem, por sua vez, uma aproximação zoomórfica, na qual o humano equilibra-se com o animal.  Além das esculturas, três desenhos de estudos, as bases originais em gesso das peças em bronze e instrumentos de trabalho, serão expostos na galeria. Complementa-se à exposição, a exibição inédita do ensaio visual “LIUBA”, realizado por Luana Capobianco, com imagens das obras, dos materiais utilizados na execução das peças e seus ateliês de São Paulo e Paris.

 

 

Sobre a artista

 

Nascida em 1923 na Bulgária, Liuba Wolf ingressa na Escola de Belas Artes de Genebra em 1943. Em 1944 começa a estudar escultura com Germaine Richier, a princípio na Suiça, depois em Paris, em 1946, onde passa a viver e trabalhar em seu atelier. Em 1949, ainda vivendo em Paris, monta atelier também em São Paulo. Casa-se com Ernesto Wolf em 1958 no Brasil, e passa a dividir seu tempo entre os  ateliers de São Paulo e Paris. A partir de 1989 estabelece atelier também na Suiça. Morre em São Paulo em 2005. Liuba Wolf participou anualmente do Salon de la Jeune Sculpture de Paris no período entre 1964 e 1979, e em inúmeros salões de arte no Brasil entre eles o Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1962 e 1963 como também a participação sistemática do Panorama de Arte Atual Brasileira no MAM de São Paulo no período de 1970 a 1985. Realizou diversas exposições individuais, destacando-se a no MAM-Rio em 1965, no Museu de Saint Paul de Vence na França em 1968, na Galeria Achim Moeller em Londres em 1972, no Hakone Open Air Museum no Japão em 1985 e na Pinacoteca do Estado de São Paulo em 1996. Suas participações em exposições coletivas incluem também as mostras: Bienal de Carrara em 1962, 12º e 13ª Biennale Internazionale del Bronzetto na Itália (1979 e 1981), Artistas Latino Americanos no Museu Nacional de Arte Moderna de Paris (1967), 7ª/ 8ª/9ª e 12ª Bienal Internacional de São Paulo (1963/1965/1967 e 1973). Foi premiada no Salon d´Automne em Paris em 1947 e 1957, no Salão Nacional de Arte Moderna no Rio de Janeiro em 1962 e na 7º Bienal Internacional de São Paulo em 1963. Suas obras intregram importantes coleções públicas internacionais como a do Fond National d’Art Contemporain de Paris, do Museu de Saint Paul de Vence na França, do Kunsthelle de Nuremberg na  Alemanha, do Hakone Open Air Museum no Japão e do Musée de la Sculpture en Plein Air de la Ville de Paris; e integram também importantes coleções públicas nacionais como a do Museu de Arte Moderna de São Paulo, do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, da Coleção da Bienal de São Paulo e do Museu do Artista Brasileiro em Brasília. A artista também possui obras em importantes coleções privadas em diversos países tais como Brasil, Argentina, Canadá, Inglaterra, França, Alemanha, Japão, Suíça e Estados Unidos.

 

 

Comentário sobre a sua obra

 

A partir da década de 50 Liuba Wolf afasta-se da expressão essencialmente figurativa que até então caracteriza seus trabalhos e passando a produzir uma obra situada na fronteira entre a figuração e a abstração, a representação geométrica e o mundo orgânico. Utilizou principalmente o bronze para as suas esculturas, ainda que eventualmente tenha se utilizado de outros materiais, como nas composições do início dos anos 70, produzidas em poliéster. Realizou diversos desenhos e esboços de suas obras. Dedicou-se também à criação de joias.

 

 

De 06 de setembro a 18 de outubro.

Ranulpho: Arte em Estilos, a exposição

Uma das galerias mais antigas e atuantes do país, a Ranulpho galeria de arte, Bairro do Recife, Recife, PE, inaugurou a exposição coletiva “Arte em estilos”.  Em sua nova exposição obras e artistas de tradição na casa exibidora composto por nomes como Juarez Machado, Reynaldo Fonseca, Virgolino, Vicente do Rego Monteiro, Alcides Santos, Romanelli, Claudio Tozzi, Isolda, Mário Nunes e Iracema Arditi. Na divulgação do evento destaca-se a seguinte afirmativa: “…É da maior importância para uma galeria com uma trajetória profissional de 46 anos, revelar um novo e raro talento que estamos apresentando nesta exposição”.  O talento apontado é o jovem pintor Rafael Guerra.

