Sanagê Pele e Osso

25/jan

 

Híbridos que transitam entre pintura, escultura e relevo compõem exposição que propõe imersão na diáspora africana e nas questões raciais. Resultado de mais de quatro anos de pesquisa em materiais e texturas, a exposição “Sanagê Pele e Osso” foi inaugurada no Espaço Cultural Correios Niterói, RJ, com telas de 1,60m por 2,10m e objeto escultórico concebidos pelo artista Sanagê. Sob curadoria de Carlos Silva, a exposição propõe uma imersão estética e sensorial à questão racial e suas consequências na sociedade contemporânea brasileira. Utilizando espuma expandida, matéria-prima muito empregada na construção civil, o artista conseguiu torná-la semelhante a texturas, volumes e cor de peles, ossos, fissuras e ligamentos.

A partir dessa experimentação ele se aproxima de um tema bastante familiar: a diáspora africana e suas consequências. “Num primeiro momento, há o encantamento com a matéria-prima e suas possibilidades. Este é um dado fundamental para a construção da obra, pois é sobre a espuma expandida que se projeta meu exercício de produção contemporânea em arte”, analisa Sanagê, radicado em Brasília desde 1972.

Inicialmente, a linguagem é direta, pois as obras se referem a países africanos de onde saíram e por onde passaram homens, mulheres e crianças capturados e vendidos como escravos para trabalhar em fazendas e minas no Brasil. E se, por um lado, o material se revelou ideal para pensar estruturas invisíveis de um ponto de vista externo, por outro, nunca foi intenção do artista fazer uma apropriação expressionista e explícita da condição básica da diáspora. Os mapas são regiões de circunscrições de uma experiência. Nesse lugar da experimentação, ele alcança a conjunção favorável de um trabalho com pé na pintura e um desdobramento imediato em relevo e escultura. As estruturas de espuma são rasgadas, serradas, quebradas e coladas entre elas e sobre a tela.

Telas e objetos escultóricos e espaço expositivo foram pintados de branco, do teto ao chão, revestido de espuma EVA. Ao optar pela cor que contém e reflete todas as outras, Sanagê conduz o visitante a uma experiência de espaço infinito. “O branco é a presença diáfana que simboliza uma ausência de limites.  Porém, além de uma escolha estética, a cor também é política. Assim como as telas que contêm relevos e texturas que não representam os relevos ou acidentes geográficos dos países africanos, a cor também não ser refere a uma realidade. É uma provocação para a reflexão sobre passado, presente e futuro”, completa o artista.

 

A curadoria é assinada por Carlos Silva:

“Quando nos referimos ao racismo, estamos sempre imbuídos em destacar questões que o cenário educacional nos apresenta mormente de forma fantasiosa. A literatura escolar sobre a importância e o legado da cultura negra além de tendenciosa é extremamente fraca em seu conteúdo, deixando nítido seu gesto marginal, ou seja, estamos recebendo invariavelmente um legado pobre que não permite uma interpretação isenta e analítica dos momentos. Sanagê Pele e Osso busca, de forma tímida, porém consistente, despertar alguns desses fatos e momentos, trazendo luz a algumas questões que possam motivar a releitura de aspectos históricos importantes, considerando que nada é definitivo. Esta exposição é uma fagulha nesta proposta e entendimento da questão”.

A mostra já foi apresentada no Museu da República de Brasília, onde atraiu um público de mais de 39 mil pessoas, e no MAB – Museu de Arte de Blumenau, SC. Com vocação itinerante, a ideia é percorrer o país.

 

Sobre o artista

Sanagê Cardoso, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, numa família com um casal de irmãos e filho de Maria do Carmo e Oswaldo Cardoso. Chegou a Brasília em 1972, com a mesma história de todos, em busca de qualidade de vida e pelas oportunidades. Experimenta várias atividades, mas o pendor para as artes se materializa na fotografia. Com um trabalho autoral e conceitual tento o clips como poética e desenvolvimento. Quando abandona a fotografia, resolve transformar as imagens abstratas e trazê-las para o plano tridimensional, fazendo da escultura seu ponto de partida. Para melhor desenvolver sua arte, buscou formação acadêmica na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, em Brasília. Tendo participado de diversas exposições individuais e coletivas, hoje contabiliza obras que fazem parte do acervo de alguns museus de arte contemporânea. Desde então, tem uma produção independente orientada pela linguagem neoconcretista.

Até 04 de março.

 

 

 

Alberto Pitta na Paulo Darzé

18/jan

 

Vinte trabalhos em pintura e serigrafia (mix, clear e pigmento) sobre Canva, em dimensões variadas, compõem a mais recente mostra de Alberto Pitta na Paulo Darzé Galeria, Salvador, Bahia, com o título “Alberto Pitta – Màriwô”, tendo texto de apresentação de Daniel Rangel.

