Exposição “Caro, Cara”.

14/jul

O MARGS, Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, Centro Histórico, Porto Alegre,

RS, apresenta como exposição complementar e em paralelo à mostra individual do artista

Alessando Del Pero, a coletiva temática “CARO, CARA”. Composta de retratos e autorretratos ,

o acervo exibe peças raras como “Retrato de Walmir Ayala”, de Inimá de Paula, “Retrato de

Maria Helena Lopes”, de Glauco Rodrigues A curadoria do evento é de André Venzon.

 

“CARO, CARA”:

 

Artistas participantes: Ado Malagoli, Aldo Locatelli, Alessandro Del Pero,

Alessandro Ruaro, Alexandre Pinto Garcia, Amália Cassullo, Ana Nunes, Arthur

Timótheo da Costa, Bea Balen Susin, Britto Velho, Bruno Goulart Barreto , Carla

Magalhães, Carlos Petrucci, Carlos Scliar, Cláudio Tozzi, Djalma do Alegrete, Edgar

Koetz Eduardo Cruz, Edy Carollo, Elaine Tedesco, Elle de Bernardini, Ernesto

Frederico Scheffel, Ernst Zeuner, Felipe Alonso, Flávio de Carvalho, Flavya Mutran,

Francisco Brilhante, Franz Von Lenbach, Gastão Hofstetter, Gilberto Perin, Gilda

Vogt, Glauco Rodrigues, Guignard, Heloisa Schneiders, Henrique Bernardelli,

Henrique Cavalleiro, Henrique Fuhro, Iberê Camargo, Inimá de Paula, J.C. Reiff

Jacintho Moraes, Jesus Escobar, João Bastista Mottini, João Fahrion, João Faria

Viana, João Otto Klepzig, Jorge Meditsch, José Carlos Moura, José de Souza Pinto,

Juan Uruzzola, Julio Gavronski, Julio Ghiorzi, Kira Luá, Leandro Selister, Leda Flores,

Leo Santana, Lepoldo Gotuzzo, Letícia Remião, Luiz Antônio Felkl, Luiz Carlos

Felizardo, Luiz Zerbini, Magliani, Marcelo Chardosim, Marcos Noronha, Maria

Leontina, Maria Tomaselli, Mariana Riera, Marilice Corona, Mario Agostinelli, Mario

Palermo, Mariza Carpes, Martin Heuser, Miriam Tolpolar, Neca Sparta, Nelson

Wilbert, Patrício Farias, Patrick Rigon Regina Ohlweiler, Ricky Bols, Roberto

Magalhães, Roberto Ploeg, Rochele Zandavali, Rodrigo Plentz, Roosevelt Nina,

Roseli Pretto, Sandra Rey, Sergio Meyer, Silvia Motosi, Sioma Breitmann, Sotero

Cosme, Telmo Lanes, Téti Waldraff, Theo Felizzola, Tiago Coelho, Trindade Leal,

Ubiratã Braga, Vasco Prado, Vitória Cuervo, Walter Karwatzki, Xico Stockinger, ZIP.

 

 

     A palavra do curador

 

O retrato daquele que fica. Dos notáveis e dos anônimos. O

retrato de pompa, da classe dominante, da burguesia.

O retrato do oprimido. O retrato imponente e o impotente. A

rebeldia do retrato. O retrato de família. O nu retratado. O retrato

do ídolo e da criança. O autorretrato.

O retrato imaginário, o anti-retrato.

O retrato como obsessão.

 

 

Caro, Cara…

Retratos correspondentes no acervo MARGS e artistas convidados

 

O retrato enfoca o humano no que possui de mais marcante: o rosto. Seja de perfil, voltado a

três quartos, de corpo inteiro, da cintura ou dos ombros para cima, equestre, de nobres,

militares, políticos ou religiosos; de artistas, personalidades ou marginais, de mulheres e

crianças. O retrato pintado, esculpido em carrara e encarnado − ou cuspido e escarrado como

no popular − desenhado, gravado, fotografado, em preto e branco, colorido, lambe-lambe,

3×4, polaróide, still, grafitado, no Facebook, a selfie…

 

A intensidade e qualidade das obras em retratos e autorretratos do artista italiano Alessandro

Del Pero, serviram de ensejo para a presente exposição Caro, cara, que busca valorizar na

correspondência entre obras do acervo do MARGS e artistas convidados, o que identificam a si

mesmo e ao outro por meio do olhar. Portanto esta é uma curadoria endereçada mais aos

artistas do que às obras, pois seus retratos representam o lugar mais próximo que podemos

estar deles, aonde o Museu também quer estar: ao lado dos artistas.

