Desenhos inéditos de Iberê Camargo

22/mar

No dia 15 de abril, a Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, inaugura uma exposição com desenhos do grande artista. A iniciativa de mostrar esses trabalhos, muitos deles jamais ou raramente expostos, foi da artista Vera Chaves Barcellos. Além de lançar luz sobre a produção de Iberê Camargo, a exibição de “Iberê Camargo: Desenhos” será uma imersão no processo criador do artista e no ser humano que ele foi. A exposição “Iberê Camargo: Desenhos” traz a  curadoria criteriosa da artista Vera Chaves Barcellos, abrangendo desde os primeiros estudos do pintor até a sua morte, em agosto de 1994.

Dos mais de 3,7 mil trabalhos disponibilizados pelo acervo, a artista escolheu 432. Desses, 163 serão expostos, e o restante exibidos através de projeção. O apanhado inclui desenhos da figura humana – desde estudos de aprendizagem do início da carreira do artista e que retornaram no início dos anos 1980 até o final de sua vida; retratos de homens e mulheres – acadêmicos, expressionistas da década de 1980 e de diversas épocas de sua companheira, Maria Camargo; autorretratos que atravessam a vida do pintor; paisagens; carretéis e desenhos da sua última fase. Para a curadora da mostra, o desenho é a mais espontânea e, talvez, a mais reveladora das formas de expressão de Iberê.

“Tive a consciência de que a maioria das mostras realizadas até agora na Fundação se concentrou principalmente na pintura de Iberê Camargo, sem dúvida, a sua maior contribuição para a arte brasileira, seguida de perto por sua extensa produção de gravura, especialmente a gravura em metal. Como vários outros curadores, primeiramente, pensei em organizar uma mostra de suas pinturas, já que esta seria sua expressão máxima, a mais cultuada e certamente a mais nobre. Mas ao deparar com seus desenhos, optei por estes. (…) Constatei que neles poderia haver uma maior revelação de quem fora Iberê Camargo, em todos e extremamente variados momentos de seu inquieto e conturbado temperamento. Seria possível um processo analítico de sua personalidade e psiquismo por meio unicamente de seus desenhos, desvendando seus valores e suas certezas, suas obsessões, seus traumas, seus medos e seus fantasmas”, escreve Vera para o catálogo da exposição. A mostra seguirá em cartaz até 15 de outubro.

 

O estranho desaparecimento de Vera Chaves Barcellos

Vera Chaves Barcellos, 85 anos, será um dos grandes destaques da programação da Fundação Iberê Camargo em 2023 e a terceira mulher a ocupar mais de um andar do centro cultural, depois de Regina Silveira (“Mil e um dias e outros enigmas”, em 2011) e Maria Lídia Magliani (“MAGLIANI”, em 2022).

Em 06 de maio, abrirá a exposição “O estranho desaparecimento de Vera Chaves Barcellos”. Com curadoria de Raphael Fonseca (RJ), a mostra traz um recorte de obras realizadas ao longo de 60 anos, que abrange experimentações com pintura e desenho e, num segundo momento, com a xilogravura até trabalhos mais recentes, destacando seu infinito diálogo com a fotografia, além de livros de artista e vídeos.

A Fundação Iberê tem o patrocínio do Grupo Gerdau, Itaú, Grupo Savar, Renner Coatings, Grupo GPS, Grupo IESA, CMPC, Perto, Ventos do Sul, DLL Group e apoio da Renner, Dell Technologies, Laghetto Hotéis, Coasa Auditoria, Syscom e Isend. Realização: Petrobras e Ministério da Cultura/ Governo Federal.

 

Frank Ammerlaan em Curitiba

20/mar

 

A Simões de Assis traz novamente ao Brasil o artista holandês Frank Ammerlaan, apresentando em sua sede de Curitiba, PR, a individual “Espelho da Matéria”. A exposição reúne quatro conjuntos de trabalhos de materialidades e processos distintos, mas que compartilham do interesse do artista por materiais que são inusuais nas práticas artísticas contemporâneas. Parte do conjunto foi produzida no Brasil, durante uma residência no Pivô, em São Paulo. Ammerlaan investiga profundamente os elementos que conformam seus trabalhos, manipulando produtos químicos, metais, minerais e substâncias orgânicas, em processos que poderiam ser descritos como alquímicos. O artista articula gestos pictóricos e esculturais com suportes que normalmente são estranhos ao fazer artístico e mais comuns em indústrias ou laboratórios, ao mesmo tempo que conta com reações químicas espontâneas e com os processos naturais de mudança dos elementos, atuando não como um agente da criação, mas sim da transformação.
Até 06 de maio.

