A luta ambiental de Frans Krajcberg.

12/mai

O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, Avenida Paulista, Bela Vista, apresenta até 19 de outubro, a exposição “Frans Krajcberg: reencontrar a árvore”. A mostra reúne mais de 50 obras – entre esculturas, relevos, gravuras e pinturas – de grandes dimensões e formatos que desafiam o convencional, refletindo tanto o apreço do artista pela natureza brasileira quanto seu engajamento crescente com a denúncia das agressões ao meio ambiente.

Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Laura Cosendey, curadora assistente, MASP, a mostra apresenta um panorama abrangente da produção de Frans Krajcberg (Kozienice, Polônia, 1921-2017, Rio de Janeiro, Brasil). Pioneiro na integração entre arte e ecologia, o artista se destacou por evidenciar questões ambientais no Brasil. Ao longo de sua trajetória, desenvolveu pesquisas artísticas ramificadas em eixos temáticos, como samambaias, florações, relevos e sombras. Essas investigações culminaram em obras criadas a partir de cipós, raízes, resquícios de troncos e madeiras calcinadas, além de pigmentos naturais, com os quais ele compõe o corpo de sua obra.

Frans Krajcberg rompeu com a tradição escultórica ao empregar elementos orgânicos e estruturas naturais como matéria-prima e suporte, desafiando os limites entre representação e figuração, além de fundir os campos da pintura, escultura e gravura. A flor do mangue, circa 1970, composta por madeira residual de árvores de manguezal e pigmentada com piche, reflete essa abordagem. Com sua grande escala e forma retorcida, a obra sensibiliza o observador para a vulnerabilidade e a resistência do ecossistema dos manguezais.

“De certa forma, a escultura é a própria árvore, ainda que resultante da justaposição de diferentes elementos naturais. A arte, para Krajcberg, precisa sair dos limites da moldura e reencontrar a natureza. Ele se afasta progressivamente da ideia de representar o mundo natural para incorporá-lo como corpo da obra. O caráter de denúncia emerge como um desdobramento natural desse processo, conforme Krajcberg percebia o potencial da arte de sensibilizar e comunicar sua luta ambiental”, comenta Laura Cosendey.

Em 1978, durante uma expedição pela Amazônia, Frans Krajcberg experiencia o que chamou de “choque amazônico” diante da exuberância da floresta equatorial. Anos depois, uma nova viagem – desta vez ao Mato Grosso – expõe o artista à devastação provocada pelas queimadas, marcando uma virada em sua trajetória, em que a natureza, além de ser inspiração, se torna causa a ser defendida. A expressão “reencontrar a árvore”, presente em suas reflexões, resume esse retorno da arte à natureza como fonte de criação e consciência ecológica.

“Frans Krajcberg: reencontrar a árvore” integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da ecologia. A programação do ano também inclui mostras de Abel Rodríguez, Claude Monet, Clarissa Tossin, Hulda Guzmán, Minerva Cuevas, Mulheres Atingidas por Barragens e a grande coletiva Histórias da Ecologia.

Sobre o artista.

Naturalizado brasileiro, Frans Krajcberg (1921–2017) nasceu na Polônia e, por ser de origem judaica, perdeu toda a sua família durante o Holocausto. Nos anos 1950, estabeleceu-se no Brasil, onde desenvolveu seu trabalho como artista. A partir da década de 1960, passou a viajar à Amazônia e ao Pantanal, coletando resquícios de troncos em áreas devastadas por queimadas. Em uma dessas expedições, redigiu, com Pierre Restany e Sepp Baendereck, o Manifesto do Naturalismo Integral (1978), que consolida seu pensamento socioambiental. Sua experiência ecológica também influenciou suas escolhas de vida, passando a residir em seu sítio em Nova Viçosa, cercado pela Mata Atlântica.

Catálogo.

