Brasileiro na Colômbia

17/out

 

A Galeria LUME (de São Paulo, SP), dando seguimento a sua agenda de feiras internacionais, participa da edição 2014 da Odeón – Feria de Arte Contemporáneo, em Bogotá, capital da Colômbia. Para seu espaço, a galeria propõe um stand solo do artista paulista ZNORT, com obras das séries “Horizontes” e “Falhas Miméticas”.

 

Na maioria de seus trabalhos, ZNORT cria narrativas a partir de uma tradição popular brasileira, porém imprimindo uma visão de mundo que permite leituras distintas das questões culturais ali inscritas.

 

Em “Horizontes”, o artista explora temas como a relação homem versus natural, espaços de tempo naturais e geológicos, tempo versus força. Imagens visíveis e o invisível são captados, mesclando matérias de carga simbólica distintas, de materialidades opostas, porém complementares, como a madeira e o metal, madeira e pedra, etc.

 

“Falhas Miméticas” apresenta bonecos que começam como homens e, com a evolução, acabam adquirindo, tal qual um mímico, características de outras espécies ou objetos.

 

“Na série de ZNORT, essa transformação é tão forte que este homem de madeira passa a achar que é o próprio ser mimetizado”, comenta Paulo Kassab Jr., diretor cultural da LUME.

 

Com este conceito de artista único, a Galeria Lume marca sua estréia nesta feira que representa um importante mercado latino americano, firmando sua posição no cenário internacional e conquistando novas oportunidades para os artistas por ela representados.

 

 

De 23 a 26 de outubro.

Casa Daros, Rio – Dada on tour

16/out

A Casa Daros, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta “Dada on tour – Zurique 2016”, uma videoinstalação itinerante que antecipa o centenário do movimento Dada, em parceria com o Cabaret Voltaire e Whitebox Arts Center. A curadoria é de Adrian Notz, diretor do Cabaret Voltaire – bar lendário criado em 1916 por um grupo de artistas exilados: Hugo Ball, Tristan Tzara e Hans Arp, entre outros, que deu início ao movimento Dada – e Juri Steiner, diretor administrativo do espaço. “Dada on tour” é uma tenda itinerante, que desde este ano percorre várias cidades ao redor do mundo até culminar com um grande congresso no verão de 2016 em Zurique, Suíça, com um painel com os participantes da viagem realizada em vários países.

 

A tenda móvel, que será instalada no pátio interno da Casa Daros, abrigará a videoinstalação em três canais e com um único áudio em comum. A estrutura da tenda em si contém diversas inteferências, grafismos e pinturas relacionadas ao Dada. Cadeiras e almofadas serão colocadas para o público. A ideia do projeto é propiciar um intercâmbio entre os estudiosos do Dada no Brasil, e, junto com a equipe de arte e educação da Casa Daros, estimular jovens artistas e o público para que vejam o quão vivo está o movimento Dada ainda nos dias de hoje. Pretende-se ainda criar uma troca com a produção artística local em torno dos conceitos caros ao Dada: “embriaguez, corpo e dança, o livre pensar da mente na arte e poesia, mágica, ready made e o grande dada ‘não!’”, se entusiasma Juri Steiner.

 

“Dada on tour” começou com muito sucesso em maio deste ano em Nova York, seguindo em junho para Hong Kong.  É uma realização da associação Dada 100 Zurique 2016, em parceria com o Cabaret Voltaire, em Zurique, e o Whitebox Arts Center. Realização: Kunstumsetzung GmbH. Som: Iris Rennert. Pintura: Andy Ineichen. Film: Sonja Feldmeier. Colaboração científica: Aline Juchler. Logística: Yves Bisang, Isabelle Deconinck, Juan Puntes (Whitebox). Os curadores dizem que estão “extremamente honrados pela parada na Casa Daros, no Rio, por alguns dias, como nosso pequeno e fácil de carregar dada-travel-kit”.

