Rubem Valentim em Brasília

14/mar

Chama-se “Rubem Valentim Construção e Fé”, a mostra na Caixa Cultural, Brasília, DF, com curadoria de Marcus de Lontra Costa. A exposição exibe pinturas, relevos e esculturas do artista baiano Rubem Valentim. Suas obras sintetizam em formas geométricas as simbologias místicas de matriz africana e se destacam na arte moderna construtivista e concretista brasileira. Um artista vanguardista que, ao residir em Brasília na década de 1960, incorpora de forma única a tridimensionalidade à sua obra.

 

 

De 15 de março a 28 de maio.

12 Contemporâneos 

13/mar

A CAIXA Cultural, Galeria 1, 

 

Centro, Rio de Janeiro, RJ, recebe, de 18 de março a 14 de maio, a exposição coletiva “PINTURA (Diálogo de artistas)”, através de doze trabalhos de doze artistas diferentes, selecionados e dispostos de maneira que a unidade da mostra se dá pela investigação pictórica de cada participante e não pelo diálogo entre as obras. O projeto aposta na diversidade de pesquisas genuínas de pintura utilizando ora a tela e seus meios tradicionais, ora experimentações para ampliar o questionamento sobre as possibilidades da arte no tempo presente. O projeto tem patrocínio da CAIXA Econômica Federal e Governo Federal.

 

 

A proposta de diversidade reuniu artistas como os portugueses Rui Macedo e Ema M; o vencedor do prêmio PIPA Online 2014, Paulo Nimer PJota; além de Hugo Houayek, James Kudo, Pedro Varela, Rafael Alonso, Vânia Mignone, Zalinda Cartaxo, Alvaro Seixas, Elvis Almeida e Willian Santos.

 

 

No espaço expositivo, partindo do pressuposto de que toda exposição de artes visuais toma forma como um diálogo entre artistas, para construir essa discussão, decidiu-se afastar as possíveis semelhanças entre as obras, como suporte e técnicas, ao invés de aproximá-las. Acompanhado de um pequeno texto escrito por cada artista, cada trabalho pode expressar o entendimento próprio de seu criador sobre pintura.

 

 

Da mesma forma, a seleção de artistas esteve intimamente relacionada com as diferentes visões individuais sobre a pintura a partir de suas qualidades originais e essenciais. Não houve preferência por nenhum tipo de abordagem ou material. Assim, o público encontrará trabalhos em óleo, acrílicas, objetos em gesso e instalações.

 

 

Como parte da programação da mostra, haverá uma palestra sobre a pintura e seus desdobramentos com os convidados Fernanda Lopes, Ivair Reinaldin e Raphael Fonseca.

 

A palestra ocorre no dia 15 de abril, às 17h, no Cinema 1 da CAIXA Cultural Rio de Janeiro, com entrada fraca. Os ingressos serão distribuídos uma hora antes na bilheteria do espaço.

 

 

 

Sobre os artistas

 

 

Alvaro Seixas

 

Nascido em Niterói, em seus trabalhos mais conhecidos, Alvaro Seixas explora as ideias de “pintura”, “abstração” e “apropriação” e como esses conceitos se relacionam com o panorama artístico-cultural atual. Recentemente, o artista tem incluído, em seus desenhos e pinturas, palavras e textos, valendo-se de sua força narrativa, teórica e crítica, mas sem deixar de encará-los como valiosos elementos plásticos e sensíveis. Dentre suas exposições recentes destacam-se a coletiva Ornamentos (2013), na Galeria A Gentil Carioca, no Rio de Janeiro; a individual Paintbrush (2015), na Galeria Mercedes Viegas Arte Contemporânea, também no Rio; a coletiva Pequenas Pinturas (2016), no espaço Auroras, em São Paulo (2016). Em 2015 foi o mais jovem artista selecionado para concorrer à quinta edição do Prêmio CNI-SESI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas e integrou a mostra coletiva por ocasião da premiação no MAC-USP. Em 2011, publicou o livro Sobre o Vago: Indefinições na Produção Artística Contemporânea e, em 2013, Palácio. Possui obras em diversas coleções particulares, destacando-se a Coleção Diógenes Paixão (Rio de Janeiro). Recentemente, uma série de seus desenhos passou a integrar a coleção do Museu de Arte do Rio (MAR). Alvaro é, ainda, editor da The Melting Painter Magazine TM, uma revista digital independente. Seu tema é exclusivamente a pintura, tendo a cada edição diversos pintores brasileiros como colaboradores.

