Julio Le Parc: da Forma à Ação

13/dez

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, apresenta adaptada para seu espaço, a grande retrospectiva de Julio Le Parc, realizada em 2016 no Pérez Art Museum Miami (PAMM). Com a mesma curadoria de Estrellita B. Brodsky e consultoria artística de Yamil Le Parc, a mostra em São Paulo, com patrocínio do Bradesco, apresenta mais de 100 obras que trazem uma centelha de experiências físicas e visuais do consagrado artista. Ao incluir as principais instalações e trabalhos raramente vistos em papel e materiais de arquivo, “Julio Le Parc: da Forma à Ação” é uma exploração da figura central de Le Parc na História da Arte do Século XX.

 

“As investigações de Julio Le Parc sobre as maneiras de engajar e empoderar o público redefiniram e reinterpretaram a experiencia da arte”, afirma a curadora Estrellita B. Brodsky. “Movido por um sólido ethos utópico, Le Parc continua a olhar a arte como um laboratório social, capaz de produzir situações imprevisíveis e de ludicamente engajar o espectador de novas maneiras. Seu posicionamento radical continua cada vez mais relevante após seis décadas”.

 

O artista argentino logo após mudar-se para Paris, tornou-se, em 1960, membro fundador do coletivo de artistas Grupo de Pesquisa de Artes Visuais (GRAV). Ao enfatizar o poder social de objetos e situações de arte não mediados e desorientadores, Le Parc buscou limpar as estruturas e sistemas que separam espectador de obra. Sua inovação no campo da luz, movimento e percepção foi central para os movimentos da arte cinética e ótica da época, servindo suas teorias como veículo de mudança social e política, que continuaram a integrar a vanguarda parisiense de 1960 adiante.

 

Esse espírito da arte como ímpeto social move-se pela mostra em três secções temáticas. A primeira, “Da superfície ao objeto”, reúne trabalhos iniciais em papel e pinturas que mostram o uso de cor como meio de desestabilizar a superfície bidimensional. Estão expostas obras de 1958, com estudos do bidimensional com tinta e guache em papel, assim como pinturas de 1959 até hoje. Também consta nesse segmento, o monumental “A Longa Marcha”, um grupo de 10 pinturas vibrantes que flutuam ao redor de uma parede arredondada.

 

Em “Deslocamento”; “Contorções”; “Relevos”, estão os revolucionários labirintos-instalação, de Le Parc exibidos pela primeira vez como parte da participação da GRAV na Bienal de Paris de 1963, as caixas de luz e obras de contorção. A sequência de três cômodos imbuídos de luz oferece aos espectadores uma experiência sensorial poderosamente desorientadora.

 

Por fim, “Jogo & Política de participação” dissolve os muros físicos e ideológicos que separam espectador, obra de arte e instituição. Precursor do movimento de estética relacional, esse período da carreira de Le Parc considera como a arte pode encorajar uma nova consciência sobre o espaço social do indivíduo.

 

“Acredito que a exposição de Julio Le Parc despertará o mesmo interesse e encantamento do público causado pela mostra de Yayoi Kusama, que realizamos em 2014, por também provocar singular experiência sensorial aos espectadores”, diz Ricardo Ohtake, presidente do Instituto Tomie Ohtake.

 

O trabalho desenvolvido pela curadora Estrellita B. Brodsky é uma pesquisa retrospectiva da abrangente prática de Le Parc e uma análise de seu impacto tanto em seus contemporâneos na América Latina quanto na Europa vanguardista do pós-Guerra e subsequentes gerações de artistas. Apesar do âmbito histórico, a exposição conversa com força com o presente, demandando presença física e perceptiva do público. “Julio Le Parc: da Forma à Ação” apresenta o artista à nova geração, permitindo que cada visitante reaja de forma direta e pessoalmente ao trabalho.

 

 

Até 25 de fevereiro de 2018.

Fuga : Verve e Mezanino juntas

A Verve Galeria, Jardim Paulista, São paulo, SP, em parceria inédita com a Galeria Mezanino, exibe a coletiva “Fuga”. Sob curadoria de Ian Duarte Lucas e Renato de Cara, são propostos 3 diálogos entre 6 artistas de ambas as galerias: Luisa Malzoni e Emídio Contente; Vladimila Veiga e Leo Sombra; e Luciano Zanette e Sergio Niculitcheff. Composta por 25 obras, a expografia pensada para a mostra coloca os trabalhos em contraponto, do qual emergem inúmeras possibilidades de associação. Da música erudita foi emprestado o título da exposição, que investiga processos de espelhamento, modulação, expansão e síntese entre as obras.