Aulas de pintura com têmpera ovo

17/mar

Nos dias 25 e 26 de março (sábado e domingo), o artista André Ricardo participa de duas atividades educativas na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS. Os encontros são gratuitos e ocorrem sempre das 15h às 17h.

Em diálogo com sua exposição “André Ricardo: Da pintura necessária”, ele é o convidado da Formação para Professores e Educadores. Durante o encontro, que ocorrerá no sábado, no auditório da Fundação Iberê Camargo, ele falará sobre a técnica de pintura com têmpera ovo e os processos englobados nessa produção. Compartilhará o seu desenvolvimento artístico, além de suas experiências na educação.

No domingo, na sala do Programa Educativo, André Ricardo ministra a Oficina Têmpera Ovo. A vivência com os materiais e procedimentos básicos da técnica será tangenciada pela introdução de suas origens. A técnica, que remete ao processo artesanal e pré-industrial, também adotada na Idade Média, consiste na mistura do pigmento, que é a matéria seca, em pó, com o aglutinante à base do ovo.

“O fato de fazer a minha própria tinta me dá uma relação muito mais próxima com a cor. E quando eu penso na cor, busco na memória afetiva. Cresci na periferia, minha casa tinha o piso vermelho de cera, a parede lavada de cal verde. E a têmpera me ajuda a alcançar a lembrança dessas cores”, explica o artista.

 

Da pintura necessária

Com curadoria de Claudinei Roberto da Silva (SP), “André Ricardo: Da pintura necessária” apresenta 56 obras produzidas com têmpera ovo. Grande parte dos trabalhos será exposto pela primeira vez, entre eles, um pequeno conjunto de pinturas produzidas em NY, em 2022. Neste conjunto é marcante, por exemplo, a familiaridade com uma visualidade de matriz popular e afro-brasileira. Composições que buscam responder ao anseio do artista pela construção de uma memória, algo que possa ajudar a entender sua própria identidade e, por conseguinte, como artista.

Celebrando Martinho de Haro e Florianópolis

13/mar

Mestre da composição, o pintor e desenhista Martinho de Haro (1907-1985) é um dos mais importantes artistas de Santa Catarina e uma forte representação do modernismo brasileiro. Homem e trajetórias qualitativas, ele ganha um tributo em Florianópolis, SC, com a exposição “Indivisível Substância: Martinho de Haro e Florianópolis” que abre no dia 15 de março, no Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação. Aberta até julho, a mostra pode ser visitada gratuitamente de segunda a sábado, entre 13h30 e 18h30.

A curadoria de Francine Goudel e Ylmar Corrêa Neto reúne 46 trabalhos de Martinho de Haro que ajudam a traçar novas análises sobre uma criação pictórica amalgamada com Florianópolis, lugar que o artista nascido em São Joaquim escolheu para viver a partir de 1942 e onde morreu em 1985. A mostra tem ainda um Bruggemann (1825-1894), um Eduardo Dias (1872-1945) e um Othon Friesz (1879-1949), todas obras integrantes da Coleção Collaço Paulo, pertencente ao casal Jeanine e Marcelo Collaço Paulo. Para os curadores, Martinho de Haro “revolucionou a representação da cidade, valorizou os costumes, o casario, o mar, o céu, as baías, as auroras e os ocasos, com cores suaves, enquadramentos cinematográficos, ângulos e motivos novos que resultam em uma potente imagem da Ilha de Santa Catarina”.

Produto cultural totalmente patrocinado pela Prefeitura de Florianópolis por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura (modalidade doação), a exposição conta com o apoio das empresas Dígitro e Ibagy. Trata-se do segundo projeto expositivo do Instituto Collaço Paulo, inaugurado no bairro Coqueiros em julho de 2022. Entidade privada, sem fins lucrativos, além de salvaguardar a Coleção Collaço Paulo, promove a arte e a cultura por meio de programas de cunho educativo. O casal dedica-se há cerca de 40 anos à aquisição e conservação de um acervo que se concentra na representatividade dos artistas brasileiros do século 19 e dos catarinenses do século 20, abrangendo trabalhos de distintos períodos históricos, diferentes escolas, movimentos e estilos.

