Prêmio de Arte de Zurique 2025.

23/out

Artur Lescher (1962, São Paulo,SP) é o artista vencedor do prêmio concedido anualmente pelo Museum Haus Konstruktiv e pela Zurich Insurance Company Ltd., que está em sua 18ª edição. “As esculturas de Lescher não apenas ocupam o espaço – elas interagem com ele. Essa capacidade de dialogar com a arquitetura foi decisiva para sua escolha como vencedor do Prêmio de Arte de Zurique”, explicou Sabine Schaschl, diretora e curadora-chefe do Museum Haus Konstruktiv, referência em arte concreta e conceitual, sediado em Zurique, Suíça. O prêmio tem um valor total de 100 mil francos suíços – aproximadamente R$678.180,00 – que contemplam uma exposição individual do artista no Museum Haus Konstruktiv e 20 mil francos suíços em dinheiro (cerca de R$135.636,00). A exposição de Artur Lescher, “Campos entrelaçados”, tem curadoria da própria Sabine Schaschl e permanecerá em cartaz até 11 de janeiro de 2026.

Exposição e temas cósmicos

Na primeira sala da exposição, os visitantes vivenciam a tensão entre forma austera e vitalidade sutil. Com múltiplos pêndulos suspensos, Artur Lescher enfatiza a verticalidade e cria uma sensação de antigravidade. Essa leveza remete a constelações, reforçada por materiais espelhados e brilhantes. A obra “V Sagittae Memorial” homenageia a estrela dupla V Sagittae, que deverá explodir como uma nova em 2083 e brilhar como Sirius. Essa referência cósmica introduz uma dimensão de temporalidade e transformação.

Campo entrelaçado e tradição escultórica

As obras de Artur Lescher podem ser apresentadas individualmente, mas juntas formam um “campo entrelaçado” – um cosmos próprio. Ele insere sua produção na tradição escultórica de artistas como Constantin Brancuși, Louise Bourgeois (especialmente suas estelas) e Alberto Giacometti. Embora sua linguagem formal geométrica remeta à Arte Minimalista, Artur Lescher a transforma com referências mitológicas e uma dimensão animista.

Design industrial e mitologia

Artur Lescher explora técnicas de construção dos materiais, incorporando elementos do design industrial que atraem os amantes da tecnologia. Ao mesmo tempo, atribui significados mitológicos aos materiais: o cobre, mais flexível, é associado à deusa Vênus; o ferro, pesado e escuro, ao deus Hefesto. Essa carga simbólica se une ao respeito pelas propriedades físicas dos materiais – como peso, densidade e maleabilidade – que são integradas à lógica estética das obras.

Natureza, espaço e Neoconcretismo

Seu caderno de esboços revela esculturas voadoras e aves de todos os tipos, apontando para conexões entre natureza, espaço e conceitos universais – características do Neoconcretismo brasileiro dos anos 1960. Diferentemente da arte concreta europeia, o Neoconcretismo incorporava aspectos metafísicos e transcendentes. Artur Lescher cita como referências Hélio Oiticica, Lygia Clark, Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros e Max Bill, além do Manifesto Neoconcreto de 1959. Artur Lescher resume suas referências históricas assim: “Meu envolvimento com o Neoconcretismo (…) inclui o estudo das obras de artistas como Hélio Oiticica e Lygia Clark, mas também de concretistas como Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros e Max Bill. Nesse contexto, o Manifesto Neoconcreto (publicado no Rio de Janeiro em 1959) é um ponto-chave, assim como a investigação dos denominadores comuns entre o Construtivismo Russo e o Neoconcretismo.”