 

 

 

Elvis Almeida

 

Nascido no Rio de Janeiro, Elvis Almeida é graduado em gravura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Estudou, ainda, serigrafia na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e História da Arte na Rede Maré (Rio de Janeiro, RJ). Recebeu bolsa da Incubadora Furnas Sociocultural para Talentos Artísticos (2007), o Prêmio Categoria Grafite do 47º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco (2008) e bolsa Interações Florestais da Terra UNA (2011). Realizou sua primeira individual na Galeria Amarelonegro (Rio de Janeiro, RJ), em 2010 e participou de mostras em São Paulo, Rio de Janeiro, Pará e EUA. Indicado ao Prêmio Pipa 2016.

 

 

Ema M

 

Portuguesa, Ema M é o pseudônimo artístico de Margarida Penetra Prieto. A artista é doutoranda em Artes Plásticas e promove exposições individuais e coletivas em Portugal desde 1999. Tem participado como ilustradora em publicações e livros dedicados, principalmente, a crianças. EMA M está representada em coleções particulares e institucionais, em Portugal, Espanha e França. No Brasil a artista já participou de exposições no Centro Cultural Oi Futuro (RJ), no Museu do Trabalho (RS) e na galeria Amarelonegro (RJ).

 

 

 

Hugo Houayek

 

Doutorando na Linha de Linguagens Visuais no programa de pós-graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da UFRJ. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em pintura, atuando principalmente nos seguintes temas: arte contemporânea, pintura, arte e história da arte. Possui experiência com curadoria e produção de exposições, edição e publicação de livros. Atua também como professor em cursos de artes visuais. Expõe regularmente desde 2002, além de possuir 2 livros publicados.

 

 

 

James Kudo 

 

Graduou-se em design gráfico pela Faculdade de Belas Artes em 1989. Morou em Nova York, de 1992 a 1994, onde estudou pintura abstrata na Art Student League, orientado pelo professor Bruce Dorfman. Trabalhou como pattern designer no escritório de arquitetura Diamond & Baratta. O artista a “topofilia” como tema principal de seu trabalho e busca lembranças da cidade natal, Pereira Barreto, que foi coberta parcialmente por água decorrente da construção de uma usina hidrelétrica. Kudo tem obras expostas no Museu de Arte Contemporanea (MAC) de São Paulo, na Pinacoteca do Estado de SP, no Miura Museum Matsuyama e outros. Entre as exposições individuais, destacam-se Topofilia, na Galeria Zipper e Telurica, na Galeria Laura Marsiaj. Entre as coletivas, destacam-se:Expeditionen in ästhetik und nachhaltigkeit, no Memorial America Latina, em São Paulo; Espelho Refletido, no Centro de Artes Helio Oiticica, no Rio de Janeiro; Entre Hemisferios, na Gunter Braunsberg Galerie, em Nuremberg, Alemanha e Today, no Museu Miura, em Matsuyama, no Japão.

 

 

Pedro Varela 

 

Graduado em Gravura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 2005, foi bolsista do programa de iniciação cientifica pelo CNPq com a pesquisa: “A Pintura dos anos 80 no Brasil e seus desdobramentos”, orientado pela professora Angela Ancora da Luz e co-orientado pelos professores Júlio Sekiguichi e Lourdes Barreto. Entre 2001 e 2006 participou de cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, entre eles Arte e Filosofia, Pintura II e Arte Hoje. Participou também dos 33º, 35º, 36º e 37º Festivais de inverno da UFMG. Seus trabalhos podem ser encontrados em coleções do MAR (Museu de Arte do Rio), do Museu de Arte Moderna (MAM), também no Rio de Janeiro; na Coleção Gilberto Chateaubriand, em Montblanc, no Mexico; no SESC Brasil e na Sprint Nextel Art Collection.