 

Assim como nas outras artes, a música possui a capacidade de nos transportar de um lugar a outro num deslocamento, ainda que temporário, da realidade. Palavra do latim que tem o duplo significado de fugir (fugire) e caçar (fugare), a “fuga” é um estilo de composição contrapontística com origem na música barroca, em que as vozes ecoam, uma após a outra, o tema principal, em operações de repetição e contraposição – importante ressaltar que todas as vozes com a mesma importância na composição.

 

Com esta inspiração, a coletiva “Fuga” apresenta diversas linguagens e conceitos, em obras que passam pelas técnicas de escultura, fotografia, gravura e pintura, sempre no intuito de revelar paralelos e correlações entre o trabalho dos artistas.

 

“Pela contraposição, fica evidente a complementaridade entre os processos poéticos de cada um, pois afinal é do encontro que se traça o devir de todo artista”, concluem os curadores Ian Duarte Lucas e Renato de Cara. A coordenação é de Allan Seabra.

 

De 14 de dezembro de 2017 a 20 de janeiro de 2018.

Obra 7 Noites, 365 Dias

11/dez

  1. Pavel Herrera, artista cubano que vive em São Paulo-SP, é representado pela Galeria Sancovsky, Jardim Paulistano, São Paulo, SP. Até o dia 22 de dezembro o público terá a oportunidade de visitar sua primeira exibição individual – “Ponto de Fuga” – na qual apresenta obras desenvolvidas, uma parte em Havana, Cuba, outra em São Paulo. J. Pavel Herrera exibe trabalhos em pintura e desenho, tendo a paisagem como temática que dialoga sobre o fenómeno da insularidade e que traduz o olhar de uma pessoa que nasceu numa ilha.

 

 

Sobre a galeria

 

Localizada na Praça Benedito Calixto em São Paulo sob a direção de Marcos Sancovsky, a galeria tem como objetivo apresentar uma significativa produção de artistas jovens e de artistas já consolidados, que trabalham com diferentes linguagens como pintura, vídeo, escultura, performance, entre outras. Sua programação contempla desde exposições individuais dos artistas representados a coletivas de curadores convidados.

Vik Muniz em Ipanema

 

A Galeria Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, traz para a sua sede carioca “Handmade”, exposição de Vik Muniz, cuja primeira versão foi apresentada em seu espaço paulistano em 2016. A série Handmade chega ao Rio com obras inéditas nas quais Vik renova caminhos e procedimentos presentes em sua produção, ao investigar a tênue fronteira entre realidade e representação, entre o objeto original e sua cópia. Sem recurso narrativo, as obras revelam explicitamente o processo do trabalho, ao mesmo tempo em que brinca com as certezas do espectador.

 

Segundo o artista, o que você espera ser uma foto não é, e o que você espera que seja um objeto é uma imagem fotográfica. “Em uma época em que tudo é reprodutível, a diferença entre a obra e a imagem da obra quase não existe”, diz. Em seu texto sobre a série, Luisa Duarte aponta a dificuldade de se distinguir onde termina a cópia e onde começa a intervenção manual do artista. “É nesse limbo das certezas que o artista deseja nos inserir”.

 

Duarte ressalta que, em Handmade, diferentemente de suas obras realizadas a partir de imagens conhecidas e referências a materiais mundanos, “Vik alude à vasta tradição da arte abstrata, destilando para isso suas fórmulas básicas na criação de maneiras inusitadas de meditar sobre a imagem e o objeto, sobre a ambiguidade dos sentidos e a importância da ilusão”. Em seu texto, Luisa Duarte conclui: “Handmade traça a constante preocupação do artista em transcender as dimensões simbólicas da imagem”.

 

Além da paradoxal relação entre imagem e objeto e do recorrente uso de estratégias ilusionistas – “A ilusão é um requisito fundamental de todo tipo de linguagem”, diz -, esses trabalhos flertam com a arte conceitual e estabelecem um intenso diálogo com a arte abstrata, cinética e concreta. Sobretudo, segundo Vik, pelo interesse comum em relação às teorias da Gestalt, mais especificamente nos campos da psicologia e da ciência.

