Recortes de uma coleção na Ricardo Camargo Galeria

18/nov

 

A Ricardo Camargo Galeria, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, inaugura nova edição do projeto “Recortes de uma Coleção” trazendo uma seleção de fotografias do colecionador Marcelo Cintra, em exposição pela primeira vez no circuito cultural paulistano. Com curadoria de Ricardo Camargo e texto de Diógenes Moura, a mostra exibe 18 fotografias – p&b e cor – de dez autores renomados do circuito brasileiro e internacional, como Begoña Egurbide, Cristiano Mascaro, Mario Cravo Neto, Miguel Rio Branco, Pedro David, Pedro Motta, Pierre Verger, Robert Mapplethorpe, Sebastião Salgado e Tuca Reinés.

 

O recorte elaborado para a mostra é composto por imagens que, de alguma forma, ângulo, ou em algum momento entre o olhar e a apreensão da cena pelo profissional, retrata a figura humana; no todo ou em partes, em movimento ou estático. “O conjunto de imagens escolhido na coleção de Marcelo Cintra trata dessa relação: o fotógrafo e o outro, ele mesmo.”, define Diógenes Moura.

 

Fases representativas dos fotógrafos com trabalhos icônicos das mesmas estarão dispostas lado a lado, formando um painel visual harmônico e ao mesmo tempo diversificado, abrangendo temas dos mais variados como crenças populares, sadomasoquismo e sensualidade, entre outras.

 

A coleção de Marcelo Cintra possui como base primordial o olhar criterioso do colecionador: “…somente compro as fotos que me emocionam; seja pelo tema abordado ou pela técnica utilizada” define Marcelo Cintra. A inclusão da fotografia em seu acervo pessoal ocorreu após uma visita, já há alguns anos, a semana de Fotografia em Madrid; sendo que nos dias atuais estas já respondem por 20% de suas obras de arte.

 

 

De 25 de novembro a 17 de dezembro.

Carlos Huffmann na SIM galeria

14/nov

A SIM galeria, Curitiba, Paraná, apresenta série de pinturas e impressão digital sobre tela do artista plástico Carlos Huffmann. Os quadros são um ponto de chegada por um caminho que vai em paralelo à certos desenvolvimentos da história da arte mais recente, que são resolvidos inteiramente à sua maneira sem a maioria dos temperamentos locais.

 

Os enormes caminhões, centralizados, que protagonizam os quadros são vistos gigantescos e absurdos, mas também extremamente eloquentes e reais como num sonho. São personagens cuja identidade foi criada a partir de uma superposição temporal, e nos falam da resistência insana da cultura marcial dos homens, do desejo de poder e de certa euforia indefinível.

 

As obras expressam a tensão entre a reprodutibilidade direta, a atualidade da fotografia e a intervenção surrealista da pintura. Assistem de maneira alerta e documental à monstruosidade das imagens do presente e a exacerbação por meio da ficção. Apontando sobre esse presente mas recorrendo a um arquivo de imagens e chaves excêntricas entre a fascinação e o horror.

 

O interesse pela overdose de estímulos, a estática cotidiana, a velocidade, o ritmo narrativo vertiginoso das novas formas culturais se mesclam com suas referências de videogames, televisão, desenhos animados, mitologia, psicologia e filosofia. Para Carlos Huffmann o ponto cego mais forte enfrentado ao tentar encontrar sentido no mundo é em relação ao mainstream, que é imprescindível culturalmente. Os conteúdos desta enxurrada de imagens e conceitos determinam em grande parte a forma de compreensão do mundo. O ordinário manda. O sentido comum tem uma face oculta.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em Buenos Aires, 1980, durante a ditadura militar, Carlos Huffmann formou-se em Economia e em 2003 entrou para o Instituto de Artes da Califórnia, o Cal Arts. Suas obras fazem parte da coleção Jorge M. Pérez, Miami, EUA e Tiroche de Leon, Tel Aviv, Israel.

 

 

De 18 de novembro a 20 de dezembro.

