Vik Muniz no Santander Cultural

19/mai

Um dos artistas brasileiros de maior destaque no mercado e nos museus internacionais, Vik Muniz apresenta pela primeira vez em Porto Alegre, RS, no Santander Cultural, Centro Histórico, exposição individual, destacando colagens e fotografias. Também será exibido o documentário “Lixo Extraordinário”, que concorreu ao Oscar em sua categoria em 2011 e acompanha o trabalho que o artista realizou com catadores de lixo reciclável no maior aterro da América Latina, em Jardim Gramacho, no Rio. A curadoria é de Lígia Canongia.

 

A obra de Vik Muniz questiona e tensiona os limites da representação. Apropriando-se de matérias-primas como algodão, açúcar, chocolate, e até lixo, o artista meticulosamente compõe imagens icônicas e lhes repropõe significações. O objeto final de sua produção mais conhecida atualmente é a fotografia, mas sua obra já transitou pelo tridimensional, pelo desenho e até pela escultura.

 

 

A partir de 20 de maio.

Três do Sul

13/mai

Percevejo, mostra de Jailton Moreira

 

O Museu do Trabalho, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, apresenta “Percevejo”, exposição individual de Jailton Moreira que reúne uma série de trabalhos recentes e outros realizados na última década. O conjunto de vinte e três obras inclui fotos, vídeos e desenhos. As montagens com fotografias utilizam-se de imagens obtidas pelo artista em viagens pelo mundo que, ao rever este material de arquivo, escolheu-as considerando mais as possibilidades críticas da maneira de expor cada uma delas do que as qualidades formais ou mesmo textuais das mesmas. O grupo de fotografias testa as relações da imagem com o quadro, a moldura e suas potências estruturais. Já os três desenhos exibidos apontam para uma dimensão mental do ato gráfico onde as linhas e as formas são apenas índices para a reconstituição de pensamentos. Os vídeos, por sua vez, indicam direções diversas abrangendo o aspecto conceitual da edição, os limites do discurso artístico e as dimensões temporais da imagem em movimento.

 

 

De 17 de maio a 29 de junho.

Conversa com o artista: dia 31 de maio, sábado, às 16 horas.

 

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Anotações de Eduardo Haesbaert

 

A mostra “Anotações de uma obra depois das cinco”, na Galeria de Arte da Fundação Ecarta, Redenção, Porto Alegre, RS, é composta por uma série de fotografias dos vestígios de uma reforma no atelier do artista: formas, linhas e texturas, que, a partir da visão de Eduardo Haesbaert, adquirem uma surpreendente dimensão pictórica. E, para dialogar com a arquitetura do próprio espaço expositivo, ele faz, também, um desenho nas paredes da galeria.

 

 

De 22 de maio a 13 de julho.

 

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Teresa Poester, o traço das paisagens

 

Em mais de 35 anos de produção, seja no desenho, na pintura, no vídeo, na fotografia ou na gravura, a representação da paisagem – ou pelo menos uma sugestão dela – se faz constante, persistente, no trabalho de Teresa Poester. Em meio a figurações de jardins, pedras, janelas ou mesmo entre abstrações, entre gestos largos ou miúdos, entre linhas e manchas, entre a cor e o preto-e-branco, de repente irrompe uma paisagem. Daí o recorte desta exposição individual de Teresa Poester denominada “Território da Folha – paisagens de Teresa Poester” em cartaz no Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, MAC-RS, Galeria Sotero Cosme/Casa de Cultura Mario Quintana, Centro Histórico, Porto Alegre, RS.

 

 

Até 15 de junho.

Centenário de Vasco Prado

29/abr

O Guion Arte, exibe em seu hall de entrada dos cinemas do Centro Comercial Nova Olaria, Cidade Baixa, Porto Alegre, RS, a exposição “Vasco Prado, O Centenário de Um Farol Das Artes”. Abril é o mês do centenário de Vasco Prado. A mostra reúne desenhos, gravuras, pinturas, esculturas, entre outras técnicas desenvolvidas pelo grande mestre da arte nacional. Uma parte da mostra provém de acervos de colecionadores.

 

Nome histórico da arte moderna brasileira, o escultor tornou-se ao longo de sua carreira um mestre cultuado por diversas gerações de escultores no Rio Grande do Sul. Na juventude dividiu atelier com Iberê Camargo e nos anos 1950 criou ao lado de Carlos Scliar, Glauco Rodrigues, Danúbio Gonçalves, Glênio Bianchetti e outros artistas da mesma geração o hoje histórico Clube da Gravura, experiência baseada nos atelier de xilogravura mexicanos que tratava das edições populares dessa técnica.