 

 

Sobre o artista

 

Vik Muniz nasceu em 1961, São Paulo, Brasil. O artista vive  e trabalha entre Rio de Janeiro e Nova York)  e destaca-se como um dos artistas mais inovadores e criativos do século 21. Conhecido por criar o que ele descreve como ilusões fotográficas, Muniz trabalha com uma vasta gama de materiais não convencionais – incluindo açúcar, diamantes, recortes de revista, calda de chocolate, poeira e lixo – para meticulosamente criar imagens antes de registrá-las com sua câmera. Suas fotografias muitas vezes citam imagens icônicas da cultura popular e da história da arte, desafiando a fácil classificação e a percepção do espectador. Sua produção mais recente propõe um desafio ao público ao apresentar trabalhos que colocam o espectador constantemente em xeque sobre os limites entre realidade e representação, como atesta a obra Two Nails (1987/2016), cuja primeira versão pertence ao MoMA de Nova York. Vik Muniz iniciou sua carreira artística ao chegar em Nova York em 1984, realizando sua primeira exposição individual em 1988. Desde então, vem conquistando enorme reconhecimento, expondo em prestigiadas instituições em todo o mundo. Podemos destacar entre elas: Vik Muniz: Handmade (Nichido Contemporary Art, NCA, Tóquio, Japão, 2017); Afterglow: Pictures of Ruins (Palazzo Cini, Veneza, Itália, 2017); Vik Muniz (Museo de Arte Contemporáneo, Monterrei , México, 2017); Vik Muniz: A Retrospective (Eskenazi Museum of Art, Bloomington, EUA, 2017); Vik Muniz (High Museum of Art, Atlanta, EUA, 2016); Vik Muniz: Verso (Mauritshuis, The Hage, Holanda, 2016); Lampedusa, 56a Bienal de Veneza (Naval Environment of Venice, Itália, 2015); Vik Muniz: Poetics of Perceptions (Lowe Art Museum, Miami, EUA, 2015); edição de 2000 da Bienal de Whitney (Whitney Museum of American Art); 46ª Exposição Bienal Media/Metaphor (Corcoran Gallery of Art, Washington, EUA, 2000); e da 24ª Bienal Internacional de São Paulo (1998). Seus trabalhos fazem parte de importantes coleções públicas como a do Museum of Modern Art, Nova York; Guggenheim Museum, Nova York; Metropolitan Museum of Art, Nova York; Los Angeles Museum of Contemporary Art, Los Angeles; Tate Gallery, Londres; Museum of Contemporary Art, Tóquio; Centre Georges Pompidou, Paris; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madri, entre várias outras no Brasil e no exterior. Em 2001, Muniz representou o Brasil na 49a Bienal de Veneza. Muniz também é tema do filme Waste Land, indicado ao Oscar de melhor documentário em 2010, e em 2011, foi nomeado Embaixador da Boa Vontade da UNESCO.

 

 

Até 07 de fevereiro de 2018

Arte Naïf com Jacques Ardies     

 

A Galeria Jacques Ardies, Vila Mariana, São Paulo, SP, inaugurou a “Grande Coletiva de Arte Naïf”, sob a curadoria de Jacques Ardies apresentando mais de 80 obras, de 30 artistas brasileiros. A mostra propõe um destaque à arte popular brasileira com obras que tratam do cotidiano dos artistas e suas experiências de vida.  A exibição, que tradicionalmente encerra a agenda expositiva da galeria, mescla formas distintas de se fazer arte, cada uma com o seu conceito e processo criativo particular.

 

No Brasil, o movimento naïf se consolidou a partir dos anos 1940, com o surgimento das obras de Heitor dos Prazeres e José Antonio da Silva, entre outros. Hoje, o país é um dos grandes representantes deste tipo de arte no mundo, com enormes contrastes territoriais, preservação cultural, capacidade de aflorar novos talentos, mistura de raças e de crenças, sensibilidade inata e alegria contagiante. A chamada Arte naïf é uma expressão artística que surgiu na eclosão da arte moderna. Os artistas naïfs, via de regra, não pretendem seguir as regras da academia, e, por meios próprios, inventam uma linguagem pessoal, expressando suas experiências de vida. Com determinação, buscam superar eventuais dificuldades técnicas, propondo uma arte original, sem compromisso com a perspectiva e executada com total liberdade. A palavra francesa “naïf” foi utilizada para definir o estilo de Henri Rousseau, que apresentava uma arte personalíssima e encantadora.