Quase sem perceber, no contato com Martinho de Haro, sob a sua influência, Marcelo Collaço Paulo começou a coleção na juventude. Com o passar dos anos, tornou-se um dos principais colecionadores das obras do artista, adquirindo quadros de todas as fases e temáticas peculiares como nus, carnaval, naturezas-mortas, paisagens, casarios e retratos. “Conheci Martinho nos anos 1970, quando era estudante de medicina. Fui levado à sua casa na Altamiro Guimarães, no centro de Florianópolis, pelo seu filho Martin Afonso de Haro. Tive o privilégio de contar com a sua amizade e vê-lo pintar inúmeros quadros no seu ateliê. O meu primeiro Martinho é desta época. Desde então, sempre aproveitei as oportunidades e fui multiplicando o seu olhar na coleção. Até hoje quando vejo um Martinho, me sensibilizo e me emociono. É o maior pintor modernista de Santa Catarina e aquele que expressou a Ilha da forma mais sublime”, situa o colecionador que busca homenagear Florianópolis no seu aniversário, abrindo o núcleo do Martinho da Coleção Collaço Paulo. “Convidamos todos a ver e desfrutar a cidade através dos olhos do mestre Martinho de Haro”, diz ele.

A exposição “Indivisível Substância: Martinho de Haro e Florianópolis” alcança relevância pelo valor do artista, pelo pictórico e pelas representações de uma ilha que se transformou radicalmente ao longo dos anos. Jeanine e Marcelo Collaço Paulo são colecionadores interessados no conjunto de obras de um mesmo artista que, lado a lado, ganham um peso maior já que possibilitam estudos mais aprofundados sobre uma trajetória e, no caso, uma reflexão sobre o passado de Florianópolis, vista em céus, festas, gente, mares e barcos eternizados de modo significativo.

 

Sobre o artista

Natural de São Joaquim (SC), Martinho de Haro nasceu em 1907. Viveu por dez anos no Rio de Janeiro, onde integrou o Grupo Bernardelli e trabalhou como auxiliar de João Timótheo da Costa (1878-1932) na decoração da Igreja Nossa Senhora da Pompéia, e de Eliseo Visconti (1866-1944) na criação do panneau do Teatro Municipal. Realizou na mesma cidade, em 1977, sua última exposição. Em 1937, viaja a Paris, de onde volta cerca de um ano depois em razão da Segunda Guerra. Engajado nos assuntos da cidade, participou em 1949 da criação do Museu de Arte de Santa Catarina (MASC) que ele dirigiu entre 1955 e 1958. Nos 20 anos de morte, Walmir Ayala escreveu: “O diálogo agora é de uma pintura soberana e completa, com um universo de olhares necessitados de justiça e esclarecimento. A Ilha ganha agora sua luz, sua verdadeira luz, porque a obra viva de Martinho de Haro encontra seu continente exato; é um bem público destinado a valorizar a vida comunitária”. No centenário em 2007, uma comissão presidida por Marcelo Collaço Paulo, organizou uma vasta programação com exposição, livros, discussões, convidados ilustres e a produção de um documentário. A iniciativa reuniu o melhor da produção de Martinho de Haro, segundo João Evangelista Andrade Filho, secretário da comissão, na época administrador do MASC. O legado de Martinho de Haro recebeu a atenção de estudiosos e críticos, entre eles Fábio Magalhães, João Evangelista Andrade Filho, Roberto Teixeira Leite e Walmir Ayala, que se debruçaram sobre as obras e indicaram novas perspectivas de entendimento e avaliação. Ao morrer em 1985, em Florianópolis, Martinho de Haro deixa um expressivo legado que ajuda a compreender a cidade sob diferentes abordagens. Parte desta contribuição está na exposição “Indivisível Substância: Martinho de Haro e Florianópolis”. O pintor era pai do também artista plástico e muralista Rodrigo de Haro.

 

Sobre os curadores

Francine Goudel – doutora em artes visuais – teoria e história, pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), mestre em estudos avançados em história da arte pela Universidade de Barcelona, Espanha, pós-graduada em Gestão Cultural pela Universidade Nacional de Córdoba, Argentina. É pesquisadora, curadora, produtora cultural e professora. Atualmente é curadora-chefe do Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação.

Ylmar Corrêa Neto – neurologista e professor associado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Coleciona arte relacionada com Santa Catarina. Já organizou e escreveu livros sobre Martinho de Haro (1907-1985), Eli Heil (1929-2017) e Paulo Gaiad (1953-2016) e fez a curadoria de exposições de Eli Heil, Rodrigo de Haro (1939-2021), Carlos Asp, Paulo Gaiad e do acervo do Museu de Arte de Santa Catarina (MASC). É coordenador do recém-criado Clube de Colecionadores de Arte de Coqueiros no Instituto Collaço Paulo.