 

 

Sobre Rafael Guerra

 

Rafael Guerra, nascido no Recife, PE, o jovem de 27 anos seguiu sua paixão pela natureza e formou-se em Biologia na UFPE. Entretanto, seu desejo de estudar e observar a mesma natureza pelo viés artístico o levou a explorar suas habilidades na pintura, algo que até então era um mero passa tempo em sua vida. Assim, em 2009, ele se mudou para Itália, onde começou seus estudos em desenho e pintura na Florence Academy of Art (FAA), deixando a biologia para trás. Durante seu tempo na Academia, Rafael recebeu prêmios pelo seu desempenho estudantil, incluindo uma bolsa de estudos, que lhe garantiu uma estada de mais um ano na instituição de ensino. Durante este quarto ano na FAA, Guerra trabalhou com o Diretor do local, Daniel Graves, em seu estúdio em Florença. Paralelo a isso, o artista assumiu o papel de professor assistente no Programa Intensivo de Desenho da FAA durante um ano. Atualmente o pernambucano trabalha como pintor em Florença ao passo que está montando um estúdio pessoal no Sul da Finlândia e outro no Brasil, locais onde pretende dedicar seu tempo à pintura.

 

 

Até 12 de setembro.

Quase figura, Quase forma

19/ago

Dando sequência às comemorações de seus 10 anos, a Galeria Estação, Pinheiros, São Paulo, SP, dessa vez em parceria com a Galeria Millan, realiza a exposição coletiva Quase figura, Quase forma, com curadoria do crítico Lorenzo Mammì. A união das duas galerias, que trabalham com grupos de artistas distintos, reforça a efervescente tese de que não há território que separe a produção reconhecida como popular da temática contemporânea.

 

Alcides Pereira dos Santos, Ana Prata, Aurelino dos Santos, Cícero Alves dos Santos, Felipe Cohen, João Cosmo Felix, João Francisco da Silva, José Bezerra, Neves Torres, Paulo Pasta, Sebastião Theodoro Paulino, e Tatiana Blass são os nomes representados pelas duas galerias. Contudo o curador selecionou também artistas que fazem parte de outros elencos, como Marina Rheingantz (Galeria Fortes Vilaça), Fabio Miguez e Sergio Sister (Galeria Nara Roesler) e Paulo Monteiro (Galeria Mendes Wood).

 

Para Lorenzo Mammì, enquanto muitos artistas contemporâneos estão se reaproximando de questões ligadas à representação ou encarando o problema do suporte de maneira mais individualizada e menos conceitual, a arte popular está gradativamente assumindo uma relação formalmente mais livre com seu repertório tradicional.

 

Ainda segundo Lorenzo Mammì, uma análise criteriosa da produção de arte contemporânea e da popular dos últimos trinta anos revela possíveis convergências a serem exploradas.  Para o curador, o final da década de 70 marca o início de uma valorização da figuração em relação à abstração na pintura contemporânea. “Talvez se possa dizer que, se o século XX foi tendencialmente um século de abstração, o XXI começa como século figurativo”, completa.

 

Paralelamente, Mammì defende que a arte popular brasileira – sempre enraizada nos conceitos de imagem, figura e signo – ampliou seu repertório ao permitir que a vocação autoral de seus representantes ganhasse cada vez mais espaço. “Certo apagamento da imagem, certa dissolução de estruturas narrativas tradicionais e simbologias já constituídas, podem ser identificados também, a meu ver, na arte popular mais recente”, diz o crítico.

 

Mammì ressalta que a arte popular no Brasil, “…nunca foi estritamente folclórica, no sentido de repetir, sem pretensão de singularidade, um repertório comunitário herdado”. Segundo ele, com exceção da arte indígena, este repertório praticamente não existia, ou era de importação muito recente. Mammì destaca ainda que o fato de o artesanato se desenvolver desde o começo perto dos centros urbanos ou dentro deles, onde o comércio era mais intenso, favoreceu uma produção com características individuais mais marcadas. “As fronteiras nunca foram rígidas: artistas de origem popular, como Emygdio de Souza, Agnaldo dos Santos, Djanira e Heitor dos Prazeres, circularam em ambiente culto, enquanto pintores de formação erudita (Guignard, Volpi, Pancetti) se aproximaram da linguagem popular”, completa.

 

 

 

De 21 de agosto a 10 de outubro.