 

São diversos os exemplos de quanto este tema fascina os artistas. A começar pela literatura,

podemos citar o polêmico “O retrato de Dorian Gray” (1890), de Oscar Wilde, que faz uma

crítica social e cultural da sociedade britânica à sua época; o autobiográfico “O retrato do

artista quando jovem” (1916), de James Joyce, em que recorre a fases da sua vida para

construir o personagem alter ego do autor; o épico “O retrato” (1951), da trilogia “O Tempo e

o Vento”, de Érico Verissimo, cuja atmosfera histórica evoca na passagem do tempo as

gerações que se sucedem; até o romance “O pintor de retratos” (2001), de Luiz Antônio de

Assis Brasil, que expõe os questionamentos e contradições de um pintor frente à sedução da

fotografia.

 

No cinema, no filme de Giuseppe Tornatore, Stanno tutti bene (1990), Marcello Mastroianni

interpreta um pai que ao sair em viagem para rever os filhos exibe vaidoso pelo caminho uma

foto das suas crianças, fantasiadas como atores de ópera. O diretor ao introduzir esta imagem

do retrato como objeto de construção da sua narrativa visual, além de fazer uma rica menção

ao teatro, coloca-nos no lugar do personagem, que ao sentir saudade recorre ao álbum para

lembrar-se do outro.

 

É claro que nas artes plásticas também são inúmeras as criações que têm o retrato como

assunto central, a começar pelo quadro mais célebre da história da arte a enigmática Mona

Lisa (1503-1517), de Leonardo da Vinci. Ainda, entre as 12 obras de arte mais famosas de

todos os tempos, figuram nove retratos, como o revelador “Retrato do artista sem barba”

(1889) de Vincent van Gogh e o zeloso “O retrato do Dr. Gachet” (1890) do mesmo artista,

além das pinturas “Garota com brinco de pérola” (1665), de Veermer, que revela a intimidade

de uma modelo anônima; a familiar cena “Mulher com sombrinha” (1875), de Monet, cujo

enquadramento mais casual já é uma influência direta da fotografia; assim como o

descontraído “O almoço dos remadores” (1881), de Renoir; ou o angustiante “O grito” (1893),

de Munch; em contraste ao apaixonado “O beijo” (1909), de Klimt; até a inspiradora “Dora

Maar com gato” (1941), musa e amante, do cubista Picasso.

 

Segundo o filósofo francês Merleau-Ponty (1908-1961) “o retrato celebra o enigma da

visibilidade”, pois cada um tem sua própria história e devaneios. Por isto mesmo, o interesse

em revelar o retrato do contemporâneo, a partir do retrospecto deste gênero artístico no

acervo do MARGS, foi desde o início o principal objetivo deste projeto curatorial, que mostra a

diversidade da face do artista e seus pares, ao longo de obras da coleção que recuam há um

século e meio, até chegar à contemporaneidade que faz do retrato, enquanto disfarce sua

faceta mais interessante da liberdade de expressão do nosso tempo.

 

Há que destacar, porém, que o contínuo processo histórico ao longo do século passado de

transformação do sujeito retratado − apesar de representar uma revolução visual, entretanto,

passou por períodos de exceção em que o retrato do indivíduo ficou marcado pela

deformação. Foi desfeito, para não dizer destruído, durante os períodos de guerra e regimes

totalitários, causando a perda da identidade, da voz e da imagem, como representação visual

da humanidade. A ponto de, a multidão prevalecer quase totalmente sobre o indivíduo, que

esteve sem nome, sem título, tornando-se precário, excluído, invisível, não sendo mais capaz

nem de ser associado ao rosto que lhe carrega. Uma verdadeira castração psicológica que

transformou o humano em coisa.

 

Contudo, o modo de lidar com a sociedade de hoje não é ignorando-a. Os novos valores

estabelecidos, as mudanças e a rebeldia atual, nos ensinam cotidianamente ver com olhos

mais perspicazes e críticos este mundo de imagens em que estamos imersos.

 

Então, o que a arte e uma exposição de retratos podem nos levar a pensar e imaginar sobre

nós mesmos e o outro?