O período expositivo entre março e julho configura uma agenda que busca ampliar o conhecimento sobre a marcante produção de Martinho de Haro. Iniciativas, de linhas diferenciadas, convergem para reflexões que reúnem nomes e temas significativos que ajudarão a modular um novo pensamento a respeito do artista. Já no dia 15 de março, às 19h30, o curador Ylmar Corrêa Neto faz um Instituto Conversa, compartilhando a conferência “Ocasos Raros em Martinho de Haro”, em que abordará a formação, as técnicas, a evolução e as exibições do pintor modernista, além de suas representações da paisagem, da cultura e do casario florianopolitanos.

Em abril, no dia 24, às 19h30, ocorre o primeiro de um conjunto de encontros idealizados pelo conferencista, pesquisador, professor, autor de livros, uma referência internacional no campo da literatura e das artes visuais, Raúl Antelo. Ele movimentará o Instituto Collaço Paulo para estabelecer o intercâmbio pessoal e a partilha de conhecimento sobre arte, arquivos e exposições na perspectiva de alargar sensibilidades e conexões com amplo público. O evento “Retroprojetor: Encontros do Olhar”, composto de seis conferências entre abril e setembro, duas proferidas por ele mesmo e por pesquisadores que receberam o seu convite, como Ivo Mesquita e Rosângela Miranda Cherem.

No dia 25, às 19h30, o programa Instituto Conversa recebe uma autoridade nas relações entre as artes visuais e a cidade de Florianópolis. Doutora e professora, Sandra Makowiecky fará a abordagem “Florianópolis em Tempos Diversos: Martinho de Haro entre Artistas” em que expõe parte de sua análise apresentada sobre o artista em um dos artigos do livro “A Representação da Cidade de Florianópolis na Visão de Artistas Plásticos”. A fala no Instituto Collaço Paulo, antecipa Sandra Makowiecky, se concentrará nas obras de Martinho de Haro, tecendo considerações e aproximações entre seus trabalhos e outros artistas que, ao longo do tempo, elegeram a cidade como objeto de paixão e poética artística.

A agenda prevê ainda reuniões do Clube de Colecionadores de Arte de Coqueiros (CCAC), o Instituto Homenagem que marca o centenário do crítico de arte catarinense Harry Laus (1922-1992) e os Sábados com Arte, ações desenvolvidas pelo núcleo educativo do Instituto Collaço Paulo.

 

Sábados com Arte

Os sete encontros – “Sábados com Arte” – planejados para o primeiro semestre convidam a participar de uma visita mediada com a equipe do educativo. Previstos para os dias 25 de março, 15 e 19 de abril, 13 e 27 de maio e 10 e 24 de junho, sempre às 15h, a cada sábado as atividades diferenciadas vão além da mediação que dura cerca de uma hora e meia e buscam ampliar o conhecimento em torno das obras reunidas na exposição “Indivisível Substância: Martinho de Haro e Florianópolis”. Com vagas limitadas, 30 pessoas no máximo, as inscrições são por ordem de chegada, mediante manifestação do interesse na recepção do instituto. Menores de 14 anos devem estar acompanhados de seus responsáveis.

As ações propõem o diálogo e a participação. A partir das leituras, imagens, do repertório e das subjetividades de cada visitante, a proposta é construir juntos um percurso singular pela arte de Martinho de Haro. A idade mínima é de sete anos.

 

Equipe Técnica

Curadoria, expografia e textos: Francine Goudel e Ylmar Corrêa Neto – Revisão e edição de textos: Néri Pedroso – Coordenação de montagem: Cristina Maria Dalla Nora – Montagem: Flávio Xanxa Brunetto – Material educativo: Ana Martins e Joana Amarante – Material gráfico: Lorena Galery – Fotografia: Eduardo Marques.

 

 

Exposição da Coleção Eduardo Vasconcelos

10/mar

Exposição de arte “Gravado na Alma” abre no Espaço Cultural do Banco da Amazônia. O vernissage será nesta terça-feira (14) e seguirá aberta ao público para visitação gratuita até 05 de maio, no horário das 9h às 17h. Uma obra da artista Maria Perez Solá, que está em destaque na exposição Eduardo Vasconcelos no Espaço Cultural do Banco da Amazônia, em Campina, Belém, PA, é uma exposição de arte que promete ficar gravada na memória dos paraenses. A exposição de gravuras “Gravado na Alma” foi contemplada pelo edital de pautas do Banco da Amazônia e é composta por mais de 71 obras de artistas nacionais e internacionais que compõem o acervo da Coleção Eduardo Vasconcelos.