 

 

O MOVIMENTO DADA

 

O Dadaísmo – ou simplesmente Dada – se constitui em um dos mais relevantes legados culturais da cidade de Zurique. No início de fevereiro de 1916, um grupo de artistas exilados – Hugo Ball, Tristan Tzara e Hans Arp, entre outros – abriram uma taberna de cerveja na Spielgasse 1, no coração da Cidade Velha.  O bar se chamava Cabaret Voltaire, e ali eles definiram a criativa destruição do significado, empregando ao fim muitos e variados esforços artísticos.  Oriundo da repulsa à Primeira Guerra Mundial e contra o conceito de nação embutido nela, os artistas escolheram o nome ao acaso, com um estilete inserido em um dicionário, e gostaram da palavra “dada”, afeita a qualquer idioma, e lembrando a fala desarticulada de um bebê.

 

A partir do Cabaret Voltaire, o Dada se apropriou de toda a cidade, se espalhando a seguir para todo o planeta. O questionamento categórico de todo e qualquer conceito estabelecido em arte, literatura, filosofia e política era batizado em Zurique como Dada. E daquele momento até os dias de hoje permanece como a tentativa de vanguarda radical dos artistas em derrubar fronteiras e em desafiar ideias testadas – uma estratégia que é tanto válida hoje como era há cem anos.  Então, Dada permanece relevante quando se aproxima das questões sociais e culturais, e isto conta para o seu sucesso em criar uma ligação entre o então e agora.

 

 

DADA 100 ZÜRICH 2016

 

Fundada em 2012, a associação Dada 100 Zürich 2016 é responsável por planejar e executar o Jubileu Dada em Zurique. Os membros da Associação são: Markus Notter (presidente), Peter Haerle, Jürgen Häusler e  Franziska Burkhardt. Seu diretor administrativo é Juri Steiner.

Para isso, recebe o apoio de um comitê formado por diversas instituições e personalidades da cultura, sociedade e economia suíças. Tanto a cidade como o Cantão de Zurique, bem como o Departamento Federal de Cultura da Suíça dão substancial suporte ao Jubileu Dada. Museus e instituições, iniciativas independentes, festivais e patrocinadores estão envolvidos no evento.

 

 

CABARET VOLTAIRE

 

O Cabaré Voltaire é o local onde em 1916 um grupo de artistas exilados fundaram o Dada, no centro velho de Zurique. Para o centenário, o Cabaré Voltaire oferece informações sobre os vários projetos e iniciativas envolvidas.

 

 

De 22 a 26 de outubro.

Geraldo de Barros no IMS

15/out

O Instituto Moreira Salles, Gávea, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta a exposição “Geraldo de Barros e a fotografia”. Com mais de 300 obras, essa é a maior exposição do designer, pintor e fotógrafo já realizada no Rio de Janeiro. A mostra resgata aspectos históricos e o caráter experimental da obra fotográfica do artista, enfocando sua relação com as gravuras e pinturas realizadas entre os anos 1940 e 1990. A curadoria é da pesquisadora Heloisa Espada, coordenadora de artes visuais do Instituto Moreira Salles. No dia da abertura, às 18h, ocorrerá visita guiada com a curadora e a artista Fabiana de Barros. E, às 16h, será exibido gratuitamente o filme “Sobras em obras”, de Michel Favre na sala de cinema.

 

Geraldo de Barros e a fotografia é organizada em três núcleos. O primeiro deles aborda a série fotográfica Fotoformas, produzida entre os anos 1940 e 1950. Serão mostrados exemplos das primeiras fotografias e desenhos feitos pelo artista no imediato pós-guerra, período em que ainda estava envolvido com uma pintura gestual de influência expressionista, monotipias que testemunham o início de seu envolvimento com a arte abstrata e pinturas concretas realizadas na década de 1950, quando o artista era membro do grupo Ruptura. Essa produção será mostrada lado a lado com as diversas experimentações fotográficas realizadas por Barros em Fotoformas: detalhes que enfatizam a estrutura geométrica de objetos do cotidiano; imagens borradas; solarizações; fotografias realizadas a partir de negativos pintados e riscados com instrumentos de gravura; fotografias abstratas realizadas a partir de múltiplas exposições do mesmo negativo; montagens de negativos etc.

 

Geraldo de Barros produzia fotografia, gravura e pintura de forma concomitante, e as diversas técnicas faziam parte de um mesmo processo criativo. Com o intuito de aproximar o público desse rico processo de trabalho, serão mostrados exemplos de negativos riscados pelo artista, bem como folhas de contatos originais que evidenciam as diferentes formas de intervenção na fotografia feitas pelo artista. Nesse núcleo, o visitante encontrará também um grande número de cópias vintage, oriundas de diversas coleções institucionais e privadas, que evidenciam as preocupações formais do artista ao ampliar suas imagens.