Por ocasião da mostra, um catálogo amplamente ilustrado será publicado em edição bilíngue, em português e inglês, e em capa dura, reunindo imagens e ensaios comissionados que abordam a trajetória de Frans Krajcberg. O livro tem organização editorial de Adriano Pedrosa e Laura Cosendey, e textos de Cosendey, Felipe Scovino, Malcolm McNee, Paulo Herkenhoff e Patricia Vieira. Frans Krajcberg: reencontrar a árvore é realizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Vivo, apoio de Mattos Filho e apoio cultural da Henry Moore Foundation e do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC).

CCBB de Brasília exibe mais de 40 artistas.

A partir dos anos 1930, mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), países econômica e socialmente vulneráveis passaram a ser denominados “subdesenvolvidos”. No Brasil, artistas reagiram ao conceito, comentando, posicionando-se e até combatendo o termo. Parte do que eles produziram nessa época está presente na mostra Arte Subdesenvolvida, que tem curadoria de Moacir dos Anjos e da Tuîa Arte Produção. A mostra fica em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (CCBB Brasília) de 20 de maio a 03 de agosto.

O conceito de subdesenvolvimento foi corrente por cinco décadas até ser substituído por outras expressões, dentre elas, países emergentes ou em desenvolvimento. “Por isso o recorte da exposição é de 1930 ao início dos anos 1980, quando houve a transição de nomenclatura, no debate público sobre o tema, como se fosse algo natural passar do estado do subdesenvolvimento para a condição de desenvolvido”, reflete o curador Moacir dos Anjos. “Em algum momento, perdeu-se a consciência de que ainda vivemos numa condição subdesenvolvida”, complementa. A mostra, com patrocínio do Banco do Brasil e BB Asset, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, apresenta pinturas, livros, discos, esculturas, cartazes de cinema e teatro, áudios, vídeos, além de um enorme conjunto de documentos. São peças de coleções particulares, dentre elas, dois trabalhos de Candido Portinari e duas obras de Anna Maria Maiolino. Há também obras de Paulo Bruscky e Daniel Santiago cedidas pelo Museu de Arte do Rio – MAR.

Na mostra “Arte Subdesenvolvida”, o público pode ver peças de grande importância para a cultura nacional. Duas obras de Candido Portinari, Enterro (1940) e Menina Ajoelhada (1945), fazem parte do acervo da exposição. Muitas pinturas do artista figuram o desespero, a morte ou a fuga de um território marcado pela falta de quase tudo. Outra obra que também se destaca na mostra é Monumento à Fome, produzida pela vencedora da Bienal de Veneza, a ítalo-brasileira Anna Maria Maiolino. Ela é composta por dois sacos cheios com arroz e feijão, alimentos típicos de qualquer região do Brasil, envoltos por um laço preto. Esse laço é símbolo do luto, como aponta a artista. O público também terá acesso a uma série de fotografias da artista intitulada Aos Poucos.

Outro ponto alto da mostra é a obra Sonhos de Refrigerador – Aleluia Século 2000, de Randolpho Lamonier. “A materialização dos sonhos tem diversas formas de representação, que inclui um grande volume de obras têxteis, desenhos e anotações feitos pelas próprias pessoas entrevistadas, objetos da cultura vernacular e elementos que remetem à linguagem publicitária”, ressalta o artista. “Entre os elementos que compõem a obra, posso listar, além dos têxteis, neons de LED, letreiros digitais, infláveis, banners e faixas manuscritas, até conteúdos sonoros com relatos detalhados de alguns sonhos”, completa Lamonier. Assim como em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, lúdica e viva, a instalação multimídia realizará um inventário de sonhos de consumo, que inclui desde áudios e manuscritos das próprias pessoas entrevistadas a objetos e peças têxteis. A instalação ocupa o Pavilhão de Vidro do CCBB Brasília e, como explica o curador Moacir dos Anjos,”faz uma reflexão, a partir de hoje, sobre questões colocadas pelos artistas de outras décadas”.