Segundo a curadora, Vânia Leal, a exposição é formada por trabalhos de artistas cujos percursos seguem várias técnicas e poéticas. “São vias que possibilitam encontros entre linhas, texturas, arquiteturas, animais e paisagens. É um espaço para dizer: gravura ao infinito do tempo e no tempo. Como um laboratório vivo em constante construção na coleção de Eduardo Vasconcelos”, explica.

Grandes nomes das artes plásticas, como Albrecht Dürer, Rembrandt, Goya, Gustave Doré e Picasso produziram gravuras, bem como artistas brasileiros de renome, como Livio Abramo, Sérvulo Esmeraldo, Flávio de Carvalho, Arthur Luiz Pìza e Tarsila do Amaral. No Pará, a gravura ganha força a partir dos anos 1970, com a obra de Valdir Sarubbi, que, junto a nomes de diversas gerações (inclusive posteriores) como Ronaldo Moraes Rego, Osmar Pinheiro, P. P. Conduru, Jocatos, Armando Sobral, Elaine Arruda, Elieni Tenório, Elisa Arruda, Glauce Santos, Jean Ribeiro e Antar Rohit, marcaram seu nome na trajetória da gravura no cenário amazônico.

“Acreditar na produção artística, no quanto ela representa hoje e para gerações futuras, é a força motriz que impulsiona e dinamiza a coleção. Meu afeto pela arte está gravado na alma, assim como as obras de tantos artistas aqui presentes”, destaca Eduardo Vasconcelos. “Agradeço ao Banco da Amazônia, que, para além de suas atividades financeiras, exerce papel fundamental no fomento ao cenário artístico e na difusão e apoio à cultura, trazendo ao público obras pertencentes a uma coleção privada”, acrescenta.

 

Núcleos da exposição

A curadora explica que a exposição possui quatro núcleos curatoriais: “projeções da natureza mutante”, “corpos passagens”, “formas e desejos da gravura” e “arquiteturas e cartografias imaginárias”.

“Os trabalhos dos artistas que integram a exposição reiteram aproximações e percursos diferentes, criam vertentes distintas entre choques e junções nos núcleos”, avalia. Ainda segundo a curadora, cada núcleo reúne uma sequência de trabalhos expressivos. “No núcleo “projeções da natureza mutante”, por exemplo, os artistas Valdir Sarubbi, Sebastião Pedrosa e Laura Calhoun trazem nas obras uma natureza mais estilizada com diferentes simbologias. Armando Sobral e Ronaldo Moraes Rego gravam desenhos de folha e casca. Diô Viana emerge com força, incisões que remetem gotas que se dissolvem em outras formas da natureza”, explica.

 

Lançamento do catálogo e ações educativas

Ao longo da exposição ocorrerão diversas ações educativas como bate papo com artistas e visitas guiadas para estudantes de escolas públicas, a fim de que adolescentes e jovens tenham contato com a arte. Também ocorrerá o lançamento do catálogo, que será distribuído gratuitamente aos visitantes.

 

A Coleção Eduardo Vasconcelos

Desde 2021, a coleção Eduardo Vasconcelos vem abrindo as portas do acervo pessoal ao público paraense por meio de iniciativas como esta do Banco da Amazônia, que viabiliza edital para selecionar projetos artísticos relevantes à região amazônica. Neste percurso, o colecionador já realizou três mostras a partir de editais similares de incentivo à arte e cultura, cujas exposições nasceram do diálogo entre a curadoria e Eduardo. Sempre convidado para participar de encontros, lives e pesquisas sobre arte e colecionismo, o professor e colecionador de arte Eduardo Vasconcelos tem um acervo de mais de 700 obras entre pinturas, esculturas, fotografias, desenhos e objetos. Há um núcleo só de arte paraense. Movido pela lógica de que a arte deve ser compartilhada, ele decidiu abrir a sua reserva técnica às grandes exposições.