 

No mundo super contemporâneo, todos carregamos um pedaço de plástico com uma tela de

vidro na mão o dia inteiro… É quase uma extensão do nosso corpo a produzir imagens mobile

compartilhadas via redes sociais. Este tipo de comportamento − se de forma alienada − investe

contra a imaginação e a potência da visualidade. Na contramão deste movimento, a criação

artística assegura a permanência dos signos visuais e ao suscitar múltiplas possibilidades

perceptivas faz da imagem uma força de resistência contra o arbítrio da padronização.

 

Todavia, no campo da arte os retratos e autorretratos permanecem a ser construções de

exposição absoluta do indivíduo, nas quais os artistas se valem do próprio corpo ou do outro

como objeto de representação e veículo expressivo, pelo qual revelam sutis e sensíveis

verdades. Evidenciando, ao final, que a única coisa que podemos salvar é o olhar do outro, e o

retrato − ou o autorretrato, é a imagem pela qual verdadeiramente nos vemos.

 

 

Até 26 de julho.

Vergara no Instituto Ling

11/jul

Com curadoria de Luisa Duarte, a exposição “Carlos Vergara – Sudários”, em cartaz na Galeria

Instituto Ling, Porto Alegre, RS, traz obras representativas do percurso de experimentação do

artista que, desde os anos 80, investiga o campo expandido da pintura, utilizando novas

técnicas, materiais e pensamentos que resultam em obras caracterizadas pela inovação. A

exposição é composta de quatro telas – monotipias sobre lonas, realizadas entre 1999 e 2005

–, nas quais Vergara emprega pigmentos naturais e minérios para transferir texturas para a

tela, explorando, assim, o contato direto com o meio natural.

 

 

Uma grande instalação inédita, intitulada “Sudários”, apresenta 250 monotipias realizadas em

lenços de bolso, resultados de viagens para diversas regiões do mundo, como São Miguel das

Missões, Capadócia, Pompéia e Cazaquistão. Completam a exposição dezenas de fotografias

em pequeno formato com os registros das ações que originam os “Sudários”, sublinhando

assim a importância do processo para a obra como um todo. A exposição tem patrocínio da

Fitesa e financiamento do Governo RS / Sistema Pró-Cultura / Lei de Incentivo à Cultura.

 

 

 

Sobre o artista

 

 

Carlos Vergara possui uma obra extensa e consistente, que vem produzindo desde os anos

sessenta e que lhe conferiu posição de destaque na arte contemporânea brasileira. Nascido na

cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 1941, Vergara iniciou sua trajetória nos anos

60, quando a resistência à ditadura militar foi incorporada ao trabalho de jovens artistas. Em

1965, participou da mostra Opinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, um

marco na história da arte brasileira, ao evidenciar essa postura crítica dos novos artistas diante

da realidade social e política da época. A partir dessa exposição formou-se a Nova Figuração

Brasileira, movimento que Vergara integrou junto com outros artistas, como Antônio Dias,

Rubens Gerchmann e Roberto Magalhães, que produziram obras de forte conteúdo político.

 

 

Nos anos 70, seu trabalho passou por grandes transformações e começou a conquistar espaço

próprio na história da arte brasileira, principalmente com fotografias e instalações. Desde os

anos 80, pinturas e monotipias tem sido o cerne de um percurso de experimentação. Novas

técnicas, materiais e pensamentos resultam em obras contemporâneas, caracterizadas pela

inovação, mas sem perder a identidade e a certeza de que o campo da pintura pode ser

expandido. Em sua trajetória, Vergara realizou mais de 200 exposições individuais e coletivas

de seu trabalho, dentre elas a Bienal de Medelin 1970, Bienal de Veneza de 1980, Bienal de

São Paulo edições de 1963, 1967, 1985, 1989 e 2010, Bienal do Mercosul edições 1997 e 2011.

 

 

 

Até 23 de agosto.

Horizontes artificiais – Na Marsiaj Tempo Galeria

09/jul

A Marsiaj Tempo Galeria, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou a exposição “Horizontes
artificiais”, individual de fotografias de Kilian Glasner. O tom pink é o fio condutor de todas as imagens deste fotógrafo internacional. Todas as paisagens clicadas por Kilian Glasner que recebem esse matiz exibem um efeito surpreendente aos olhos do visitante que visualiza panoramas com muitos dos quais mantém familiaridade. Cidades como Los Angeles e Rio de Janeiro passam po esse processo criativo do artista.