 

 

 

P Jota

 

Vencedor do PIPA Online 2014, Paulo Nimer “PJota” vive e trabalha em São Paulo. Seus trabalhos carregam uma seleção de imagens, cores, símbolos e suportes que dialogam com princípios socioculturais emergentes, vasculhando entre paredes estreitas pelas relações entre cultura e sobrevivência e como isso se aplica na estética e na vida destes locais. Entre suas mais recentes exposições coletivas, destacam-se Synthesis between contradictory ideas and the plurality of the object as image II, em Maureen Paley (Londres); Synthesis between contradictory ideas and the plurality of the object as image I, na Mendes Wood DM (São Paulo); New Shamans/Novos Xamãs: Brazilian Artists, na Rubell Family Collection (Miami) e Beyond the cartoon, em Artuner (Nova Iorque).

 

 

 

Rafael Alonso 

 

Objetos, instalações e pinturas compõem o universo produtivo de Rafael Alonso. O artista é formado e mestre pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde foi professor entre 2009 e 2010. Entre as exposições mais recentes, destacam-se as individuais Torto e Panorama, ambas no Rio de Janeiro, e Calça de Ginástica, em Curitiba. O artista também já participou de inúmeras coletivas, como Atlas Abstrato, no Centro Cultural São Paulo, Alster Kunst Salon, em Hamburgo, e Cariocas, na Maison Folie Wazemmes.

 

 

 

Rui Macedo 

 

Nascido em Portugal, Rui Macedo já foi contemplado com bolsas de apoio de instituições como a Fundação Calouste Gulbenkian e a Promoción del Arte. Entre as exposições individuais, destacam-se: La totalidad imposible (Espanha), Memorabilia (Portugal) e In situ – carta de intenções (MAC de Niterói).  Em 2017, o trabalho do artista estará presente em exposições no Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul e na Fundação Millenium BCP (Portugal). No Brasil o artista já participou de exposições no Museu da República (RJ), no Museu Nacional do Complexo Cultural da República (DF), no MAC Niteroi (RJ), na galeria Amarelonegro (RJ) e ainda tem participação confirmada em uma exposição agendada para 2017, no Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul.

 

 

 

Vânia Mignone 

 

Nascida em Campinas, Vânia Mignone é formada em Artes Plásticas pela UNICAMP e em Publicidade pela  PUC Campinas. A partir da década de 1990, envolveu-se com pintura e desenho, duas vertentes que se conjugam em sua obra desde então. O eixo central de sua pintura é a narrativa, que se constrói a partir de figuras, palavras e objetos equilibrados sem hierarquias no plano da tela. A artista faz uso despojado de um repertório de personagens, artefatos e artifícios mundanos. Já teve seus trabalhos expostos na Casa Triângulo (São Paulo), na Galeria Mercedes Viegas (Rio de Janeiro) e no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.

 

 

 

Willian Santos 

 

Graduado Bacharel em Artes Visuais com Ênfase em Computação Gráfica pela Universidade Tuiuti do Paraná. Envolve em suas obras a história da arte como matéria prima para analogias com o raciocínio de realidade ampliada abordada pela tecnologia. Com afinco na investigação, na manufatura e no desenvolvimento destes e outros conceitos em torno da pintura, a história se refaz aspirando suas relações de “presentidade”, onde o real, os símbolos e os ícones nos são indagados por suas energias capciosas. Num processo de cordialidade, o artista está intencionado a desenvolver experiências que fomentam um público desperto. Destaca-se, entre as suas últimas atividades, a premiação no 19º Edital de Incentivo à Produção Chico Lisboa no MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul, em 2016. Em 2015, as exposições coletivas LIMIAR, na Sim Galeria; Aí estão elas que se diz já foram e nunca faltam, na Galeria Casa Imagem, em Curitiba; e 40º SARP – Salão de Arte de Ribeirão Preto, no MARP.