Alberto Pitta é um dos pioneiros na concepção de serigrafias com estampas afro baianas, através de símbolos, ferramentas, indumentárias e adereços dos orixás como fonte de inspiração, tendo uma excelência nos fios, nos panos e suas dobras, Alberto Pitta desenvolve em seus trabalhos, pesquisas e criações, o essencial para a interpretação de códigos e símbolos, e de uma estética que o tornam um dos mais importantes artistas visuais brasileiros hoje.

Como designer, principalmente têxtil, e serígrafo, com exposições em vários países em individuais e coletivas, e como carnavalesco, participando de blocos afro, afoxés e de índios, tendo como exemplo os figurinos dos blocos-afro como Filhos de Gandhy, Olodum (antes dos abadás), até se tornar criador e produtor do Cortejo Afro, criado em 2 de julho de 1998, data da Independência da Bahia, pela comunidade de Pirajá. O bloco se destaca na apresentação de valores estéticos no carnaval de Salvador, com desenhos, figurinos, adereços e alegorias, trazendo uma estética própria de volta para as avenidas da cidade.

Tendo nascido dentro dos limites de um terreiro de candomblé, o Ilê Axé Oyá, rapidamente entendeu que na tradição africana, da qual descende, a roupa não responde somente à necessidade utilitária de proteger o corpo, sendo um poderoso elemento significante, que inscreve o homem na natureza e o reconecta a seus ancestrais, afirmando-se como suporte da linguagem e dos marcadores sociais, onde atesta toda a sua autenticidade e força da cultura negra.

Foi observando as atividades de sua mãe, a sacerdotisa Mãe Santinha de Oyá, importante ialorixá de Salvador, do Ilê Axé Oyá, que se dedicava aos bordados richelieu e à educação de crianças e adolescentes da comunidade de Pirajá – seguindo a vocação comunitária do candomblé -, que Pitta viu desde cedo despertar seu interesse pelos panos e arremeter seu compromisso em agregar pessoas através das palavras e das ações. O terreiro hoje, projetado por Lina Bo Bardi, é comandado por Nívea Luz, neta da ialorixá, e tem logo na entrada o barco que simbolizou o “navio de possibilidades” ou “um outro navio que não o negreiro”, no desfile 2018 do Cortejo Afro.

Para Gilberto Gil é um “artvista”, um “mensageiro de panos, tintas e axés”, consciente da força de sua arte e de suas atividades, e de sólida formação “como artista plástico e militante dos movimentos negros e mestiços da Bahia lhe tem ensejado um trabalho original e abrangente na aglutinação dos povos fazedores da festa”. Para Caetano Velloso é, talvez, o criador mais importante e mais atuante neste imenso movimento que enche de beleza as ruas a cada carnaval. “Pioneiro das estamparias baiano-africanas, é pensador do processo de que se faz parte e tem todas as características de um artista fino e requintado”.

 

Sobre o artista

Alberto Pitta nasceu na Bahia, em 1961, vive e trabalha em Salvador e destaca-se no cenário artístico e cultural, indo bem além do carnaval dos blocos afros, afoxés e de índios em Salvador, quando ainda na década de 1970, se encantou pelas roupas dos blocos de índios, como Apaches e Comanches, inspirados no cinema americano e que caíram no gosto dos homens negros de Salvador. Com exposições em várias cidades brasileiras, e na Alemanha, Angola, EUA, França, Londres, participações em festivais de cultura nacional e internacional, Pitta exerce a atividade de arte-educador, realizando trabalhos no Instituto Oyá de Arte e Educação, ensinando aos jovens o ofício da serigrafia. No Projeto Axé, foi Assessor da Coordenadoria de Arte Educação e Assessor da Coordenação de Cultura, Estética e Arte

 

 

O legado da Família Ohtake

16/jan

 

O Instituto Ling, Porto Alegre, RS, convida: “Você é nosso convidado para uma conversa sobre o legado da família Ohtake nesta quarta, às 18h. O bate-papo é gratuito e aberto ao público, sem necessidade de inscrição prévia. É só chegar!”. O encontro terá a presença de Rodrigo Ohtake, neto da pintora Tomie Ohtake e filho de Ruy Ohtake, arquiteto e designer como o pai. A conversa contará também com o curador da exposição “Tomie Ohtake: seis décadas de pintura”, o gestor cultural Cézar Prestes e o diretor da galeria Almeida&Dale, Carlos Dale, com mediação da jornalista Eleone Prestes. A exposição está em cartaz na galeria do Instituto Ling até 25 de fevereiro e exibe doze obras de Tomie Ohtake (1913-2015), artista plástica reconhecida como uma das principais expoentes do abstracionismo no Brasil.