Trajetórias em Processo 3

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a partir do dia 15 de julho, a exposição “Trajetórias em Processo 3”, com 28 de obras de dez artistas selecionadas pelo curador Guilherme Bueno. Como nas edições anteriores, a ideia da exposição é apresentar trabalhos de artistas “cuja produção encontra-se em um momento decisivo, marcado pela consolidação da maturidade poética”. O curador ressalta que não há um fio condutor nem tema comum entre os trabalhos, a não ser o fato de todos os artistas estarem em um momento profissional semelhante. No entanto, é possível ter algumas leituras acerca das obras.

 

 

Na exposição, serão apresentadas obras em diferentes técnicas e suportes, como pinturas, desenhos, fotografias, objetos, esculturas e instalações, produzidas entre 2010 e 2015 pelos artistas Andrei Loginov (Berlim), Anton Steenbock (Rio), Daniel Albuquerque (Rio), Daniela Mattos (Rio), Fyodor Pavlov (Moscou), Guilherme Dable (Porto Alegre), Lucas Sargentelli (Rio), Marina Weffort (São Paulo), Romy Pocztaruck (Porto Alegre) e Thomas Jefferson (Rio), que não fazem parte do grupo representado pela galeria.

 

 

No dia da abertura, o artista Lucas Sargentelli fará uma performance nas redondezas da galeria. “Trata-se de uma caminhada em que se perceberão detalhes arquitetônicos, texturas e outros aspectos do percurso. É uma proposição que ele desenvolve já faz algum tempo”, explica o curador Guilherme Bueno. Durante a caminhada, alguns elementos coletados na rua serão levados para a galeria e expostos no contêiner, que fica no terceiro andar.

 

 

 

A palavra do curador

 

 

“Podemos às vezes pensar cruzamentos entre a abordagem de cenários e paisagens pela Romy e a Daniela, mas eles têm caminhos e significados próprios. Em outros casos, refletir sobre a escultura contemporânea nos casos do Daniel, Thomas, Anton e Marina. Seguindo um outro percurso, a relação com a bidimensionalidade nas pinturas do Guilherme e nas obras da Marina. Contudo, minha ênfase é justamente na diversidade e independência, privilegiando uma visão aberta da produção contemporânea, deixando que nesse caso, os pontos de contato entre as obras se façam intuitivamente.”.

 

 

“Os artistas convidados a participarem da edição de 2015, cada um por um viés próprio, apontam-nos para um feixe – dos inúmeros possíveis – a atravessar a condição atual da arte. Com isso pode-se explorar desde o paradoxo de uma tradição do readymade (passando, ademais por outro paradoxo – o dele ver-se exposto a uma irônica paráfrase de artesania), à obsedante inquietação provocada pelo poder conferido às imagens ou, igualmente desafiador, a possibilidade de a arte – independente ou decididamente crítica ao seu sistema assentado – tensionar sua lógica produtiva (que pode abarcar o debate em torno de sua institucionalização ou uma estrutura de trabalho a extrapolar a convencional rotina do ateliê).”.

 

 

“Um aspecto presente em todas as edições é a atenção à pluralidade de linguagens, privilegiando um olhar aberto sobre a arte contemporânea, afortunadamente irredutível a simplificações. Isso nos leva, inclusive, a refletir o quanto, nesse contexto, uma certa dinâmica de heterogeneidade e hibridismo permite, inclusive, que práticas mais atreladas a uma ‘historicidade’ da arte (como, por exemplo, a pintura e a escultura), para além da assimilação de questões vindas de outros meios, se vejam dispostas a rearticular seus próprios termos.”.

 

 

 

De 15 de julho a 22 de agosto.

Conversa com a artista

08/jul

A Galeria de Arte Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, convida para a “Conversa com a Artista Patrícia Francisco”, dia 15 de julho, quarta-feira, às 19h. A conversa terá como ponto de partida o processo de criação de “Slide”, sua atual exposição na galeria. Com curadoria de Elaine Tedesco, a mostra apresenta um conjunto de trabalhos que privilegia o uso do vídeo e da fotografia para desenvolver versões do real.