Arquitetura e som

Na terceira sala, a obra “Entrelinhas”, criada especialmente para o Museu, utiliza linhas de fios náilon vermelhas paralelas para medir e transformar o espaço. A escultura “Linha Vermelha (da série Metaméricos)”, composta por segmentos suspensos, remete a instrumentos musicais e transforma o ambiente em um espaço sonoro. Antes de entrar na segunda sala da exposição, os visitantes passam pela mostra paralela “Arte Concreta / Neoconcretismo”, que contextualiza a origem de sua obra. O título da exposição, “Campos Entrelaçados”, pode ser interpretado de várias formas.

 

Do espaço privado para o espaço da galeria.

A exposição “Olhar de Colecionador: Laurita Karsten Weege”, apresentada na Simões de Assis Balneário Camboriú, SC, materializa o atravessamento entre o espaço expográfico da galeria e o olhar especializado da colecionadora, uma parceria que reconhece as contribuições significativas de Laurita Karsten Weege ao projetar um encantamento pela arte. 

Abraham Palatnik, Alberto da Veiga Guignard, Alfredo Volpi, Antonio Malta Campos, Ascânio MMM, Carlos Cruz-Diez, Cícero Dias, Eleonore Koch, Emanoel Araújo, Estúdio Campana, Flávio Cerqueira, Gonçalo Ivo, Julia Kater, Juan Parada, Mano Penalva, Marcos Coelho Benjamim, Paulo Pasta, Schwanke, Sergio Lucena, Siron Franco, Vik Muniz e Zéh Palito integram o conjunto de artistas apresentados.

A mostra apresenta o moderno e o contemporâneo, em uma proposta que transpõe o espaço privado da coleção para o espaço da galeria.

Até 20 de janeiro de 2026.

 

Nova individual de Camille Kachani.

17/out

A Zipper Galeria, Jardim América, São Paulo, SP, apresenta Uma Contra-História do Brasil, nova individual de Camille Kachani. A série revisita criticamente a elaboração do que se convencionou chamar de “história oficial” do país, propondo outra leitura a partir das margens – povos originários, africanos escravizados e fluxos europeus empobrecidos, cujas experiências foram em grande parte silenciadas no discurso oficial. 

Inspirado no procedimento de Michel Onfray ao formular uma “contra-história” da Filosofia, Camille Kachani desloca o foco do cânone para protagonistas invisibilizados. “Nestes trabalhos, tento recontar, por meio de alusões e símbolos, a história do País pelos olhos dos povos que, embora tenham formado ou construído o Brasil, não participaram da elaboração da História Brasileira”, afirma o artista. Em seu vocabulário visual, materiais naturais e artefatos culturais se entrelaçam, reabrindo disputas sobre quem nomeia, mapeia e narra o território.

A mostra reúne 12 trabalhos inéditos entre esculturas e objetos em técnica mista. Em “Pindoretama” (2025), título que evoca a nomeação tupi do território, o artista transforma o “solo” em tecido ou bandeira, abordando uma disputa simbólica. “Contra-História do Brasil” (2024) aproxima a diversidade genética de povos e a natureza de um país marcado por ciclos de predação. Em “Pau-Brasil” (2024), um tronco-escultura condensa a ambivalência entre mercadoria e mito de origem, fazendo emergir narrativas autóctones. “Desmapa I” e “Desmapa II” (2025) propõem cartografias sem reconhecibilidade, enquanto “Mundus Hodiernus I/II” (2025) inverte mapas-múndi para sugerir a repetição global de conquista e apagamento. Já “Brazilapopolo” (2025), “os povos do Brasil”, em esperanto, elabora, por meio de uma trama de plantas e sinais, a constituição mestiça do país.

Com humor ácido e precisão formal, Camille Kachani desarma a suposta neutralidade dos objetos. Ao “fazer brotar” galhos, raízes e inscrições de ferramentas, livros e móveis, suas esculturas encenam a fricção entre natureza e cultura, tradição e modernidade, apagamento e lembrança. Em vez de ilustrar a história, o conjunto a reconfigura por imagens – “uma arqueologia crítica do presente”, nas palavras do próprio artista.