Ao todo, mais de 40 artistas e outras personalidades brasileiras terão obras expostas na mostra, entre eles: Abdias Nascimento, Abelardo da Hora, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Artur Barrio, Candido Portinari, Carlos Lyra, Carlos Vergara, Carolina Maria de Jesus, Cildo Meireles, Daniel Santiago, Dyonélio Machado, Eduardo Coutinho, Ferreira Gullar, Graciliano Ramos, Henfil, João Cabral de Melo Neto, Jorge Amado, José Corbiniano Lins, Josué de Castro, Letícia Parente, Lula Cardoso Ayres, Lygia Clark, Paulo Bruscky, Rachel de Queiroz, Rachel Trindade, Solano Trindade, Regina Vater, Rogério Duarte, Rubens Gerchman, Unhandeijara Lisboa, Wellington Virgolino e Wilton Souza.

A arte de Beatriz Milhazes em NY.

09/mai

“Beatriz Milhazes: Rigor and Beauty” é o cartaz do Solomon R. Guggenheim Museum, New York até o dia 07 de Setembro.

Sobre a exposição.

A exposição apresenta a obra da artista contemporânea global Beatriz Milhazes (nascida em 1960, no Rio de Janeiro), que dialoga com sua herança cultural e identidade brasileira por meio da linguagem da abstração. A complexa obra da artista abrange quatro décadas – da década de 1980 até o presente – e abrange escultura, colagem, gravura, têxteis, arte pública e, especialmente, pintura. Esta exposição apresenta um conjunto de quinze pinturas e obras em papel, de 1995 a 2023, retiradas do acervo permanente do museu e complementadas por empréstimos importantes, que, juntas, contextualizam a narrativa mais ampla da evolução artística de Beatriz Milhazes.

A obra de Beatriz Milhazes está profundamente enraizada na história e na tradição brasileiras, inspirando-se na arte e arquitetura coloniais, nas artes decorativas e na vibrante celebração do Carnaval – um festival de uma semana no Rio de Janeiro que expõe a cultura brasileira por meio de desfiles, música, performances e fantasias elaboradas. Ela também é influenciada pela Tropicália, movimento cultural dos anos 1960 que mesclava arte, música e literatura para celebrar a identidade brasileira e, ao mesmo tempo, protestar contra o regime militar repressivo. Os ritmos e as cores da Bossa Nova, estilo musical nascido no Rio de Janeiro no final da década de 1950, também ecoam em sua obra. Além dessas influências, Beatriz Milhazes dialoga com a obra de artistas como Henri Matisse e Piet Mondrian, além de fazer referência a Tarsila do Amaral, cujas criações foram fundamentais para o desenvolvimento visual e estético do Modernismo brasileiro. Em 1989, Beatriz Milhazes desenvolveu uma técnica inovadora que chama de “monotransferência”, inspirada no processo de impressão monotípica, no qual uma imagem pintada é transferida de uma chapa para o papel, produzindo uma imagem espelhada. Ela inicia seu processo pintando motivos em folhas de plástico transparente com tinta acrílica. Assim que o acrílico seca, ela aplica camadas e adere as películas pintadas à tela e, em seguida, descola o plástico, revelando as formas invertidas. As composições resultantes são vibrantes e dinâmicas, combinando formas abstratas, padrões orgânicos e estruturas geométricas em superfícies texturizadas imbuídas da memória das ações da artista.

