Guignard no MAM-SP

07/jul

O MAM-SP, Portão 3, Parque do Ibirapuera, SP, apresenta a exposição “Guignard – A memória plástica do Brasil moderno”. A curadoria é do crítico de arte Paulo Sergio Duarte.

 

 
A palavra do curador

 
Guignard e o arquipélago moderno no Brasil

 
Um dos férteis caminhos para se pensar a formação da arte moderna no Brasil é uma metáfora geológica. Imaginemos um arquipélago em formação, com ilhas de diferentes altitudes, umas mais elevadas, outras menos. Estamos bem antes de um território contínuo, de um continente, como veremos se formar a partir dos anos 1950, com a assimilação das linguagens construtivas do segundo pós-guerra, no qual as linguagens das obras promovem um intenso diálogo entre si, independentemente das relações pessoais entre os artistas.

 

A ideia do arquipélago vem do caráter idiossincrático das linguagens exploradas, já modernas, que, entretanto, não conversam umas com as outras, cada uma buscando seu próprio caminho. Poderíamos pensar o início da formação desse arquipélago com algumas ilhas já decididamente modernas, por exemplo, Almeida Júnior (1851-1899), Castagneto (1851-1900), Eliseu Visconti (1866-1944), essas ilhas irão se multiplicar com Anita Malfatti (1889-1964), Tarsila do Amaral (1886-1973), Lasar Segall (1891-1957), Goeldi (1895-1961), Di Cavalcanti (1897-1976), Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), Ismael Nery (1900-1934), Pancetti (1902-1958), Candido Portinari (1903-1962), Cícero Dias (1907-2003), entre tantos outros. Para o impulso multiplicador, teve papel importante, entre outros fatores, uma vontade de ser moderna, que aflige a cultura brasileira ao longo das primeiras décadas do século passado e se consubstancia na Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo. Trata-se, agora, não só de experiências modernas isoladas – como os romances de Machado de Assis e Lima Barreto, ou a poesia dos simbolistas Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens –, mas também de uma atitude de combate sistemático, conduzida por artistas, escritores e intelectuais, contra os valores acadêmicos que ofereciam obstáculo à modernidade. Entre as ilhas modernas desse arquipélago, encontra-se uma de elevada altitude: a obra de Alberto da Veiga Guignard (Nova Friburgo, RJ, 1896 – Belo Horizonte, MG, 1962).

 

O lirismo de Guignard é único em nossa modernidade. As paisagens e festas que muitas vezes fazem flutuar – numa atmosfera azul acinzentado, às vezes muito escuro – edificações, casas, igrejas, junto a balões, parecem expor uma fenomenologia do aparecimento, tal como os desenhos e monotipias de Mira Schendel, e as pinturas de Rothko. É como se a arte flagrasse o momento em que as coisas surgem, antes mesmo de encontrarem seu lugar definitivo em um terreno. Os retratos de Guignard, juntamente com as paisagens, são outros capítulos privilegiados da obra do artista.

 

Seriam muitos os retratos em que poderíamos nos deter, mas os autorretratos, perseguidamente realizados ao longo de décadas, apontam para o lábio leporino que, segundo seus biógrafos, interferiu decisivamente em sua existência, particularmente, na vida amorosa. Mas, surpreendentemente, não se intrometeu na vida do educador. Guignard foi um grande formador de artistas, utilizando-se de gestos e da voz deformada pela deficiência; era capaz de ensinar e, de suas escolas, saíram grandes artistas, antes no Rio de Janeiro e, particularmente, na experiência desenvolvida em Belo Horizonte, a partir de 1944, convidado pelo prefeito Juscelino Kubitschek. Das lições de Guignard, é preciso lembrar aquelas do desenho, recordadas por um dos nossos maiores artistas, seu discípulo Amilcar de Castro, sobre o uso do lápis duro, o grafite seco que não permitia correções. Errou, tem que assumir. E, segundo Amilcar, do desenho ensinado por Guignard, deriva toda sua obra escultórica. Não é pouco.