 

Foi dado um destaque especial para diversas peças como as realizadas em terracota, técnica em cerâmica com a qual Vasco Prado ficou reconhecido por desenvolver uma linguagem própria. A curadoria é de Carlos Schmidt, também editor de esmerado catálogo que acompanha a exposição. No conjunto, esculturas como “Os Amantes”, além de terracotas em únicas edições, bronzes iconográficos e uma escultura em pedra, material com o qual Vasco Prado trabalhou muito pouco, ganham especial atenção. Da mesma forma a reedição em bronze da escultura “Gaúcho”, obra dos anos 1940.

 

 

Até 26 de junho.

Homenagem a Sante Scaldaferri

15/abr

No próximo dia 16, quarta-feira, às 19h00min, na Sala Walter da Silveira, Bilbioteca Pública dos Barris, Salvador, Bahia, serão exibidos dois documentários sobre a obra do notável artista plástico baiano Sante Scaldaferri. Uma justa homenagem ao conhecido artista plástico. Acompanhe a programação e as sinopses dos dois documentários.

 

 

16/04 – 19h00min
Sante Scaldaferri, A Dramaturgia do Sertão; Direção: Walter Lima; Documentário | 26min | 1999

 

Vídeoarte sobre o pintor, ator, gravurista, cenógrafo e professor Sante Scaldaferi (1928). Formado na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, Scaldaferri foi assistente da arquiteta Lino Bo Bardi. No cinema, trabalhou como cenógrafo em produções do Cinema Novo e como ator em filmes de Glauber Rocha.

 

 

16/04 – 19h30min
Sante Scaldaferri; Direção: Cícero Bathomarco; Documentário | 34 min |2013

 

Na primavera de 2011, o Palacete das Artes Rodin Bahia promoveu a exposição POP / BIENAIS com obras do premiadíssimo artista plástico Sante Scaldaferri. O documentário que leva o nome do artista, teve como base os diversos quadros e painéis expostos na referida mostra. SANTE fala do conteúdo e da forma do seu trabalho, do seu processo criativo, da descoberta de uma “escrita” própria, da sua convivência com Glauber Rocha, da sua fidelidade à temática cultural nordestina, da sua resistência na realização de trabalhos não folclóricos e de fácil comercialização.

 

Ficha técnica :

Locução: Selma Santos;

Direção de fotografia: Carlos Modesto;

Edição: Mirilusa Barreto;

Pesquisa sonora: Robinson Roberto;

Roteiro e direção: Cicero Bathomarco;

Ano de realização: 2013.

Cores & Formas com Ranulpho

07/abr

O conceituado marchand Carlos Ranulpho, através de sua Ranulpho Galeria de Arte, Bairro do Recife, Recife, PE, apresenta a exposição “Cores&Formas” com a participação de obras assinadas por Carlos Scliar, Claudio Tozzi, Juarez Machado, Lula Cardoso Ayres, Fédora e Vicente do Rego Monteiro, Virgolino, Reynaldo Fonseca, Siron Franco, Mário Nunes Alcides Santos e a participação especial de obras (e texto) do pintor Carlos Araujo que afirma:

 

Que belas recordações as visitas que fazia em minha adolescência na Galeria Ranulpho em São Paulo! Pacientemente ele atendia àquele curioso rapaz e revelava as belezas das pinturas de grandes artistas que, devido a seu trabalho, a cidade tinha a honra de acolher. Maravilhosas surpresas do espírito que o tempo se encarrega de explicitar. Agora tenho a oportunidade de me apresentar no Recife, através da mesma galeria da qual recebi tanto carinho e orientação. Dos treze aos trinta anos, me dediquei à pintura que descrevia um mundo das consequências da ausência da solidariedade e amor ao próximo nas atitudes humanas. Este trabalho resultou em monografia editada por Claude Draeger, em Paris, apresentada por Pietro Maria Bardi e Pierre Restany. A partir dos trinta adentrei, pela Misericórdia Divina, ao mundo das causas que provocavam tanta desigualdade, e esta época marcou minha conversão, também pela Misericórdia; a partir de então comecei a pintar a Mensagem Bíblica. Após 25 anos este caminho resultou na edição de “Bíblia Citações” em 2007, com 1200 pinturas que tentam ilustrar cerca de 1750 versículos da Bíblia Sagrada e gostaria de deixar, através delas um depoimento que veio através de mim como instrumento, de uma Força imensamente maior, adimensional.