Damien Hirts exibe Black Scalpel Cityscapes

12/nov

Detentor do Turner Prize (maior prêmio das artes visuais do Reino Unido) e um dos artistas mais valorizados e polêmicos da atualidade, Damien Hirst recebeu, pela primeira vez , uma mostra individual no Brasil. Autor de obras que surpreenderam o mundo das artes a partir do final dos anos 80 – como o famoso tubarão mergulhado em um tanque de formol (The Physical Impossibility of Death in the Mind of Someone Living) e a caveira humana cravejada de diamantes (For the Love of God) –, o artista inglês inaugurou na White Cube São Paulo, Vila Mariana, São Paulo, SP, a exposição “Black Scalpel Cityscapes”, composta por 17 trabalhos inéditos.

 

Descritas pelo artista como “retratos de cidades vivas”, as obras apresentam uma variada seleção de instrumentos cirúrgicos que são agrupados para criar visões aéreas de espaços urbanizados ao redor do mundo. Nelas, Damien Hirst investiga tópicos relacionados a realidades muitas vezes inquietantes do mundo moderno, como vigilância, crescimento urbano, globalização e a natureza virtual do conflito, assim como elementos que se relacionam à condição humana universal, tais quais nossas inabilidades para frear a deterioração física.

 

Nas novas pinturas – todas em fundo preto –, Damien Hirst agrupa bisturis, lâminas, ganchos, limalhas de ferro e alfinetes de segurança para retratar elementos urbanos naturais e artificiais, como estradas, rios e prédios. Cada obra é inspirada em uma cidade diferente, incluindo zonas de conflito recentes, centros de relevância econômica, político ou religiosa e locais relacionados à própria trajetória do artista. A seleção traz, entre outras, São Paulo, Rio de Janeiro, Washington DC, Roma e o Vaticano, Leeds (onde o artista foi criado), Pequim, Moscou, Nova York e Londres. A história particular das cidades está escrita dentro de sua amplitude geográfica, mostrando como cresceram gradualmente e se desenvolveram ao longo dos anos. Técnicas de padronização, repetição sistemática e uso de grades, marcas registradas vistas em séries anteriores, como “Spot Paintings”, “Colour Charts”, “Entomology Cabinets” e “Kaleidoscope Paintings”, também estão presentes nas novas pinturas. Esta metodologia é essencialmente um exercício em que Damien Hirst aplica ordem ao caos, enquanto reconhece que a ordem ou o controle frequentemente são conceitos que permanecem remotos.

 

A série “Black Scalpel Cityscapes” (em tradução livre, Negras Paisagens Urbanas de Bisturis) faz referência ao procedimento militar conhecido como “ataque cirúrgico” comumente usado em guerras modernas, visando a limitar danos colaterais ao definir áreas precisas para a destruição. A sugestão de um conflito digital, remoto, inevitavelmente camufla as realidades trágicas e devastadoras da guerra. As obras evocam a imagética usada nos curtas “Powers of Tem”, 1968, 1977, de Charles e Ray Eames, bem como as sequências em câmera lenta e em time-lapse de cidades norte-americanas no longa-metragem cult “Koyaanisqatsi” de 1982, de Godfrey Reggio – ambos referências fundamentais no que diz respeito a concepção moderna de vida urbana. As pinturas de Damien Hirst, portanto, fazem alusão inevitável ao “olho que tudo vê”, tais quais ferramentas de vigilância como o Google Earth – usadas hoje por cerca de meio bilhão de pessoas –, cuja origem está em um aplicativo de mapeamento em 3D usado pelo exército americano durante a guerra do Iraque.

 

Damien Hirst  tem descrito os bisturis de aço, objetos recorrentes em sua obra desde o início dos anos 90, metaforicamente como “escuros mas ao mesmo tempo claros”, em referência ao apelo visual da ferramenta de precisão altamente reflexível e também ao temor universal à faca cirúrgica. Ao brincar com o jogo de palavras “surgical strikes” (ataques cirúrgicos), o artista disseca não apenas a preocupação particular com a mortalidade, mas a ansiedade enraizada da sociedade com relação a vigilância, digitalização da guerra e uma remota ordem orwelliana e sua imposição em nossas individualidades.

 

 

Até 31 de janeiro de 2015.

Daniel Melim na OMA

06/nov

Telas, fotografias, gravuras, assemblages, seu Black Book e genialidade reconhecida internacionalmente. É isso tudo que o público pode esperar da exposição “Quintal de Fábrica”, de Daniel Melim, na OMA| Galeria, São Bernardo do Campo, São Paulo, SP.