 

O galerista Jacques Ardies, que adotou o incentivo à Arte naïf brasileira como uma de suas missões, declara que “…esses artistas têm em comum a sutileza com que retratam os temas ligados à natureza e ao dia-a-dia. Usando as cores com habilidade, eles transmitem em cada um de seus quadros a alegria, o lirismo e o otimismo característicos do povo brasileiro”.

 

Na exposição “Grande Coletiva de Arte Naïf”, econtram-se obras assinadas por Ana Denise, Ana Maria Dias, Barbara Rochlitz, Bebeth, Bida, C. Sidoti, Denise Costa, Doralice Ramos, Edgar Calhado, Edivaldo, Edna de Araraquara, Ernani Pavaneli, Enzo Ferrara, Francisco Severino, Helena Coelho, Isabel de Jesus, Ivonaldo, L. Cassemiro, Lucia Buccini, Madeleine Colaço, M. Guadalupe, M. Zawadzka, Maite, Malu Delibo, Mara D. Toledo, Marcelo Schimaneski, Rodolpho Tamanini Neto, Waldomiro Sant’ Anna, Vanice Ayres Leite e Wima Ramos.

 

 

Até 22 de dezembro.

Alex Flemming em BH

A Fundação Clóvis Salgado, Nelo Horizonte, MG, recebe a exposição Alex Flemming “De CORpo e Alma” na Grande Galeria do Palácio das Artes. A exposição ocupa um dos mais importantes espaços expositivos da Fundação e traz uma “retroperspectiva” de 37 anos de produção artística, transitando pela gravura, instalação, desenho, colagem em esculturas e objetos, e pintura sobre superfícies não tradicionais. As obras são agrupadas em séries de formatos e cores, tratando do caráter circular da arte de Flemming, que costuma abordar e ressignificar a mesma temática em diferentes períodos de sua carreira.

 

 

Da colagem à reapropriação

 

A representação do corpo humano, temática frequente na obra de Flemming, abre a exposição por meio de duas coleções pontuais. O expectador poderá conhecer a série Eros Expectante (1980), com14 gravuras com imagem do retrato nu feminino e masculino, e que rendeu ao artista a bolsa de estudos da Fulbright Foundation. Nessa série, utilizando novas técnicas e dimensões da gravura, Flemming reconstruiu negativos fotográficos e ampliou as imagens de forma inovadora para a época. A reapropriação imagética também ocorre em A guerra incompreensível (1982), série com seis imagens de fragmentos de jornais que relatam conflitos de guerra. Escritos em diferentes línguas, as imagens são, segundo Flemming, uma metáfora de denúncia política. Como apontado por Henrique Luz, “essas duas pequenas séries podem ser vistas como um núcleo poderoso de ideias que foram trabalhadas até a exaustão por Flemming, nos oferecendo uma reflexão sobre o mundo em que vivemos”.

 

 

Retratos, cores e códigos

 

 

Em 1998, Flemming realizou 44 painéis em vidro para a Estação Sumaré do Metrô de São Paulo, com fotos de pessoas comuns, às quais sobrepõe com letras coloridas trechos de poemas de autores brasileiros, criando um acúmulo de significados. Um desses vidros estará no percurso da exposição, assim como quatro painéis da série Biblioteca (2016), na qual o artista retratou frequentadores da Biblioteca de São Paulo. Ao final dos anos 1990, com o avanço da impressão digital e recursos de computação gráfica, Flemming constrói a série Body Builders (2000-2006), fundindo fotografias de homens seminus a mapas de regiões em conflito de guerra, como tatuagens. Segundo o curador, Body Builders é um trabalho de denúncia contra a guerra pelo mundo e como os jovens são literalmente marcados por esses conflitos. “A intenção de Flemming ao sobrepor imagens é dificultar a leitura rápida das obras, fazendo o observador desacelerar o olhar para compreender não só o que está escrito, mas o que está codificado”, ressalta.