 

Diz-se que sua obra é decorativa; Matisse também foi um grande revolucionário decorativo. Agradar aos olhos, hoje, pode ser um pecado, mas, quando uma grande obra se emancipa na modernidade, trazendo prazer à contemplação, e apresenta, com ela, momentos de reflexão junto com o prazer de olhar, é tudo de que precisamos. Aqui, ela está apresentada, com momentos de alguns de seus contemporâneos. Espera-se que o prazer de olhar seja acompanhado pelo gozo do pensar.

 

Paulo Sergio Duarte

 

 

A partir de 07 de julho.

Palatnik em Porto Alegre

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, exibe a retrospectiva itinerante do mestre

internacional da arte cinética Abraham Palatnik, com curadoria assinada por Pieter Tjabbes e

Felipe Scovino. “A Reinvenção da Pintura” apresenta 78 obras produzidas entre os anos de

1940 e 2000. A exposição composta por pinturas, desenhos, esculturas, móveis, objetos e

estudos do artista brasileiro conhecido por obras que combinam luz e movimento e, em

muitos caso, utilizam instalações elétricas.

 

“A obra de Palatnik caracteriza-se por uma qualidade inegável: permite não só observar as

passagens do moderno ao contemporâneo, mas também estudar e reconhecer uma das

primeiras associações entre arte e tecnologia no mundo, um diálogo cada vez mais presente a

partir da metade do século XX. Esta exposição ultrapassa os limites da pintura e da escultura

modernas, intenção que o artista manifestou claramente nos Aparelhos cinecromáticos, nos

Objetos cinéticos e em suas pinturas, quando passou a promover experiências que implicam

uma nova consciência do corpo”, pontuam os curadores no texto de abertura do catálogo da

exposição.

 

Segundo os curadores, a singular contribuição de Palatnik para a história da arte não se dá

apenas por sua posição como um dos precursores da chamada arte cinética — caracterizada

pelo uso da energia, presente em motores e luzes —, mas também pela leitura particular que

faz da pintura e em especial pela articulação que promove entre invenção e experimentação:

“Seu lado ‘inventor’ está presente em uma artesania muito particular que o deixa cercado em

seu ateliê por porcas, parafusos e ferramentas construídas por ele mesmo e não pelas tintas,

imagem característica de um pintor. O crítico de arte Mário Pedrosa e o escritor Rubem Braga

já afirmavam, na década de 1950, que Palatnik pintava com a luz”.

 

“Palatnik dinamizou a arte concreta expandindo-a para além de seu campo usual e integrou-a

à vida cotidiana por intermédio do design. Ao longo de sua trajetória, o artista produziu

cadeiras, poltronas, ferramentas, jogos e sofás, entre outros objetos. Sua obra habita o mundo

de distintas maneiras, apontando para uma formação incessante de novas paisagens e leituras

à medida que diminui, desacelera e molda o tempo. Nesta exposição reunimos todos esses

momentos da obra extraordinária de Abraham Palatnik. Uma obra que oferece ao público

experiências marcantes e solicita, em troca, uma entrega total”, concluem os curadores.

 

 

A palavra da curadoria

 

A obra de Abraham Palatnik (1928) caracteriza-se por uma qualidade inegável: permite não só

observar as passagens do moderno ao contemporâneo, mas também estudar e reconhecer

uma das primeiras associações entre arte e tecnologia no mundo, um diálogo cada vez mais

presente a partir da metade do século XX. Esta exposição ultrapassa os limites da pintura e da

escultura modernas, intenção que o artista manifestou claramente nos Aparelhos

Cinecromáticos, nos Objetos Cinéticos e em suas pinturas.

 

A retrospectiva  Abraham Palatnik — A Reinvenção da Pintura começa pelas obras nas quais se

vê a técnica acadêmica com a qual ele romperia no final da década de 1940 para dedicar-se à

arte cinética, caracterizada pelo uso da energia, presente em motores e luzes, com as séries

Aparelhos Cinecromáticos e Objetos Cinéticos.