Sobre o artista

Camille Kachani (Beirute, Líbano, 1963) é artista libanês-brasileiro. Vive e trabalha em São Paulo. Sua prática transita entre escultura, objeto, colagem e fotografia, investigando identidade, pertencimento e a transformação da natureza/cultura através de objetos do cotidiano e materiais orgânicos.

Até 20 de dezembro. 

Carolina Cordeiro na Artissima 2025.

Oval Lingotto Fiere, Turim

A Galatea anuncia sua participação na Artissima, que acontece em Turim, Itália, entre 31 de outubro e 02 de novembro. Em sua estreia na feira, a galeria apresenta um projeto solo da artista Carolina Cordeiro (Belo Horizonte, Brasil, 1983), cuja prática multidisciplinar abrange desenho, fotografia, vídeo, escultura e instalação, explorando sistemas simbólicos e a dimensão poética dos materiais a partir das tradições culturais e espirituais brasileiras.

Ocupando o estande Fuxia 2, na seção New Entries, Carolina Cordeiro apresenta um novo capítulo da série América do Sal (2021/2025), que consiste em uma instalação composta por uma grande trama de barbante de algodão da qual pendem pequenas trouxas de sal envoltas em tecido. Disposta paralelamente ao chão e atravessando o estande, a obra convida o público à interação, uma vez que se deve passar por debaixo dela para chegar à parede de fundo, onde outros trabalhos da série serão mostrados.

Monocromática, silenciosa e, ao mesmo tempo, dotada de forte carga simbólica, América do Sal estabelece diálogo com as artesanias de diferentes povos que formam a identidade brasileira, com práticas vinculadas às religiões afro-brasileiras, especialmente o Candomblé. As trouxas de sal remetem tanto aos patuás, que são amuletos de proteção, quanto aos banhos e rituais de limpeza, que sempre devem ser feitos do pescoço para baixo – a mesma medida corporal que define a altura da instalação.

 

Jaime Laureano celebra a cultura afro-brasileira.

16/out

A Galeria Nara Roesler, Ipanema, apresenta “Eu estou aqui com toda a minha gente”, primeira exibição individual de Jaime Lauriano na galeria do Rio de Janeiro. Incluindo 12 trabalhos, em sua maioria inéditos, a mostra conta com texto crítico de Ademar Britto. O título da exposição é retirado da música  “A Força da Jurema”, gravada em 1973 pelo grupo Os Tincoãs, que remete à ideia de cura, aos orixás, e faz uma homenagem a Oxum. Durante a vigência da exposição, ao final do mês de novembro, ocorrerá também o lançamento da publicação Jaime Lauriano – Mapeamentos, primeira publicação dedicada ao artista, editada pela Nara Roesler Books e com textos de Tadeu Chiarelli, Keyna Eleison e Sylvia Monasterios. 

Uma das obras inéditas que fazem parte da exposição são quatro objetos da série Pencas, que consistem em esculturas de latão penduradas em couro com argolas também em latão. As esculturas inéditas têm a forma de sementes de jatobás, búzios, um ogó de Exu, sinos, agogôs, quartinhas, alguidar, canecas, pemba, cachimbo e cabaça, elementos da ritualística do candomblé e da umbanda, de modo a criar uma espécie de ofertório para a cultura afro-brasileira e a sua resistência ao longo da História do Brasil. Jaime Lauriano alude neste trabalho às joias crioulas dos séculos XVIII e XIX, consideradas um patrimônio da Bahia e da cultura afro-brasileira, que marcam a resistência negra contra o regime escravocrata, sendo uma das manifestações artísticas afrodescendentes mais antigas no país.

