Destaque na Bienal de São Paulo.

22/ago

Nascido em Salvador, o artista plástico Sérgio Soarez, de 56 anos, será um dos destaques da 36ª Bienal de São Paulo, que acontece de 06 de setembro a 11 de janeiro de 2026. Com mais de três décadas de trajetória e pouca inserção no mercado formal, Sérgio Soarez foi escolhido pessoalmente pelo curador camaronês Bonaventure Soh Bejeng Ndikung antes mesmo da definição do elenco completo da mostra.

Com obras que misturam ferro e madeira, em diálogo com a mitologia afro-brasileira, o baiano já expôs individualmente no Museu Afro-Brasileiro, em Salvador, mas enfrentou longos períodos de invisibilidade e chegou a viver por três meses em um terreno baldio ao tentar espaço no circuito paulista. Para Bonaventure Soh Bejeng Ndikung, Sérgio Soarez integra uma linhagem de grandes nomes como Abdias Nascimento, Rubem Valentim e Emanoel Araujo. “Ele traduz emoções em objetos melhor do que muitos artistas que conheço”, afirmou o curador ao Valor Econômico. Na Bienal, Sérgio Soarez apresentará 18 obras. Mesmo com o reconhecimento tardio, ele segue criando com consistência, explorando narrativas e símbolos ligados às culturas iorubá e banto.

Sobre o artista

Sérgio Soarez nasceu em Salvador, 1968. Mora em Salvador, é artista multidisciplinar, pesquisador, escritor, músico, ativista e arte-educador. A obra de Sérgio Soarez incorpora materiais reaproveitados e a iconografia de sua religião, o candomblé, na qual detém o título de ogã. O artista tem como referências Mestre Didi, Rubem Valentim e Emanoel Araújo. As esculturas, joias, ilustrações e elementos de cenografia de Sérgio Soarez foram apresentados em exposições coletivas dentre as quais, Afro como ascendência, arte como procedência no Sesc Pinheiros (São Paulo, 2014) e na 25ª Exposição Afro-Brasileira de Palmares (Londrina, 2011). A primeira exposição individual do artista foi realizada no Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia em 2014.

Fonte: Redação Alô Alô Bahia.

Duas exposições na Simões de Assis.

21/ago

A Simões de Assis, Jardins, São Paulo, SP, apresenta duas exposições com abertura no dia 30 de agosto. “É pela linha que se desenha: Geometrias Latino-Americanas”, coletiva que reúne obras de Olga de Amaral, Carmelo Arden Quin, Ana Teresa Barboza, Eamon Ore-Giron, Maria Leontina, Mano Penalva e Eduardo Terrazas.

Com texto crítico de Miguel López, a mostra aborda temas como pertencimento e migração, tradição e experimentação, tensionando preceitos modernos e a contemporaneidade. Em comum, esses artistas compartilham uma crença profunda na capacidade da arte de imaginar e representar diferentes ideias e modelos de mundo, por meio de linguagens variadas como pintura, escultura, suportes têxteis, mosaicos e móbiles.

Seus trabalhos exploram escalas que oscilam entre o micro e o macro, o terreno e o cósmico, o íntimo e o coletivo, confrontando diferentes perspectivas latino-americanas sobre geometria, abstração formal e intuitiva, iconografias espirituais e práticas artesanais.

Até 11 de outubro.

Mika Takahashi

Noctiluca

A Simões de Assis apresenta “Noctiluca”, primeira individual de Mika Takahashi em São Paulo. A artista investiga a relação entre os reinos da vida – Animalia, Plantae, Fungi e Archaea, dando ao espectador a chance de apreciar a qualidade aquosa e etérea que a artista desenvolve de maneira singular em suas pinturas.

Com influência tanto do impressionismo como da tradição visual japonesa, especialmente do período Edo, sua técnica é marcada por uma adaptação do sumiê, que mistura pinceladas intuitivas com sobreposições de camadas de tinta. Suas obras transitam entre ciência e ficção científica, dissolvendo o registro natural e explorando relações entre espécies e seus ambientes. A mostra conta com 11 obras inéditas e texto crítico de Lucas Albuquerque.