 

Essa mudança de rumos na produção de Palatnik ocorreu em um momento decisivo para a

arte nacional. Nascia a Bienal de São Paulo, um dos marcos na entrada do país no circuito da

arte internacional. Palatnik participou da Bienal de 1951 com um Aparelho Cinecromático, uma

invenção — tão artesanal quanto engenhosa — de uma pintura feita de luz e movimento.

 

Se os Aparelhos Cinecromáticos criaram uma nova forma de pintar, os Objetos Cinéticos

podem ser vistos como uma renovação na forma de ocupar o espaço. No lugar dos volumes da

escultura, esses aparelhos lúdicos, coloridos e quase sempre motorizados ocupam o espaço

com movimento, aproximando a pesquisa de Palatnik das proposições de Alexander Calder e

Soto. Palatnik foi um dos precursores da arte cinética e da arte concreta. Mas também

dinamizou a arte concreta, expandindo-a para além de seu campo usual, e integrou-a à vida

cotidiana por intermédio do design. O experimentalismo e a organicidade sobrevoam a sua

trajetória — em particular na série de obras que utilizam a madeira como suporte e meio,

aproveitando os desenhos naturais dos veios dos troncos de jacarandá.

 

Na década de 1980, o artista inicia outra pesquisa com cor: a criação de telas com cordas

coladas para dar volume, e novamente a exploração das cores com a tinta. Na série W, o

artista estuda os jogos óticos resultantes do corte (que hoje realiza com laser) e subsequente

reagrupamento de tiras de madeira pintada, técnica que teve origem na série Relevos

Progressivos (feitos com papel cartão) iniciada na década de 1960. Palatnik movimenta as

varetas do ‘quadro fatiado’ no sentido vertical, ‘desenhando’ o futuro trabalho, construindo

um ritmo progressivo da forma, conjugando expansão e dinâmica visual e “explorando o

potencial expressivo de cada material”. A produção de Palatnik, apresentada nesta

retrospectiva em todas as suas facetas, intriga e encanta: suas obras vão construindo uma

narrativa visual marcante e profundamente elaborada sobre os horizontes alargados por ele.

 

 

Até 25 de novembro.

Duas exposições no Santander Cultural

03/jul

 

Chama-se “Aporia”, a exposição de Ío, em cartaz na Galeria superior do Santander Cultural,

Centro Histórico, Porto Alegre, RS. “Ío” é formada pelos artistas visuais Laura Cattani e Munir

Klamt. O trabalho em conjunto é definido por eles como “um sistema auto-ordenado e ao

mesmo tempo aberto”. O resultado é a diversidade em obras com conceitos antagônicos que

se complementam mais do que se repelem. A curadoria é de Júlia Rebouças, de Sergipe, que

atua no Instituto Inhotim e é cocuradora da 32ª Bienal de São Paulo, a se realizar em 2016.

 

Com a mostra  “Estados Ordinários da Consciência”,  o artista Michel Zózimo, ocupa  a Galeria

superior do Santander Cultural. Natural de Santa Maria, RS, Michel Zózimo utiliza diversos

suportes em suas obras, como bronze, papel, tecido e fotografia. Artista-pesquisador, Michel

Zózimo carrega em seu trabalho referências teóricas da arte e em fenômenos naturais e

científicos. Com curadoria do paulista Marcio Harum, a exposição consta de dezenove obras.

 

 

Até 26 de julho.

 

Registro de exposições fotográficas

02/jul

As exposições fotográficas individuais dos primeiros três anos da Galeria Portfolio, Centro

Cíviico, Curitiba, PR, realizadas entre 2009 e 2012, são o tema do livro “Olhares”. A publicação

é um coletivo de linguagens formado por 14 fotógrafos brasileiros reconhecidos

internacionalmente por sua intensa produção como German Lorca, Walter Firmo, Avani Stein,

Leopoldo Plentz, Luiz Garrido, Marcelo Buainain, Cássio Vasconcellos, Tiago Santana, André

Cypriano, Orlando Azevedo, Zig Koch, Nilo Biazzetto Neto, Daniel Caron e Sergio Vanalli.