“Temos uma infinidade de obras com elevada importância artística e cultural e que são vistas somente em uma esfera bem restrita. O papel do colecionador de arte não deve se restringir ao mero acúmulo das obras. Permitir que essas obras circulem e tenham visibilidade, contribui para a difusão da cultura e do próprio mercado, envolvendo todos os elos dessa cadeia. Há um papel social e político importante nisso tudo, principalmente na construção de novos olhares para a arte”, diz Eduardo Vasconcelos.

 

 

Mostra no SESC Niterói

09/mar

Ativismo feminino é tema da exposição individual inédita – até 31 de maio – da artista visual, muralista e ilustradora Priscila Barbosa no Sesc Niterói, Rio de Janeiro, RJ. Retratos de mulheres mesclados a elementos vinculados aos afazeres domésticos com símbolos de insubordinação. Priscila Barbosa constrói a narrativa que compõe suas pinturas sobre tela, objetos pintados à mão e um mural de 15m² em “Ofensiva”, a partir do dia 18 de março. O intuito é provocar o espectador através da oposição: seus trabalhos refletem a pesquisa sobre a qual tem se debruçado nos últimos anos, acerca das fronteiras entre vida doméstica e pública, “dilema” que vem sendo incutido há séculos às mulheres.

“Criei imagens que à primeira vista sugerem a docilidade esperada do gênero feminino, reforçadas pelos tons rosados, uma característica da minha produção, mas que revelam atividades de insurgência e rebeldia. Pintar elementos da vida doméstica aliados a atividades revolucionárias sugere um diálogo entre a vida privada e a vida pública, uma forma de repensar os territórios que nos são oferecidos”, diz a artista. “A ideia é justamente burlar a separação entre o pessoal e o político, reafirmada pelo isolamento que sofremos quando relegadas à particularidade do interior de uma casa cuja manutenção nos drena há gerações”.

Pintar o doméstico, os utensílios de cozinha, a decoração artesanal em meio a afazeres que sugerem ações táticas revolucionárias e bélicas vislumbra um cenário em que a casa seja colocada como centro de atividade comunitária, de sociabilização e, principalmente, de coletivização do trabalho reprodutivo. Além dos trabalhos apresentados dentro da sala de exposições, será realizado um mural na parede externa, de maneira que a temática abordada rompa as fronteiras arquitetônicas e mantenha a discussão sobre o privado e o público. O muralismo é um dos pilares da carreira de Priscila Barbosa, que atua na arte urbana brasileira honrando as tradições do muralismo latino e levando discussões políticas para as ruas e espaços abertos.

 

Murais no “Le Colors Festival Paris” e “Les3Murs”

A iconografia da mulher revolucionária contemporânea com foco na América Latina é objeto de investigação da artista visual paulistana Priscila Barbosa há algum tempo. Em fevereiro, Priscila Barbosa, viu seu mural intitulado “Levante-se” repercutir no “Le Colors Festival Paris”, um dos maiores de arte urbana, que este ano ocupou 4.500m², reunindo cerca de 80 artistas do segmento. O trabalho permanece em exposição até dezembro de 2023 e propõe uma reflexão sobre a relação entre as mulheres do cotidiano na construção do feminismo e da postura revolucionária. Ela acaba de participar de outro grande projeto na França – o “Les3murs” -, que busca dar visibilidade a artistas latino americanos. Em “Latinas Fervilhando” a artista criou seu autorretrato em uma perspectiva de ataque, como se pudesse ser seguida pelos espectadores.

 

Sobre a artista

Priscila Barbosa é artista visual, muralista e ilustradora paulistana, graduada em Artes Visuais pela Belas Artes. Possui extensões em Masculinidades Contemporâneas, Feminismo Pós-colonial na América Latina e O Estado e o Corpo, todos pela PUC/SP. A artista é agenciada pela Aborda, a única plataforma brasileira de gestão de carreiras de artistas visuais no Brasil. Entre festivais que participou recentemente, vale destacar o Colors Festival (2023, Paris), Nalata Festival Internacional de Arte Urbana (2020, São Paulo), Jaguar Parade (2022, Nova Iorque) e Artecore – MAM (2018, Rio de Janeiro).

 

Artista egípcio na Bahia

08/mar

 

O egípcio de origem judaica Leo Laniado migrou com a família do Cairo para o Brasil em 1953, aos oito anos. Parte desse contato com o país, principalmente com a Bahia, resultou em uma história de 50 anos muito bem vividos, que virou a exposição “BAHIA… MINHA”, com estreia marcada para 14 de março, na Galeria Hugo França, dentro da programação em torno do Festival de Música de Trancoso.