 

 

Do céu ao caos

 

Na série Anjos e Sereias (1983-1985), o artista se debruça sobre a devoção popular realizando uma releitura cromática de santinhos como o de Iemanjá, São Miguel Arcanjo e Santa Cecília. Ainda dentro dessa temática, Flemming se apropria fotograficamente de várias representações de Cristo e suas proporções áureas encontradas em obras do Barroco Brasileiro e Português. O fascínio da morte também estará representado com pinturas em animais empalhados, série apresentada no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, em 1990, e na XXI Bienal Internacional de São Paulo, em 1991. A série Caos (2008-2015) completa a exposição, composta por pinturas baseadas em fotografias do próprio artista, feitas a partir de 2005, nas quais retrata a vida cotidiana. “Flemming fala sobre a brevidade da vida, sobre a nossa passagem por esse planeta, do caos de onde viemos e para onde retornaremos”, revela o curador. Na parede oposta, estarão várias das roupas que o artista usou durante anos e que foram também pintadas em cores fortes. Sobre elas, Flemming escreveu sentimentos que vivenciou.

 

 

Sobre o artista

 

Alex Flemming nasceu na cidade de São Paulo, em 1954, e reside atualmente em Berlim, na Alemanha. Pintor, escultor e gravador, frequentou o Curso Livre de Cinema na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo, entre 1972 e 1974. Cursou serigrafia com Regina Silveira e Júlio Plaza, e gravura em metal com Romildo Paiva, em 1979 e 1980. Na década de 1970, realizou filmes de curtas-metragens e participou de inúmeros festivais de cinema. Em 1981, se muda para Nova York, onde permanece por dois anos e desenvolve projeto no Pratt Institute, com bolsa de estudos da Fulbright Foundation. A partir dos anos 1990, realiza intervenções em espaços expositivos e pinturas de caráter autobiográfico, passando a recolher utensílios como móveis, cadeiras e poltronas, para utilizar em assemblages, aplicando tintas, letras ou textos. Foi professor da Kunstakademie de Oslo, na Noruega, entre 1993 e 1994. Em 2002, são publicados os livros Alex Flemming, pela Edusp, organizado por Ana Mae Barbosa, com textos de diversos especialistas em artes visuais; Alex Flemming, uma Poética…, de Katia Canton, pela Editora Metalivros; e, em 2005, o livro Alex Flemming – Arte e História, de Roseli Venturella e Valéria de Souza, pela Editora Moderna.

 

 

 Classificação: 18 anos

 

De 13 de dezembro até 25 de Fevereiro de 2018.

Marcelo Guarnieri novo endereço

Prestes a completar 4 anos de atividade na capital paulista, a Galeria Marcelo Guarnieri, atualmente com três unidades – São Paulo, Rio de Janeiro e Ribeirão Preto, encontra-se em novo endereço em São Paulo (Alameda Lorena, 1835 – Jardins). Foi inaugurada com exposição de seu acervo para abertura deste novo espaço. A mostra conta com trabalhos de Sonia Andrade, Luiz Paulo Baravelli, Mariannita Luzzati, Masao Yamamoto, João Farkas, Edu Simões, Pierre Verger, Marcel Gautherot, Niobe Xandó, Marcus Vinicius, Liuba, Guto Lacaz, Gabriela Machado, Flávio Damm, Flavia Ribeiro, Ana Sario, Alice Shintani, Silvia Velludo e Fernando Vilela.

 

Ocupando um espaço maior – com mais dois andares – a galeria planeja apresentar exposições simultâneas em diferentes pavimentos, mantendo, em um deles, o seu acervo aberto para visitas. A ideia é montar exposições no térreo e também no segundo andar, exibindo trabalhos não só dos artistas da casa, como também de artistas convidados.

 

 

Até 27 de janeiro de 2018.

Wesley Duke Lee na Art Basel Miami

07/dez

Wesley Duke Lee Art Institute, de Patricia Lee, anuncia sua primeira participação na Art Basel Miami Beach 2017, por meio de uma parceria inédita entre Ricardo Camargo Galeria e Galeria Almeida e Dale. Inserida na sessão “Survey” da feira internacional, a mostra é ambientada com parte do ateliê-casa onde funciona o Instituto – móveis, fotografias, pincéis e instrumentos utilizados pelo artista etc. -, e apresenta 09 obras criteriosamente selecionadas, realizadas em fases distintas da produção de Wesley Duke Lee, evidenciando seu estilo, a diversidade de seus trabalhos e de suas referências.