As primeiras pinturas desta exposição, principalmente do acervo do museu – como Santa Cruz (1995), In albis (1995-96) e As quatro estações (1997) – inspiram-se na opulência das igrejas coloniais barrocas brasileiras do século XVIII e em suas vestimentas ornamentais. Beatriz Milhazes sintetiza essas influências em motivos abstratos e representativos, com círculos e arabescos, delicados crochês e rendas, flores e padrões florais, além de pérolas ornamentadas e trabalhos em ferro que emergem em suas composições. Em 2000, ela começou a explorar efeitos ópticos em suas pinturas, utilizando repetições lineares para criar padrões ondulantes e ritmos visuais, como visto em Paisagem carioca (2000), O cravo e a rosa (2000) e O Caipira (2004). As obras em papel desta exposição, criadas entre 2013 e 2021, demonstram a contínua experimentação de Beatriz Milhazes com a colagem. Ela combina elementos produzidos em massa, como sacolas de compras de marca, embalagens de barras de chocolate e papel estampado, com recortes de suas próprias serigrafias de cores sólidas para criar padrões intrincados e configurações abstratas ousadas. As pinturas recentes de Beatriz Milhazes, incluindo Mistura Sagrada (2022), marcam uma mudança na exploração do poder espiritual da natureza após a pandemia de COVID-19. Embora referências ao mundo natural estejam presentes desde o início de sua carreira, aqui ela se aprofunda em ciclos de renovação – vida e morte – por meio de formas coloridas e angulares e padrões intrincados. Elementos orgânicos, reflexos da proximidade da artista com o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a Floresta da Tijuca e a Praia de Copacabana, ecoam nas geometrias harmoniosas, nos sistemas conceituais e nos universos cromáticos que permeiam sua obra.

A exposição é organizada por Geaninne Gutiérrez-Guimarães, curadora do Museu Guggenheim de Bilbao e do Museu e Fundação Solomon R. Guggenheim, Nova York. “Beatriz Milhazes: Rigor e Beleza” é a segunda edição da série de exposições Coleção em Foco, que destaca o acervo permanente do museu. A série faz parte de um esforço revigorado para tornar o acervo mundialmente renomado do Guggenheim de Nova York mais acessível ao público. O apoio visionário à Coleção em Foco é fornecido por Aleksandra Janke e Andrew McCormack. O Comitê de Liderança de “Beatriz Milhazes: Rigor e Beleza” agradece sua generosidade, com agradecimentos especiais a Laura Clifford, Peter Bentley Brandt, Christina e Alan MacDonald, Cristina Chacón e Diego Uribe, Alberto Cruz, Ilva Lorduy, Karina Mirochnik e Gaby Szpigiel, Pace Gallery, White Cube, Fortes D’Aloia & Gabriel e Galerie Max Hetzler. Financiamento adicional é fornecido pelo Círculo Latino-Americano do Guggenheim de Nova York.

Gabriel de la Mora no MON.

08/mai

A exposição “Veemente”, do artista mexicano Gabriel de la Mora, é a mais nova realização do Museu Oscar Niemeyer (MON), Curitiba, PR. A mostra, em cartaz na Sala 1 a partir do dia 08 de maio, tem curadoria de Marcello Dantas. São 77 obras, entre instalações, telas com técnicas mistas e esculturas, a maioria produzida entre 2000 e 2025. O conjunto apresenta não só a estética do artista e sua evolução, mas também a diversidade e peculiaridade dos materiais utilizados, que vão além dos suportes e pigmentos tradicionais. No processo de criação, ele transforma objetos encontrados em matéria-prima para singulares obras de arte, evocando o conceito ready-made.

A diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika, comenta que o artista desafia nosso olhar e percepção com suas pinturas, instalações e esculturas feitas a partir de itens inusitados, descartados. “Nada em seu intenso e extenso trabalho é óbvio. Tudo é resultante de um perspicaz olhar sobre a natureza humana, seus sentimentos e sensações”, diz.

O curador Marcello Dantas explica que a prática de Gabriel de la Mora envolve uma investigação sobre materiais, explorando os limites físicos e conceituais de um processo de coleta e reconstrução. “À primeira vista, suas obras podem parecer abstratas, com caráter escultórico ou até minimalista. No entanto, um olhar mais atento revela que nada é o que parece ser”, diz o curador: “Suas obras são compostas por elementos inesperados: fios de cabelo, fragmentos de espelhos, cascas de ovos, solas de sapato, asas de borboleta e outros vestígios da vida cotidiana. Sua técnica denota um processo quase obsessivo, que transforma a matéria-prima em novas formas, padrões e texturas. A repetição contínua do gesto artesanal – ora restaurador, ora destrutivo – revela um método que desafia a experiência visual e sensorial do espectador”, comenta.