Frida Kahlo – As suas fotografias

12/ago

O Museu Oscar Niemeyer (MON), Sala 3, Curitiba, PR, recebe, pela primeira vez, “Frida Kahlo – as suas fotografias”. A exposição, inédita, reúne 240 fotos do acervo pessoal da artista através de retratos da artista, família e amigos e será exibida no Brasil unicamente no MON.

 

São registros fotográficos da artista desde a infância, tiradas por dois fotógrafos profissionais de sua família: seu pai e seu avô materno. Há também momentos eternizados pela alemã Gisèle Freund e pelo húngaro Nickolas Muray, dois fotógrafos que conviveram com Frida por anos, além de fotografias tiradas pela própria Frida e por outras pessoas, imagens que a pintora gostava de guardar, olhar e se inspirar.

 

Para o curador da exposição, Pablo Ortiz Monasterio, “o acervo reflete de maneira clara os interesses que a pintora teve ao longo da sua tormentosa vida: a família, o seu fascínio por Diego e os seus outros amores, o corpo acidentado e a ciência médica, os amigos e alguns inimigos, a luta política e a arte, os índios e o passado pré-hispânico, tudo isto revestido da grande paixão que teve pelo México e pelos mexicanos”, conta.

 

A mostra é dividida em seis seções: A primeira retrata os pais da artista. Foram as numerosas imagens de seu pai, que fotografava a si mesmo em diferentes ocasiões que deixaram uma marca permanente na pintora: o autorretrato. A segunda destaca a Casa Azul, as primeiras poses de Frida para seu pai e as diversas reuniões que lá aconteceram. A Casa Azul é a residência que foi dos pais da pintora, no bairro de Cocoyacán, na Cidade do México, e que atualmente abriga o Museu Frida Kahlo, de onde vieram as obras desta exposição. A terceira revela o lado íntimo de Frida Kahlo. Há imagens feitas, e estilizadas por ela, recortes fotográficos mutilados, dos quais a artista elimina ou elege alguns dos protagonistas. Na quarta concentra-se os amores. São fotografias de seus amigos mais próximos, familiares, alguns dos seus amantes e, principalmente, Diego Rivera. A quinta traz um numeroso arquivo reunido por Frida, tanto pela qualidade visual, no caso das anônimas, como pelo seu valor, no caso das assinadas por grandes artistas. Nesta seção há desde cartões de visita do século 19 até retratos realizados por autores de destaque da história da fotografia e amigos pessoais. A sexta e última seção é dedicada às imagens relacionadas com as questões políticas.

 

A diretora cultural do Museu Oscar Niemeyer, Estela Sandrini, diz que é uma honra o MON ser o único espaço no Brasil a receber esta mostra. “O público poderá conferir de perto a intimidade de Frida, o olhar da artista sob outros olhares e sob seu próprio ponto de vista”, pontua.

 

 

 

Sobre a artista

 

Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderon, conhecida como Frida Kahlo, nasceu no dia 06 de julho de 1907 em Coyoacan, no México. Em 1925, aos 18, enquanto estudava medicina, sua vida mudou de forma trágica. Frida e o seu noivo Alejandro Gómez Arias estavam em um ônibus que chocou-se com um trem. Ela sofreu múltiplas fraturas, fez várias cirurgias (35 ao todo) e ficou muito tempo presa em uma cama. Foi nessa época que ela começou a pintar freneticamente. Frida sempre se autorretratou – suas angústias, suas vivências, seus medos e principalmente seu amor pelo marido, o pintor e muralista mexicano mais importante do século 20 Diego Rivera, com quem se casou em 1929, e que ajudou Frida a revelar-se como artista.

 

Em 1939 fez sua primeira exposição individual, na galeria de Julien Levy, em Nova York, e foi sucesso de crítica. Em seguida, seguiu para Paris. Lá conheceu Picasso, Kandinsky,  Duchamp, Paul Éluard e Max Ernst. O Museu do Louvre adquiriu um de seus autorretratos. Em 1942 Frida e o marido começaram a dar aulas de arte em uma escola recém-aberta na Cidade do México. Após muitos altos e baixos, como os três abortos e a relação amorosa rodeada por casos extraconjugais dos dois, seu estado de saúde piorou. Em 1950 os médicos diagnosticaram a amputação da perna e ela entrou em depressão. Pintou suas últimas obras, como Natureza Morta (Viva a Vida).