 

 

 

Zalinda Cartaxo 

 

Como artista, o trabalho de Zalinda Cartaxo está voltado para a reflexão das possibilidades da pintura. A partir do conceito de pintura, a artista pensa a mesma como conceito. Os doutorados que realizou, ambos em artes, viabilizaram o exercício da conciliação entre o pensamento e a prática. É doutora em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em Artes pela Universidade de São Paulo (USP). Também realizou pós-doutorado na Faculdade de Belas-Artes do Porto (FBA), em Portugal. É professora adjunta na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNI-RIO), onde faz parte do corpo docente do Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas (PPGAC) como professora colaboradora.  Também é autora, tendo publicado o livro Pintura em Distensão.

 

 

De 18 de março a 14 de maio.

Legendas: Rui Macedo

Vânia Mignone

Marcelo Lange na Verve Galeria

10/mar

A Verve Galeria, Jardim Paulista, São Paulo, SP, abrirá, em 16 de marco, “Substantivo Abstrato”, exposição individual de Marcelo Lange com curadoria de Ian Duarte Lucas. O termo “substantivo abstrato” é aquele quedesigna seres que dependem de outros para se manifestar ou existir e, nesse caso, os trabalhos estão diretamente relacionados com as interferências humanas, transformando a matéria básica a partir dessa ação, contemplando o efeito proposto pelo artista.

 

O conceito diretor da mostra tem como pilar principal uma definição em que a “arte não é 100% pura”; seu resultado final é o de todas as intervenções externas provocadas pelo artista e outros elementos por ele selecionados. Como define Ian Duarte Lucas, “o artista plástico explora técnicas e processos não convencionais na produção de suas obras. Trabalhando no campo da abstração, a série inédita de pinturas em que comunica a expressão do mundo interior e as inúmeras interferências do ser humano e da arte no contexto contemporâneo. ”

 

A abstração para Marcelo Lange já se destaca durante seu processo de pintura. Não há limitação em tonalidades ou combinações pictóricas; elas nascem conforme as sensações e sentimentos do artista, gerando uma ampla combinação de cores. O artista pouco se utiliza do pincel, preferindo jogar tinta na tela e espalha-la com a mão, criando assim uma maior proximidade e intimidade táctil com as obras.

 

A expressão dos significados trocados para a melhor forma como são observados é o mote dessa exposição, que abarca toda a história decorrente das transformações que vem ocorrendo no mundo. O próprio artista declara que busca ampliar a diversidade de materiais e técnicas utilizadas para ir ao encontro da poética escolhida.

 

 

Sobre o artista 

 

Natural de São Paulo, Marcelo Lange é bacharelado em economia e psicologia e atua no mercado financeiro desde 1991. Iniciou sua carreira artística com algumas pinturas no ano de 2003 e fotografa desde 2015, mas só entrou de fato no circuito das artes em maio de 2016, com sua primeira exposição individual na Galeria Lordello e Gobbi, sob a curadoria de Deyse Peccinini. Depois, em dezembro do mesmo ano, participou da exposição coletiva na Art Lab Gallery, com curadoria de Marcia Goldstein. Agora, exibe seus trabalhos pela primeira vez na Verve Galeria, com a mostra individual, Substantivo Abstrato.

 

 

De 16 de março a 16 de abril.

Leonilson: arquivo e memória vivos

08/mar

A Fundação Edson Queiroz, Fortaleza, CE, apresenta, a exposição “Leonilson: arquivo e memória vivos”, no Espaço Cultural Unifor. Organizada pelo Projeto Leonilson, mantido por familiares e amigos do artista cearense, e pela Fundação Edson Queiroz, a mostra, de cerca de 120 obras de José Leonilson Bezerra Dias, conta com generosa seleção de trabalhos do artista, incluindo obras inéditas. A curadoria é de Ricardo Resende, atual curador do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, do Rio de Janeiro, e a produção executiva da Base7 Projetos Culturais, de São Paulo, que tem reconhecida expertise na área museológica.

 

“A exposição “Leonilson: arquivo e memória vivos” tem o diferencial de apresentar um grande número de obras inéditas e de traçar uma retrospectiva do artista, reforçando o caráter pedagógico e de formação de público para as artes das mostras realizadas na Universidade de Fortaleza. Esta exposição vai ao encontro da publicação do catálogo raisonné de Leonilson, também realizada pela Fundação Edson Queiroz, no ano em que celebraríamos 60 anos do nascimento desse grande artista cearense”, destaca o vice-reitor de Extensão da Unifor, professor Randal Pompeu.