 

Com o objetivo de enfocar os modos originais de exibição das fotografias de Geraldo de Barros, a primeira sala da exposição será dedicada à exposição Fotoforma, que o artista realizou no Masp, ainda localizado na Rua 7 de Abril, no centro de São Paulo, em 1951. Serão mostrados documentos fotográficos, notícias e críticas sobre aquela que foi a primeira exposição fotográfica do artista.

 

O segundo núcleo da exposição é dedicado às pinturas realizadas pelo artista nos anos 1960 e 1970. Assim como outros pintores concretos de sua geração, nessa época, Geraldo de Barros se aproximou da Pop Art e da chamada Nova Figuração, que retomava a arte figurativa no contexto da cultura de massas. Ele pintava sobre fragmentos de outdoors publicitários, apropriando-se das fotografias usadas nos cartazes. Ao destacar o aspecto grotesco e invasivo da propaganda, as obras assumem um forte teor crítico.

 

A terceira parte da exposição aborda a série Sobras, realizada em seus últimos anos de vida, um momento em que o artista se encontrava parcialmente paralisado por uma série de isquemias cerebrais que sofreu a partir dos anos 1970. Após anos afastado da fotografia, Geraldo de Barros volta-se para seu arquivo de fotos de família guardado ao longo de décadas. Com a ajuda de uma assistente, ele corta, risca e monta pequenos fragmentos de negativos 35 mm sobre placas de vidros.

 

Geraldo de Barros e a fotografia mostrará pela primeira vez o conjunto completo de 268 colagens de negativos e positivos sobre vidro realizado por Geraldo de Barros no fim dos anos 1990, além de cerca de 70 fotografias ampliadas a partir dessas pequenas colagens. Dessa maneira, a série Sobras será apresentada como um intenso e fértil processo de trabalho, no qual, mais uma vez, Geraldo de Barros se distanciou do caráter documental da fotografia, manipulando-a e transformando-a de diferentes maneiras.

 

A exposição e o catálogo que a acompanha são frutos de uma parceria entre o Instituto Moreira Salles e o Sesc/SP, a instituição brasileira detentora da maior coleção fotográfica do artista, que apresentará Geraldo de Barros e a fotografia em 2015.

 

 

De 18 de outubro a 22 de fevereiro de 2015.

Bienal de Veneza

A Fundação Bienal de São Paulo anuncia a nomeação do crítico e professor Luiz Camillo Osorio como o curador da participação oficial brasileira na 56ª Esposizione Internazionale d’Arte – La Biennale di Venezia, que acontece entre os dias 09 de maio e 22 de novembro de 2015 nos espaços do Giardini e Arsenale. Cauê Alves foi designado curador assistente. Curador geral 56ª Exposição Internacional de Arte – la Biennale di Venezia: Okwui Enwezor.

 

 

Sobre os curadores

 

Luiz Camillo Osorio, Rio de Janeiro, 1963, Brasil, professor de estética no departamento de Filosofia da PUC-RJ e curador-chefe do MAM Rio, realizou importantes projetos curatoriais no Brasil e no exterior, entre os quais “Iberê Camargo: Um trágico nos trópicos” (Fundação Iberê Camargo/CCBB-RJ), “O Desejo da Forma” (Akademie der Künste, Berlim, 2010), “MAM 60” (2008) e “Haus der Kulturen der Welt” (Copa da Cultura Berlim, 2006). É autor de “Razões da Crítica” (Zahar) e de livros monográficos sobre Flavio de Carvalho, Abraham Palatnik e Angelo Venosa (CosacNaify).

 

Cauê Alves, São Paulo, Brasil, 1977, mestre e doutor em filosofia pela USP, professor da PUC-SP e do Centro Universitário Belas Artes, desde 2006 é curador do Clube de Gravura do MAM-SP. Realizou, entre outras curadorias, “MAM(na)OCA: arte brasileira do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo” (2006), “Quase líquido”, Itaú Cultural (2008) e “Mira Schendel: avesso do avesso” (2010), Instituto de Arte Contemporânea. Foi curador-adjunto da “8ª Bienal do Mercosul” (2011) e um dos curadores do “32º Panorama da Arte Brasileira” do MAM-SP (2011).