 

 

Sobre a artista

 

Mestrado em Artes – ECA/USP, 2008. Orientação Artística com Carlos Fajardo, São Paulo (2005-2007). Graduada em Artes – IA/ UFRGS. Representada pela Galeria Mamute em Porto Alegre-BR. Artista residente “Programa Internacional de Residências Artísticas”, Fundación ‘ACE, Buenos Aires-AR (2014)  Programa”Obras em Construção”, Casa das Caldeiras, São Paulo-BR (2011). Obras em Coleções: Museu de Arte Contemporânea–MAC (Porto Alegre-BR) Fundação Vera Chaves Barcellos – FVB (Porto Alegre–BR); Videothèque Joaquim Pedro de Andrade – Maison du Brésil – Cité Internationale Universitaire (Paris–FR). Principais Exposições Slide (individual), Galeria Mamute, Porto Alegre/ RS. (junho/2015) De Longe, de Perto, curadoria Angélica de Moraes, Galeria Mamute, Porto Alegre/ RS; Sul-Sur 2014, Espacio de Arte Contemporáneo – EAC, Montevideo, Uruguay ; X Muestra Monográfica de Media Art – Festival Internacional de La Imagen, Manizales, Colombia., 4o Prêmio Belvedere Paraty de Arte Contemporânea (Artista Finalista), Casa de Cultura, Paraty/ RJ;10o Salão de Arte Contemporânea, Marília/ SP; (Prêmio Prata Banco Bradesco); A Inventariante, VIDEOAKT 03 –Bienal Internacional de Vídeo Arte, Barcelona/ES; Entre, curadoria Ana Zavadil, MAC RS, Porto Alegre/RS.

 

 

Quando: 15 de julho – 19h – Rua Caldas Júnior, 377, 3º and.

As figuras de Florian Raiss

07/jul

A Galeria Lume, Jardim Europa, São paulo, SP, expõe “Mitologias Pessoais”, do artista plástico brasileiro Florian Raiss, com curadoria de Paulo Kassab Jr. A mostra é composta por 250 azulejos, 4 desenhos e 8 esculturas, trabalhos inéditos da produção mais recente do artista, resultado de sua atitude contemplativa em relação ao universo que o cerca, sendo a figura humana seu foco principal. Em “Mitologias Pessoais”, o artista expõe peças elaboradas por meio de três tipos de técnicas distintas: azulejos em cerâmica pintados em baixo esmalte, esculturas em cerâmica e bronze, e desenhos em aquarela. Em comum, entre todas as obras, as figuras masculinas, femininas e mitológicas que habitam o inconsciente do artista.

 

 

 

Regido por uma motivação inata a sua existência, Florian Raiss desenha desde criança. Este impulso inventivo atiça a imaginação do artista, que transfere para o trabalho questões existenciais e curiosidades particulares, no intuito de enxergar a si próprio em sua criação. “Cada obra é o pedaço de um mosaico que poderá se tornar um espelho. Minha obra sou eu.”, comenta. Aliando técnica e disciplina à prática do cotidiano, Florian Raiss reúne as informações que observa ao seu redor e elege o ser humano como centro de sua criação, pois acredita que, na figura humana, o universo está condensado em todo seu mistério, beleza e complexidade.

 

 

 

Apesar de certa atmosfera teatral que envolve as personagens do artista, sua real proposta é criar objetos de contemplação, apenas. No entanto, para alguns, a sensação é de assistir a uma peça, com atores “fictícios”. “Alheio a conceitos e definições complexas, o artista cria pela necessidade de relatar, em íntimas mitologias, a sua própria existência.”, comenta o curador Paulo Kassab Jr. A coordenação é de Felipe Hegg e Victoria Zuffo

 

 

 

De 14 de julho a 25 de agosto.

“Ficções, curadoria de Daniela Name

A mostra “Ficções” reúne obras em várias linguagens e contará com performances na abertura na Caixa Cultural, Galeria 3, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A exposição “Ficções”, mergulha no universo da narrativa de alguns dos maiores artistas contemporâneos em atividade no país tomando como ponto de partida o livro homônimo publicado pelo mestre argentino Jorge Luis Borges, em 1944. Com curadoria da crítica Daniela Name, a mostra reúne mais de 40 obras entre pinturas, instalações, vídeos e outras linguagens de 33 artistas brasileiros.

 

 

Durante a abertura, o artista Jozias Benedicto apresentará a performance “Escrita automática”, e Delson Uchôa percorrerá as ruas do Centro do Rio em direção à CAIXA Cultural com a ação performática “Bicho-da-seda urbano”. “Ficções” também assinala a pluralidade da arte brasileira. Além de apostar na força da cena carioca, a mostra reúne obras de artistas de outras cidades e, também, de alguns que moram há muito tempo no Rio.

 

 

“Recursos narrativos como a alegoria são muito importantes quando o assunto é arte brasileira. Esta é uma mostra formada a partir das encruzilhadas entre a arte contemporânea e a literatura, o cinema, o teatro e a música, entre outras linguagens. Em nenhum momento estamos ilustrando o livro de contos”, afirma Daniela Name.