 

O artista, representado também pela galeria paulistana Choque Cultural, realiza sua primeira mostra individual no ABC após 10 anos de jejum (participou de coletivas nesse período). De lá para cá, o são-bernardense de 35 anos ganhou o mundo ao expor em Londres, em Valência e em museus importantes do Brasil, como MASP, e tornou-se uma referência na stencil art. “Quando recebi o convite percebi que essa era uma oportunidade de fazer um verdadeiro resgate de minha história e aceitei na hora. Sou daqui, meus primeiros passos na arte foram dados nos bairros próximos às indústrias da região, que, em meados dos anos 90, foram embora. Então, a cidade como um todo sempre foi o meu quintal, minha inspiração, de certa forma, e estou grato por poder dividir isso com o público”, conta o artista.

 

Com curadoria assinada por Ananda Carvalho, que integra o Núcleo de Críticos do Paço das Artes, a mostra conta com 11 obras inéditas e foge um pouco do estilo pop art, mais reconhecido pelos admiradores de Melim, ao contar com um ar politizado nos temas das obras. “Essa presença política localiza-se entre a denúncia e a ironia, à medida em que o artista mantém os elementos cotidianos representados em suas cores vibrantes. Eu também destacaria as aproximações entre o estêncil e a pintura na produção do Melim. Em todos os trabalhos da exposição é possível observar questões recorrentes da pintura, como o gesto e a composição temática elaborada com diversos elementos, assim como aspectos da estética por meio da utilização da sobreposição de camadas nas mais diversas materialidades. Aliás, acredito que a exposição também possibilita a experiência de observar esta produção tão complexa com calma e encontrar suas reverberações na vida cotidiana, seja o público da região do ABC ou não”, explica.

 

 

Interesses similares

 

Segundo Thomaz Pacheco, galerista da OMA| Galeria, a aproximação com o artista e o convite para a realização da exposição deram-se por diversas razões, entre elas as afinidades ideológicas do espaço e do artista. “Nossa aproximação com o Melim pode ser considerada natural, já que ele não nega as raízes e tem um trabalho artístico-social relevante na região ao mesmo tempo que trabalha para ter suas obras conhecidas pelo mundo. A OMA tem essa missão também. Queremos ampliar cada vez mais nossas atividades que fomentam a arte, queremos resgatar o valor cultural do ABC e ampliar cada vez mais nossa atuação”, afirma.

 

 

Sobre a OMA | Galeria

 

Primeira galeria de Artes Visuais no ABC, também conta com espaço cultural para a realização de encontros, workshops e debates. Localizada no centro de São Bernardo do Campo, uma das principais cidades da Grande São Paulo, a OMA | Galeria, que está sob os cuidados dos galeristas Thomaz Pacheco (artista e executivo) e Gisele Pacheco (premiada arquiteta e designer), se destaca pelo foco no trabalho de arquitetos, designers de interiores e decoradores, oferecendo obras de arte exclusivas para aqueles que buscam agregar valor aos projetos desenvolvidos, e vem se consolidando como referência em artes visuais na região.

 

 

De 14 de novembro a 20 de dezembro.

EXPOSIÇÃO DESDOBRAS

 

A exposição “desdobras” reúne trabalhos recentes de sete artistas que participam, desde o início do ano, do projeto de residência artística da Casa do Cactus, Alto de Pinheiros, São Paulo, SP. Inaugurada em novembro de 2013 com o propósito de contribuir com o panorama de produção e divulgação de cultura na cidade de São Paulo, a Casa do Cactus é um laboratório onde são desenvolvidas pesquisas e atividades sobre as mais diversas áreas, entre elas música, dança, cinema e artes plásticas.

 

“desdobras”, segunda mostra coletiva realizada na Casa, conta com obras de Janina McQuoid, Manuela Costa Lima, Marília Del Vecchio, Paula Marujo, Taygoara Schiavinoto, Thiago R. e Viviane Vallades, com curadoria de Lara Rivetti. Os trabalhos apresentados, quase todos inéditos, foram desenvolvidos em paralelo a uma série de encontros entre artistas, curadores e equipe de produção, de modo que os diálogos estabelecidos durante esse processo foram decisivos para a conformação final da coletiva.

 

Na abertura de “desdobras”, serão vendidos múltiplos criados pelos artistas que participam da exposição em um evento gratuito e aberto ao público.

 

 

De 13 de novembro a 04 de dezembro.