 

O lançamento será às 19h do dia 10 de julho, uma sexta-feira, na própria Galeria Portfolio. Na

ocasião, será realizada exposição com uma imagem de cada fotógrafo do livro, embalada ao

som de jazz. Haverá ainda bate-papo com pelo menos metade dos profissionais

homenageados, que terá como tema ‘A Importância do Livro de Fotografia’, incluindo os

processos e dificuldades envolvidos em sua elaboração e publicação.  Entre os participantes,

estarão os fotógrafos de Curitiba, além de Walter Firmo e Avani Stein, que ministrará uma

oficina durante o final de semana como contrapartida social do projeto.

 

Ao todo, o livro “Olhares” destaca até nove imagens de cada profissional, e conta com breves

descritivos sobre os trabalhos contemplados, seguidos de compilação em formato reduzido de

todas as fotografias expostas. Segundo o idealizador Nilo Biazzetto Neto, de alguma maneira o

livro é um documento histórico e uma referência para a capital paranaense.

 

“A intenção é aproximar e presentear os novos fotógrafos da cidade com a produção nacional,

e mostrar nacionalmente que a fotografia curitibana também tem uma produção relevante.

Ainda visa inseri-los no cenário da fotografia brasileira, e resgatar e compartilhar com o

público local uma gama de linguagens e liberdades fotográficas enquanto expressão cultural e

artística”, afirma Nilo Biazzetto Neto.

 

 

Para colecionadores de arte, esta é uma ótima oportunidade de se aproximarem desta

diversidade de linguagens e valores, mostrando que é arte é acessível. O projeto se tornou

possível através da Lei de Incentivo do Mecenato subsidiado pela Fundação Cultural de

Curitiba, e contou com os patrocinadores Divesa, Grupo NB e Grupo Positivo.

 

 

Galeria Portfolio

 

Localizada dentro da Escola Portfolio, na Rua Alberto Folloni, 634, Centro Cívico, hoje a Galeria

Portfolio é o único espaço físico de artes dedicado exclusivamente à fotografia em Curitiba.

Desde a sua inauguração, em 2009, tem recebido exposições de nível internacional, de grandes

talentos paranaenses e renomados fotógrafos de todo Brasil.

Rio setecentista

Com a abertura da exposição “Rio Setecentista, quando o Rio virou capital”, o MAR, Museu de

Arte do Rio, comemora os 450 anos de fundação da cidade “…propondo um trajeto visual para

adentrar esse século de sua história” com obras de José Leandro de Carvalho, Mestre

Valentim, Johann Moritz Rugendas, Carlos Julião, Nicolas Taunay, Agostinho de Santa Maria,

André Thevet, Joaquim José da Silva Xavier, René Duguay-Trouin e Jean Baptiste Debret. A

curadoria do evento é de Miryan Andrade Ribeiro, Ana Maria Monteiro de Carvalho,

Margareth Pereira e Paulo Herkenhoff.

 

 

Rio Setecentista, quando o Rio virou capital

 

No século XVIII, o Rio de Janeiro torna-se capital do Vice-reino do Brasil e efetivamente se

transforma na grande cidade que conhecemos: área de encontro entre cultura e comércio,

polo de urbanidade e símbolo privilegiado de brasilidade frente ao mundo. Com a exposição

Rio Setecentista, quando o Rio virou capital, o MAR comemora os 450 anos de fundação da

cidade propondo um trajeto visual para adentrar esse século de sua história.

 

Do Rio setecentista, do Rio do ouro, do barroco e rococó, dos escravos do Valongo e do Paço

dos Vice-reis restam sobrevivências. O que desse Rio foi destruído, o que é herança ingrata?