 

Além do ineditismo de várias obras, a exposição vai inaugurar a ampliação do Espaço Cultural Unifor, que terá sua área acrescida em 539 m2, e terá ainda como atrativo especial o lançamento do catálogo raisonné de Leonilson, patrocinado pela Fundação Edson Queiroz e fruto de 24 anos de pesquisa. Editor do catálogo, Ricardo Resende informa que a publicação, de cerca de 1.000 páginas, distribuídas em três livros, reúne todas as obras de Leonilson, divididas em cerca de 3.500 registros catalográficos, constituindo-se no primeiro catálogo raisonné de artista contemporâneo do Brasil. “Por todos esses motivos, acredito que a exposição será um grande sucesso”, ressalta Ricardo Resende.

 

A exposição tem caráter retrospectivo. Segundo o curador Ricardo Resende, “a mostra não poderia deixar de trazer de forma generosa para o público os trabalhos inéditos e as ‘chaves’ para o que se considera a composição dessa obra expressa por meio dos signos que representam as emoções humanas, dos fragmentos da condição humana e dos dilemas do homem comum, traduzidos em palavras e números”.

 

Para esta exposição, a curadoria indicou obras de acervos de diversas instituições do Rio de Janeiro, São Paulo e Ceará, como a Fundação Edson Queiroz e o Museu de Arte Contemporânea (MAC), do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, de Fortaleza, além de coleções de colecionadores particulares.

 

 

 

Sobre o artista

 

O pintor, desenhista e escultor José Leonilson Bezerra Dias nasceu em Fortaleza, em 1957, e faleceu em São Paulo, em 1993. Em 1961, mudou-se com a família para São Paulo e logo cedo começou a demonstrar o seu interesse pela arte. Fez cursos livres na Escola Panamericana de Arte e depois ingressou no curso de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado, deixando-o incompleto, para iniciar sua trajetória composta de muitas viagens e se tornar um dos grandes expoentes da arte brasileira contemporânea. Na década de 1980, fez parte do grupo de artistas que lidera a retomada do “prazer” da pintura, conhecido como Geração 80. Participou de diversas mostras no Brasil e no exterior, incluindo Bienais em São Paulo e Paris. Foi nos primeiros anos da década de 1990 que o artista firmou-se como um dos destaques no panorama cultural brasileiro, com uma obra singular e autobiográfica. O artista faleceu jovem, deixando cerca de 4.000 obras, além de múltiplo acervo documental. Sua produção é considerada por críticos brasileiros e internacionais de grande valor conceitual para a História da Arte no Brasil, sendo o retrato autêntico e incansável de uma geração e, que por abordar questões cruciais inerentes à subjetividade humana, se faz capaz de gerar identificação e diálogo universal.

 

 

Visitação: De 14 de março a 09 de julho.

Mamute, ano cinco

25/fev

A Galeria Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, anuncia a abertura da exposição “Do Abismo e Outras Distâncias”, no dia 09 de março, a partir das 20hs, em comemoração ao seu quinto ano de atividades profissionais. A mostra, tem curadoria de Bruna Fetter e reúne obras dos 18 artistas representados, dentre os quais Antônio Augusto Bueno, Bruno Borne, Claudia Barbisan, Claudia Hamerski, Clovis Martins Costa, Emanuel Monteiro, Fernanda Gassen, Frantz, Hugo Fortes, Marília Bianchini, Pablo Ferretti e Sandra Rey.