Em São Paulo e Ribeirão Preto

Desde que inaugurou a unidade de São Paulo em março deste ano – a Galeria Marcelo Guarnieri encerra a programação de 2014 com a coletiva “Contínuo”, unindo, simultaneamente, uma  exposição nas duas unidades, em São Paulo e Ribeirão Preto. A partir do dia 08 de novembro (sábado), no espaço da Alameda Lorena, o público pode conferir as recentes pesquisas de 27 artistas da geração contemporânea, em diversas linguagens como vídeo, instalação, pintura, fotografia e escultura. Destaques para a instalação de Amélia Toledo, para o ensaio sobre a Amazônia do fotógrafo Edu Simões, e para as obras de artistas como Deborah Paiva, Ana Paula Oliveira, Pedro Urpia, Marcus Vinicius, Luiz Paulo Baravelli, Flávia Ribeiro, Gabriela Machado e Rogério Degaki.

 

Dando continuidade em suas pesquisas acerca da pintura tridimensional, Amélia Toledo apresenta a instalação “Sem Título”, como um dos destaques inéditos da exposição. Cordas que pendem do teto ao chão, pintadas na cor azul, verbalizam um convite à relação entre o espaço, a obra e a percepção do público. “Horizonte”, instiga pelo inusitado uso de acrílico com o linho em grande dimensão.

 

Integrante do novo elenco que a galeria exibiu na edição da SP-Arte/Foto deste ano, Edu Simões propõe a série dos anos 80 com 12 imagens intituladas “Amazônia”. Na poética visual do artista, salta aos olhos o uso da linguagem P&B, como contraponto ao imaginário recorrente quando se aborda uma das regiões mais ricas em natureza do país. Há espaço nas fotografias para os nativos e trabalhadores, como para a vegetação e a paisagem com as suas texturas, dobras que criam outras figuras e refletem o papel que o jogo de luzes possui em sua fotografia autoral.

 

Na pintura, o trabalho de Deborah Paiva sugere temas do cotidiano, as relações sociais pensadas a partir das distâncias espaciais e temporais, a impossibilidade dialógica na solidão, como inevitáveis da condição humana. Suas imagens trabalham estes temas, contrapondo-os com o uso da técnica de guache sobre papel. Utilizando uma técnica diversa, a de óleo sobre papel, a artista possibilita outro olhar de seu trabalho em obras como “Dança”, “Sem Título”, “Sem Título” e “Vernissage”, todas de 2014, nas quais os tons de preto e branco prevalecem. Por seu turno, Marcus Vinicius, mostra um desdobramento de sua individual realizada na unidade de São Paulo neste ano.  Em seu universo de pesquisa, manifesta-se sua investigação a partir da materialidade das obras, de um elemento central desenvolvido em quinze anos de carreira, a Estrutura Quadro. O conceito deve ser compreendido como uma estrutura com dimensões pré-estabelecidas, que ligada à parede preserva seus caracteres bidimensionais, cujos elementos podem ser estudados separadamente e repropostos segundo uma ordem estabelecida pelo artista.

 

Ana Paula Oliveira repensa as dimensões das obras na sua pesquisa em “Harbour View”,  ao propor esculturas em pequeno formato. Criando uma espécie de sobreposições de telas de vidros transparentes colocadas assimetricamente lado a lado, os objetos sugerem espaços e perspectivas de olhares em relação com o ambiente. Pedro Urpia mostra o seu “Arquivo à deriva”, um objeto em formato de arquivo, no qual mini portas laterais guardam seis pinturas diferentes. Apresentadas na década de 80 no MAM-SP as icônicas estruturas de metal de Luiz Paulo Baravelli integram-se à exposição com mais uma série de pinturas inéditas. As esculturas vazadas podem ser compreendidas, a partir de suas interações com pontos de apoios, como a parede. Ainda nesta linguagem, duas esculturas de parede em preto e dourado de Flávia Ribeiro. Conhecido pelo seu universo com forte apelo do imaginário lúdico, Rogério Degaki – artista falecido em 2013 – terá duas peças esculturas apresentadas.

 

Num total de mais de 70 obras, o conceito curatorial de “Contínuo”, além da aproximação de diversas linguagens e artistas de vários períodos, insere a possibilidade de conhecer desdobramentos das recentes pesquisas dos 27 nomes que integram a coletiva. “Trata-se de um panorama dos artistas representados pela Galeria”, explica Marcelo Guarnieri. Em março, durante a ocasião de abertura da unidade de São Paulo, o galerista afirmou, ainda, o desejo em propor um intercâmbio entre as duas unidades.