Os mapas, interesse recorrente na trajetória de Jaime Lauriano, estão presentes com a obra A new and accurate map of the world: democracia racial, êxodo, genocídio e invasão (2025), composta por dois desenhos realizados em pemba branca – giz branco usado em terreiros de candomblé – e lápis dermatográfico sobre algodão preto, medindo cada um 150 x 170 cm. Essa série criaria, a partir das ilustrações de mapas e cartas náuticas, uma das cenas mais emblemáticas da história recente da humanidade: as navegações e o “descobrimento do novo mundo”. Entretanto, diferentemente de sua versão original, com cores prontas para retratar a exuberância da região recém-explorada, Jaime Lauriano usa um rebaixamento visual, pautado pelo branco sobre preto, fazendo uma releitura dos primeiros esforços de representação do sistema de exploração da madeira e da mão de obra indígena, a primeira força de trabalho do que mais tarde seria consolidado como “país”. O artista contrapõe a representação idílica existente nos mapas antigos inscrevendo termos como invasão, etnocídio, democracia racial e apropriação cultural, retirados de livros que pautam a construção da História do Brasil.

A pintura Entradas em Minas Gerais (2025) faz parte da pesquisa que Jaime Lauriano desenvolve desde 2022, dedicada à revisão crítica de pinturas históricas que moldaram a memória oficial do país. Ao revisitar imagens acadêmicas produzidas entre o final do século XIX e o início do século XX, o artista percebeu que a colonização foi “consistentemente apresentada de forma idealizada, transformada em um gesto heroico e civilizador”, ao passo que “as presenças, resistências e experiências de violência afro-indígenas foram sistematicamente silenciadas”. “Meu interesse reside em questionar essa operação, desmantelar sua lógica celebratória e transformar a pintura histórica em um contramonumento: não mais um local de consagração, mas um campo de disputa, atrito e reflexão”, diz. Jaime Lauriano “esvazia” a pintura de seus personagens, deixando apenas a paisagem. Sobre essa superfície despovoada, ele aplica uma profusão de adesivos “que evocam tanto a violência colonial quanto a resistência afro-indígena”. Sobre a própria moldura, ele ainda instala figuras em miniatura que encenam uma batalha entre soldados coloniais e entidades da religiosidade afro-brasileira, como Zé Pilintra. “Desta forma, o passado não retorna como um mito pacificado, mas sim como um campo de conflito simbólico no qual a pintura se torna um território contestado”.

Outro conjunto inédito de obras, produzidas especialmente para a exposição, possui caráter intimista e é mostrado sob a claraboia do espaço expositivo. Intitulada o sobrado de mamãe é debaixo d’água, a série se originou a partir de uma fotografia que o artista fez da praia de Copacabana. Aqui, Jaime Lauriano retoma o gênero da paisagem, mas com uma abordagem inédita, em que se distancia da representação de conflitos que permeia suas obras anteriores. “O foco agora é a exploração das tensões visuais entre campos de cores, criadas a partir da utilização de materiais variados. O mar do Rio de Janeiro surge não apenas como cenário, mas como ponto de partida conceitual. A escolha de me debruçar sobre suas águas está ligada à estreia desta série na minha exposição individual na cidade, mas, sobretudo, à minha fascinação pela complexa história que as águas transatlânticas carregam. Elas são testemunhas de um passado de violência e sofrimento colonial, mas também são as rotas que trouxeram as ricas heranças africanas que, ao longo do tempo, moldaram profundamente a cultura e a identidade do Brasil”, conta. Jaime Lauriano afirma: “A série O sobrado de mamãe é debaixo d’água se posiciona, portanto, como uma celebração poética da resiliência e da riqueza da cultura afro-brasileira e de sua capacidade de florescer e resistir, transformando dor em história e luta.”

Até 20 de dezembro.

 

Juntas, Almeida & Dale e Galleria Continua.

15/out

Carlos Garaicoa inaugura Double Exposure, sua primeira individual em São Paulo, SP,  em seis anos, que acontece simultaneamente na Almeida & Dale (Vila Madalena) e Galleria Continua (Higienópolis). 