 

 

A palavra da curadoria

 

Do Abismo e Outras Distâncias

 

Em um cenário social e político no qual parece cada vez mais difícil a convivência entre opiniões e crenças distintas, a internet e as redes sociais têm sido um fórum que – mais do que permitir a exposição, a difusão e o amplo debate de ideias – vêm aprofundando as distâncias entre diferentes pontos de vista. Ao invés de ampliar suas visões de mundo através do acesso praticamente irrestrito à informação, as pessoas tendem a viver cada vez mais dentro de seus universos pessoais, ou bolhas, como chamamos comumente. À facilidade de um mero clique, laços virtuais e reais são desfeitos. Familiares deixam de se falar. Colegas de trabalho cortam relações para além das estritamente necessárias. Vizinhos passam a implicar (ainda mais) entre si. Amizades de infância são desfeitas. Com alguns outros cliques fornecemos informações sobre preferências ideológicas à grande matrix que, se valendo de algoritmos, traça nosso perfil e passa a oferecer aquilo que nos é confortável e corrobora nossas verdades. A opinião subjetiva e individual passa a ser a verdade disponível, e não aceitamos nada além dela.
Nesse contexto, no qual ‘pós-verdade’ foi escolhida a palavra do ano de 2016 pelo dicionário Oxford, falta tolerância para com a diferença. Segundo a definição apresentada pelo dicionário, o adjetivo faz referência a ‘circunstâncias em que os fatos objetivos têm menos influência na formação de opinião pública do que apelos emocionais e opiniões pessoais’. Os editores esclarecem: no termo, o prefixo ‘pós’ não é utilizado como referência a um acontecimento passado (como em pós-guerra), mas sim para salientar a rejeição ou irrelevância do conceito precedido. Como no caso em que notícias falaciosas são compartilhadas milhares de vezes mesmo que seus disseminadores estejam cientes de sua carga de inverdade. Para quem viraliza as supostas notícias, não importa que dados concretos e informações comprovadas atestem a não veracidade de tais declarações, apenas que sua reverberação reifique suas próprias crenças. Uma versão de Maquiavel 3.0 para justificar os meios em função dos fins.
Para além da falta de respeito, há uma escassez generalizada de empatia. Em um mundo no qual as minorias estão cada vez mais cientes da relevância de reforçar seu lugar de fala e de garantir que suas vozes sejam amplificadas, irônica e paradoxalmente há uma surdez coletiva para a diferença se aprofundando. Tal surdez possui uma estética própria: a estética dos muros de separação, das barreiras de contenção, das fronteiras que, aos poucos, se convertem em abismos.
Refletindo a respeito dessas questões e do papel da arte em tempos tão conturbados, Do Abismo e outras distâncias celebra os cinco anos de vida, projetos e proposições da galeria Mamute. A partir de uma seleção de trabalhos – em sua grande maioria inéditos -, a mostra se propõe a lidar com a diferença, com o ruído, e a nos fazer olhar para as distâncias existentes, sejam elas realidades ínfimas, ou metáforas abissais. Trazendo obras de todos os artistas representados pela galeria, a mostra questiona os gritos e os silêncios, as tensões e os embates da vida contemporânea, propondo aproximações dialógicas entre obras de poéticas bastante distintas.
Essas aproximações aparecem na mostra calibrando as ‘outras distâncias’ presentes no título, em encontros ora delicados, ora tensos. Como uma corda que, por proximidade física, vibra junto com outra mesmo sem ter sido tocada, a ideia aqui é acionar tensões poéticas que nos permitam fazer conexões simbólicas para além do dito e do desdito. Talvez seja utópico pensar que a arte tenha capacidade para derrubar barreiras e permitir nos aproximarmos uns dos outros com menos defesas. Mas talvez ela possa, pela via do sensível, nos ajudar a reconhecer e experienciar aquilo que mal cabe em palavras, tornando o diferente menos distante.
Bruna Fetter

“Enquanto houver o amanhã/ Creia na Felicidade”

19/fev

Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, inaugura exposição de esculturas e pinturas de Rogério Degaki. O artista criou esculturas, a partir de referências – verdadeiras reminiscências pessoais – como as fantasias dos personagens de desenhos animados de sua predileção na infância. Para a exposição na unidade São Paulo, destacam-se as principais fases de sua produção artística, com foco para as peças produzidas entre os anos de 2011 e 2013, e pinturas executadas em 2005.