 

O início da projeção internacional de Wesley Duke Lee ocorreu após a premiação na Bienal de Tóquio em 1965, e posteriormente também foi selecionado para a Bienal de Veneza em 1966, com a primeira obra arte ambiental “Trapézio”. Durante sua permanência em Nova York, recebeu um convite do diretor do Museu Guggenheim e foi chamado a expor junto aos mestres da Pop-Art – Robert Rauschenberg, Jasper Johns e Claes Oldenburg – na Galeria Leo Castelli. Os trabalhos representativos do período após seu retorno ao Brasil, que causaram grande impacto no circuito local com séries de quadros-esculturas, culminam com os espaços de seus ambientes tornando-se uma das mais originais contribuições à arte contemporânea brasileira. Reconhecido por Helio Oiticica como um dos precursores da “Nova Objetividade”, lembra a historiadora Cláudia Valladão de Mattos. “Sou um artesão de ilusões. O que realmente me interessa é a qualidade da ilusão. Se você conseguir atravessar o espelho e tiver a coragem de olhar para trás, você não vai ver nada”, declarou Wesley em uma de suas entrevistas.

 

 

Após 2 anos da inauguração do Wesley Duke Lee Art Institute, é chegada a hora de recolocar o nome deste importante artista brasileiro no circuito internacional. As obras exibidas no stand da Art Basel Miami Beach 2017 são:

 

(1) Capacete do mestre Khyrurgos, de 1962 – a mais antiga do conjunto, possui enorme importância histórica, pois traz duas fortes tendências na obra de Wesley, o experimentalismo de cunho mitológico e a colagem;

 

(2) A Zona: I Ching, de 1964 – pintura a óleo e colagem sobre tela;

 

(3) Cinco comentários ternos sobre o Japão ou Obrigado Japão!, de 1965 –

 

enfocam diferentes símbolos da cultura japonesa atados por um cordão, formando uma unidade;

 

(4) A Zona: Arino Boa Viagem, de 1969 – obra produzida em Los Angeles, quando viajava com dois amigos;

 

(5) Retrato de Luzia ou a respeito de Titia, de 1969 – nesta série, Wesley agrega objetos e plantas, vegetais vivos às telas, tentando aprofundar o sentido de aproximação de mundos diferentes;

 

(6) O/Limpo: Anima, de 1971 – conjunto de objetos em papier machê, metal, tecidos, madeira, plástico, ferro, palha, terra, pedra e osso;

 

(7) A iniciação do mito de Narcisssus, de 1981 – um retrato inspirado na atriz Sonia Braga, feito em lápis, lápis de cor, guache, nanquim, carimbo, colagem, fita adesiva sobre cartão e papelão;

 

(8) O Salto do Xhaman, de 1982 – tríptico feito com fotos, barbante, pena, fita adesiva, pastel e acrílica sobre cartão;

 

(9) Tantratem, de 1999 – “(…) trabalho que remete à energia sexual do tantra, evidenciando o que sempre foi tão caro à poética de Wesley: a duplicidade dos seus temas, o real e o mágico, o diálogo entre o mundo presente e o mundo dos sonhos”, nas palavras de Ricardo Camargo.

 

 

 

 

De 07 a 10 de dezembro.

Surround por Michael Drumond

Verve Galeria inaugura sua primeira pop-up internacional, em parceria com a Curator’s Voice Art Projects em Wynnwood, distrito das artes de Miami – EUA, exibindo Surround, do artista brasileiro radicado em Nova York Michael Drumondsob curadoria de Milagros BelloComposta por 05 obras da série “Surround – em técnica que combina pintura e fotografia –, a exposição trata da abstração de diferentes estados psicológicos do artistaque revisita momentos originalmente obscuros de sua trajetória, transformando-os em trabalhos caracterizados por sentimentos de beleza e redenção. 

 

Selecionados pela curadora Milagros Bello, os trabalhos ocupam uma sala da galeria em Wynnwood e são impressos em chapas de alumínio de grandes dimensões, no intuito de trazer a experiência imersiva ao espectador, sobre as quais são realizadas as intervenções em tinta esmalte high gloss precisamente pintadas. A série “Surround” explora o grande interesse de Michael Drumond por temas psicológicos, e vem sendo elaborada ao longo dos últimos dois anos, em constante “metamorfose” visual. Nas palavras do artista: “Além da questão conceitual, minhas obras incorporam pesquisas técnicas próprias da nova geração de artistasem que as linguagens se fundem e a tecnologia tem papel fundamental na metodologia e no processo de produção da obra de arte. 