Sobre o curador.

Marcello Dantas é um premiado curador com ampla atividade no Brasil e no exterior. Trabalha na fronteira entre a arte e a tecnologia, produzindo exposições e múltiplos projetos que proporcionam experiências de imersão por meio dos sentidos e da percepção. Nos últimos anos, atuou na concepção de diversos museus, como o Museu da Língua Portuguesa, Japan House (SP), Museu da Natureza (PI), Museu da Cidade de Manaus, Museu da Gente Sergipana (Aracaju, SE), Museu do Caribe e o Museu do Carnaval (Barranquilla, Colômbia). Realizou exposições individuais de alguns dos mais importantes nomes da arte contemporânea mundial como Ai Weiwei, Anish Kapoor, Laurie Anderson, Michelangelo Pistoletto, Rebecca Horn e Tunga. Foi também diretor artístico do Pavilhão do Brasil na Expo Shanghai 2010, do Pavilhão do Brasil na Rio+20, da Estação Pelé, em Berlim, na Copa do Mundo de 2006.

Sobre o artista.

Nascido em 1968, na Cidade do México, onde vive e trabalha, Gabriel de La Mora é formado em Arquitetura pela Universidade Anáhuac del Norte e possui mestrado em Pintura pelo Pratt Institute, de Nova York. Concentra sua prática artística no uso e reaproveitamento de objetos descartados ou obsoletos, que parecem ter completado sua vida útil. Mais interessado na desconstrução e fragmentação de um objeto ou material ao longo do tempo, ele aposta na reconstrução a partir de práticas baseadas na passagem do tempo.

Uma coleção visita o Instituto Tomie Ohtake.

07/mai

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, exibe até 25 de maio a “Coleção Vilma Eid – Em cada canto”, exposição que se dedica a examinar o histórico acervo de Vilma Eid, que nos últimos quarenta anos construiu uma coleção singular, reunindo trabalhos de mais de 100 artistas entre os ditos populares, modernos e contemporâneos. A mostra integra o programa de exposições Instituto Tomie Ohtake visita, que busca criar conexões com colecionadores e agentes do circuito da arte, proporcionando acesso a coleções que, em parte, são pouco exibidas ao grande público.

Com uma atuação fundamental na valorização da arte popular no Brasil, Vilma Eid construiu uma coleção onde obras de artistas populares, modernos e contemporâneos convivem e dialogam, abrangendo diversos contextos e épocas do país. Em sua casa, a galerista dispõe as obras de tal forma a criar conexões inesperadas. Trabalhos de artistas modernos e contemporâneos como Geraldo de Barros, Mira Schendel, Paulo Pasta ou Tunga convivem com os ditos populares, como José Antonio da Silva, Isabel Mendes da Cunha, Itamar Julião ou Veio. As duas salas que compõem a mostra trazem conexões entre artistas e obras encontradas na casa da colecionadora e outras propostas pela curadoria. Estão lá representadas questões recorrentes na História da Arte: a relação entre tradição e inovação; temporalidade e espaço; cor e forma ou figuração e abstração.

Instituto Tomie Ohtake visita Coleção Vilma Eid – Em cada canto é uma realização da Casa Fiat de Cultura e Instituto Tomie Ohtake  via Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, e conta com o patrocínio da Stellantis, sob a chancela Apresenta; do Itaú Unibanco, sob a chancela Platina; do Redecard sob a chancela Prata; BMA Advogados, sob a chancela Bronze e Galeria Estação, sob a chancela Apoio.