 

 

Até 17 de abril.

Isabel Ramil no Santander Cultural

Espaço que contribui há mais de década para a divulgação da arte contemporânea no circuito de Porto Alegre, RS, o Santander Cultural iniciou sua programação de exposições para 2014. Com a primeira das quatro mostras do “Projeto RS Contemporâneo”, que destaca a produção de jovens artistas, a instituição abre um calendário que ainda contará com Vik Muniz e uma homenagem à memória do escritor Moacyr Scliar.

 

A exposição “A Dimensão Lírica das Coisas” apresenta a produção recente de Isabel Ramil. O curador Gilberto Habib selecionou trabalhos que, ao mesmo tempo em que demonstram a diversidade de linguagens de uma artista em formação (fotografia, vídeo, gravura, desenho e áudio), têm em comum referências de infância e família. É o caso de “Implacável”, instalação composta por áudio e 25 fotos que a artista registrou nas ruas de Rosário do Sul, RS, cidade de seus avós. Nesse trabalho, Isabel Ramil compõe cenas a partir de uma série de lugares que são igualmente identificados por placas de sinalização, criando uma espécie de jogos de metalinguagem. O folder da exposição traz uma foto de Isabel Ramil em performance na qual representa o escritor Marcel Proust na pose que foi pintado por Jacques-Emile Blanche.

 

O RS Contemporâneo ainda apresentará a produção dos artistas Daniel Escobar, Romy Pocztaruk e Ismael Monticelli.  Seguindo com sua programação, em 21 de maio o Santander trará uma exposição que já se candidata a figurar entre as principais do ano em Porto Alegre: Vik Muniz, um dos nomes brasileiros mais requisitados no exterior, apresentará 45 trabalhos produzidos desde os anos 1980. O artista é conhecido por usar materiais e imagens de todo tipo, de lixo reciclável a recortes de revistas. Destacando colagens e fotografias, será a primeira individual de Vik em Porto Alegre.

 

 

Até 04 de maio.

Iberê: anos 80

01/abr

Entrou em cartaz a mostra “Iberê Camargo: as horas [o tempo como motivo]”, na Fundação Iberê camargo, Porto Alegre, RS. Com curadoria do filósofo e crítico de arte Lorenzo Mammì, a exposição joga luz sobre a produção do artista durante a década de 1980, em um ponto de virada de sua produção, quando Iberê insere as primeiras figuras humanas em sua obra. Esses elementos passam a estabelecer novas dinâmicas em seus quadros, configurando o espaço pictórico como um lugar fora do tempo, de simultaneidade entre memórias e presente. Entre os carretéis e a produção tardia das idiotas e dos ciclistas, desponta um Iberê de cores fortes e de figuras abundantes, que reflete sobre o seu lugar no tempo e sobre o lugar do tempo na obra.

 

As figuras de Iberê, frequentemente autorretratos, olham ora para os objetos, ora para fora do quadro, estabelecendo novas tensões internas às telas. O gesto não está só na marca deixada na tinta, mas está ele também representado. Agora, o artista não pinta somente meras lembranças, pinta a si mesmo junto a elas, colocando-se também em cena. Essa é uma presença angustiada, como fica evidente nos nomes de algumas obras, como Grito (1984) e Medo (1985).
É nessa década que se dá também a consagração de Iberê Camargo como um dos grandes artistas brasileiros – ele alcança grande valorização no mercado e serve de referência para a geração de artistas responsáveis pela “volta à pintura”.  Por isso, a exposição também traz notícias de jornais pertencentes ao acervo documental da Fundação, mostrando como o artista era retratado pela mídia da época e contextualizando o recorte de obras apresentado.

 

Cabe ressaltar, ainda, o novo fôlego de produção literária que acompanha essa mudança na pintura de Iberê: o artista trabalha nas prosas autobiográficas reunidas posteriormente em Gaveta dos Guardados e publica, em 1988, No andar do tempo, em que resgata contos antigos e apresenta novos, colocados lado a lado como as figuras nos quadros, em uma revisão e atualização do passado em sincronia com o presente. O curador chama a atenção para o conto O relógio, de 1959, em que o personagem vasculha obsessivamente uma latrina, fascinado pelos objetos do passado que encontra e com a própria matéria em decomposição. Uma analogia aos quadros da época: os elementos do passado e do presente mesclados, sobrepostos, em uma massa de memória e de tempo.
A exposição acontece no 2º andar da Fundação Iberê Camargo.