Espaço democrático

12/jan

Lugar Comum é um projeto de Vik Muniz localizado na Feira de São Joaquim, na cidade de Salvador, Bahia. Com quatro exposições anuais, o projeto tem como objetivo democratizar o acesso à arte contemporânea e aproximar o público de importantes nomes do meio artístico. Em uma espécie de negociação com a arte pública, a iniciativa tem como objetivo trazer o cubo branco característico das galerias de arte para lugares inesperados. A exposição atual é “Cordão Forte” de Maria Nepomuceno. Até 05 de fevereiro.

Poteiro em exposição panorâmica

15/dez

 

Exposição sobre Antonio Poteiro reúne trabalhos que contam a trajetória do pintor. O português filho e neto de ceramistas, nascido e criado em olarias, construiu um mundo de mitos e fantasias inspirados em questões sérias e reais, uma mistura cuja dimensão pode ser acompanhada com detalhes em “As matérias vivas de Antonio Poteiro: Barro, cor e poesia”. Em cartaz no Museu Nacional da República, Brasília, DF, a partir de 15 de dezembro, a exposição tem curadoria do também artista Divino Sobral e traz um percurso bastante completo sobre a trajetória do português que era também goiano e ganhou o Brasil com pinturas e esculturas naifs.

Antonio Poteiro morreu há 10 anos. Se estivesse vivo, estaria prestes a completar 97 anos. Pensando nessa trajetória que se estende por praticamente todo o século 20, Divino Sobral foi atrás de obras capazes de sintetizar os percursos do artista e contextualizá-lo em um tempo, em uma região e na própria família. “O grande volume de obras são do Poteiro, mas tem três gerações da família, que são três peças do pai, que era português e chegou ao Brasil um ano depois do nascimento de Poteiro. Ele era de uma família de ceramistas da região de Braga. Para mim, Poteiro carrega no sangue essa herança de arte, embora ele, durante grande parte da vida, não quisesse ser poteiro”, diz o curador.

Fonte: Correio Braziliense

 

Mostra panorâmica

13/dez

O Instituto Ling, Porto Alegre, RS, inaugura a exposição “Tomie Ohtake: seis décadas de pintura”. A mostra é uma parceria entre o Instituto Ling, Almeida & Dale Galeria de Arte e Studio Prestes. Até o dia 25 de fevereiro de 2023 – com curadoria de Cézar Prestes – , o público poderá conferir na mostra da galeria do centro cultural 12 obras a óleo e tinta acrílica sobre tela.

 

Sobre a artista

Japonesa naturalizada brasileira Tomie Ohtake (1913-2015), é reconhecida como um dos principais expoentes do abstracionismo no Brasil. Nascida em Kyoto, Japão, Tomie Ohtake chegou ao Brasil em 1936 e, impedida de voltar devido ao início da Guerra do Pacífico, acabou permanecendo no país. Começou a pintar com quase 40 anos, incentivada pelo artista japonês Keiya Sugano. Participou de 20 Bienais Internacionais, 120 exposições individuais e quase 40 mostras coletivas, entre o Brasil e o exterior, além de receber 28 prêmios. A abertura será nesta quarta-feira, 14 de dezembro, com um encontro com o curador para uma visita mediada, às 19h30min.

 

 

Carlos Zilio na Fundação Iberê Camargo

05/dez

 

Artista carioca celebra 60 anos de trajetória com exposição inédita na Fundação Iberê Camargo. Aluno de Iberê Camargo no Instituto de Belas Artes, “Carlos Zilio: Pinturas” constituiu uma importante oportunidade de tomarmos contato com a produção de um artista fundamental da arte brasileira que soube, como poucos, traçar com rigor e coerência os vínculos entre vida, arte e política no Brasil e, ao mesmo tempo, trazer uma significativa reflexão sobre as contradições e os dilemas da pintura contemporânea

 

Carlos Zilio e Ibere Camargo – Arquivo Pessoal

No dia 10 de dezembro, a Fundação IberêCamargo, Porto Alegre, RS, inaugura a exposição “Carlos Zilio: Pinturas” que permanecerá em cartaz até 23 de fevereiro de 2023. Com reconhecimento no circuito nacional e internacional, Carlos Zilio teve sua pintura “Cerco e Morte” (1974) adquirida em 2014 para fazer parte do acervo do MoMA de Nova York. A obra integrou a exposição realizada pelo museu norte-americano Transmissions: Art in Eastern Europe and Latin America, 1960-1980, de setembro de 2015 a janeiro de 2016.

Com curadoria de Vanda Klabin, a mostra apresenta 33 trabalhos do acervo do próprio artista e de coleções particulares, que contextualizam e refletem sobre uma série de obras produzidas entre 1979 e 2022 com o propósito de discutir problemas específicos da própria pintura. Submete o seu olhar contemporâneo à diversidade da experiência cultural, a determinadas formulações plásticas e códigos visuais extraídos da iconografia histórica, realocando-os transfigurados em suas telas. Zilio reconfigura o passado recente fazendo uma espécie de arqueologia da memória da pintura universal e desestabiliza o olhar, pondo em xeque a linha evolutiva das imagens e, consequentemente, a história da arte, na mesma acepção proposta pelo filósofo francês Didi-Huberman, em “Devant le Temps”.