Certamente foi no século XVIII que o Rio assegurou sua fama estética. A cidade maravilhosa

une beleza natural a beleza urbana, ideia recorrente em propagandas, propostas políticas ou

mesmo críticas. Também naquele momento, a população negra expandiu-se, ainda que

sempre à margem, e os índios, tão importantes na luta pela posse e fundação da cidade junto

aos portugueses, simplesmente desapareceram do registro do desenvolvimento carioca.

 

O encontro da cidade com o poder público é um dos aspectos mais fortes de sua história

setecentista: capital por quase 200 anos, o Rio percebeu o envolvimento do poder com o

dinheiro, com a religião, com a cultura e com a exclusão social. Deixamos de ter vice-reis ou

eles apenas mudaram de nome? Mais de um século após a abolição, estamos livres das

sombras da escravidão? Essas são perguntas que esta exposição não permite calar,

questionando qualquer pretensão a uma ordem natural das coisas. O Rio de Janeiro é um lugar

privilegiado por natureza, mas é também reflexo de sua complexa e contraditória história.

 

Carlos Antônio Gradim (Diretor-Presidente do Instituto Odeon)

 

 

A partir de 07 de julho.

Rossini Perez no MAR

Entrará em cartaz no térreo do pavilhão de exposições do MAR, Museu de Arte do Rio, Zona

Portuária, Centro, Rio de Janeiro, RJ, a exposição “Rossini Perez, entre o Morro da Saúde e a

África”. Rossini Perez é um dos principais artistas a difundir a prática da gravura na Região

Portuária do Rio de Janeiro, onde vive, e no mundo. Ao longo dos últimos 50 anos, Rossini

também tem utilizado a gravura como disparador fundamental de processos educacionais,

alguns deles coordenados pelo artista no Senegal nos anos 1970.

A exposição percorre sua trajetória por meio de núcleos definidos pelos curadores Maria de

Lourdes Parreiras Horta, Marcelo Campos, Márcia Mello e Paulo Herkenhoff.

 

 

A partir de 28 de julho.

Meton Joffily : street art

O artista Meton Joffily foi convidado para participar do júri oficial do Anima Mundi (Entre 10 e 15 de julho, no Rio de Janeiro). Além disso participa da exposição no Espaço GaleRio, primeira galeria municipal de arte urbana da cidade, em Botafogo, com outros 16 representantes da arte urbana, apresentando suas famosas placas de rua, e nos dias 24 e 26 de julho mostrará suas obras em um espaço reservado à arte urbana, no Jockey, com outros artistas como Marcelo Ment. O artista também está à frente do projeto “Tá ligado no movimento?”, uma série de animação produzida em parceria com o Antônio Sodré Scheiber, que apresenta uma narrativa de temáticas sociais e urbanas complexas, como a pobreza, abandono e violência infantil. Neste trabalho estão refletidas várias questões sociais através do personagem principal e seus coadjuvantes. Eles embarcam em uma jornada de aventuras, questionamentos e transformações que geram material suficiente para o desenvolvimento de mais de uma temporada, vislumbrando um segmento que carece de bons trabalhos de animação: o público adulto.

 

 

Sobre o artista

 

Formado em desenho industrial pela PUC – Rio, Meton, 30 anos, ingressou cedo no cenário da arte urbana carioca e na carreira da animação gráfica. Aos 19 anos, seu curta “Ratos de Rua” foi exibido em mais de 40 países e venceu prêmios de melhor animação em alguns festivais. Conhecido como um reinventor da animação e da arte urbana, por criar novas técnicas como a Monitopia e a Sticker-Animation, e seus traços também são conhecidos nas ruas através dos graffitis dos mesmos personagens que desenvolve no desenho animado, como o moleque de rua Zinho e o Ratones. Em 2014 apresentou sua primeira exposição individual “ATENÇÃO OBRAS”, utilizando placas de trânsito como suporte para a arte.