Até 11 de outubro.

Antônio Poteiro em Fortaleza.

13/ago

Um conjunto de mais de 50 obras do artista português-brasileiro Antônio Poteiro (1925-2010) poderão ser visitadas na exposição “Antônio Poteiro – A Luz Inaudita do Cerrado”, em cartaz até 02 de novembro na CAIXA Cultural Fortaleza, CE. A mostra é uma celebração do centenário de nascimento do artista, com séries de pinturas e esculturas que cobrem a sua produção desde os anos 1970. Na abertura evento que contou com visita guiada do curador Marcus de Lontra Costa. O projeto reúne obras do acervo do artista, hoje pertencente ao Instituto, sediado em Goiânia (GO), fundado em 2011 para preservar o legado de Antônio Poteiro. Ele se destacou no campo das artes visuais, no Brasil e em mais de 40 países, por sua paleta de cores vibrantes, composições densas e temáticas do cotidiano, como a religiosidade e as festividades.

A palavra do curador.

O curador Marcus de Lontra Costa destaca a trajetória de Antônio Poteiro, popular em sua essência criativa, criando pontes entre percepções e saberes diversos. “Ela retrata e reflete cenas do cotidiano. Cria histórias sobre fatos históricos e aproxima a arte e a religião como objetos da fé. Sua obra é uma poderosa ferramenta para enfrentar as incongruências e paradoxos do presente e projetar um mundo futuro, no qual a arte, a religião e a ciência caminhem no sentido de proporcionar à humanidade a sua dimensão maior”.

Oficina e visita mediada com Américo Poteiro.

Na quinta-feira, 14 de agosto, às 10h, será realizada a oficina “Pintando um centenário de cores com Américo Poteiro”, conduzida pelo filho de Antônio Poteiro, o artista Américo Poteiro. A atividade propõe uma imersão no universo visual da arte de Poteiro, explorando suas cores vibrantes, formas simbólicas e temas do cotidiano, marcas registradas de sua contribuição à arte popular brasileira. Após a oficina, na quinta-feira, 14, Américo Poteiro conduzirá uma visita mediada às 11h30 na exposição. Na ocasião, irá compartilhar alguns dos processos de criação e seleção das obras, trazendo à tona reflexões sobre a trajetória do artista e o significado intrínseco de cada peça exposta. É uma oportunidade de descobrir os bastidores do projeto.

Centenário de Gilberto Chateaubriand.

05/ago

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) inaugura no dia 09 de agosto a exposição “Gilberto Chateaubriand: uma coleção sensorial”, que abre as comemorações pelo centenário de nascimento de um dos maiores colecionadores da história da arte brasileira. A mostra estará em cartaz até 09 de outubro. De grande escala, a mostra reúne aproximadamente 350 obras de um dos mais representativos conjuntos da produção artística nacional. Desde 1993, cerca de 6.400 das 8.300 peças que compõem a Coleção Gilberto Chateaubriand estão sob a guarda do MAM Rio, consolidando uma parceria fundamental para a preservação e difusão da arte brasileira.

Com curadoria de Pablo Lafuente e Raquel Barreto, o público será convidado a uma imersão nas camadas de significado, afeto e história que atravessam a coleção, ao longo de mais de cinco décadas cuidadosamente constituída por Gilberto Francisco Renato Allard Chateaubriand Bandeira de Mello (1925-2022), diplomata e presença marcante nas artes visuais do país. Segundo o próprio Gilberto Chateaubriand, o colecionismo surgiu por acaso, em 1953, durante uma viagem a Salvador, quando foi apresentado ao pintor José Pancetti (1902-1958) pelo colecionador Odorico Tavares. Ao visitar o ateliê, adquiriu não só a tela Paisagem de Itapuã, mas a paixão por colecionar.

De acordo com Pablo Lafuente, diretor artístico do museu, “a coleção de Gilberto consegue oferecer um panorama complexo da história da arte brasileira do século 20, atenta aos movimentos e artistas que a compuseram, tornando-se uma das mais importantes do país ao mesmo tempo que revela as relações fascinantes que Gilberto tinha com obras e com artistas”.