A mostra – até 29 de abril – reúne mais de 40 obras, selecionadas dos seus últimos sete anos intensos de produção, impressas com alta tecnologia em papel de algodão. Nas produções, o artista, que chama a Bahia de “a casa fora da casa”, o artista questiona as semânticas da cor em desenhos em tons ocres, carregados de história e permeados por “coisas que estavam lá atrás e estão ressurgindo”, como explica.

Segundo o artista, as obras foram, instintivamente, trazendo elementos do cotidiano baiano, como o mar, côco e velas, não com o objetivo pré-definido de fazerem parte de uma exposição, mas porque são memórias saudosas e genuínas. “Maré Alta”, “Luz ao Entardecer”, “Pescadores”, “Namorados”, “Mesa Posta”, “Sábado”, “Contemplação” e “Praia do Itaipe” são algumas das obras com nomes autoexplicativos.

 

Registro de viagem

06/mar

 

A Roda de Saberes no Pontal Instituto Cultural recebe o artista viajante Alex Flemming em Marabá, PI. É mais uma etapa que se cumpre no alongado caderno de vaigens do renomado artista.

 

Sobre o artista

Alex Flemming nasceu em São Paulo, SP, em 1954. Multiartista, fotógrafo, pintor, escultor e gravador. De ascendência patrilinear alemã, freqüentou o curso livre de Cinema na Fundação Armando Álvares Penteado, entre 1972 e 1974. Cursou serigrafia com Regina Silveira e Julio Plaza, e gravura em metal com Romildo Paiva, nos anos de 1979 e 1980. Na década de 1970 realizou filmes de curta-metragem, participando de festivais. Em 1981 viajou para Nova Iorque, onde desenvolveu projeto no Pratt Institute Manhattan, com bolsa de estudos da Comissão Fulbright, com permanência até 1983. Foi professor da Kunstakademie de Oslo, na Noruega, entre 1993 e 1994. No começo dos anos 1990, realizou algumas séries de pinturas com caráter autobiográfico, que tinham como suporte suas próprias roupas. Posteriormente, passou a recolher e pintar cadeiras, poltronas e sofás usados, nos quais posteriormente aplicava letras, que formavam textos retirados de notícias de jornais, deslocando assim a relação preestabelecida com esses objetos. Já em Body Builders (2001/2002), fotografou corpos jovens e esbeltos para em seguida desenhar, sobre essas imagens, mapas de áreas de conflitos e de guerras, como, por exemplo, as do Oriente Médio ou da região de Chiapas, no México. A fotografia, como meio em si ou como propiciadora de acesso a outras médias, é usada por Flemming desde o início de sua carreira. O uso de caracteres gráficos sobre fotografias de pessoas também está presente em um dos seus mais destacados trabalhos: os painéis da Estação Sumaré do Metrô de São Paulo. Compostos por fotos de pessoas comuns, a cada uma delas foi atribuído um poema, escrito em letras meio borradas, com alguns trechos invertidos ou ausentes, o que não impossibilita totalmente a compreensão do texto. São particularmente interessantes as gravuras executadas nos anos 1970, de forte conteúdo político, reproduzidas em livro editado pela Editora da Universidade de São Paulo. Alex Flemming realizou diversas exposições individuais no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Vive em Berlim.

Arte em Ouro Preto

 

Estes são detalhes de algumas obras de “Sofrência”, que ocupa o Paço da Misericórdia, em Ouro Preto, MG. A exposição integra o projeto “Arte nas Estações”, que leva para as cidades mineiras o acervo incrível do Museu de Arte Naïf, que infelizmente fechou suas portas em 2016.

Com curadoria de Ulisses Carrilho, a mostra fala sobre apaixonamento e separação por meio de uma narrativa com início, meio e fim. Inspirada nas novelas, essa história apresenta ao público cenas de convívio social, flerte, festas e jogos de sedução, permeadas por poesias e poemas populares. (Texto de Fábio Schwarzwald no Facebook).

Filme e exposição de Glauco Rodrigues

31/jan

 

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS, Porto Alegre, instituição da Secretaria de Estado da Cultura do RS – Sedac, apresenta o Cine Verão Tropical pelo Programa Público da exposição “Glauco Rodrigues – TROPICAL”, atualmente em exibição no Museu. Será um ciclo com 5 sessões do filme “Glauco do Brasil” (2015), no Auditório do MARGS, nos dias 01, 11, 15 e 25 de fevereiro e 16 de março, sempre às 16h. Esta última contará com a participação do diretor do documentário, o cineasta Zeca Brito. As sessões são abertas ao público e gratuitas, com limite de 60 lugares por ordem de chegada. “Glauco do Brasil” tem duração de 90 minutos e classificação indicativa livre.