 

 

A história com o Anima Mundi

 

Quando criança, já animava flip-books nos livros escolares. “Depois eu passei a usar o negatoscópio do meu pai, que era um excelente ortopedista, esse equipamento nada mais é do que é uma mesa de luz usada para para analisar radiografias”, conta. Fez os primeiros experimentos animados quando entrou para a Puc (design) e estagiava na Verdesign (onde foi sócio, hoje a Verdesing se dividiu entre soul filmes e zen filmes), onde ganhou uma mesa de luz para animação e teve ferramentas digitais e o suporte para realizar seus primeiros curtas de animação. Os três primeiros foram exibidos no Anima Mundi e tiveram grande destaque no festival. Em especial o primeiro “Ratos de Rua” que ganhou o prêmio dos melhores filmes do festival do ano de 2003. “Sinal Vermelho” em 2004 chegou a ser exibido no Fantástico. “Monitopia” era impróprio para menores e apresentava uma técnica que inventou combinando a monotipia com a rotoscopia, usando uma TV de segurança. Este ano, 2015, Meton foi escalado para o juri oficial.

Marcelo Greco, livro e mostra

Marcelo Greco promove o lançamento do livro “Sombras Secas”, e inaugura exposição individual homônima no MIS – Museu da Imagem e do Som, Jardim Europa, São Paulo, SP, com curadoria de Diógenes Moura. Composta por 35 fotografias em preto e branco – um recorte do livro -, a exposição apresenta paisagens escuras e pouco definidas, no intuito de estabelecer uma experiência sensorial e emocional com a cidade onde o fotógrafo vive, apresentando sua visão avassaladora sobre as relações humanas.

 

O projeto “Sombras Secas” propõe uma imersão na geografia interna da vida, oferece cenas de um centro urbano dissecado entre dor e prazer. As imagens de Marcelo Greco estabelecem uma forma de diálogo com o inconsciente, nos levando a um imaginário mais próximo dos sonhos, como em uma a cidade fantasiosa criada pelo espectador. O fotógrafo paulistano não pretende retratar a urbe em si, mas utiliza as imagens como agentes de provocação. “Aqui é assim: ou você entende que a cidade tem alma ou ela te engolirá nos próximos 30 segundos.”, comenta sobre a capital paulistana, onde reside. Neste contexto, o trabalho nos sugere uma reflexão sobre as relações com a metrópole, com a existência em uma sociedade ao mesmo tempo caótica e em busca de uma quase impossível harmonia. Nas fotografias, Marcelo Greco utiliza elementos visuais como reflexos, desfoque, enquadramentos assimétricos, grafismos, o que resulta em uma abordagem pessoal e única sobre o tema.

 

Uma criação artística é fruto sempre das interlocuções do criador com o universo que o cerca. De acordo com Diógenes Moura, “Sombras Secas” trata do desaparecimento do homem no ambiente construído a sua volta. “(…): às vezes a partir de uma abstração, outras vezes São Paulo sendo desvendada aos poucos, como o anúncio de uma matéria que urge em se impor e, ao mesmo tempo, desaparecer.”. O livro ganhou a chancela da Schoeler Editions.

 

Lançamento e abertura: 02 de julho, quinta-feira, às 19h.

 

 

Exposição: de 02 de julho a 23 de agosto.

German Lorca na Millan

01/jul

Como aproximar-se da obra de German Lorca, que aos 93 anos e com mais de 70 anos de

atividade, ainda nos surpreende? A exposição “Travessias” na Galeria Millan, Vila Madalena,

São Paulo, SP, em parceria com a FASS galeria, tenta abordar essa e outras questões. São 22

fotografias do artista, produzidas entre 1948 e 2014. “Travessias” apresenta a obra de German

Lorca não apenas como parte da história da fotografia moderna brasileira, mas como o

desenvolvimento de uma linguagem visual coerente e original que se inicia no final dos anos

de 1940 e chega até a segunda década do século XXI.

 

 

Até 25 de Julho.