 

Na madrugada de 13 de julho de 1954, Frida, com 47 anos, foi encontrada morta em seu leito. No diário, deixou as últimas palavras: Espero alegre a minha partida – e espero não retornar nunca mais. As obras de Frida Kahlo possuem uma estética muito próxima ao surrealismo com influência da arte folclórica indígena mexicana, cultura asteca, tradição artística europeia, marxismo e movimentos artísticos de vanguarda. Destacou-se ainda pelo uso de cores fortes e vivas. Entre suas principais obras estão: “Autorretrato em vestido de veludo” (1926), “O ônibus” (1929), “Frida Kahlo e Diego Rivera” (1931), “Autorretrato com colar” (1933), “Autorretrato como tehuana” (1943), “Diego em meu pensamento” (1943) e “O marxismo dará saúde aos doentes” (1954).

 

 

Até 21 de novembro.

Livro de Julieta de França

04/ago

A Coletiva Projetos Culturais e a FUNARTE realizam na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Jardim  Botânico, Rio de Janeiro, RJ, o lançamento do livro “Julieta de França – Lembrança de minha carreira atística”. O livro torna pública as reproduções imagéticas do álbum “Souvenir de ma carrière artistique”, da artista Julieta de França, arquivos gentilmente cedidos pelo Museu Paulista.

 

Julieta de França, nascida em 1872 e falecida em 1951, foi uma escultora paraense que construiu sua carreira entre Belém, Rio de Janeiro e Paris. Seu nome não figurou entre aqueles referenciados pela história da arte brasileira. Felizmente, sua trajetória vem se tornando conhecida e revelada às novas gerações.

 

Em 2007, José Roberto Arruda França, sobrinho-bisneto da artista, doou ao Museu Paulista um álbum que até então estava de posse de seus familiares. Trata-se de um objeto muito especial, em que Julieta de França reconstrói, – por meio da compilação de fotografias, cartas, recortes de jornais e certificados -, seu caminho percorrido na tentativa de reconhecimento como artista, em uma época e contexto marcados pelo protagonismo eminentemente masculino.

 

No intuito de enriquecer a disponibilização do conteúdo do álbum, a publicação, organizada por Amanda Bonan com Lia Baron e Nara Reis, conta com duas contribuições autorais inéditas. Com agudo rigor historiográfico, Ana Paula Cavalcanti Simioni pontua dados biográficos sobre a artista, costurados com um trabalho de reconstituição do contexto cultural de seu tempo. Por sua vez, Leila Danziger,  nos abre o ambiente estético a ser explorado na apreciação do objeto e atualiza nossa sensibilidade diante do material
Com a difusão de imagens do álbum, acompanhadas de reflexões contemporâneas sobre a sua composição, as organizadoras do livro esperam “..que a publicação colabore para o aprofundamento da pesquisa sobre a vida e a obra desta artista, instigando também a investigação sobre a trajetória de tantas outras.”  A distribuição do livro será gratuita.  Este projeto foi contemplado pelo Edital “Prêmio Funarte Mulheres nas Artes Visuais”, 2013/2014.

 

QUANDO – 12 de agosto de 2014, às 19h 

Modernos / contemporâneos: design brasileiro de móveis

28/jul

A nova exposição da galeria Bolsa de Arte, Jardins, São Paulo, SP, “Modernos/Contemporâneos: design brasileiro de móveis”, exibe peças de alguns dos nomes mais expressivos do design nacional. Com curadoria de Alberto Vincente e Marcelo Vasconcellos, sócios da Galeria Memo, a exposição traz cerca de 50 criações, assinadas por artistas das décadas de 1940, 1950 e 1960, mas também de nomes contemporâneos.

 

O critério que norteia a mostra é o caráter pouco óbvio do que será apresentado neste panorama. A exposição traz cerca de 50 criações que dialogam naturalmente com o mercado de arte. A ideia é fazer um contraponto entre itens vintage e novos, ressaltando a essência do que torna cada peça atemporal, mas extinguido qualquer seqüência cronológica na apresentação. Entre os destaques ressalte-se, por exemplo, a cadeira “Três Pés”, de Joaquim Tenreiro, mas também lançamentos como a série “Palafitas” de Brunno Jahara.

 

Entre os contemporâneos está um banco de Zanini de Zanine e peças pouco vistas, como a mesa lateral da série “Desconfortáveis”, dos irmãos Campana, a mesa “Metro” de Carol Gay, a cadeira “Cuica” de Carlos Motta e a mesa “Cone”, de Nido Campolongo, todos de tiragens limitadas. Peças do acervo particular de Aida Boal, uma rara cômoda da fábrica Cimo, um lustre de três andares, assinado por Joaquim Tenreiro, a “Easy Chair vintage”, de Oscar Niemeyer, e a poltrona “Revisteiro”, de Zanine Caldas também poderão ser apreciados na exibição.