 

 

Até 09 de novembro.

Mario Carneiro em livro

31/mar

A belíssima edição do livro que apresenta a obra completa de Mario Carneiro contribui com valor inestimável para a memória das artes visuais do país e será lançado na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, dia 10 de abril. Os autores realizam bate papo com o público antes dos autógrafos. O livro será distribuído gratuitamente ao público presente.  Seu “olhar educado nas artes visuais” – como o próprio Mario Carneiro gostava de dizer – foi o diferencial na sua fotografia de cinema, imprimindo nas suas imagens uma sensibilidade e uma temporalidade características.

 

Sua concepção de iluminação foi identificada e celebrada por companheiros de trabalho e estudada por teóricos do cinema.   No entanto, sua extensa e rica obra visual, composta por desenho, pintura, gravura e fotografia ainda não haviam sido reunidas e estudadas. A publicação do livro “Mario Carneiro  Trânsitos”,  vem preencher esta lacuna, evidencia a dimensão da obra do artista e colabora para acrescentar informação à história da arte brasileira recente.

 

Os textos do curador, poeta e crítico de arte Adolfo Montejo Navas, do jornalista, escritor, pesquisador e crítico de cinema, Carlos Alberto Mattos e de Fabiana Éboli, artista plástica, professora e pesquisadora de artes visuais, respondem eficientemente ao conceito central do livro que é a ideia do trânsito do artista pelas diferentes linguagens. Dividido em sete capítulos com cerca de 300 imagens, a edição descortina a vasta produção visual do artista multimídia reconhecido como o grande fotógrafo do Cinema Novo. Sua atividade profissional nos meios cinematográficos dispensa apresentação. Contemplado com o Prêmio Procultura de Estímulo às Artes Visuais – 2010, o livro será distribuído gratuitamente às principais instituições culturais de todo o país.

 

 

Sobre Mario Carneiro

 

Mario Carneiro fez desenho, gravura, pintura, fotografia, cinema e se assumia como pintor. Sua formação universitária foi em arquitetura. Formou-se em 1955 na Faculdade Nacional de Arquitetura, no Rio de Janeiro, paralelamente ao estudo da pintura. O desenho foi uma constante, feito em casa ou no ateliê, nos sets de filmagem ou na prancheta. No período passado na França, fins da década de 1940 e início da de 1950, onde Mario Carneiro conhece Iberê Camargo e com ele estabelece uma amizade e há uma grande produção de gravura, ao lado do estudo da pintura. Nesta mesma época, junto com o pintor Jorge Mori, faz cópias dos grandes mestres no Louvre, exercita a fotografia e logo surge o cinema através de uma câmera presenteada pelo pai por sugestão da irmã. A fotografia em preto e branco atesta, já nos fotogramas da década de 40, um olhar agudo nos contrastes. Em 1953, Mario faz seus primeiros filmes amadores, alguns de caráter experimental e influência dadaísta, entre eles “A Boneca”, com colaboração de Mori. A obra de Mario Carneiro, a maior parte produzida na segunda metade do século XX, é marcada pela passagem da modernidade para a contemporaneidade. Mario fez parte de uma geração de artistas que criou pontes nessa transição, explorando várias linguagens artísticas e deixando uma obra diversa e coerente com seu momento histórico.

 

 

Sobre os autores

 

Adolfo Montejo Navas é poeta, critico e curador independente. Correspondente da revista internacional Lápiz, de Madri, desde 1998, e colaborador de diversas revistas culturais. Ganhou Premio Mario Pedrosa de Ensaio Arte e Cultura Contemporânea (2009, Fundação Joaquim Nabuco). Sua última produção bibliográfica inclui “Anúncios” (Katarina Kartonera, 2012), “O outro lado da imagem – A poética de Regina Silveira” (Edusp, 2012), “Poiesis Bruscky” (Cosac Naify, 2013).

 

Carlos Alberto Mattos é jornalista, crítico de cinema e escritor. Autor de livros sobre os cineastas Walter Lima Jr., Eduardo Coutinho, Carla Camuratti, Jorge Bodanzky, Maurice Capovilla e Vladimir Carvalho. Foi coordenador de cinema do CCBB-Rio e presidente da Associação de Críticos  de Cinema-RJ. Criou o DocBlog (extinto) em O Globo. É editor da revista Filme Cultura.

 

Fabiana Éboli Santos é Mestre em Linguagens Visuais – EBA- UFRJ, artista plástica, professora na Escola de Belas Artes UFRJ. Socióloga, curadora e pesquisadora em artes visuais, com diversos prêmios em seu currículo, exposições e textos publicados.