Três pontos de vista

Apresentando diferentes e complementares linguagens fotográficas, em três pontos de vista igualmente distintos, a exposição “A3″,  Galeria Crivo, Altos de Pinheiros, São Paulo, SP, traz obras dos artistas Choque, Julieta Bacchin e Vivi Bacco.

 

Para o curador responsável, Hélio Moreira Filho, a mostra foi pensada para promover uma discussão acerca do corpo como agente interventor na contemporaneidade. “A escolha dos três artistas passa pela relação de corpo e espaço. Choque traz a questão da intervenção no ambiente urbano, Julieta Bacchin provoca a discussão da poética com a performance, enquanto Vivi Bacco nos revela suas apropriações de ocasiões e lugares vivenciados por ela”, adianta o curador.

 

 

Sobre os artistas

 

Choque é Bacharel em Fotografia pelo Senac-SP. Ganhou evidência internacional com a série Pixação SP (2006-2010), exposta em 13 países, com destaque para a 29ª Bienal Internacional de Artes de São Paulo, o Festival Internacional de Literatura e Cinema Étonnants Voyageurs e o festival Les Recontres d’Arles Photographie, os dois últimos na França. Choque assinou também os stills do aclamado documentário “Pixo”. Ao surgir na década de 80, o fenômeno da arte urbana paulistana veio a se tornar uma das mais polêmicas e agressivas do país, em que Choque atua tanto como testemunha legítima quanto intérprete iconoclasta. Na Galeria Crivo, Choque apresenta um recorte sobre esta série, além de duas obras inéditas que retratam a apropriação do espaço urbano como forma de expressão. As fotos ganham impactantes ampliações de 115cm x 77cm (em sua maioria). Segundo o fotógrafo, seus registros ajudam a desvendar esse codificado universo. “Há muita discussão sobre esse tema. Na mostra, e em todo o meu trabalho, as pessoas podem perceber o quanto tudo isso é onipresente no nosso cotidiano”.

 

Julieta Bacchin apresenta um recorte de seis imagens da série “Photo Poema”, autorretratos fotográficos desenvolvidos a partir da obra literária de Hilda Hilst. Durante uma residência na Casa do Sol (antiga morada da escritora), a artista criou, por meio de fotoperformances, imagens em que a natureza e a figura feminina são protagonistas, remetendo também à pintura pré-rafaelita. Neste trabalho, a artista investiga a possibilidade de transição do universo poético abstrato para a linguagem fotográfica a partir de símbolos e metáforas que cercam a ideia do Corpo na literatura de Hilda. “Uso meu próprio corpo como veículo para a construção das imagens, que são performances capturadas na fotografia. No caso da série Photo Poema, tive controle total da produção. E, além do corpo, existe também meu próprio olhar na composição e edição das imagens”. Referenciando a obra da autora paulista, principalmente sua poesia, Julieta criou uma série de imagens que fazem uma releitura do universo poético de Hilda Hilst, no qual a perda, o desejo e a morte são eixos que atravessam essas seis fotos, uma escrita visual. Todo o material exposto na Galeria Crivo foi produzido entre 2012 e 2014.

 

Vivi Bacco mostra a série inédita “Bento Box”, produzida durante sua recente estada de um mês no Japão. A diversidade das imagens da artista visual paulistana faz alusão às caixas compartimentadas com refeições e diferentes alimentos, parte do cotidiano dos orientais. “Porém, não se trata de um registro de viagem”, salienta Vivi, que é Bacharel em Fotografia pelo Senac, com habilitação em Arte e Cultura. “As fotos prescindem da relação tempo/espaço. São recortes, excertos do meu olhar sobre o que vivenciei nesse período”, diz. Emergem, na estética da fotógrafa, de forma espontânea e aparentemente informal, elementos da natureza, em leituras ora sensuais, ora brutas. Trabalhando com os formatos digital e analógico, ela pesquisou e utilizou papeis japoneses na impressão, como o artesanal Washi. A maior parte do trabalho foi finalizada num dos principais ateliês de impressão de Tóquio.

 

 

De 02 a 30 de julho.