“Gilberto Chateaubriand se dedicou com intensidade à formação de uma das coleções particulares mais significativas que temos no Brasil. A coleção é única em sua habilidade de unir tradição e experimentação, incluindo desde os modernistas icônicos a jovens artistas de diversas regiões do país e suas propostas experimentais”, observa Raquel Barreto, curadora-chefe do MAM Rio.

Um olhar sensorial para a arte brasileira

Um século de arte no Brasil

Com obras de Adriana Varejão, Alair Gomes, Anita Malfatti, Anna Bella Geiger, Antonio Bandeira, Artur Barrio, Beatriz Milhazes, Candido Portinari, Carlos Vergara, Cícero Dias, Cildo Meireles, Djanira, Edival Ramosa, Gervane de Paula, Glauco Rodrigues, Iberê Camargo, Ione Saldanha, Ivan Serpa, José Pancetti, Lasar Segall, Luiz Zerbini, Lygia Clark, Maria Martins, Rubens Gerchman, Tarsila do Amaral, Tomie Ohtake e Vicente do Rego Monteiro, entre muitos outros, a exposição cobre cerca de 100 anos de arte no Brasil e permite ao visitante percorrer, de forma não linear, uma ampla e plural história da cultura visual do país.

A exposição “Gilberto Chateaubriand: uma coleção sensorial” é organizada em colaboração com o Instituto Cultural Gilberto Chateaubriand e tem patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, da Petrobras, da Light, do Instituto Cultural Vale e da Vivo através da Lei Federal de Incentivo à Cultura e da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro

FLECHA encerra temporada na Casa Brasil.

31/jul

A queima de um bastão de ervas e folhas secas marcam o encerramento da exposição FLECHA, da artista multidisciplinar Mercedes Lachmann, na Casa Brasil (ex-Casa França-Brasil), Rio de Janeiro, no domingo, dia 03 de agosto, a partir das 15h. A mostra é uma instalação imersiva, com som, imagem e esculturas, que tem raízes em saberes ancestrais femininos, explorando a conexão com o mundo vegetal, sob curadoria de Cristiana Tejo.

As folhas de plantas tropicais dispostas de forma performática na nave principal da Casa e as ervas que estão em secagem desde o início da temporada de FLECHA vão integrar o bastão, confeccionado por voluntários, acrescido de intenções, afetos e trocas de conhecimentos sobre as plantas e seus usos sagrados.

A exposição tem ainda 55 trabalhos de flechas de ferro, em formatos diferentes, quatro esculturas de madeira com vidro soprado, quatro totens – esculturas de restos de desmate, em composição com esferas de vidro com tinturas de ervas ou com outros vidros, bronze ou flecha, uma instalação de 11 elementos com hastes verticais que portam vidros com tintura de plantas, um braço de bronze, vídeos, um secador de erva e dois vídeos.

“FLECHA” foi apresentada em 2023 no Museu Internacional de Escultura Contemporânea (MIEC) de Santo Tirso, Porto, Portugal. A mostra, exibe no Rio com mudanças, que ampliam a ocupação conceitual do espaço, tem apoio da República Portuguesa e do Programa de Internacionalização do Departamento Geral de Artes de Portugal.

Subjetividade e destruição ambiental.

28/jul

Tatiana Blass ocupa a Albuquerque Contemporânea com instalações, pinturas e esculturas que tratam do silêncio, do tempo e da destruição.

“Tornado Subterrâneo” é o título da exposição individual de Tatiana Blass, em cartaz na Albuquerque Contemporânea, Savassi, Belo Horizonte, MG. A artista apresenta um conjunto de obras que cruzam suportes como pintura, escultura, instalação e vídeo, articulando questões como incomunicabilidade, subjetividade e destruição ambiental. A mostra reúne trabalhos inéditos e outros exibidos anteriormente em diferentes cidades.

No primeiro piso da galeria, Tatiana Blass tensiona os limites entre cena e espaço, matéria e tempo. Em “Meia Luz”, série de sete pinturas de grande escala, a artista evoca narrativas ambíguas a partir de referências ao teatro e ao cinema, construindo atmosferas densas em formas e cores imprecisas.