 

O projeto acontece durante a Miami Art Week, que reúne as feiras Art Basel Miami Beach, Untitled, Scope, entre outros eventos paralelos, e atrai pessoas de todas as partes do mundo para a cidade, festejando o fim do calendário do circuito internacional das artes. “Esta iniciativa é o primeiro passo no projeto de internacionalização da galeria, que já representa artistas estrangeiros e propõe o constante intercâmbio de artistas brasileiros em projetos no exterior”, comenta Allann Seabra, que representa Michael Drumond no Brasil pela Verve Galeria.

 

De 08 de dezembro a 06 de janeiro de 2018.

Daniel Feingold na Cassia Bomeny Galeria

 

Cassia Bomeny Galeria, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição individual de pinturas do artista plástico Daniel Feingold. São vinte e quatro obras inéditas, sendo oito pinturas em esmalte sintético sobre tela, que apresentam sua pesquisa sobre trama e estrutura, e dezesseis pinturas em bastão oleoso sobre papel, nas quais a estrutura desconstruída dá lugar a um novo espaço de investigação, numa potente expansão de sua pesquisa construtiva.

 

Os trabalhos foram produzidos este ano, – um panorama da mais recente produção do artista -, que tem trinta anos de trajetória. “A obra que Daniel Feingold vem realizando há cerca de três décadas, de modo extremamente coerente no que tange à sua impecável metodologia de trabalho e consistência intelectual, o afasta dos modismos estéticos e conseqüentemente do marketing promocional, que costuma devastar a produção de tantos artistas”, afirma o crítico de arte Frederico Morais no texto que acompanha a exposição.

 

Para realizar as pinturas, Daniel Feingold não utiliza o tradicional pincel. Em uma técnica desenvolvida por ele em 2013, a pintura é feita entornando as tintas sobre a tela. Ele a coloca na vertical e, através de latas que ele mesmo retorce, criando bicos de diversos tamanhos, derrama a tinta, que escorre verticalmente por toda a tela, formando linhas retas. Ao secar, o artista vira o quadro e repete o procedimento, resultando em diversas linhas coloridas, com espessuras variadas, que se cruzam, se sobrepõem e se entrelaçam. “Não é por acaso, também, que Feingold tenha descartado o emprego de matérias primas, ferramentas e técnicas tradicionais como óleo, vinil, acrílica, pincéis ou espátulas na realização de suas pinturas, optando por usar o esmalte sintético sobre um tecido mais encorpado e resistente, o “terbrim”, não sem antes criar na própria embalagem metálica do produto uma espécie de canaleta que lhe permite controlar a quantidade da matéria a ser liberada e, simultaneamente, impedir que ela se esgarce comprometendo a precisão de seu percurso – que é sempre o de uma queda – na definição das linhas que atravessam o suporte de uma extremo a outro”, diz Frederico Morais.

 

Logo na entrada da exposição estará uma grande pintura, um díptico, em tons de preto, vermelho e branco. Cada uma das telas que compõem a obra possui uma espessura diferente, formando um “degrau”, mas com linhas que se juntam, em uma ideia de continuidade. “As pinturas são planos cromáticos e dobras que se expandem e se entrelaçam. Elas têm a característica de expansão, a ideia é romper a superfície”, conta o artista, que ressalta que essa obra foi o ponto de partida para toda a exposição.

 

Nas obras de Daniel Feingold, a lateral da tela, onde o terbrim dobra no chassi, também é pintada. Lá estão as mesmas linhas contínuas presentes na frente do quadro. “Um visitante mais apressado ou menos atento às sutilezas de sua obra, talvez não se dê conta de que seus quadros não se esgotam nos limites da superfície plana que têm à sua frente. Não porque careçam de molduras, mas porque esse plano costuma ser dobrado nos seus quatro lados. E a rigor poderia prosseguir por traz – o que seria um desperdício, um lesa-prazer. Assim como se juntar a outro, como já aconteceu.  Ou outros mais, iguais ou parecidos, mantendo-se a mesma estrutura linear, porém mudando-se cores. O ponto de encontro entre elas criando módulos, ou apenas uma pausa, uma fresta, um ponto de fuga, parte de um jogo de simetrias e assimetrias. Ou indefinidamente – cobrindo paredes de corredores, túneis, dando a volta ao mundo, quem sabe”, ressalta Frederico Morais.