 

 

 

Criatividade e imaginação

 

 

Ficções propõe ao espectador uma viagem pela narrativa por meio das obras dos artistas e começa no foyer da CAIXA Cultural Rio de Janeiro com a exposição de uma kombi batizada de “Catarina”. A instalação integra o trabalho “Fala dos confins”, de Virginia de Medeiros, uma das artistas vencedoras do Prêmio CNI Sesi Senai Marcantonio Vilaça. As esculturas “Bichos-da-seda”, de Delson Uchôa, pontuarão o caminho do visitante até o segundo piso, onde ele será recebido pelo trabalho “Lista de coisas brancas”, de Raquel Stolf, além de uma instalação de Andrey Zignnatto feita com tijolos, e um conjunto de trabalhos de Vitor Mizael.

 

 

O público também apreciará as pinturas inspiradas em viagens de Julia Debasse e a obra “Satélite”, de Ismael Monticelli. Fotos de Delson Uchôa serão vizinhas dos trabalhos de Marilá Dardot. O público verá, ainda, as pranchetas de Reginaldo Pereira e Marcelo Moscheta. Já Guilherme Dable apresentará aquarelas. Rosângela Rennó produziu o vídeo “Vera Cruz” – só com falas e nenhuma imagem – sobre a chegada de Pedro Álvares Cabral à Ilha de Vera Cruz, primeiro nome do Brasil. O artista paulistano Luiz Zerbini apresenta sua pintura monumental “A onda”, seguida de três fotos de Adriana Varejão: “Canibal e nostálgica”, “Castelo da sereia” e “Castelinho de areia”.

 

 

A curadoria recupera um trabalho do início da carreira de Marcos Chaves, o hoje histórico “Não falo duas vezes”, e o aproxima de “I love you”, colchão e jardim de tecido criado por Ana Miguel. A obra de Lourival Cuquinha propõe uma reflexão sobre capital e utopia e a figura do dinheiro como uma grande ficção. Na última ala, “Ficções” apresenta pinturas de Daniel Lannes, o vídeo “Buruburu”, de Ayrton Heráclito, “Escoras”, de Alessandro Sartore, conjuntos de trabalhos de Pedro Varela e Marcone Moreira, e o perfil “@Desdicionário”, no qual Daniela Belmiro reinventa definições de palavras nas redes sociais.

 

 

 

Artistas participantes

 

 

Adriana Varejão, Alessandro Sartore, Ana Miguel, Andrey Zignnatto, Ayrson Heráclito, Barrão, Daniel Lannes, Delson Uchôa, Elisa Castro, Guilherme Dable, Ismael Monticelli, Jozias Benedicto, José Rufino, Julia Debasse, Lia Chaia, Lourival Cuquinha, Luiz Zerbini, Marcelo Moscheta, Marilá Dardot, Mayana Redin, Marcone Moreira, Marcos Chaves, Mario Grisolli, Nazareno, @Desdicionário(Daniela Belmiro), Nino Cais, Pedro Varela, Raquel Stolf, Reginaldo Pereira, Rosana Ricalde, Rosângela Rennó, Virginia de Medeiros e Vitor Mizael.

 

 

 

De 11 de julho a 06 de setembro.

A influência de Picasso

A exposição “Picasso e a Modernidade Espanhola”, que reúne obras de Pablo Picasso e de outros artistas espanhóis, chegou ao Rio de Janeiro. A exposição, com aproximadamente 90 obras de 37 autores, aborda a contribuição de Pablo Picasso ao cenário espanhol e internacional da arte e a influência do fundador do cubismo e de seus contemporâneos. A maioria das obras de Picasso e dos demais artistas pertencem ao Museu Rainha Sofía de Madri.

 

 

Entre as obras de Picasso presentes na mostra destacam-se Cabeza de Mujer (1910), Busto y Paleta (1932), Retrato de Dora Maar (1939), El Pintor e la Modelo (1963) e Mujer Sentada Apoyada Sobre los Codos (1939). Entre as pinturas, esculturas, desenhos e gravuras da mostra também destacam-se as obras Siurana, el Camino, de Miró; El Violín, de Juan Gris e Composición Cósmica, de Óscar Domínguez.