 

“Contínuo” encerra o ano de 2014 na esteira desta proposta, trazendo a mais recente produção artística contemporânea, com nomes como Alice Shintani, Amelia Toledo, Ana Paula Oliveira, Ana Sario, Cristiano Mascaro, Deborah Paiva, Edu Simões, Flávia Ribeiro, Gabriela Machado, Gerty Saruê, Guilherme Ginane, Guto Lacaz, Ivan Serpa, João Paulo Farkas, José Carlos Machado, Liuba, Luciana Ohira e Sergio Bonilha, Luiz Paulo Baravelli, Marcello Grassmann, Marcus Vinicius, Mariannita Luzzati, Masao Yamamoto, Paola Junqueira, Pedro Hurpia, Renata Siqueira Bueno, Rogerio Degaki e Silvia Velludo.

 

 

Abertura em São Paulo: 08 de novembro (sábado), das 10 as 19 horas.

 

Abertura em Ribeirão Preto: 28 de novembro (Sexta-feira), das 19 as 22 horas.

San Poggio na Galeria Oscar Cruz

05/nov

 

O artista argentino San Poggio, inaugura sua primeira exposição individual no Brasil: “A Leitura Submissa”, cujo título tem origem em uma pintura de Magritte chamada “A Leitora Submissa”, e do qual, o artista alterou apenas uma letra.

 

San Poggio vem trabalhando no campo pictórico, desenvolvendo uma série de pinturas em grandes formatos nas quais se desenrolam inúmeras cenas interconectadas. A confecção de sistemas de relações entre elementos e personagens é uma constante em sua obra, que envolvem o espectador em um processo de complexo estudo.

 

Tal complexidade na obra de San Poggio é com frequência interpretada como narrativa. No entanto, o processo de criar pinturas em sistema de “loop” parece contradizer o dispositivo quadro, como recorte ou janela, para um mundo imaginado. A imagem como sistema fechado, cujo espaço retorna sobre si mesmo, como um relato que se reinicia constantemente, reforçando desta forma, a sensação de confinamento e de repetição infinita; provocando uma desorientação no espectador, que não consegue compreender o significado, que parece manifestar-se claramente.

 

Na exposição que apresenta nesta ocasião na Galeria Oscar Cruz, Itaim-Bibi, São Paulo, SP, alguns objetos e elementos extraídos das pinturas surgem no espaço da galeria, em uma série de instalações que ampliam o campo de indagação e de suas possíveis leituras. As pinturas também excedem o campo pictórico, pois o exploram questionando-o sobre sua condição de dispositivo de leitura. O quadro como sistema, revela seu funcionamento quando a repetição, as variações, derivações ou disfunções, contradizem constantemente nossa tentativa de ler nas imagens um discurso articulado.

 

 

 

Sobre o artista

 

Santiago Poggio, La Plata, Argentina, 1979. Vive e trabalha entre Buenos Aires e La Plata.

Anos 2000 – Principais exposições individuais

 

2014 – A Leitura Submissa, Galeria Oscar Cruz, São Paulo, Brasil; 2013 – No one can write a book, Mohs Exhibit, Copenhague, Dinamarca; Alguna Edad de Oro, Museo Emilio Caraffa, Córdoba, Argentina; Moloch, Artis Galeria, Córdoba, Argentina; El tiempo perdido buscando, 2ª Bienal de Arte y Cultura,La Plata, Argentina; Los primeros fríos, Centro Cultural Recoleta, Buenos Aires, Argentina; Madrigales, motosierras y otras cosas, Jardin Oculto Galería, Buenos Aires, Argentina; Recital (Nº2), performance con Lucia Savloff, Jardin Oculto Galería (Buenos Aires, Argentina; 2009 – Recital (Nº1), performance con Lucia Savloff, Museo de Arte Emilio Petorutti, La Plata, Argentina; It’s alive!, Jardín Oculto Arte Museo Contemporáneo, Buenos Aires,  Argentina; San Poggio, Residencia Corazón, La Plata, Argentina; 2008 – La nube rara, Museo Provincial de Corrientes, Argentina; Pinturas, Sudaca Tienda de Arte, La Plata; Caprichos, Paseo de la Imagen 1, Auditorium Centro de las Artes, Mar del Plata, Argentina; 2007 – El vergel de los niños, Cordón Plateado Espacio de Arte, Rosario, Argentina; 2006 – San Poggio, Galería Isidro Miranda, Buenos Aires, Argentina; Obras, Museo de Arte Contemporáneo; Latinoamericano, La Plata, Argentina; 2005 – Noosfera, Centro Cultural Borges, Buenos Aires, Argentina; 2004 – Noosfera, Centro Cultural Islas Malvinas, La Plata, Argentina; 2003 – Noo, Biblioteca Pública de la   Universidad Nacional de La Plata, Argentina; 2002 – Industria Hargentina, Galería Tempesta, La Plata, Argentina; – ARTeMAIl, serie de imagens digitais enviadas periódicamente por correio eletrônico; Espejo, ação em espaço público, Centro de Arte Moderno, Quilmes, Argentina; – Industria Hargentina, Centro de Arte Moderno, Quilmes, Argentina; 2000 – El Gran Asco, Centro Cultural Islas Malvinas, La Plata, Argentina.