“Essa mostra revê a importante produção de Zilio ao longo de sua trajetória artística, que foi inicialmente marcada, nos anos 1960, pela investigação conceitual, pela experimentação e pela presença de objetos com contextualizações políticas. Após atravessar um longo período em que a sua arte engajada tinha como foco uma produção estética investida de um alto teor político, ele abandona o contexto experimental para se entregar ao exercício livre da pintura. O seu embate com a história da pintura como uma permanente indagação, com as suas tensões e contradições, fazem parte das questões fundamentais que delineiam o desenvolvimento interno de sua linguagem pictórica. A formação multidisciplinar com doutorado em arte na Universidade de Paris VIII, a fina erudição visual e o virtuosismo crítico consolidaram a sua efetiva presença na arte brasileira e fundamentaram conhecimento de um viés significativo no pensamento contemporâneo de arte no Brasil”, destaca Vanda Klabin, que por muitos anos trabalhou como coordenadora-adjunta de Carlos Zilio no curso de pós-graduação em História da Arte e Arquitetura na PUC-Rio.

Para Carlos Zilio, o que mais o atrai em seus antecessores é a maneira como eles captaram e sintetizaram toda a tradição da pintura universal: “Pintar passou a ser, para mim, pintar a pintura”. O gesto pulsante que emerge dessa pintura reflexiva confirma tanto a autonomia criativa quanto o amadurecimento de um pensamento lentamente gestado e exercitado pelo artista em seu ateliê no Cosme Velho, no Rio de Janeiro. Ele transita pela história da pintura, apropriando-se de códigos, estilos e gramáticas visuais que, por diversas razões, o instigam, como as cores orquestrais e elementos geometrizados de Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi, Alberto da Veiga Guignard; as questões plásticas de Paul Cézanne e Jasper Johns, determinados arabescos de Henri Matisse; a disjunção da pintura frontal de Henri Rousseau; a pintura planar de Piet Mondrian; a organização espacial de Barnett Newman; o minimalismo de Robert Ryman; a exuberância cromática de Mark Rothko, entre tantos outros.

Seus trabalhos recentes têm como tema central e recorrente a figura do tamanduá. Por conta de uma história familiar, a figura do tamanduá, animal de estimação de seu pai quando criança, tem uma natureza intrínseca, pois sempre aparece em queda nas suas representações e adquiriu um aspecto vivencial que sublinha a afetividade e a nostalgia. Mas também, segundo explica o artista, o tamanduá carrega o sentimento abismal da história, ou seja, uma representação à queda da história, das utopias. Os tamanduás rothkianos destacam uma outra camada de passado que se torna presente nesta arqueologia pictórica, explica Carlos Zilio. São uma espécie de laços inconscientes que se manifestam espontaneamente, cúmplices daquilo que quer expressar: uma modesta tentativa de estabelecer algum contato com as pinturas de Mark Rothko.

Carlos Zilio teve uma proximidade e intensa convivência com Iberê Camargo. Foi seu aluno de pintura no antigo Instituto de Belas Artes da GB (atual Escola de Artes Visuais do Parque Lage) de 1962 a 1964. Após um período de produção marcado pela Nova Figuração e a arte conceitual, o reencontro de Zilio com a obra do Iberê só ocorreu ao ver a exposição deste em 1979 na Galerie Debret, em Paris. Esse fato coincidiu com a data em que retomou a pintura como questão central da sua produção. Mais tarde, declarou que “a força e a atualidade de Iberê residem no aprofundamento de um antigo saber: a pintura”. Ele manteve um contato permanente com o pintor gaúcho mesmo após o retorno definitivo deste para Porto Alegre e ficou trabalhando no ateliê de seu antigo mestre em Laranjeiras por mais de duas décadas.

Conversa sobre a exposição – Ainda no sábado (10), acontece uma conversa sobre “Carlos Zilio: Pinturas”, com o próprio artista, a curadora Vanda Klabin e Ronaldo Brito, crítico de arte e professor do Departamento de História da PUC-Rio. O bate-papo ocorre às 17h, no auditório da Fundação.

 

Sobre o Artista

Carlos Zilio nasceu no Rio de Janeiro, 1944, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou pintura com Iberê Camargo e participou de algumas das principais exposições brasileiras da década de 1960, como Opinião 66 e Nova Objetividade Brasileira, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e de mostras com repercussão internacional, entre elas as edições de 1967, 1989 e 2010 da Bienal de São Paulo (9ª, 20ª e a 29ª), a 10ª Bienal de Paris (1977), a Bienal do Mercosul e a exposição Tropicália, apresentada em Chicago, Londres, Nova York e Rio de Janeiro, em 2005. Na década de 1970 morou na França. Em seu retorno ao Brasil, em 1980, participou de diversas mostras coletivas e individuais, entre as quais Arte e Política 1966-1976, nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Bahia (1996 e 1997); Carlos Zilio, no Centro de Arte Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 2000) e Pinturas sobre papel, no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2005) e na Estação Pinacoteca (São Paulo, 2006).