 

 

Sobre a participação brasileira na 55 ª Bienal de Veneza

 

A mais antiga das grandes mostras internacionais de arte, a Bienal de Veneza oferece, a cada dois anos, uma grande exposição coletiva e dezenas de pavilhões nacionais. O pavilhão do Brasil, por sua vez, construído em 1964 no espaço mais prestigiado do evento italiano, o Giardini, é o lugar onde o próprio país escolhe e expõe artistas que a cada nova edição o representam. Desde 1995, a responsabilidade por essa escolha foi outorgada pelo governo Brasileiro à Fundação Bienal de São Paulo, reconhecimento da grande importância da instituição – a segunda mais antiga no gênero em todo o mundo – para as artes visuais do país.

 

Desde 1995, as participações brasileiras no evento são organizadas em colaboração conjunta entre o Ministério das Relações Exteriores – mantenedor do pavilhão brasileiro -, o Ministério da Cultura – por meio do aporte de recursos da Fundação Nacional de Arte (Funarte) – e a Fundação Bienal de São Paulo – responsável pela escolha do curador e produção das mostras. “A organização da participação brasileira nas Bienais de arte e arquitetura de Veneza já faz parte da tradição da Fundação Bienal, uma instituição independente, respeitada internacionalmente e comprometida com o pensamento e a produção da arte contemporânea”, afirma Luis Terepins, comissário da exposição e Presidente da Fundação Bienal de São Paulo.

 

 

 

 De 09 de maio a 22 de novembro de 2015.

​Penna Prearo na Lume

A Galeria Lume, Itaim Bibi, São Paulo, SP, inaugura a exposição “Portal de Alice em Atlantis”, individual do fotógrafo Penna Prearo, com curadoria de Agnaldo Farias. A série composta por 21 fotografias abrange elementos da pintura e do cinema, com uso de equipamentos visuais acessórios como filtros, prismas, lanternas mágicas, caleidoscópios, entre outros, perfazendo um recorte da produção recente e da pesquisa atual do artista. A coordenação é de Paulo Kassab Jr. e Felipe Hegg.

 

A individual de Penna Prearo é composta por obras de diversas séries, como Ballerinas – em que o fotógrafo utiliza mosquiteiros de tule incorporados a cenários variados, como se os elementos interagissem entre si em uma apresentação de balé -, Falange Ciclope – cujos personagens, desta vez, são representados por rodas de bicicletas -, Carrossel para um Kubrick Solitário – onde um cavalinho de madeira aparece sempre no clima fantástico característico de sua obra -, Portal de Alice – série composta por cenas que parecem parodiar a realidade, entre outras.

 

Em uma miscelânea de alusões e temas para a composição de suas fotografias, Penna Prearo realiza confrontos e tensões entre imagens, enfatiza a cor em seus trabalhos e destaca um repertório que vai de Alice no País das Maravilhas (de Lewis Carroll, publicado em 1865), inserindo a fábula na lendária ilha de Atlantis, ou Atlântida, criando seu universo individual.

 

Nas séries de Penna Prearo, o registro fotográfico não se presta a apenas registrar coisas e situações comuns. Sua função ultrapassa esse patamar onde cria cenas de sonho, reais ou imaginárias, parafraseando a realidade. Seus trabalhos remetem a recortes de narrativas não lineares e à realidade cultural e underground das cidades por onde passa.

 

 

A palavra do curador

 

Penna Prearo habita um mundo ainda incógnito para nós, um universo de fábulas e desvarios, com influências que não vem de ilusões, mas das existências ali vividas. Em sua obra, nada surge da casualidade, cada escolha vem de uma razão bem pensada, de referências artísticas principalmente pictóricas e cinematográficas. “Portal de Alice em Atlantis” mostra fragmentos do planeta homônimo onde o fotógrafo vive, com narrativas elaboradas como um diretor que constrói cenas e inventa cenários. As situações retratadas tem personagens tão improváveis quanto um mosquiteiro de tule, um cavalinho de pau, a cabeça de uma escultura clássica, duas rodas de bicicletas ou um hidrante, que o artista, em suas infatigáveis peregrinações, percebe e trata como personagens enigmáticas, poderosas em suas presenças silenciosas. “Sua poética afigura-se como um diário do maravilhoso que ele consegue fazer irromper de um cotidiano que os tristes e desavisados supõem comum.”