Artistas participantes

Agnaldo Manuel dos Santos, Agostinho Batista de Freitas, Alcides Pereira dos Santos, Aldo Bonadei, Alex Cerveny, Alexander Calder, Amadeo Luciano Lorenzato, Amilcar de Castro, André Ricardo, Anna Maria Maiolino, Antonio Ballester Moreno, Antônio de Dedé (Antônio Alves do Santos), Antônio Poteiro (Antônio Batista de Souza), Arnaldo Ferrari, Arthur Luiz Piza, Artur Pereira, Aurelino dos Santos, Cardosinho (José Bernardo Cardoso Júnior), Carlos Fajardo, Carmela Gross, Célia Euvaldo, Chico da Silva (Francisco Domingos da Silva), Chico Tabibuia (Francisco Moraes da Silva), Cícero Dias, Clovis Aparecido dos Santos, Conceição dos Bugres (Conceição Freitas da Silva), Eduardo Berliner, Eleonore Koch, Elza de Oliveira Souza, Emmanuel Nassar, Erika Verzutti, Ernesto Neto, Fabrício Lopez, Geraldo de Barros, Germana Monte-Mór, G.T.O. (Geraldo Teles de Oliveira), Heitor dos Prazeres, Iole de Freitas, Itamar Julião (Itamar de Pádua Lisboa), Ivan Serpa, Izabel Mendes da Cunha, Jadir João Egídio, Jandyra Waters, João Pereira de Andrade, Jorge Guinle, José Antonio da Silva, José Bernnô, José Bezerra, José Resende, Judith Lauand, Judith Scott, Julia Isidrez, Júlio Martins da Silva, Julio Villani, Lafaiete Rocha, Leda Catunda, Leonilson (José Leonilson Bezerra Dias), Lia Chaia, Liuba Wolf, Lúcia Suanê, Luiz Paulo Baravelli, Madalena Santos Reinbolt, Marepe, Maria Auxiliadora, Mario Rubinski, Mestre Vitalino (Vitalino Pereira dos Santos), Mira Schendel, Mirian Inêz da Silva, Nelson Felix, Neves Torres, Nhô Caboclo (Manoel Fontoura), Nino (João Cosmo Felix), Noemisa Batista dos Santos, Nuca de Tracunhaém (Manoel Borges da Silva), Paulo Monteiro, Paulo Pasta, Paulo Pedro Leal, Pedro Figari, Placedina Fernandes do Nascimento, Ranchinho (Sebastião Theodoro Paulino da Silva), Rodrigo Andrade, Rubem Valentim, Santídio Pereira, Sergio Camargo, Sonia Delaunay, Thiago Honório, Tunga, Ulisses Pereira Chaves, Vânia Mignone, Véio (Cícero Alves dos Santos), Victor Vasarely, Waltercio Caldas, Zé do Chalé (José Cândido dos Santos), Zica Bérgami (Maria Elisa Campiotti Bérgami).

As múltiplas dimensões da temporalidade.

“Em busca do tempo roubado” é o atual cartaz da Galeria de Arte Flexa, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, com curadoria de Luisa Duarte, tendo Daniela Avellar e Lucas Alberto como curadores assistentes. A mostra reúne cerca de 80 obras que buscam abordar as múltiplas dimensões da temporalidade. Os três núcleos que compõem a coletiva se apresentam como capítulos de uma espécie de pedagogia do tempo: “O herói como garrafa”, “Frequência dos hábitos” e “A pele do tempo”.

Em busca do tempo roubado

Secularmente, a passagem do dia foi medida pelo lento deslocamento dos astros. Hoje, a interface do mundo clareia e anoitece regida pela modulação do brilho das telas, simbolizada por um pequeno sol nos aparelhos de celular. Em um estranho paradoxo, temos o dia disposto na palma da mão, enquanto a experiência do seu desdobrar escorre entre os dedos.

Em busca do tempo roubado se dedica a abordar distintas formas de temporalidade em contraposição ao mundo 24/7 – aquele no qual nos distanciamos da realidade sensível à medida que habitamos, grande parte das horas, zonas digitais cujas telas, sempre lisas e limpas, simulam uma temporalidade para a qual as marcas do tempo nunca chegam. Ou ainda: aquele que se descortina a partir de dinâmicas ininterruptas de estímulos, que acabam por nos fazer reféns de uma constante atenção distraída.