As mais recentes exposições coletivas que integrou foram Brazil Imagine, no Astrup Fearnley Museet, Oslo, MAC Lyon, na França, Qatar Museum, em Doha, e DHC/Art, Montreal, no Canadá, e Possibilities of the object – Experiments in modern and Contemporary Brazilian art, na The Fruit Market Gallery, em Edinburgh. Dentre as mais recentes exposições individuais estão as realizadas no Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba, 2010), no Centro Universitário Maria Antonia (São Paulo, 2010) e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2011). Em 2008, a editora Cosac Naify publicou o livro Carlos Zilio, organizado por Paulo Venâncio Filho. Possui trabalhos em acervos de prestigiosas instituições como MAC/USP, MAC/Paraná, MAC Niterói, MAM Rio de Janeiro, MAM São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo e MoMA de Nova York.

 

Sobre a Curadora

Vanda Klabin vive e trabalha no Rio de Janeiro. É graduada em Ciências Políticas e Sociais pela PUC-Rio (1967-1970) e em História da Arte pela Uerj (1975-1978) e pós-graduada em História da Arte e Arquitetura no Brasil pela PUC-Rio (1980-1981), onde atuou como coordenadora adjunta do curso (1983-1992) e editora da revista Gávea, do Departamento de História PUC-Rio (1983-2002). Foi diretora-geral do Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro (1996-2000), onde organizou diversas exposições de artistas brasileiros e estrangeiros, como Alberto Guignard, Angelo Venosa, Alferdo Volpi, Amilcar de Castro, Antonio Bokel, Antonio Dias, Antonio Manuel, Carlos Zilio, Daniel Feingold, Eduardo Sued, Guillermo Kuitca, Hélio Oiticica e a Cena Americana, Henrique Oliveira, Iberê Camargo, José Resende, Luciano Fabro, Mel Bochner, Mira Schendel, Nuno Ramos, René Machado, Richard Serra, entre outros. Também foi coordenadora adjunta da Mostra Nacional do Redescobrimento – Bienal 500 anos (São Paulo, 1999–2000) e curadora do módulo A vontade construtiva na arte brasileira, 1950/1960” e integrante da exposição Art in Brazil, no Festival Europalia, apresentada no Palais des Beaux Arts – Bozar (Bruxelas, 2011-2012).

A Fundação Iberê tem o patrocínio de Crown Brand-Building Packaging, Grupo Gerdau, Renner Coatings, Grupo Iesa, Grupo Savar, Grupo GPS, Itaú, CEEE Grupo Equatorial, DLL Group, Lojas Renner, Sulgás e Unifertil, e apoio de Instituto Ling, Ventos do Sul Energia, Dell Technologies, Digicon/Perto, Hilton Hotéis, Laghetto Hotéis, Coasa Auditoria, Syscom e Isend, com realização e financiamento da Secretaria Estadual de Cultura/ Pró-Cultura RS, Petrobras Cultural Múltiplas Expressões e da Secretaria Especial da Cultura – Ministério da Cidadania / Governo Federal.

Eliseu Visconti, uma imensidão

30/nov

 

Denise Mattar é a convidada do Instituto Collaço Paulo para falar sobre o pintor que é estruturante no pré-modernismo.

Professora que vive em São Paulo, SP, referência no universo da pesquisa e curadoria de artes visuais no Brasil, Denise Mattar é a convidada do Instituto Conversa, que ocorre de modo virtual, pelo Youtube, no dia 15 de dezembro, às 19h30. Ela falará sobre “O Pré-Modernismo de Eliseu Visconti”, encerrando o conjunto de quatro encontros dentro do programa público que amplia o Plano Educativo do Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, inaugurado em julho, em Florianópolis (SC). Visconti (1866-1944), um dos mais importantes da Coleção Collaço Paulo e um dos 34 artistas da mostra “Mais Humano: Arte do Brasil de 1950-1930”, está representado com cinco trabalhos: “Raios de Sol”, “A Visita”, “Nu Masculino Sentado com Bastão”, “Retrato de Louise” e “Sem Título”. Aluno de Victor Meirelles (1832-1903) na Academia Imperial de Belas Artes, ele foi estratégico no entre séculos 19 e 20, despontando como precursor na transição do cânone acadêmico para as rupturas do modernismo. A exposição, que tem curadoria de Francine Goudel, fica aberta até 21 de janeiro de 2023. Gratuita, pode ser visitada de segunda a sábado, entre 13h30 e 18h30.