 

Antonio Dias na Fundação Iberê Camargo

14/mar

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS,  recebe a exposição “Antonio Dias – Potência da Pintura”, com curadoria do crítico Paulo Sergio Duarte, que apresenta um recorte da produção mais recente do artista. As pinturas e esculturas produzidas entre 1999 e 2011 revelam os questionamentos atuais de Antonio Dias, que se volta com força para as questões pictóricas do pigmento, do plano e da composição, afastando-se dos objetos, instalações e telas tridimensionais característicos de sua produção dos anos 60 e 70, a parte mais divulgada de sua obra para o público. “Antonio Dias – Potência da Pintura” é composta, majoritariamente, por obras como “Refém: John Wayne encontra Harum Al-Hashid”, de 2007, e “Fornalha”, de 2006, montagens de telas que se encaixam e sobrepõem, sobre as quais são aplicadas tinta vermelha e branca, cobre, ouro e malaquite, em formas e texturas particulares. Essas composições incorporam traços característicos na trajetória de Antonio Dias, como o retângulo incompleto e o vermelho puro, recorrentes em sua obra desde as fases iniciais. Separando a pintura em elementos, Antonio Dias revela novas possibilidades para a bidimensionalidade da tela – que, em sobreposição, adquire um caráter tridimensional – e para os pigmentos, que se contaminam, fundem e variam.

 

Além das telas, integram a exposição objetos criados em bronze e argila, também parte da investigação mais recente do artista. “Duas torres”, obra de 2002, é composta por peças de bronze moldadas a partir de pilhas de latas, que passam a falsa impressão de um precário equilíbrio, em referência ao ataque terrorista ocorrido em Nova York, em 11 de setembro do ano anterior. Já as pequenas moradias de “Quatro casas” e “O bem e o mal” – algumas em cerâmica, outras em bronze – coexistem lado a lado, com suas portas abertas e objetos em escalas irreais, todas sem teto, obrigando o espectador a olhar do alto, em direção ao chão. No ar, os “Satélites” – peças em bronze moldadas a partir de latas de queijo e penduradas por fios de nylon – puxam o olhar para cima. O humor de Antonio Dias vem personificado na obra “Seu marido”, um boneco amarelo e peludo, sentado no átrio da Fundação, aparentemente apático – até que desperta, treme por alguns instantes e volta à imobilidade inicial, em um retrato divertido e crítico do homem contemporâneo. O público terá a chance de conhecer, no átrio, 3º e 4º andares da Fundação, trabalhos pouco vistos deste importante artista brasileiro e presenciar os desdobramentos mais recentes de sua obra.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em 1944, o artista aprendeu com o avô os rudimentos do desenho e foi aluno de Oswaldo Goeldi. A partir de 65, viveu em Paris, Milão e Nova York e, em 1977, passou uma temporada na Índia e no Nepal, estudando técnicas de produção de papel artesanal. Desde 1988, vive na Alemanha, onde é professor.

 

 

A palavra do curador

 

Esta é uma exposição de obras recentes de Antonio Dias. O bom é viajar pelas telas e pelas outras obras, mas a primeira tentação é compreender “recentes” em um cerco cronológico, pela datação da obra e, a partir do momento atual, recuar relativamente pouco no tempo e marcar assim um período: “recente”, aquilo que data de pouco tempo, novo, fresco. Afinal de contas, é esse mesmo o sentido da palavra. Mas é na sua evidência que o “recente” sutilmente aprisiona o nosso olhar e lhe retira a liberdade. E, tampouco, está livre a obra mantida no interior das barreiras do tempo recente. É uma dupla prisão – do olhar e da obra – construída pela evidência primeira do sentido de um adjetivo – recente – que simplifica em demasia a ordem do tempo. O que quer dizer ser recente? Quer dizer feito há pouco tempo. Aqui, nos últimos quatorze anos. Mas será que o tempo, na obra, se reduz a esse tempo do relógio, da ampulheta ou mesmo do grego cronos? Não, na obra de arte o presente traz uma história e seus fantasmas, e se essa obra é uma aventura que se prolonga ao longo de mais de cinco décadas é, também, uma história de conflitos. O que temos diante de nossos olhos não é uma acumulação de trabalho, nem a acumulação de um patrimônio tal como o capital de um portfólio de aplicações nas bolsas de valores; o que temos é o resultado mais recente de uma luta simbólica entre a matéria e o pensamento que atravessou muitas brigas até chegar a esse ponto; esse é o trabalho do artista. Tampouco temos diante de nós um “resultado”. Estamos diante de momentos de um processo. Veio de antes e prosseguirá. Não se trata, absolutamente, de examinar a obra como processo, de como ela é realizada nos seus métodos do fazer do ateliê, mas como processo de construção de uma vida inteira dedicada à arte. É outro processo, não aquele dedicado a ficar na cozinha do ateliê e examinar os procedimentos do artista nas misturas das tintas, nas camadas e superfícies que se superpõem; estudos de pigmentos e macetes do artífice. O “recente” esconde esses muitos tempos que temos diante de nós; tempos de elaboração de ideias, de suas substituições e de suas lutas para se materializar visualmente.