 

 

De 18 de novembro a 20 de dezembro.

O TOM DO AZUL

04/nov

O Gris Escritório de Arte, Pinheiros, São Paulo, SP,  abre a exposição coletiva “#kindofblue”, com curadoria de Sue-Elie Andrade-Dé, composta por cerca de quarenta fotografias de Beto Riginik, Cassandre Sturbois, Cholito Chowe, Julia Milward, Gabriela Portilho, Luiz Trezeta e Victor Dragonetti, dois desenhos e uma peça exclusiva do designer de mobiliários e artista plástico Rodrigo Edelstein, além de uma instalação com esculturas, da artista plástica Norma Grinberg, e um livro de Julia Milward. Inspirada na cor azul e em todas as possibilidades criativas que a envolvem, a mostra acontece sob uma perspectiva de improvisação, de multiplicidade, imersa em cores que delimitam o espaço do indefinível, construindo e desconstruindo elementos.

 

Através do tempo, o azul deixou de ser apenas uma cor – evoluiu e se tornou um conceito versátil. Em nossa sociedade, o azul tem o efeito psicológico do frio e da masculinidade, mas é também considerado como a cor da verdade, e de forma mais negativa, da melancolia e da morte. “Quem nunca se assustou ao ver aparecer o famoso ‘blue screen’ na tela do computador?”, comenta a curadora da exposição. Em “#kindofblue”, a intenção é explorar todos esses conceitos, em obras que não necessariamente reproduzem a coloração, mas que, de alguma forma, transmitem as sensações que o azul carrega. Citando algumas peças que fazem parte da mostra, uma fotografia de um crânio humano coberto com tinta azul, de Cholito Chowe; Gabriela Portilho expõe “Luz”, com uma paisagem composta por coqueiros e um fundo degradê com tonalidades que vão do cinza ao azul; Victor Dragonetti apresenta “Ana”, fotografia em preto e branco retratando uma mulher tirando a blusa, sozinha em um ambiente melancólico; e “Ópera do Malandro”, em que Beto Riginik fotografa um homem vestido de mulher em um clima vintage de câmeras analógicas antigas, com fundo que mescla diferentes tons de azul.

 

Para a mostra, destacam-se como referências o famoso disco de jazz de Miles Davis, “Kind of Blue” – do final da década de 1950, composto como uma série de esboços “modais”, com o intuito de deixar os músicos interpretarem as músicas no improviso, da forma mais espontânea possível; O artista francês Yves Klein, que se proclamava dono do céu, inventando o IKB (International Klein Blue), um pigmento azul que tem a capacidade de provocar uma sensação quase perturbadora de proximidade e de infinito simultaneamente; Claude Machurat, psicanalista da Association Lacanienne Internationale pour le Cercle Castellion, que evoca o azul como a “música dos olhos” – fazendo referência ao compositor Frédéric Chopin em sua busca da “note bleue”.
Contribuindo com a proposta original do GRIS Escritório de Arte, “#kindofblue” traz para seu acervo novas linguagens, com foco na fotografia emergente e incentivando projetos singulares, proporcionando ao público a oportunidade de vivenciar uma experiência cultural consistente, em um ambiente criativo e inspirador.

 

 

De 08 de novembro a 20 de dezembro. 