Os três núcleos que compõem a exposição se apresentam como capítulos de uma espécie de pedagogia do tempo. O herói como garrafa propõe um deslocamento da centralidade do imaginário heroico ao privilegiar o ordinário. Em A teoria da bolsa de ficção, Ursula K. Le Guin (1929-2018) faz menção a um glossário inventado por Virginia Woolf (1882-1941) no qual a palavra “herói” é substituída pelo termo “garrafa”. Tal operação encena um gesto crítico à reincidência da tônica heroica nos modos de contar histórias. Assim, a atenção ao ordinário recolhe, no tecido dos dias, as narrativas mínimas e as possíveis surpresas que habitam as malhas do comum.

Em Frequência dos hábitos recordamos que, na repetição dos gestos mais banais – escovar os dentes, riscar um fósforo, cortar uma fruta – podem habitar desvios inauditos. Assim, a repetição surge como recurso poético que aponta para o cotidiano como campo de invenção e subversão.

Já em A pele do tempo, o tempo se revela por sua densidade, menos como medida homogênea cronometrada e antes como matéria sensível. E se a pedra fosse uma metáfora para o relógio? Como mediríamos as horas? Tal pergunta parece sugerir a existência de fusos horários próprios a cada matéria, desobedientes às cronologias já catalogadas.

Luisa Duarte – curadora

Daniela Avellar – curadora assistente

Lucas Alberto – curador assistente

Livro para Hélio Oiticica e Waldemar Cordeiro.

A Pinakotheke São Paulo, Rua Ministro Nelson Hungria, 200, Morumbi, realiza o lançamento do livro “Encontro/Confronto – Hélio Oiticica e Waldemar Cordeiro”, seguido de conversa com Analivia Cordeiro, Max Perlingeiro e Paulo Venancio Filho, no dia 10 de março, às 11h, último dia da exposição.

O livro, que acompanha a exposição, é publicado pelas Edições Pinakotheke, formato de 21 x 27cm, com imagens das obras expostas, fac-símiles de documentos e textos históricos, e de correspondências endereçadas a Hélio Oiticica, textos de Max Perlingeiro, Luciano Figueiredo, Paulo Venancio Filho, Analivia Cordeiro, e da única fotografia conhecida de Hélio e Waldemar juntos, sentados lado a lado em um almoço no MAM Rio.

A mostra reúne 37 obras dos dois artistas que participaram ativamente dos movimentos neoconcreto e concreto, respectivamente, que defendiam diferentes caminhos da arte nos anos 1950 e 1960. Idealizada por Max Perlingeiro, que divide a curadoria com o artista Luciano Figueiredo, um dos grandes especialistas na obra de Hélio Oiticica, e Paulo Venancio Filho, pesquisador dos dois movimentos, a exposição propõe uma reflexão, já distanciada pelo tempo, dos encontros e dos confrontos entre esses dois artistas. A exposição celebra ainda o centenário de nascimento de Waldemar Cordeiro.

 

Exposição do rei da Pop Art.

06/mai

Uma retrospectiva inédita no Museu de Arte Brasileira – MAB FAAP –  com trabalhos de todas as fases da carreira de Andy Warhol, o rei da Pop Art, uma exposição que acontece – simultaneamente – nas salas expositivas da FAAP, Higienópolis, São Paulo, SP, no Salão Cultural e a Sala Annie Alvares Penteado, exibindo mais de 600 trabalhos trazidos diretamente do The Andy Warhol Museum, em Pittsburgh (o maior museu dedicado a um único artista nos EUA).

Obras que influenciaram não apenas a História da Arte, mas seguem influenciando o mundo da moda, a publicidade, o design e a indústria audiovisual em todo o planeta.

A exposição inédita, organizada pelo Instituto Totex e com curadoria de Priscyla Gomes, reúne obras emblemáticas como Campbell’s Soup, Elvis, Marilyn, Michael Jackson e Pelé, além de esculturas, fotografias, instalações e filmes experimentais.

Até 30 de junho.

Um Escultor de Significados.