 

Essa luta para que a potência da arte se afirme diante de nossos olhos é o que está presente aqui nesta exposição.

 

 

De 13 de março a 18 de maio.

Sebastião Salgado – Genesis

O renomado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado apresenta, na Usina do Gasômetro, Porto Alegre, RS, a exposição “Genesis”, que reúne 250 imagens realizadas ao longo de oito anos em viagens por lugares isolados do mundo. Com curadoria de Lélia Wanick Salgado, a mostra faz parte do 7º FestFoto – Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre.

 

 

Aula Magna

 

O projeto chega à capital gaúcha e conta com a presença do fotógrafo, que ministra na sexta, 14, uma Aula Magna, com entrada franca, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS.

 

 

 

Sobre o fotógrafo e a curadoria

 

 

Radicado na França, Sebastião Salgado trabalha com fotografias em preto e branco baseadas em temáticas sociais. O conhecido fotógrafo já conquistou inúmeros prêmios internacionais. “Genesis” retrata animais, tribos e paisagens clicadas em diferentes lugares do mundo, ao longo de 8 anos de viagens. A curadoria da exposição é da mulher do fotógrafo, Lélia Wanick Salgado. No evento, também será lançado o livro Genesis, editado pela editora alemã Taschen e a biografia “Da Minha Terra à Terra”, edição da Companhia das Letras. Sebastião Salgado tornou-se fotojornalista em 1973, profissão que seguiu desde então. Também estudou Economia na Universidade de São Paulo, USP, e escreveu sua tese sobre o assunto em 1969, na França. Formada em Arquitetura pela École Nationale Supérieure des Beaux-Arts de Paris e Urbanismo na Universidade de Paris VIII, Lélia também dedicou sua vida à fotografia. O casal vive na França. O fotógrafo receberá título de Cidadão de Porto Alegre e Lélia Wanick o Diploma de Honra ao Mérito.

 

 

A exposição divide-se em cinco núcleos geográficos:

 

Planeta Sul – Da Antártica e da Patagônia, há paisagens de geleiras e animais como pinguins, leões-marinhos e baleias. Outras fotos mostram a fauna e a flora das Ilhas Malvinas, Argentina, das Ilhas Diego Ramírez, Chile e das Ilhas Sandwich, território britânico, pertencente às ilhas da Geórgia do Sul.

 

 

Santuários – Paisagens vulcânicas e a fauna do arquipélago Galápagos, Equador, além de povos isolados e da vida selvagem na Nova Guiné, na Guiné Oeste, em Sumatra, ilha da Indonésia e na ilha de Madagascar.

 

 

África – Nos desertos da Namíbia e do Saara, lugares pouco visitados. Da vida selvagem, há os gorilas encontrados nas fronteiras de Ruanda, Congo e Uganda. Entre as tribos, estão os Himba da Namíbia, os Dinkas do Sudão e os Omo Sul da Etiópia, além de povos do Deserto Kalahari, em Botswana, e de ancestrais comunidades do norte da Etiópia.

 

 

Terras do Norte – Paisagens raras do Alasca, do Colorado, EUA, e do Parque e Reserva Nacional Kluane, Canadá. Há também cenas do extremo norte da Rússia, incluindo o local de reprodução do urso polar, na Ilha Wrangel, e a península de Kamchatka, na ponta mais oriental do país. O núcleo ainda mostra a população indígena Nenet do norte da Sibéria.

 

 

Amazônia e Pantanal – Na Floresta Amazônica, flagra povos indígenas como os Zo’e do Pará, que até os anos 1980 estavam isolados. Na Venezuela, apresenta o Tepui, as formações geológicas consideradas as mais antigas da Terra. E do Pantanal apresenta a vida selvagem.

 

 

Até 12 de maio.