O currículo expressivo de Denise Mattar aponta atuações como curadora do Museu da Casa Brasileira (1985/87), do Museu de Arte Moderna de São Paulo (1987/89), ambos em São Paulo, e do Museu de Arte Moderna (1990/97), no Rio de Janeiro. Como curadora independente realizou mostras de artistas como Visconti, Di Cavalcanti (1897-1976), Flávio de Carvalho (1899-1973), Ismael Nery (1900-1934), Pancetti (1902-1958), Iberê Camargo (1914-1994), Sacilotto (1924-2003), Anita Malfatti (1889-1964), Samson Flexor (1907-1971), Portinari (1903-1962), Alfredo Volpi (1896-1988), Guignard (1896-1962), Yutaka Toyota, algumas das quais premiadas pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) e Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).

O programa Instituto Conversa se articula em uma fala do pesquisador convidado com duração aproximada de 40 a 60 minutos, seguida de uma conversa aberta com o público de mais 30 minutos. O programa público propõe reflexão e construção de sentidos em torno do próprio instituto, do conceito curatorial, do colecionismo e da história da arte brasileira. Em formato híbrido, presencial e virtual, a iniciativa conta com convidados do Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, que oferecem a possibilidade de aprendizagem e diálogo em torno da teoria e do sistema de arte. A intenção também é discutir sobre o sentido social na disponibilização de obras inéditas no contexto expositivo de Florianópolis, as possíveis conexões de acervos com o tempo presente e outras nuances reflexivas. O programa Instituto Conversa é gratuito e os interessados podem participar pelo canal do Instituto Collaço Paulo no Youtube.

 

Em busca de relações com a comunidade

Iniciativa inédita que muda o panorama institucional de artes visuais da cidade, o novo equipamento cultural qualifica a agenda turística da capital de Santa Catarina. Instalado na principal rua do bairro Coqueiros, o Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que coloca a Coleção Collaço Paulo, de Jeanine e Marcelo Collaço Paulo, à disposição da comunidade para promover a arte e a cultura por meio de programas de cunho educativo. O acervo que se concentra na representatividade dos artistas brasileiros do século 19 e dos catarinenses do século 20, abrange trabalhos de distintos períodos históricos, diferentes escolas, movimentos e estilos.

As atividades abarcam exposições, ações educativas, palestras, ciclos de debates, cursos, grupo de estudos, um clube de colecionadores, encontros e parcerias com o bairro e à cidade. Em ambiente receptivo, a sede dispõe de espaço para exposições e um núcleo educativo. Para além das mostras, realiza ações que estimulam a reflexão, a vivência e o conhecimento.

 

Acervo de raridades

A Coleção Collaço Paulo abarca, ao mesmo tempo, peças de distintos movimentos e escolas, compreendendo pinturas flamengas e da Escola de Cuzco, peças de arte sacra e obras europeias do século 15 ao 19. Concentra representatividade em peças de artistas brasileiros, do século 19 e 20, como Weingartner (1853-1929), Eliseu Visconti (1866-1944), Georgina de Albuquerque (1885-1962), Victor Meirelles (1832-1903), Henrique Bernardelli (1858-1936), Belmiro de Almeida (1858-1935), Pedro Américo (1843-1905), Rodolfo Amoedo (1857-1941), Martinho de Haro (1907-1885), entre outros.

A amplitude cronológica da coleção soma-se à diversidade de suportes e linguagens manifestas em pinturas, esculturas, desenhos, cerâmicas e objetos. A coleção se estabelece de forma orgânica, através da predileção do casal Jeanine e Marcelo Collaço Paulo que, no começo da década de 1980, começa o gosto pelo colecionismo no contato com obras de artistas catarinenses.

O casal de colecionadores já atendeu diferentes projetos expositivos. Desde 2016, o empréstimo de obras ajuda a dar consistência aos conceitos curatoriais. Entre outras mostras, parte do acervo integrou “Eliseu Visconti 150 anos”, na Galeria Almeida e Dale, em São Paulo, e “Iconografia 344”, na Fundação Cultural Badesc, em Florianópolis (SC), onde estiveram telas de Eduardo Dias e Weingartner. Em “Ismael Nery”, o Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo, contou com duas obras do artista, um óleo sobre tela e uma sanguínea. Em 2017, “Sensos e Sentidos” reuniu 117 obras da coleção, entre pinturas, esculturas e desenhos, no Museu de Arte de Santa Catarina (Masc). Entre 2018 e 2019, emprestou três obras para a exposição “Trabalho de Artista: Imagem e Autoimagem (1826-1929), na Pinacoteca de São Paulo, em São Paulo.