 

 

Sobre as duas fases

 

O design de móveis teve uma época áurea no Brasil entre as décadas de 1940 e 1960, com grandes criadores, guiados quase sempre por uma estética alinhada com a arquitetura modernista. Além de peças que ficaram para a história, um grande legado do movimento foi a introdução de aspectos de brasilidade na produção moveleira nacional, contrapondo-se à cultura copista que se impunha até então. Hoje, a atividade vive novamente um momento de efervescência no País. Não se pode falar em movimento, talvez não caiba pensarmos em uma geração (apenas). A diversidade expressiva e do perfil de seus criadores é a marca do design brasileiro de móveis contemporâneos, que hoje ganha o mundo, revivendo com características tão distintas

 

o reconhecimento conquistado há décadas pelos designers brasileiros modernos. Entre
os expoentes de agora, há herdeiros do modernismo, gente da marcenaria, artistas ecléticos, designers próximos da arte contemporânea, outros embrenhados na cultura popular. Madeira, metais, plástico, acrílico, tecidos e revestimentos sintéticos fazem parte deste amplo universo, em processos artesanais e industriais.

 

 

Sobre a curadoria

 

Albert Vicente e Marcelo Vasconcellos são sócios da Galeria MeMo (Mercado Moderno), especializada em design, no corredor cultural do Rio de Janeiro. Entre as ações de divulgação do design em que estão envolvidos nos últimos anos, estão a organização dos livros Móvel Brasileiro Moderno (Aeroplano/FGV) e Design brasileiro de móveis: cadeiras, poltronas, bancos (Olhares), a curadoria das mostras  Hiperbólico – Jahara 10 anos, Isto é uma mesa e Do moderno ao contemporâneo, todas no Museu Histórico Nacional. Além disso, a produção de mostras de Sergio Rodrigues, Fernando Mendes, Rodrigo Calixto e Zanini de Zanine na própria galeria e em espaços como a Casa Electrolux e o Museu Oscar Niemeyer, entre 2012 e 2014. A MeMo foi o único espaço dedicado ao design na América Latina a sair publicada por três anos consecutivos na revista WallPaper, guia de viagem para turistas antenados.

 

 

Sobre a Bolsa de Arte

 

Criada em 1971, a Galeria Bolsa de Arte tem sido um importante agente propulsor do mercado de arte nacional, especialmente no segmento de leilões de arte moderna e contemporânea. Em 1999, lança a edição bilíngue do livro “Joaquim Tenreiro – o mestre da Madeira” com exposição retrospectiva na Pinacoteca do Estado de São Paulo, sob a curadoria da arquiteta Janete Costa, antecipando a revalorização do móvel moderno brasileiro, observada na última década. Com escritórios em São Paulo e Rio de Janeiro, a Galeria foi pioneira, em 2008, quando promoveu um leilão com peças de design.

 

 

Até 04 de agosto.

A Magia de Miró

24/jul

Obras de Miró para a CAIXA Cultural, Galeria 3, Centro, Rio de Janeiro, RJ, passam a ser exibidas na exposição “A Magia de Miró, desenhos e gravuras”, que reúne 69 trabalhos do artista espanhol e 23 fotografias em preto e branco registradas pelo curador Alfredo Melgar, fotógrafo galerista em Paris e Conde de Villamonte. A mostra já passou pela CAIXA Cultural São Paulo e Curitiba, e por prestigiadas galerias e museus da Europa, América e Oceania.

 

A “Magia de Miró” revela um plano mais íntimo e pessoal do mundo do artista catalão ao exibir esboços ou notas, além de obras produzidas sobre papel, com lápis e giz de cera ao longo dos seus últimos cinco anos de vida. As ilustrações correspondem a diferentes épocas da sua produção, entre 1962 e 1983, e remetem ao universo do processo criativo do artista, que pintou e desenhou sobre qualquer superfície que permitisse exibir sua enorme criatividade e conhecimento.