 

 

 

 Poema do artista

 

“Albergaria de seres transmutantes,

portas de entrada de Alices fugazes,

sistemas organizados,

desertores procurando

lascas de um tempo curvado.

Flechadas de luz farpada

em alvos transitórios.

Translúcidas paisagens

convidando para uma viagem

num transatlântico enfurecido

com bilhete só de volta.

Um dia mais, um dia menos.”

 

 

De 23 de outubro a 28 de novembro.

Transparência cromática

A Mercedes Viegas Arte Contemporânea, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta exposição individual – com pinturas inéditas – de Adriano de Aquino. Dando segmento à pesquisa pictórica iniciada em 2007, o artista aprofundou seus experimentos sobre os suportes metálicos e sintéticos – aço/alumínio e acrílico  – e intensificou sua busca pela transparência cromática, explorando as possibilidades expressivas de pigmentos e substratos de última geração. As obras da mostra foram realizadas utilizando resina sintética poliuretano sobre placas de aço carbono ou alumínio.

 

De acordo com Adriano de Aquino, “…as obras dessa exposição são como espelhos/imagem que, pra lá da interpretação subjetiva, refletem situações mutáveis da obra no plano físico. Incorporando ao campo da pintura as ocorrências simultâneas que acontecem nos encontros entre observador e objeto. As cores e formas intrínsecas à pintura estão presentes, todavia, a superfície espelhada reflete os acasos e incita no olhar estímulos mutantes provenientes das mudanças de luz e do entorno onde nos deparamos com os objetos no mundo real”. O ambiente circundante é sugado pra dentro, tomado pela cor da tela.

 

 

Sobre o artista

 

Adriano de Aquino atua no campo das artes desde os anos 1960, quando participou da hoje mítica exposição “Opinião 65”, organizada por Ceres Franco e Jean Boghici, no MAM-RJ. Após um período de sete anos residindo em Paris, retornou ao Rio na década de 1980 onde, além de dar seguimento a carreira profissional como artista, foi presidente da Associação de Artistas Plásticos Profissionais e Secretário de Cultura do Estado do Rio de Janeiro entre os anos 2000 e 2003.

 

 

Até 07 de novembro.

Curadoria de Angélica de Moraes

A Galeria Mamute, Centro, Porto Alegre, RS, apresenta a exposição “De Longe e de Perto”, com curadoria da crítica de arte Angélica de Moraes. A mostra marca o novo posicionamento da galeria e apresenta seus representados:  Antonio Augusto Bueno, Bruno Borne, Claudia Barbisan, Claudia Hamerski, Clóvis Martins Costa, Danilo Christidis, Dione Veiga Vieira, Fernanda Gassen, Fernanda Valadares, Hélio Fervenza, Hugo Fortes, Ío, Letícia Lampert, Marília Bianchini, Mariza Carpes, Nathalia Garcia, Pablo Ferretti, Patricia Francisco e Sandra Rey.

 

A exposição “De longe e de Perto” propõe uma prática curatorial executada em dois momentos/exposições consecutivos. A primeira mostra resulta de seleção e concepção de montagem à distância, via recursos digitais. A segunda, reúne escolhas presenciais. São duas exposições sucessivas que poderão reafirmar ou substituir obras, gerando novo conjunto e propondo uma avaliação das escolhas efetuadas.

 

 

Sobre a galeria

 

A galeria Mamute realizou em dois anos, inúmeras ações destinadas à produção prática e teórica na área. Propôs diálogos entre o segmento e cruzamentos com produções artísticas contemporâneas, por meio de exposições, palestras, mostras de vídeo, conversas com artistas, lançamentos de publicações, debates, cursos, residências artísticas, entre outros. Com o novo posicionamento, pontuado na sua atuação comercial como galeria de arte, a Mamute propõe instaurar no cenário local um ponto de referência comercial de arte contemporânea no Sul do Brasil.

 

 

De 25 de outubro a 22 de dezembro.