 

Rede de Sentidos

O Plano Educativo do Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação aposta na formação a partir da visibilidade da Coleção Collaço Paulo com atividades, abertas e gratuitas, em torno de sete eixos voltados ao atendimento do público constituído para diferentes interesses e faixas etárias. As ações – visitas educativas, percursos, práticas imersivas, materiais educativos, formação com professores, sábados com arte e programas públicos – adotam uma série de recursos, de jogos e propostas lúdicas, de diálogos, reflexões e encontros que podem ocorrer em diferentes ambientes do instituto: no ateliê de imersão, nas áreas de convivência ou no próprio espaço expositivo.

Os programas públicos almejam estimular pesquisas e discussões em torno das propostas curatoriais com ciclos de debate, encontros abertos, lançamentos editoriais e apresentações de temas que articulem as problemáticas da coleção e das exposições. A intenção é amplificar a dimensão educativa do instituto ao conectar-se com outras instituições e pesquisadores, além de criar material de documentação e estudo. Os programas públicos ideados são o Instituto Conversa, Instituto Estuda, Instituto Homenagem, Instituto Entrevista e o Clube de Colecionadores de Arte de Coqueiros (CCAC).

 

Sobre os convidados do 1º Instituto Conversa – minibio

Ana Maria Tavares Cavalcanti – mestre e doutora em história da arte (Université de Paris 1 – Panthéon-Sorbonne), com pós-doutorado no Institut national d’histoire de l’art (França), é professora associada da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, atua na graduação e pós-graduação. Realiza curadorias de exposições de arte brasileira e desenvolve pesquisas na área de história da arte, com estudos sobre as relações artísticas entre Brasil e Europa, com foco na produção dos artistas no Brasil nos séculos 19 e 20.

Denise Mattar – foi curadora do Museu da Casa Brasileira (1985/87), do Museu de Arte Moderna de São Paulo (1987/89), ambos em São Paulo, e do Museu de Arte Moderna (1990/97), no Rio de Janeiro. Como curadora independente realizou mostras de artistas como Di Cavalcanti (1897-1976), Flávio de Carvalho (1899-1973), Ismael Nery (1900-1934), Pancetti (1902-1958), Iberê Camargo (1914-1994), Sacilotto (1924-2003), Anita Malfatti (1889-1964), Samson Flexor (1907-1971), Portinari (1903-1962), Alfredo Volpi (1896-1988), Guignard (1896-1962), Yutaka Toyota, algumas das quais premiadas pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) e Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).

Francine Goudel – doutora em artes visuais – teoria e história, pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), mestre em estudos avançados em história da arte pela Universidade de Barcelona, Espanha, pós-graduada em Gestão Cultural pela Universidade Nacional de Córdoba, na Argentina, é pesquisadora, curadora, produtora cultural e professora. Atualmente é curadora-chefe do Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação.

Ylmar Corrêa Neto – neurologista e professor associado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Coleciona arte relacionada com Santa Catarina. Já organizou e escreveu livros sobre Martinho de Haro (1907-1985), Eli Heil (1929-2017) e Paulo Gaiad (1953-2016) e fez a curadoria de exposições de Eli Heil, Rodrigo de Haro (1939-2021), Carlos Asp, Paulo Gaiad e do acervo do Museu de Arte de Santa Catarina (Masc). É coordenador do recém-criado Clube de Colecionadores de Arte de Coqueiros no Instituto Collaço Paulo.

 

Uma intervenção artística

17/nov

 

O Instituto Ling, Porto Alegre, RS, recebe a artista visual porto-alegrense Talita Hoffmann para uma intervenção artística em uma das paredes do centro cultural. Até o dia 25 de novembro o público poderá acompanhar gratuitamente a criação ao vivo da nova obra, observando as escolhas, os gestos e os movimentos da artista.

A atividade faz parte do projeto Ling Apresenta que este ano contou com a curadoria da jornalista, pesquisadora e curadora independente Luísa Kiefer. Após a finalização do trabalho, Talita Hoffmann comentará a experiência e o resultado em bate-papo com o público e a curadora no sábado, dia 26, às 11h. A conversa poderá ser acompanhada gratuitamente no Instituto Ling. Faça sua inscrição sem custo.

 

Ling Apresenta: Ver o mundo outra vez

Apresentar: mostrar; expor; tornar público; oferecer (alguma coisa) a (alguém); pôr diante ou na presença; dar a conhecer. Ling Apresenta: Ver o mundo outra vez é a primeira edição de um novo projeto, como pede o novo tempo – esse, que é essencialmente o mesmo, mas não pode ser, pois passamos por muito. A ideia central é trazer ao Instituto Ling novos – ou outros – nomes da arte contemporânea. Não são descobertas, porque eles já estão no mundo, trabalhando, cada um a seu modo, buscando a inserção em um sistema complexo de legitimação. Uma busca que, cabe dizer, é incessante. Uma exposição não legitima um artista, mas joga luz sobre a sua obra e permite aquilo que há de mais importante quando se produz: dialogar com o público.