 

 

A mostra está dividida em oito salas, entre as quais “Picasso: O Trabalho do Artista” e “Picasso, Variações”, que mostram a relação do artista com a modernidade e sua diversidade criativa. Uma terceira sala entra no imaginário do artista para tentar descrever como ele concebeu “Guernica” e inclui estudos da obra sobre o bombardeio nazista sofrido por essa cidade. Os outros espaços mostram de forma transversal a relação do pintor malaguenho e dos demais modernistas espanhóis.

 

 

 

Até 07 de setembro.

Metamorfoses e Heterogonia

Para ocupar o Projeto Parede do segundo semestre de 2015, o MAM-SP, Portão 3 do Parque

do Ibirapuera, convidou o artista Walmor Corrêa que apresenta a obra “Metamorfoses e

Heterogonia”, feita especialmente para o corredor de acesso entre o saguão de entrada e a

Grande Sala do museu.

 

A produção do artista destaca-se pela profunda pesquisa sobre temas históricos e científicos e

envolve o olhar do estrangeiro (através de cartas ou desenhos) sobre o novo mundo. Assim,

Walmor aproxima a relação entre arte e ciência e atribui verossimilhança às narrativas

fantásticas em solo brasileiro. Com diferentes técnicas e linguagens como desenhos, dioramas,

animais empalhados e emulações de enciclopédias, cartazes e documentos, Corrêa recria

histórias que vão dos mitos populares brasileiros (como Curupira e sereias) até os relatos dos

primeiros naturalistas viajantes dos trópicos.

 

Para o MAM, o projeto consiste numa interferência arquitetônica que dá acesso a um novo

setor fictício dentro do museu sob o termo Setor de Taxidermia. Na sequência, é encontrado

um grande diorama que representa o mapa do estado de São Paulo, com destaque para o

planalto, a serra e o litoral sul – locais por onde os jesuítas passaram, e que registra,

sobretudo, o caminho por onde o Padre José de Anchieta passou e, possivelmente, encontrou

os animais descritos e resignificados pelo artista.

 

O mapa conta com cerca de 15 animais empalhados dispostos sobre as possíveis áreas de

localização, confeccionados pelo artista por processo de metamorfose, unindo cabeças de

roedores a corpos de aves. É importante frisar que nenhum animal foi sacrificado para a obra.

Os corpos dos bichos estrangeiros foram comprados em lojas autorizadas para este fim.

 

“No mês de outubro, o MAM apresenta o 34º Panorama da Arte Brasileira que dá destaque a

artefatos arqueológicos pré-coloniais cujos significados são enigmáticos e referências

históricas. Para criar um diálogo maior entre as mostras, o MAM nos pediu a indicação de

artistas para ocuparem o corredor. Pensando nisso, é fortuito que tal projeto prepare uma

zona indistinta entre ciência e arte, pesquisa e narrativa, história e ficção, e o trabalho do

Walmor Corrêa oferece uma relação tênue com a exposição de outubro”, afirma Paulo

Miyada, um dos curadores ao lado de Aracy Amaral.

 

Metamorfoses e Heterogonia parte de um estudo de anotações sobre a fauna e flora

brasileiras encontradas em cartas escritas pelo padre José de Anchieta (1534-1597), que

identificavam espécies de pássaros inexistentes, cuja preciosa descrição refletia o pioneirismo

da observação de Anchieta, que era um exímio pesquisador. Ao invés de censurar os

equívocos, Walmor Corrêa propõe um desdobramento imersivo, dando a eles sustentação.

“Desta forma, crio seres empalhados e dioramas que atestam as descrições do século XVI, com

pássaros que se alimentam de orvalho e outros que são ratos com asas”, descreve o artista. A

obra constitui um recorte fictício de um museu de história natural e, ao mesmo tempo, dá

embasamento sobre a história real dos jesuítas no Brasil ao reproduzir o caminho percorrido

por Anchieta no estado de São Paulo.

 

 

Sobre o artista

 

Natural de Florianópolis, Walmor Corrêa cursou as faculdades de Arquitetura e de Publicidade

e Propaganda na UNISINOS (Universidade do Vale do Rio dos Sinos – São Leopoldo).

Atualmente, vive e trabalha em São Paulo. Participou da Bienal de São Paulo, em 2004; além

da Bienal do Mercosul e do Panorama de Arte Brasileira, do MAM, em 2005; foi recentemente

laureado com uma bolsa de pesquisa e produção pelo Smithsonian Institution nos Estados

Unidos; dentre outras exposições nacionais e internacionais.

 

 

De 07 de julho a 11 de setembro.