A mostra, composta por trabalhos que transitam entre pintura, escultura e instalação, aborda temas centrais na produção do artista: a arquitetura, a matemática, a geometria e o tecido social das cidades. Entre eles, está um novo grupo de trabalhos em que imagens fotográficas passam por intervenções com tinta óleo e materiais diversos para criar cenas nas quais formas orgânicas irrompem da paisagem urbana. Já nas obras da série π=3,1416, Garaicoa retoma, de certo modo, sua origem como pintor, com peças que recaem no limiar da bi e tridimensionalidade, enquanto examinam a geometria e dialogam com vertentes do construtivismo e concretismo. Outro destaque, Toda utopia passa pela barriga, é uma instalação concebida entre 2008 e 2024, que toca em temas como isolamento e alimentação – em sua dimensão histórica na formação das sociedades e diante dos atuais conflitos que levam à escassez e à fome. Com obras inéditas e séries consagradas internacionalmente, Double Exposure reflete uma pesquisa artística coesa e, ao mesmo tempo, em constante reinvenção. 

Em cartaz até 10 de janeiro de 2026.

 

A relação entre arte, indústria e tecnologia.

Exposição coloca em diálogo artistas históricos e contemporâneos. Com obras de alguns dos principais nomes da arte brasileira do século XX, como Abraham Palatnik, Ascânio M.M.M., Claudio Tozzi, Francisco Brennand, Jacques Douchez, Lothar Charoux, Mauricio Nogueira Lima, Rubens Gerchman, Toyota, dentre outros, a Galeria Pró-Arte, Jardim América, São Paulo, SP, apresenta “Pelas engrenagens”, exposição coletiva que reúne artistas históricos para investigar a complexa relação entre arte, indústria e tecnologia no Brasil. A mostra permanecerá em cartaz até o dia 10 de novembro.

A proposta é lançar um olhar sobre a forma como esses artistas responderam aos processos de modernização e industrialização em países de origem colonial, estabelecendo diálogos entre a experimentação estética e a possibilidade de uma vida moderna.

“A ideia de que arte e indústria são capazes de estabelecer relações razoavelmente simétricas acontece, no terceiro mundo, às avessas. Se a industrialização dos grandes centros parte de transformações na demanda que implicam a exigência por adequação da oferta, a pressa das economias subdesenvolvidas por atingir o padrão de consumo do centro leva a ordem dos processos de pernas para o ar: as transformações partem da oferta para depois confrontarem a demanda. Pelas engrenagens reúne um conjunto de artistas que experimentaram a industrialização tardia dos países subdesenvolvidos e que, justamente por isso, são capazes de formalizar a convivência contraditória de uma urgência moderna edificada sob estruturas coloniais resistentes”, afirma Gabriel San Martin, que assina o texto crítico da mostra.

Partindo de diferentes abordagens para problemáticas relacionadas à mecanização, à serialização e às transformações sociais garantidas pela tomada de força da indústria no século passado, a seleção de obras apresenta recortes desses debates e reflete sobre algumas das implicações e impasses que persistem na realidade contemporânea. E, ao oferecer ao público a oportunidade de entrar em contato com passagens importantes da produção artística nacional, “Pelas engrenagens” se volta a diversas pesquisas desenvolvidas por esses artistas na busca por incorporar elementos da era industrial em suas produções, resultando em trabalhos que ainda hoje ressoam nas discussões sobre o nosso processo de modernização a partir do elo entre arte e tecnologia.

 

Arte ao ar livre.

13/out

O Parque da Luz, em São Paulo, SP, recebe a 14ª Mostra 3M de Arte. A exposição gratuita reúne obras site-specific de seis artistas brasileiros sob o tema “Biomorfos: a Reinvenção do Ser”, com curadoria de Ana Carolina Ralston.