05/mai

O CCBB, Centro Cultural Banco do Brasil, Belo Horizonte, MG, apresenta até  dia 02 de junho, sob a curadoria de  Lilia Moritz Schwarcz a exposição individual de esculturas “Flávio Cerqueira: Um Escultor de Significados” que reúne 40 obras produzidas ao longo dos últimos 15 anos. Em itinerância em quatro espaços do Centro Cultural Banco do Brasil, a mostra passou por São Paulo e seguirá para Brasília (de 24 de junho a 24 de agosto) e no Rio de Janeiro (de 22 de outubro a 26 de janeiro de 2026).

“Eu penso a escultura como o instante pausado de um filme.”

Flávio Cerqueira

“Meu fazer artístico é o processo de transformação pelo qual passa cada material até se tornar uma escultura: a cera de abelha misturada com óleos e um pó de barro peneirado que transformo em platina e que, modelada por minhas mãos, se torna uma figura. As misturas das ligas metálicas como cobre, estanho, chumbo, zinco, ferro e fósforo derretidos a mais de mil graus centígrados que, despejadas em um bloco de areia com dióxido de carbono, eternizam essas formas modeladas em um dos mais nobres materiais da escultura, o bronze”, diz o artista.

Os questionamentos acerca da individualidade e da coletividade são centrais na produção de Flávio Cerqueira. As figuras retratadas, embora ficcionais e em escalas distorcidas, resguardam níveis de reconhecibilidade com a realidade, acentuando a dinâmica empática que suas narrativas propõem. Desse modo, ressalta denúncias sobre a violência exercida sobre pessoas negras, das suas forças de vilanização à autodestruição e transforma cenas do cotidiano em esculturas de bronze que capturam experiências e questões negras. O artista subverte a história do material que utiliza e, com uma perspectiva decolonial, emprega o bronze – tradicionalmente associado a representações de corpos brancos – em contextos humanizados. Como fotografias, Flávio Cerqueira registra no metal instantes do dia a dia de pessoas negras, nos momentos de lazer, mas também em gestos que evocam Resistência, Memória e Identidade.

Flávio Cerqueira nasceu em São Paulo, SP, 1983. O artista tem passagens por importantes instituições no Brasil e no exterior. Suas obras integram acervos de destaque, como o MASP, MAC-USP, Museu de Arte do Rio, Museu Afro Brasil, Museu Oscar Niemeyer, Museu Nacional da República, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Instituto Inhotim, Instituto Itaú Cultural e Instituto Moreira Salles. No cenário internacional, está presente na coleção da Universidade de Missouri Kansas City (UMKC) e participou de mostras na National Gallery of Art, LACMA e The Museum of Fine Arts Houston. Suas exposições e projetos também passaram por centros culturais e galerias como o CCBB, Santander Cultural, National Gallery of Washington e Goodman Gallery.

Iole de Freitas lança livro no Paço Imperial.

Neste sábado, dia 10 de maio, às 15h30, será lançado o livro da exposição “Fazer o Ar”, da artista Iole de Freitas, na Sala dos Archeiros, no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Para marcar o lançamento, será realizada, às 16h30, uma conversa gratuita e aberta ao público com a artista, o curador e poeta Eucanaã Ferraz e o artista visual e poeta João Bandeira, que assinam textos inéditos no livro. A mostra foi prorrogada e poderá ser visitada até o dia 18 de maio.

Com 120 páginas, o livro, organizado por Eucanaã Ferraz e Rara Dias, traz imagens inéditas da exposição, em um ensaio fotográfico feito por Vicente de Mello, e também fotos de Ricardo Miyada, Maria Camargo, Sérgio Zalis, Jaime Acioli, Iole de Freitas e Helena Makun. Além de textos do curador e poeta Eucanaã Ferraz e do artista visual e poeta João Bandeira, a publicação também terá a transcrição de uma conversa inédita entre eles e Iole de Freitas, realizada no ateliê da artista. No Paço Imperial, o livro será vendido pelo valor promocional de R$ 90,00 e após o lançamento estará disponível na livraria Blooks.