Graciela Hasper na Galeria Oscar Cruz

10/out

Depois de realizar sua primeira exposição na capital de seu país, no MAMBA – Museu de Arte Moderna de Buenos Aires -, Buenos Aires, Argentina, no final de 2013, a artista plástica Graciela Hasper realiza o mesmo feito individual no Brasil. “Obra recente”, é composta de uma instalação e nova série de pinturas e desenhos e o cenário para esta realização é o espaço expositivo da Galeria Oscar Cruz, Itaim Bibi, São Paulo, SP. Graciela Hasper reafirma nesta mostra, toda a sua intensa busca e pesquisa no campo das formas e de suas relações cromáticas.

 

 

A palavra da artista

 

“Sempre pintei círculos e retângulos com suas variações e deformações. Associo o ortogonal com a civilização, com a construção, com a cidade e com a casa. O cubo é a habitação. O quadrado é uma invenção do homem e as formas redondas são as figuras geométricas que se encontram na natureza. A natureza está repleta de círculos: o sol, a lua, os planetas, a gota d’água. E o círculo também é infinito… com algum tipo de pensamento místico. Todo artista abstrato tem uma relação com o absoluto, com o nada… A abstração é como conectar-se com seu interior. Por isso, para mim, a pintura se faz com os olhos fechados. A cor está muito desvalorizada. Há um que de feminino em trabalhar com tanta cor, e a partir daí se apresenta toda uma cadeia associativa com algo menor, secundário. Eu gosto de seguir pelo lado menos valorizado, ir pela margem do caminho, pelo não transitado. Eu gosto de seguir novos caminhos, outras estradas.”

 

 

Até 11 de novembro.

Para rever: Alex Flemming

Fotogravuras, móveis pintados – com escritos – e livros são algumas das obras em exposição Alex Flemming, na Biblioteca Mário de Andrade, Consolação, São Paulo, SP. A mostra tem curadoria de Mayra Laudanna. Nela, Alex Flemming mostra suas experiências artísticas com fotografias e gravuras que começaram na época em que ele era estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

 

Alex é considerado um dos primeiros artistas no Brasil a utilizar essa técnica e, ainda assim, de modo não convencional. O artista interferia nas placas gravadas e após  a impressão da série, destacava alguma área da composição com pinceladas, a exemplo de “Garçom”, que tem a sua gravata borboleta em vermelho. Essas gravuras da série “Paulistana” e as que pertencem a série “Eros Expectante”, estão expostas no terceiro andar da Biblioteca.

 

Ainda nesse espaço, a mostra exibirá dois livros do artista: “Colagens & Desenhos” e “Alex Flemming”, este último feito com mapas do Brasil. No saguão da entrada principal estarão dispostos objetos construídos pelo artista ao longo de sua carreira, móveis e bicho mumificado, que se referem a uma das diretrizes do pensamento de Flemming: dar uma nova vida aos objetos.

 

No salão de leitura, ao qual se tem acesso a partir da avenida São Luís, serão estampadas imagens e carimbado o nome do artista, não só para relembrar procedimentos constantes em suas obras, como também para procurar despertar o interesse do leitor anônimo que usa esse espaço. Com a intenção de instigar o frequentador da Biblioteca e por quem passar por sua entrada principal, na Rua da Consolação, serão impressos nos vidros da fachada retratos que remetem a uma das obras mais conhecidas de Alex Flemming, os painéis com anônimos da Estação Sumaré do metrô.

 

 

Até 01 de novembro.

Guilherme Dable em Salvador

09/out

O artista plástico Guilherme Dable, um dos jovens expoentes da arte contemporânea nacional, faz sua primeira exposição em Salvador na Roberto Alban Galeria, bairro Ondina. Guilherme Dable trabalha com formas geométricas em carvão e acrílica, traduzindo o desejo confesso de abstração diante de um mundo sobrecarregado de imagens. Seus trabalhos são reconhecidos pela crítica e já integram importantes coleções, como as de Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, entre outras.

 

A mostra em Salvador tem um título, no mínimo, intrigante: “Desse lugar entre meio-dia e duas horas da tarde”, reunindo trabalhos em pinturas numa perspectiva que revela o criativo equilíbrio do artista entre a forma e a cor na apreensão dos flagrantes do seu cotidiano.

 

Ao apresentar a mostra, o crítico, curador e estudioso das artes visuais, Guilherme Bueno, enfatiza o papel do desenho nas telas de Dable: “A linha que corre os planos num momento serve para cercar uma área a ser pintada; noutro, delimita a superfície já pintada. Ela se esvai assim do mero caráter projetivo atribuído ao desenho, conferindo-lhe antes um valor de eixo para articular a relação entre esses planos, porém fazendo-o pela anulação de uma estrutura “imediata” de figura e fundo”, diz.