Compartilhar um nome, um trabalho e o fazer artístico é o que forma o cerne desse projeto. O convite é para que os artistas façam uma intervenção diretamente em uma das paredes do Instituto. Uma parede que conduz o visitante até o fundo do espaço, que é contemplada por quem se senta no café, e é vista da rua pelos passantes. Durante uma semana, o público será convidado a acompanhar a produção dessa parede-obra. Enquanto o artista trabalha, o público observa: escolhas são feitas, gestos e movimentos acontecem, materiais se sobrepõem, uma obra vai tomando forma.

Ao longo de 2022, serão apresentados quatro artistas, em diferentes momentos de suas carreiras, com distintas produções e temáticas. O que os conecta é justamente uma não-conexão, ou melhor, a conexão mais geral que poderia haver: são artistas, trabalham com afinco, produzem em diferentes meios, levantam questões contemporâneas, provocam reflexões e nos fazem olhar sempre e de novo – mas não para o mesmo.

 

Luísa Kiefer

Início do outono, 2022

 

Sobre a artista

Talita Hoffmann nasceu em Porto Alegre/RS, 1988.  Formada em Design Gráfico e Artes Visuais. Desde 2008 trabalha como ilustradora e designer para diversos veículos, dentro dos universos da música, artes e literatura. Em seu trabalho, explora a relação entre paisagem, desenhos arquitetônicos e design gráfico através da pintura e do desenho. Por meio da cor, busca uma relação com o nostálgico, o familiar e o estranho. Em procedimentos próximos à colagem e à serigrafia, trabalha a sobreposição de espaços e embaralhamentos entre planos, estabelecendo contatos com a pintura naif, iconografias do cinema, teatro, música e a arte popular. Dentre suas principais exposições, destacam-se: Fumetto International Comix Festival (coletiva, Lucerna, Suíça, 2018), Areia Movediça (individual, Galeria Lume, SP, 2015), Cidade do Interior (individual, Galeria Logo, SP, 2013) e Transfer (coletiva, Pavilhão das Culturas Brasileiras, SP, 2010). Atualmente vive e trabalha em São Paulo.

 

Sobre a curadora

Luísa Kiefer nasceu em Porto Alegre/RS, 1986. Jornalista, pesquisadora e curadora independente. É doutora em História, Teoria e Crítica de Arte pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes da UFRGS. Em 2017, foi pesquisadora visitante no departamento de fotografia do Centre for Research and Education in Art and Media (CREAM) da University of Westminster, Londres, Inglaterra. É Mestre em História, Teoria e Crítica de Arte pelo mesmo programa e jornalista formada pela PUCRS. Nos últimos anos, realizou a curadoria de exposições, individuais e coletivas, em diferentes espaços como Fundação Ecarta, Goethe-Institut Porto Alegre, Instituto Ling, Espaço Cultural ESPM-Sul e Fundação Vera Chaves Barcellos. Desde 2018, coordena, junto com Eduardo Veras, o projeto de catalogação da obra da artista plástica Gisela Waetge. Em 2019, foi curadora geral do Linha, espaço independente de artes visuais, em Porto Alegre. Em 2021, recebeu o XIV Prêmio Açorianos de Artes Plásticas na categoria Jovem Curadora/Aliança Francesa.

 

 

Francisco Nuk no CCBB Brasília

09/nov

O Hall do Museu BB, no CCBB, Brasília, DF, exibe a mostra “A forma não cumpre a função”, do artista visual Francisco Nuk. Francisco carrega consigo uma bagagem artística vinda de outras gerações. Desde pequeno, foi introduzido naturalmente e estimulado a estudar a diferentes manifestações artísticas. Do Barroco, característico de sua região de origem, ao contemporâneo, expressão produzida pelos pais. Na adolescência teve seus primeiros contatos com a marcenaria fina fazendo cursos do ofício. Passou o começo de sua fase adulta viajando e estudando o mesmo ofício, fazendo extensos estudos sobre o material e técnicas aplicadas. De volta ao Brasil, trabalhou no atelier de seu pai produzindo suas obras e estruturando seu próprio atelier. Durante o período foi incitado a criatividade crítica e estimulado à produção de seu trabalho que se manifesta a partir da mescla de sua origem e experiências vividas.

No trabalho de Francisco Nuk, a utilidade e a serventia dos mobiliários são desmanchadas no momento em que o artista quebra sua rigidez, fazendo do absurdo um conceito perseguido. Tudo em sua obra abre para pistas deturpadas. As cristaleiras distorcidas não mais equilibram os cristais, as gavetas flutuam leves sem o peso dos segredos arquivados, a cômoda circular, cautelosamente esculpida, confunde os guardados.

Na repetição, no jogo da imaginação e na constância do ofício, Francisco elabora suas esculturas com a intimidade de um poeta. As madeiras, enamoradas, se rendem, dançam e se livram do fardo de servir. Agora são arte. Nada mais.

Até 20 de novembro.