 
O título da mostra, “Enquanto houver o amanhã/ Creia na Felicidade”, é uma tradução da letra da música japonesa “ASU TO IU HI GA ARU KAGIRI / SHIAWASE WO SHINJITE”, cantada em diversas versões e diferentes intérpretes. Como frequentador dos tradicionais karaokês de SP, Rogério, que possui ascendência nipo-brasileira, cantava, em suas horas de lazer, a versão do cantor Akikawa Masafumi. Da ligação de memória afetiva e pessoal, o artista constrói um universo lúdico, reafirmando o caráter pop de seus recentes trabalhos, que dialogam com as propostas de artistas contemporâneos como Jeff Koons e Takashi Murakami.

 
Nas esculturas, Degaki continua o exercício iniciado há dez anos em sua trajetória, de criar objetos que fazem parte do cotidiano, com elementos de humor e ironia, em esculturas de isopor, que recebe acabamento com fibra de vidro, resina plástica e a valiosa finalização com pintura automotiva. Na obra “Co-op”, de 2012, a construção da peça com figuras de cabeça grande e corpo pequeno, remete ao imaginário atual das simulações computadorizadas e da tecnologia 3D. Parte das peças e das pinturas de “Enquanto houver o amanhã/ Creia na Felicidade”, são inéditas, e outras foram expostas em ocasiões como o 17º Cultura Inglesa Festival, no Centro Britânico Brasileiro, no ano de 2013, e na individual “Your princess is in another castle”, na unidade Ribeirão Preto da Galeria Marcelo Guarnieri, em 2012.

 

 

Sobre o artista

 

Rogério Degaki (1974- 2013), bacharel em Artes Plásticas pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) em 2000, participou de exposições coletivas em importantes museus, como o Yerba Buena Center for the Arts-San Francisco (EUA), MOT-Museum Of Art-Tokyo (JP), Museum of Contemporary Art-Hiroshima (JP) e Museu de Arte Moderna de São Paulo (BR).

 

De 18 de fevereiro a 18 de março.

A Natureza observada

16/fev

Na exposição “O SOPRO DA NATUREZA”, que ocupa o Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, os artistas franceses Guillaine Querrien e François Houtin partem do regitro de elementos da natureza e paisagens incorporados às técnicas de gravura, pintura e desenho. Em comum, a nacionalidade e o tema de inspiração para suas criações.

 

Pintora e escritora, Guillaine Querrien vive há trinta anos entre o Brasil e a França, tendo desenvolvido seus trabalhos em contato com a natureza brasileira, combinando a abstração e a figuração a partir de estruturas vegetais orgânicas, a paisagem e a fluidez dos movimentos de rios e marés que ela se apropria em sua pintura a óleo e pastéis.

 

 

A palavra da artista

 

O que busco, nessas pinturas, é capturar intimamente lugares que conheço muito bem, onde já estive incontáveis vezes. Minha relação com essas paisagens continua viva, todavia. Não há tédio algum no meu olhar! Ao contrário… A cada vez enxergo mais coisas, e então persigo as novas visões que surgem das ‘velhas’ paisagens,  afirma Guillaine.

 

François Houtin, gravador e desenhista, apresenta o resultado de obras realizadas durante uma residência artística que durou três semanas no Rio de Janeiro, numa explosão que retrata toda a exuberância da vegetação e luz inspirada no Parque Lage e no Jardim Botânico, além de outras paisagens cariocas.

 

 

A palavra do artista

 

Meu trabalho nessa exposição representa tudo o que eu amo. Uma vegetação que não conhecia antes de vir ao Rio. Tive um grande choque! As belas e sábias árvores da Europa… Enquanto aqui, por toda parte, é a exuberância, o gigantismo, riqueza de cores, de formas! E o formidável corpo a corpo entre natureza e concreto, avalia, empolgado, François.

A exposição conta com o apoio do Instituto Francês e da Aliança Francesa do Rio de Janeiro.

 

De 08 de março a 14 de maio.

Acervo do MASP no Rio

09/fev

Exposição leva acervo do MASP, o maior da América Latina, ao CCBB do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte e Brasília; parceria entre as instituições tem patrocínio do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre.