 

 

Reorganizando o mundo

 

Revelando paisagens, o artista aposta num conceito muito particular de abordagem da realidade. Como ele mesmo confessa, o seu trabalho é a maneira que encontrou para “ um reorganizar interno do mundo”. Das caminhadas que faz pelas cidades que se encontra, anotando o que vê em cadernos, fotografando coisas, ele constrói repertório para alimentar o seu ateliê de criações.

 

“Meu trabalho não tem uma figuração explícita, ele alude à cidade, mas na verdade essas anotações sobre a arquitetura, as observações sobre como a luz incide nas coisas pela rua ou como a refração da luz altera a percepção, por exemplo, do que tenho dentro do ateliê em determinada hora do dia, servem como uma espécie de desculpa pra trabalhar, pra mexer com os materiais, pra achar alguma maneira de dialogar com essa experiência quando vou pra frente do suporte”, explica o artista.

 

 

Sobre o artista

 

Guilherme Dable, Porto Alegre, RS, 1976, é bacharel em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com mestrado em Poéticas Visuais. Já participou de coletivas internacionais – como por exemplo, em Londres e Nova Iorque – e realizou seis individuais no país, em cidades como Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Recife.

 

Em 2009, conquistou as suas primeiras premiações, entre as quais é destaque a seleção no Rumos Artes Visuais 2011-2013, maior mapeamento da produção artística brasileira, organizado pelo Itaú Cultural. O último reconhecimento ocorreu em 2013 com a conquista do cobiçado Premio Marcantonio Vilaça, concedido pela Funarte. Além disso, seus trabalhos integram coleções importantes, como Gilberto Chateaubriand/ MAM- RIO; Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS; e Museu de Arte Contemporânea, MAC-RS, Porto Alegre.

 

 

O texto do curador

 

Há duas cenas marcantes da história da pintura na metade do século XX: a primeira, mais conhecida, é a sequência com Jackson Pollock filmada por Hans Namuth, na qual ele comenta rapidamente seu método de trabalho, logo a seguir “demonstrado” em uma tela e um vidro; a segunda, célebre mas menos vista, traz o encontro de Duke Ellington e Joan Miró no ateliê do último em Jan les Pins, no sul da França.  Não é à toa que remetemos a tais referencias para refletir sobre as pinturas de Guilherme Dable. Evidentemente, os sessenta anos que as separam corresponde as diferenças de lugar, prioridades e objetivos. Contudo, servem de pretexto para discutirmos como o artista gaúcho lida com dois termos ali visíveis e correntes em sua produção – a musicalidade e o improviso.

 

Os dois se apresentam principalmente em alguns trabalhos que Dable realiza com seus colegas do Ateliê Subterrânea em Porto Alegre. Neles há a alternância entre composição musical, performance e desenho, criando um “perímetro de energia poética” onde as três linguagens se fundem e se retroalimentam. O improviso ali funciona como um transplante não de uma obra, e sim de uma dinâmica do ateliê enquanto trabalho, isto é, do processo – com suas manobras e soluções – enquanto matéria poética. Nisso eles se desloca da pintura moderna (e os filmes citados testemunham melhor que ninguém) na medida em que tanto no caso de Pollock quanto de Miró / Ellington, a ênfase recaía sobre a correspondência, e não necessariamente sobre a convergência entre meios artísticos. Mas, para nos atermos ao nosso ponto, devemos nos perguntar: o que há e o que não há em comum entre o Dable do ateliê coletivo e o que vemos aqui em sua mostra individual? Esta pergunta se mostra fundamental naquilo em que percebemos suas pinturas como uma condensação num objeto (a tela) daquele campo delineado pela performance. Mais além, nos indaga sobre qual o lugar do improviso – se improviso há – em seus trabalhos. Nesse ponto justo notamos sua incisiva reflexão sobre a pintura.