Em Ribeirão Preto

A Galeria Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto, apresenta a exposição individual da artista Elisa Bracher. A artista possui uma produção de mais de duas décadas e transita entre diferentes linguagens como o desenho, gravura, escultura e fotografia. A exposição apresentada exibe trabalhos realizados na década 90 e algumas produções recentes.

 

Ocupando todo o espaço da galeria, as obras são divididas de um lado pelas esculturas de madeira, gravuras e lençóis de chumbo e, do outro lado, pelas esculturas em ferro. Ao percorrer o espaço nos deparamos com as obras que se agigantam em relação ao espectador: o corpo que transita entre os trabalhos é confrontado a criar novas relações espaciais devido às grandes escalas das obras.

 

Esculturas em madeira: os trabalhos de Elisa, pesados em sua estrutura e leves em sua composição visual, sempre estão em tensão. As esculturas de madeira têm em sua composição as marcas do corte e o desgaste do tempo. Elas se equilibram escoradas em sua própria estrutura e em arranjo totêmico exibem toda a sua força e grandeza, maiores que o corpo humano, colocam-se no espaço imponentes a confrontar quem as observa.

 

Esculturas em ferro: as linhas das esculturas em ferro refazem o espaço, não o rebatendo, mas criando outros espaços em sua concepção dentro/fora. Ao avistar o trabalho com um certo distanciamento, as peças remetem a uma ordenação e concepção formalista, de perto isto é quebrado devido à irregularidade do material empregado. Do mesmo modo como nas esculturas de madeira, as marcas do feitio estão presentes, com um maçarico, Elisa esculpe as barras de ferro, dando ao material uma nova forma repleta de textura e deformidades.

 

Gravuras: as gravuras feitas com maquinários industriais evocam uma sofisticada articulação entre técnica/intuição: delicadeza de linhas e massas negras obtidas num processo de gravação de intenso embate entre matéria e ferramenta. Nesta articulação constrói-se uma poética que transita entre paisagens e memórias sob a forma de densas áreas negras e frágeis linhas que cortam o branco do papel.

 

A escala de grande proporção equiparada ao tamanho de um ser humano, repensa a imagem gravada e é observada com determinado distanciamento.  Aqui a gravura traz um embate corpo a corpo com o espectador, convidando-o a integrar e adentrar por entre as linhas que cortam o branco e entre o negro profundo que nos afasta de qualquer definição que limite e determine o espaço, como parede/fundo; finito/infinito.

 

Lençóis de chumbo: Os lençóis de chumbo são recortes que descem em paralelo à parede, possuem uma densidade que, ao contrário da gravura, não nos dá a possibilidade dos brancos, os olhos percorrem a estrutura da obra parando nas linhas formadas pelas sobreposições do material. Tais trabalhos têm um desenvolvimento recente na produção da artista e seguem concomitantes a outras técnicas.

 

 

Sobre a artista

 

Elisa Bracher, nasceu em 1965  em São Paulo, cidade onde vive e trabalha. Formada em artes pela FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado. Foi artista residente no The Article Circle, Noruega, Pólo Norte, 2014; no Atelier Iberê Camargo, 2006 e Out There – Sainsbury Centre For Visual Arts Norwich, Inglaterra, 2005. Participou de diversas exposições individuais e coletivas, destacando-se nas seguintes instituições: MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo; MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; MAM – Museu de Arte Moderna da Bahia; Estação Pinacoteca do Estado de São Paulo; Centro Cultural São Paulo; Museu Nacional Belas Artes; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo; Paço Imperial – Rio de Janeiro; Musée d’Art Contemporain de Bordeaux; Centre de La Gravure et de I ‘Image Imprimée – Bélgica. Seus trabalhos fazem parte de diversas coleções públicas e privadas: Fundação Cultural de Curitiba; Museu Nacional de Belo Horizonte; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte Moderna da Bahia; Centro Cultural São Paulo.

 

 

Até 25 de novembro.

Novo Banco Photo 2014

24/out

Depois de Pedro Motta vencer no ano passado o NOVO BANCO PHOTO (ex- BESphoto),  na edição de 2014 novamente outro brasileiro, a artista Letícia Ramos, é a grande vencedora. Em sua 10ª edição, a exposição dos finalistas, no Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, por meio de uma parceria entre o Novo Banco, o Museu Coleção Berardo e o Instituto Tomie Ohtake, após passar pelo museu português, será apresentada em São Paulo, de 24 de outubro de 2014 a 11 de janeiro de 2015.