Já os objetos da série “Teatro de Arena – Tornado Subterrâneo” abordam o impacto da mineração. Paisagens desérticas e figuras diminutas pontuam crateras, evocando a busca por um papel em um cenário de devastação ambiental e a fragilidade da ação humana diante da destruição.

A instalação “Metade da fala no chão – Bateria preta” recria, em nova versão, um de seus trabalhos mais emblemáticos: instrumentos de percussão cortados e preenchidos com cera silenciam qualquer possibilidade de som. Com forte apelo sensorial e rigor formal, Tatiana Blass propõe uma experiência imersiva na qual o silêncio, o derretimento da forma e o esvaziamento das figuras tornam-se alegorias potentes da nossa dificuldade de comunicação e ação no mundo contemporâneo.

Até 30 de agosto.

Depoimentos de artistas dos anos 1980.

24/jul

Ampliando as discussões em torno da grande exposição “Fullgás – artes visuais e anos 1980 no Brasil”, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo até o dia 04 de agosto, o Arquivo Fullgás conta com cerca de 100 depoimentos de artistas visuais que iniciaram suas trajetórias na década de 1980.

Assim como na exposição, o Arquivo Fullgás conta com depoimentos de artistas visuais de todas as regiões do país, uma oportunidade de ter acesso às memórias dos artistas que integram essa geração. Desta forma, estão disponíveis depoimentos de Beatriz Milhazes, Sérgio Lucena, Chico Machado, Mauricio Castro, Cristóvão Coutinho, Gervane de Paula, Rosângela Rennó, Guache Marque, Alice Vinagre, Elder Rocha, Goya Lopes, Sergio Romagnolo, entre muitos outros.

Nas artes visuais, a Geração 80 ficou marcada pela icônica mostra “Como vai você, Geração 80?”, realizada no Parque Lage, em 1984. A exposição no CCBB entende a importância deste evento, trazendo, inclusive, algumas obras que estiveram na mostra, mas ampliando a reflexão. “Queremos mostrar que diversos artistas de fora do eixo Rio-São Paulo também estavam produzindo na época e que outras coisas também aconteceram no mesmo período histórico, como, por exemplo, o “Videobrasil”, realizado um ano antes, que destacava a produção de jovens videoartistas do país”, ressaltam os curadores.

Além das obras de arte, a exposição traz diversos elementos da cultura visual da década de 1980, como revistas, panfletos, capas de discos e objetos, que fazem parte da formação desta geração. “Mais do que sobre artes visuais, é uma exposição sobre imagem e as obras de arte estão dialogando o tempo inteiro com essa cultura visual, por exemplo, se apropriando dos materiais produzidos pelas revistas, televisões, rádios, outdoors e elementos eletrônicos. Por isso, propomos incorporar esses dados, que quase são comentários na exposição, que vão dialogando com os elementos que estão nas obras de fato”, ressaltam os curadores Raphael Fonseca, Amanda Tavares e Tálisson Melo.

Conversa com Carlos Trevi.

21/jul

Na próxima terça-feira, 22 de julho, a Ocre Galeria, Porto Alegre, RS, promove uma conversa com o artista Carlos Trevi, o curador André Severo e o crítico André Venzon, em torno da exposição Ascensão e do percurso poético do artista.

A conversa será uma oportunidade de refletir sobre memória, matéria, simbolismo e sobre como o gesto artístico pode apontar caminhos de reconstrução – estética e existencial – a partir do que já foi quebrado ou esquecido.

A mostra “Ascensão” segue em cartaz até o dia 16 de agosto.

A obra de Luana Vitra em Nova Iorque.

17/jul

A prática de Luana Vitra está profundamente enraizada em sua terra natal, Minas Gerais – região marcada pela extração mineral e pela intensa presença do ferro, elementos que atravessam sua produção de forma recorrente. Sua pesquisa se ancora em tradições filosóficas e espirituais da diáspora afro-brasileira, nas quais a terra é frequentemente compreendida como uma ancestral. Esta exposição no  SculptureCenter, Nova Iorque, USA, amplia as investigações recentes de Luana Vitra em torno da materialização da força energética e simbólica de elementos naturais como a pedra, o barro e a areia. Aqui, ela entende os minerais como mediadores entre mundos seculares e espirituais – receptores, condutores, transformadores e sedimentadores de energia -, atribuindo-lhes forma por meio de uma nova instalação escultórica.