 

Retornemos momentaneamente a Pollock, tal como o filósofo francês Hubert Damisch analisava sua pintura: “A questão desses entrelaçamentos [ele se refere ao dripping] não é […] um dado sobre o qual a pintura trabalha: ela nasce do gesto, do qual traduz cada um dos desvios, a menor hesitação, as recusas. É a conquista de uma relação imediata […] Um quadro de Pollock não é apenas o resultado de um trabalho, produto acabado que escapa ao produtor, mas o registro das etapas sucessivas de gênese de uma obra em que cada gesto vem, por sua vez, modificar ou completar a estrutura¹”.

 

A lógica aqui descrita é oportuna e permite em certa medida ser transposta para as preocupações de Dable. E nelas sentimos a inflexão, ou melhor, ajuste, entre o improviso e a articulação de uma ordem pictórica. Isso pode ser melhor notado por três fatores: o valor maleável do desenho, o sistema de “cortes” de algumas pinceladas e a equalização de determinadas qualidades plásticas a um meio nem sempre afável a elas.  Desdobremos cada uma das partes.

 

O desenho nas telas de Dable oscila entre uma marcação inicial e uma final. A linha que corre os planos num momento serve para cercar uma área a ser pintada; noutro, delimita a superfície já pintada. Ela se esvai assim do mero caráter projetivo atribuído ao desenho, conferindo-lhe antes um valor de eixo para articular a relação entre esses planos, porém fazendo-o pela anulação de uma estrutura “imediata” de figura e fundo. Ele é um anti-contorno duplamente, naquilo em que não pré-determina o design da pintura, nem produz uma compartimentação que separa em definitivo as áreas, fazendo com que elas se permitam assumir valores conforme as relação com o todo e com segmentos vizinhos. O desenho pode, como dissemos, ser uma marcação final, mas ele não tem um sentido finalista de “concluir” a pintura, de lhe impor o “toque final”.

 

O sistema de “cortes” da pinceladas vai em sentido análogo. A impressão inicial que algumas partes podem suscitar é a de uma geometria, porém o contrário parece ocorrer. Afinal, a geometria é, queira-se ou não, uma estrutura senão aplicada, um instrumental previamente determinado a partir do qual o artista estabelece um método segundo o qual pretende conceituar o espaço dado da tela. Em Dable, as linhas e planos são antes a busca de um modo de definir até onde uma parte se assenta, quando separa ou junta duas áreas, como a pintura se organiza entre a contenção e o transbordamento da tela. Seria lícito, inclusive, perceber que não é contraditória a coexistência entre alguns desses cortes mais secos e a assimilação dos escorridos de tinta, uma vez que ambos trazem a justaposição entre uma dimensão física (a materialidade propriamente dita) e outra ótica (a organização espacial da tela, com seu jogo entre profundidade e superfície) constituintes da pintura, sem fazer a primeira tentar recalcar a segunda.

 

Por fim, o “atrito” entre certas qualidades plásticas e o meio que escolhem. Isto talvez soe estranho, mas se resume ao seguinte desafio: produzir transparências e veladuras com tinta acrílica. As características do acrílico não são das mais afáveis – aliás, tendem muito mais a serem arredias – a tal possibilidade. O acrílico exige execução ágil, na contramão da cadência demorada do óleo, que permite uma acumulação gradativa ou raspagens. A secagem rápida não daria margem para decisões ponderadas mais lentamente, como exigiria a obtenção de uma veladura. Ademais, um plano inferior pode deixar uma “cicatriz” naquele mais externo, dada a corporeidade adquirida pela tinta.  Ou seja, Dable obtém uma qualidade pictórica mediante condições razoavelmente hostis: ela precisa conciliar uma substancial quantidade de intuição com um timming das tintas e misturas de cores num gesto cuja chance do improviso comprometer irremediavelmente a pintura é considerável. Afora isso, há ainda o bom desafio de obter de uma determinada matéria aquilo que ela parecia não oferecer, levando-nos então a reconhecer o quanto um discreto passo é capaz de desencadear um repertório de novos problemas para a pintura.

 

Comprometer-se com a pintura, mesmo sabido que ela não credita mais a sua longa tradição um privilégio hierárquico, não deixa com isso de guardar grandes ambições e expectativas. Depende da sensibilidade em reconhecer diante de supostos limites a fresta que permite esse passo – não para além, nem para trás, tampouco para o lado – certeiro em ativá-la como uma linguagem apta a nos dizer e fazer descobrir sua enorme potência e atualidade.

 

Guilherme Bueno

 

 

De 09 de outubro a 10 de novembro.