Ocupando duas salas do 2º andar do MARGS (Galeria Iberê Camargo e Sala Oscar Boeira), a exposição “Glauco Rodrigues – TROPICAL” permanecerá em exibição até 16 de abril. A visitação é gratuita e ocorre de terça a domingo, das 10h às 19h (último acesso às 18h30). Visitas mediadas para grupos podem ser agendadas pelo email educativo@margs.rs.gov.br.

 

Sobre o filme

O documentário “Glauco do Brasil”, apresenta, a partir de entrevistas e arquivos, a trajetória de vida de Glauco Rodrigues (1929 – 2004). Acompanha as mudanças nas concepções artísticas do artista, partindo dos anos iniciais em Bagé até sua estadia no Rio de Janeiro. O filme inicia com um depoimento do artista, concedido ao diretor Zeca Brito, quando este possuía apenas 12 anos. Além de depoimentos do artista, constam entrevistas com nomes de destaque no campo artístico nacional, como os críticos Frederico Morais e Ferreira Gullar, Gilberto Chateaubriand – seu pricipal colecionador -, o músico João Bosco, o escritor Luis Fernando Veríssimo, a atriz Camilla Amado, e o curador francês Nicolas Bourriaud.

 

Sobre o diretor

Zeca Brito (1986) é cineasta. Foi diretor do Instituto Estadual de Cinema do Rio Grande do Sul. Possui mestrado em Artes Visuais pela UFRGS, com ênfase em História, Teoria e Crítica, e graduação em Realização Audiovisual pela Unisinos e em Poéticas Visuais pela UFRGS. Dirigiu e roteirizou longas-metragens como “O Guri” (Canal Brasil), “Glauco do Brasil” (Canal Brasil), “Em 97 Era Assim” (Canal Brasil), “A vida Extra-Ordinaria de Tarso de Castro” (Canal Brasil), “Grupo de Bagé” (Canal Curta!), “Legalidade” (Telecine Cult) e “Trinta Povos” (Canal Curta!).

 

Sobre a exposição e o artista

Nascido em Bagé, Glauco Rodrigues ficou notabilizado pela sua atuação nas importantes realizações do denominado “Grupo de Bagé” e dos Clubes de Gravura criados nos anos 1950. Assim, seu nome costuma figurar junto aos artistas Glênio Bianchetti, Danúbio Gonçalves e Carlos Scliar. Esse Glauco Rodrigues relacionado à representação do homem e das paisagens do campo, do trabalho rural da pecuária e dos tipos e costumes regionais – ligado, portanto, ao gaúcho e à cultura campeira sulina – foi desde então bastante celebrado. Inclusive pelo MARGS, como atesta a história das exposições do Museu. Depois de partir, no final dos anos 1950, para experiências no Brasil e na Europa, fixando-se a seguir no Rio de Janeiro, Glauco Rodrigues dá um direcionamento ao seu trabalho em que passa a fazer da história e da cultura brasileiras o maior interesse e tema privilegiado de sua produção. A exposição enfoca esse “Glauco tropical”, que surge nos anos 1960, explorando os temas de uma identidade brasileira vivenciados a partir da experiência carioca. Com seu inconfundível grafismo e colorido na figuração de acento pop, são obras nas quais Glauco Rodrigues explora fatos, estereótipos, tipos e complexidades da história e da cultura brasileiras, de forma crítica e analítica.

A mostra apresenta uma seleção de 49 obras do Acervo Artístico do MARGS, onde o artista está representado por mais de 300 trabalhos. A maior parte foi adquirida em 2018, através da generosa doação de Norma de Estellita Pessôa, viúva do artista. Desde então, essas obras foram sendo submetidas a processos de restauração, possibilitando agora que estejam em condições de exibição para esta que é uma primeira apreciação pública do conjunto, a partir de um recorte temático e que cobre um período dos anos 1960 a 90.   Com curadoria de Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, e Cristina Barros, curadora-assistente do MARGS, “Glauco Rodrigues – TROPICAL” integra 2 programas expositivos em operação no Museu que são aqui interligados: “Histórias ausentes”, voltado a resgates e revisões históricas, e “História do MARGS como história das exposições”, que aborda a história institucional do Museu.