Em “Amulets”, Luana Vitra convida o público a olhar para além das propriedades materiais dos minerais e de sua circulação como mercadorias, e a imaginar as dimensões espirituais a que pertencem. As formas que emergem em sua prática se tornam orações visuais, encantamentos ou manifestações de uma energia ancestral. A exposição “Amulets” se abre com uma cortina ultramarina – tonalidade associada ao lápis-lazúli, mineral tradicionalmente utilizado em rituais espirituais. As esculturas verticais em ferro – formas que surgiram à artista em sonhos – são concebidas como manifestações corpóreas do espírito mineral; a areia ao seu redor atua como proteção para o fluxo desses movimentos.

Luana Vitra: Amulets é organizada por Jovanna Venegas, curadora. Por ocasião da mostra, o SculptureCenter publicará o primeiro catálogo da artista em inglês (lançamento previsto para a primavera de 2025), com ensaio comissionado de Gabi Ngcobo, diretora do Kunstinstituut Melly (Roterdã); uma entrevista entre Luana Vitra e Diane Lima, curadora e escritora independente baseada em Nova York; e um texto curatorial de Jovanna Venegas. O projeto gráfico é assinado pelo Studio Lhooq.

Revisão do POP nacional.

Made in Brazil: Entre desejo, bandeiras e censura, arte pop brasileira ocupa a Pinacoteca de São Paulo.

Às vésperas do carnaval de 1968, centenas de pessoas se reuniram em Ipanema, no Rio de Janeiro, para um evento que ficaria conhecido como o “Happening das bandeiras na Praça General Osório”. Estandartes se espalharam em uma intervenção coletiva de artistas que queriam extrapolar o ambiente dos museus e galerias e criar espaços alternativos de cultura, reivindicando a esfera pública que havia sido silenciada e esvaziada pela ditadura militar. Transformando a rua em festa – com a presença, inclusive, de músicos da Estação Primeira de Mangueira -, estes sujeitos articularam a participação do espectador nas obras, questionando o sentido da arte em um mundo difícil e violento.

Hoje, as bandeiras serigrafadas que fugiam do espaço institucionalizado agora ganham destaque na exposição “Pop Brasil: vanguarda e nova figuração, 60-70”, em cartaz na  Pina Contemporânea, São Paulo, SP, até outubro. Reunindo cerca de 250 obras emblemáticas da segunda metade do século 20, a mostra faz uma espécie de “retrato de geração” de artistas que exploraram a linguagem da pop arte em um contexto de crise política e ascensão da cultura de massa, tendo reagido ao golpe militar de 1964, ao endurecimento do regime em 68, ao silêncio depois de 70 e, finalmente, ao processo de redemocratização a partir de 80. Em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, outros aspectos do espaço urbano também chamaram atenção dos artistas da década de 60. Contraditória e em constante transformação, a rua foi compreendida como um ambiente de controle e vigilância e, ao mesmo tempo, como território de expressões populares e de resistência.

Na exposição, diversas obras exploram a visualidade do cotidiano (com a apropriação de signos urbanos como letreiros, anúncios e fachadas); ruídos da cidade o futebol como paixão nacional e identidade coletiva; as manifestações e passeatas estudantis; e os corpos em movimento. Inspirados nessa efervescência, os visitantes poderão ainda experimentar e “ativar” os famosos Parangolés de Hélio Oiticica. Com curadoria de Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, “Pop Brasil: vanguarda e nova figuração, 1960-70” segue em cartaz até 05 de outubro e é imperdível para quem passa por São Paulo. Depois, a mostra viaja para a Argentina e passa a ser exibida no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (MALBA), a partir de 05 de novembro.

Texto: Carla Gil, pesquisadora independente e graduada em Arte: História, Crítica e Curadoria pela PUC-SP.