 

Melgar conheceu Miró quando começou a fotografar profissionalmente, durante uma vernissage no mítico Moulin de La Galette, em Paris. “Vestido como um dândi, de porte e maneiras aristocráticas, seus olhos azuis, penetrantes e sonhadores traziam o ar do mar Mediterrâneo. Ao seu lado, sempre discreta e elegante, Pilar Juncosa completava o quadro do perfeito matrimônio catalão, exalando correção, sobriedade, ordem, trabalho e disciplina. Eu tinha na época menos de 30 anos, minha obra fotográfica era escassa”, declara.

 

 

Sobre Miró

 

Nascido em Barcelona, na Espanha, em 20 de abril de 1893, Miró é um dos mais renomados artistas da História da Arte Moderna. Estudou com Francisco Galí, que o apresentou às escolas de arte moderna de Paris, transmitiu-lhe sua paixão pelos afrescos de influência bizantina das igrejas da Catalunha e o introduziu à fantástica arquitetura de Antonio Gaudí. Em suas pinturas e desenhos, tentou descobrir signos que representassem conceitos da natureza em um sentido poético e transcendental, revelando os aspectos em comum com dadaístas e surrealistas, e sendo influenciado principalmente pelo pintor e poeta Paul Klee.

 

Miró também trazia intuitivamente a visão despojada de preconceitos que os artistas das escolas fauvista e cubista buscavam, mediante a destruição dos valores tradicionais. A partir de 1948, na Espanha e em Paris, realizou uma série de trabalhos de conteúdo poético, entre eles esculturas, com variações temáticas sobre mulheres, pássaros e estrelas. Em 1954, ganhou o prêmio de gravura da Bienal de Veneza e, quatro anos mais tarde, ganhou o Prêmio Internacional da Fundação Guggenheim pelo mural que realizou para o edifício da Unesco, em Paris. Miró faleceu em 25 de dezembro de 1983, em Palma de Maiorca, na Espanha.

 

De 28 de julho a 28 de setembro.

 

Após a temporada no Rio de Janeiro, a exposição segue para as unidades da CAIXA Cultural de Recife, PE, (a partir de outubro de 2014) e de Salvador, BA, (a partir de dezembro de 2014).

 

Intercâmbio cultural

18/jun

À convite de Thelma Innecco e Lorena Coutinho, da Modernistas Hospedagem e Arte, Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, e da diretora de arte Betty Prado, o curador Renato De Cara, fez uma seleção especial no acervo da Galeria Mezanino, São Paulo, SP, para apresentar seus artistas ao Rio de Janeiro. O objetivo é promover um intercâmbio cultural entre galerias de outros estados. Esta é a segunda exposição entre galerias de fora na Anexo, a primeira foi a Art Cycling, com curadoria de Alessandra Clark. Com um casting de artistas brasileiros contemporâneos, a Galeria Mezanino procura mostrar ousadia, técnica e experimentação no cruzamento das linguagens artísticas.

 

Na Galeria Anexo, na Modernistas, serão apresentadas doze artistas, que trabalham com pintura, fotografias e gravuras. Entre os artistas do acervo estão nomes como o gravurista e pintor Francisco Maringelli; Jaime Prades, um dos pioneiros da urban art em São Paulo; as pinturas de Sergio Niculitcheff, Sergio Lucena e Mauricio Parra; gravuras e pinturas de Ulysses Bôscolo; André Albuquerque; os desenhos homoeróticos de Francisco Hurtz; as fotografias adulteradas de Leo Sombra; as ilustrações de Filipe Jardim; Thelma Vilas Boas e Christiano Whitaker.

 

 

Sobre as galerias

 

O espaço ao lado da Modernistas Hospedagem e Arte, em Santa Teresa,  acolhe outro empreendimento: a Anexo Galeria de Arte. A proposta do novo espaço é trabalhar com artistas brasileiros e estrangeiros, que desenvolvam trabalhos nas mais diversas mídias, como pintura, desenho, escultura, fotografia e arte urbana. Uma mistura de estilos e propostas, que é uma consequência natural da diversidade tão característica do Rio de Janeiro.

 

A Galeria Mezanino é um espaço idealizado pelo jornalista, fotógrafo e curador Renato De Cara. Voltada ao pensamento e reflexão sobre arte, atua como observatório do que é tendência na produção artística contemporânea brasileira. Desde 2006, realiza exposições regulares e promove conversas e encontros com curadores e profissionais de arte, além de oficinas com pintores, escultores, fotógrafos e gravadores buscando, a partir do diálogo entre várias linguagens, dimensionar e dar visibilidade ao trabalho dos criadores.

 

 

De 25 de junho a 30 de julho.