 

A escolha de Délio Jasse (Angola), José Pedro Cortes (Portugal) e Letícia Ramos (Brasil) para concorrer ao prêmio foi feita pelo primeiro júri de seleção, que analisou, durante o período definido pelo regulamento, o panorama da produção fotográfica de artistas em Portugal, no Brasil e nos países africanos de língua oficial portuguesa. Compuseram esse júri: Jacopo Crivelli Visconti (Brasil), crítico e curador independente; João Fernandes (Portugal), subdirector do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madrid; e Bisi Silva (Nigéria), fundadora e diretora do Centre for Contemporary Art, em Lagos.

 

Despois desta etapa, os selecionados são convidados a produzir uma obra comissionada, cujo resultado é analisado por outro corpo de jurados para a decisão do vencedor. Esse segundo júri contou com Elvira Dyangani Ose, curadora de arte internacional da Tate Modern, de Londres, Luis Weinstein, fotógrafo e organizador do Festival Internacional de Fotografia de Valparaíso, no Chile, e María Inés Rodríguez, diretora do Musée d’Art Contemporain de Bordeaux, na França.

 

 

Sobre as obras produzidas pelos artistas para concorrer ao Novo Banco Photo

 

Em “Nós sempre teremos marte”, Letícia Ramos, 38 anos, que vive em São Paulo,  procurou fazer uma homenagem à imaginação científica romântica, “aos inventores descobridores de mundos distantes”. A artista foi buscar o título em um jornal que faz uma referência literal à frase “Nós sempre teremos Paris”, do filme “Casablanca”, e à chegada da nave Curiosity a Marte, no ano passado. Este conjunto de obras apresenta-se como uma narrativa de ficção-científica, um inventário de imagens que falam do cientista perdido no tempo e no espaço. A exposição é composta de fotografias produzidas a partir de processo de microfilmagem, assim como de um curta-metragem realizado a partir de miniaturas, mostrando a trajetória de um microsubmarino à deriva nas profundezes de um lago pré-histórico submerso no gelo Antártico.

 

Já o português José Pedro Cortes, 38 anos, nascido no Porto, apresentou “Um Eclipse Distante”, conjunto de imagens em que o autor renova a exploração da relação fotógrafo-modelo. Pos sua vez, o angolano Délio Jasse, nascido em Luanda há 34 anos, criou a série “Ausência permanente”, na qual desenvolve uma reflexão acerca dos vestígios do passado – fotografias antigas sobre a época colonial em Angola – e da sua influência no presente.

 

 

 

Sobre Letícia Ramos

 

Nasceu em Santo Antônio da Patrulha,  RS, 1976. Vive e trabalha em São Paulo. Cursou arquitetura e urbanismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e cinema na Fundação Armando Álvares Penteado. O seu foco de investigação artística é a criação de aparatos fotográficos próprios para a captação e reconstrução do movimento e a sua apresentação em vídeo, instalação e fotografia. Os seus trabalhos, com forte caráter processual, geralmente inserem-se no âmbito de projetos de investigação mais ampla. Em séries como ERBF, Escafandro, Bitácora e Vostok, desenvolve complexos romances geográficos que se desdobram e se formalizam em diferentes mídias. A artista recebeu prêmios e bolsas importantes entre os quais,  o Prémio Funarte Marc Ferrez de Fotografia (2010), para o desenvolvimento do projeto Bitácora (2011-2012), com a publicação do livro de artista Cuaderno de Bitácora e a participação na residência expedicionária «The Arctic Circle» (2011). O trabalho fotográfico realizado durante a expedição foi distinguido com o Prêmio Brasil Fotografia – Pesquisas Contemporâneas (2012). Em 2013, participou no programa «Encontros na Ilha» da 9.ª Bienal do Mercosul. Neste mesmo ano, em residência no espaço PIVÔ (São Paulo), desenvolveu o projeto Vostok, constituído por um filme de 35 mm, um livro, um website e um disco LP. No mesmo ano, seu projeto Microfilme foi contemplado com a Bolsa de Fotografia 2013, do Instituto Moreira Salles e da Revista Zum. Atualmente, em São Paulo, também está em cartaz com a exposição Sabotagem, em parceria com Marcia Xavier, na Casa da Imagem.

 

 

Até 11 de janeiro de 2015.