Guignard no MAM-SP

O MAM-SP, Portão 3, Parque do Ibirapuera, SP, apresenta a exposição “Guignard – A memória plástica do Brasil moderno”. A curadoria é do crítico de arte Paulo Sergio Duarte.

 

 
A palavra do curador

 
Guignard e o arquipélago moderno no Brasil

 
Um dos férteis caminhos para se pensar a formação da arte moderna no Brasil é uma metáfora geológica. Imaginemos um arquipélago em formação, com ilhas de diferentes altitudes, umas mais elevadas, outras menos. Estamos bem antes de um território contínuo, de um continente, como veremos se formar a partir dos anos 1950, com a assimilação das linguagens construtivas do segundo pós-guerra, no qual as linguagens das obras promovem um intenso diálogo entre si, independentemente das relações pessoais entre os artistas.

 

A ideia do arquipélago vem do caráter idiossincrático das linguagens exploradas, já modernas, que, entretanto, não conversam umas com as outras, cada uma buscando seu próprio caminho. Poderíamos pensar o início da formação desse arquipélago com algumas ilhas já decididamente modernas, por exemplo, Almeida Júnior (1851-1899), Castagneto (1851-1900), Eliseu Visconti (1866-1944), essas ilhas irão se multiplicar com Anita Malfatti (1889-1964), Tarsila do Amaral (1886-1973), Lasar Segall (1891-1957), Goeldi (1895-1961), Di Cavalcanti (1897-1976), Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), Ismael Nery (1900-1934), Pancetti (1902-1958), Candido Portinari (1903-1962), Cícero Dias (1907-2003), entre tantos outros. Para o impulso multiplicador, teve papel importante, entre outros fatores, uma vontade de ser moderna, que aflige a cultura brasileira ao longo das primeiras décadas do século passado e se consubstancia na Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo. Trata-se, agora, não só de experiências modernas isoladas – como os romances de Machado de Assis e Lima Barreto, ou a poesia dos simbolistas Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens –, mas também de uma atitude de combate sistemático, conduzida por artistas, escritores e intelectuais, contra os valores acadêmicos que ofereciam obstáculo à modernidade. Entre as ilhas modernas desse arquipélago, encontra-se uma de elevada altitude: a obra de Alberto da Veiga Guignard (Nova Friburgo, RJ, 1896 – Belo Horizonte, MG, 1962).

 

O lirismo de Guignard é único em nossa modernidade. As paisagens e festas que muitas vezes fazem flutuar – numa atmosfera azul acinzentado, às vezes muito escuro – edificações, casas, igrejas, junto a balões, parecem expor uma fenomenologia do aparecimento, tal como os desenhos e monotipias de Mira Schendel, e as pinturas de Rothko. É como se a arte flagrasse o momento em que as coisas surgem, antes mesmo de encontrarem seu lugar definitivo em um terreno. Os retratos de Guignard, juntamente com as paisagens, são outros capítulos privilegiados da obra do artista.

 

Seriam muitos os retratos em que poderíamos nos deter, mas os autorretratos, perseguidamente realizados ao longo de décadas, apontam para o lábio leporino que, segundo seus biógrafos, interferiu decisivamente em sua existência, particularmente, na vida amorosa. Mas, surpreendentemente, não se intrometeu na vida do educador. Guignard foi um grande formador de artistas, utilizando-se de gestos e da voz deformada pela deficiência; era capaz de ensinar e, de suas escolas, saíram grandes artistas, antes no Rio de Janeiro e, particularmente, na experiência desenvolvida em Belo Horizonte, a partir de 1944, convidado pelo prefeito Juscelino Kubitschek. Das lições de Guignard, é preciso lembrar aquelas do desenho, recordadas por um dos nossos maiores artistas, seu discípulo Amilcar de Castro, sobre o uso do lápis duro, o grafite seco que não permitia correções. Errou, tem que assumir. E, segundo Amilcar, do desenho ensinado por Guignard, deriva toda sua obra escultórica. Não é pouco.

 

Diz-se que sua obra é decorativa; Matisse também foi um grande revolucionário decorativo. Agradar aos olhos, hoje, pode ser um pecado, mas, quando uma grande obra se emancipa na modernidade, trazendo prazer à contemplação, e apresenta, com ela, momentos de reflexão junto com o prazer de olhar, é tudo de que precisamos. Aqui, ela está apresentada, com momentos de alguns de seus contemporâneos. Espera-se que o prazer de olhar seja acompanhado pelo gozo do pensar.

 

Paulo Sergio Duarte

 

 

A partir de 07 de julho.