Entre os participantes está o artista baiano Ayrson Heráclito, que apresenta três esculturas em aço inox de sua aclamada série “Juntó”, acompanhadas de desenhos e poemas em torno das combinações entre 16 orixás. As obras unem tradição ancestral e afrofuturismo, ampliando sua pesquisa atualmente em exibição na galeria Portas Vilaseca, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, em sua individual “Oríkì Ìwòran”, com curadoria de Lisette Lagnado.

Instalada nos jardins e espaços históricos do Parque da Luz, a 14ª Mostra 3M de Arte antecipa as comemorações do bicentenário do local e segue em cartaz até 26 de outubro. Também participam os artistas Leandra Espírito Santo, Leandro Lima, Licida Vidal, Luiz Zerbini e Rafa Bqueer.

 

Macaparana é o novo artista representado.

09/out

A Simões de Assis São Paulo, Curitiba e Balneário Camboriu, SC, anuncia a representação de Macaparana (n. 1952). José de Sousa Oliveira Filho, pintor e escultor, tornou-se mais conhecido como Macaparana, nome artístico adotado em referência à cidade onde nasceu, no interior de Pernambuco, a 120 km da capital do estado.

Sua obra se desenvolve em diferentes suportes, como papel, tela, madeira, acrílico, vidro e cerâmica. A geometria, ora reta, ora curvilínea, dá forma à triângulos, quadrados, retângulos, hexágonos e formas inventadas, que se articulam e se repetem em suas composições visuais. O artista opera a linha do desenho projetada no espaço, estabelecendo um diálogo entre o bidimensional e o tridimensional em uma geometria não rígida, influenciada por Torres García e marcada por uma abordagem espontânea e investigativa do gesto. 

Seu trabalho está presente nas coleções do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, São Paulo; Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM, São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu de Arte Contemporânea MAC – USP, São Paulo; Museu de Arte Brasileira Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, São Paulo e Fundação Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto. 

 

Diambe exibe Echoes in the Present.

03/out

A Galeria Simões de Assis apresenta um projeto solo de Diambe na próxima edição da Frieze London, entre 15 e 19 de outubro no novo setor curado “Echoes in the Present” com curadoria de Jareh Das, The Regent’s Park, Park Square West. Esse setor busca fomentar conexões culturais entre artistas do Brasil, do continente africano e de suas diásporas.

Nascida em 1993 no Rio de Janeiro e atualmente radicada em São Paulo, Diambe desenvolve uma poética que articula escultura, coreografia, performance, pintura e vídeo, em obras que propõem a emergência de novos corpos e ambientes. Seu trabalho, atravessado por saberes diaspóricos, explora matérias vivas como tecidos, raízes alimentares e elementos vegetais, muitas vezes mimetizados em formas fabulatórias que tensionam a hierarquia entre natureza e humanidade.

Sobre a artista.

Diambe nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, 1993, é artista, pessoa negra e não binária que vive em São Paulo. Graduou-se em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com a Université Sorbonne Nouvelle e obteve mestrado em Artes da Cena na UFRJ. Seu corpo de trabalho é marcado pelo uso de matérias vivas, sendo recorrente o recurso de tecidos, raízes alimentares amefricanas, gravuras e coreografias que relacionam arquiteturas com movimentos espontâneos em elaborações plurais. Sua prática expande as noções de coreografia e escultura, desdobrando em instalações que também incorporam pinturas, filmes, têxteis e performances. Diambe explora possibilidades fabulativas de novos seres, elevando aspectos estéticos e ornamentais da natureza. Trata da materialidade ao lidar com o bronze e com formas reconhecíveis de povos diaspóricos, agora em novos arranjos, mimetizando outros seres ou criando novos integrantes de seu ambiente fabulado. Com esse processo criativo, são apresentadas criaturas que habitam uma natureza poderosa e autônoma, cujo poder sobrepuje o do ser humano e escape de uma ilusória situação de dominação. Atualmente se debruça em pesquisa sobre a transformação da paisagem, a diáspora alimentar e os arquivos antropológicos.