 

 

Pinturas sobre papel

 

Além das pinturas sobre tela, no primeiro andar da galeria também estarão três pinturas sobre papel, que se relacionam com as demais obras, pois possuem a mesma palheta de cores. No segundo andar, estará mais uma série de trabalhos sobre papel, todos em preto e branco. Para realizar essas obras, Daniel Feingold usa bastão oleoso – com cores firmes, opacas e sem transparência -. que ele desliza, friccionando sobre o papel. Nesses trabalhos, não há uma preocupação tão grande do artista com o rigor técnico. Ele utiliza algumas réguas para fazer linhas retas, mas também permite “manchas” no desenho, como riscos mais finos, borrões e até marcas de dedo. “São trabalhos de luta, que mostram a intensidade do artista, a tensão interna durante a produção, que trazem uma vivacidade menos intelectualizada, uma despreocupação com o sujo”, diz Daniel Feingold. “Quando se trata de papéis, Feingold faz uso de grande variedade de materiais, superpondo faixas coloridas, ou como em fascinante série negra, ainda em curso, provocando com seus instrumentos de trabalho, que não raro também usa de forma pouco ortodoxa, ranhuras, incisões, manchas ou grafismos que se contrapõem a formas-signos vigorosas e intrigantes”, conta Frederico Morais. As pinturas (tanto sobre tela como sobre papel) foram feitas pelo artista sem um projeto prévio, sem esboço. “A cor demarca a situação. O que busco é um equilíbrio”, afirma.

 

 

Sobre o artista

 

Daniel Feingold nasceu no Rio de Janeiro, em 1954. Formou-se em Arquitetura na FAUSS, RJ, (1983), estudou História da Arte e Filosofia na UNIRIO/PUC (1988-1992) e teoria da Arte & Pintura e Núcleo de Aprofundamento, na EAV Parque Lage, RJ, (1988-1991). Morou em Nova York, onde fez Mestrado em Fine Arts no Pratt Institute (1997). Dentre suas exposições individuais estão: “Acaso Controlado”, no MAM – Rio de Janeiro (2013), MON – Curitiba (2017), Museu Vale – Vitória (2017), “Fotografia em 3 séries” Paço Imperial do Rio de Janeiro (2016), Centro Universitário Maria Antonia | USP, São Paulo (2003), entre outras. Participou de diversas exposições coletivas destacando-se “Arte Brasileira e Depois na Coleção Itaú”, Paço Imperial – Rio de Janeiro, (2011), “Football, Art & Beer”, Centro de Arte Maria Teresa Vieira – Rio de Janeiro (2010), “Escape from NY”, SNO – Sidney (2007), RMIT School of Art – Melbourne, (2009), Minus Space – Nova York (2009) e Massey University – Wellington (2010), “Minus Space”, PS1 Contemporary Art Center – Nova York (2008), “Crossing Lines”, Art in General – Nova York (1998) entre outras.

 

 

Sobre a galeria

 

Cassia Bomeny Galeria (antiga Um Galeria) foi inaugurada em dezembro de 2015, com o objetivo de apresentar arte contemporânea, expondo artistas brasileiros e internacionais. A galeria trabalha em parceria com curadores convidados, procurando elaborar um programa de exposições diversificado. Tendo como característica principal oferecer obras únicas, associadas a obras múltiplas, sobretudo quando reforçarem seu sentido e sua compreensão. Explorando vários suportes – gravura, objetos tridimensionais, escultura, fotografia e videoarte. Com esse princípio, a galeria estimula a expansão do colecionismo, com base em condições de aquisição, bastante favoráveis ao público. Viabilizando o acesso às obras de artistas consagrados, aproximando-se e alcançando um novo público de colecionadores em potencial. A galeria também abre suas portas para parcerias internacionais, com o desejo de expandir seu público, atingindo um novo apreciador de arte contemporânea, estimulando o intercâmbio artístico do Brasil com o mundo.

 

 

De 12 de dezembro a 31 de janeiro de 2018.