 

Ao longo da História da Arte, a representação da figura humana foi um meio de demonstração de poder do Clero e da aristocracia, da adoração de deuses e santos, da mimetização do real, da transformação da sociedade e da própria arte nos séculos 19 e 20. É esta diversidade de formas de representação que a mostra “ENTRE NÓS – A figura humana no acervo do MASP” apresenta ao público carioca, reunindo mais de 100 obras do maior acervo de arte da América Latina. A exposição tem curadoria de Rodrigo Moura e Luciano Migliaccio, da equipe de curadores do MASP, e traz obras dos maiores nomes da arte mundial como Rafael, Goya, Modigliani, Van Gogh, Picasso, Degas- e da arte brasileira: Almeida Júnior, Anita Malfatti, Portinari, Segall e Brecheret, entre outros tantos. Abrangendo um arco histórico que se inicia entre os anos 900-1200 D.C., com as peças pré-colombianas, e vai até os dias de hoje, estabelecendo um recorte cronológico e um diálogo entre as distintas formas de representação e culturas, a exposição abre com peças do acervo que reúnem as mimetizações do sagrado na arte da Europa Medieval, da África e da América pré-colombiana, compondo um diálogo entre os diferentes eixos da coleção do MASP.

 

Da Europa pré-renascentista, a mostra traz a “Nossa Senhora com o Menino” (1310-20), um dos motivos mais presentes na arte do período, esta atribuída ao Maestro de San Martino alla Palma, e Cristo Morto (1480-1500), de Niccoló di Liberatore dito l’Alunno. O jovem Rafael apresenta seu domínio da perspectiva e dos recursos compositivos e narrativos que o fez se destacar entre os artistas de seu tempo com “Ressurreição de Cristo” (1499-1502). As obras estão em diálogo com a escultura “Sant’Ana e a Virgem criança”, criada no século XVIII por um escultor baiano desconhecido, e esculturas da divindade Yorubá, presente em tribos da região do Congo e da Nigéria.

 

O Renascimento é o momento em que a pintura se volta para a busca da do humano na construção de um caráter exemplar, inserido no contexto histórico. Na mostra, esse novo tempo está representado nas obras de artistas holandeses como “Oficial Sentado”, 1631, de Frans Hals, e “Retrato de um desconhecido”, (1638-40), de Anton Van Dyck, obra inspirada na estética de Tizziano, que traz a representação de um ideal individual de nobreza por meio da figura de um melancólico aristocrata inglês.

 

O pintor e gravador espanhol Francisco Goya y Lucientes está presente com” Retrato da condessa de Casa Flores” (1790-1797) em diálogo com “A educação faz tudo” (1775-1780), do francês Jean-Honoré Fragonard. As obras, em composição com dois dos principais nomes da pintura acadêmica brasileira do século 19,“Interior com menina que lê” (1876-1886), de Henrique Bernardelli, e “O pintor Belmiro de Almeida” (século 19), de José Ferraz de Almeida Junior – evocam o surgimento do Iluminismo europeu e a busca por um ideal civilizatório brasileiro durante o Segundo Reinado.

 

A partir dos séculos 19 e 20, a mimetização do humano é o meio pelo qual se trabalham a sensibilidade da cor e da forma, explorando a experiência plástica, como na “Rosa e azul – As meninas Cahen d´Anvers” (1881), de Pierre-Auguste-Renoir, e “O negro Cipião” (1866-1868), de Paul Cézanne, obra que sintetiza os aspectos da pintura moderna.

 

“Nus” (1919), da pintora francesa Suzanne Valadon, tem como referência a concepção da cor puramente decorativa do pós-impressionismo e de Matisse para expressar o desejo de liberdade e comunhão com a natureza como ideal feminino.

 

Pablo Picasso, com “Busto de homem” -(O atleta), 1909, questiona de maneira provocadora os gêneros e limites da tradição pictórica com a figura de um lutador- provavelmente publicada em jornal. Com o formato de um busto, típico da tradição heroica comemorativa, o caráter do personagem em questão é definido a partir de volumes e texturas, como nas culturas grega e africana, que serviram de influência para todos os movimentos artísticos do início do século 20.

 

Desta época, a mostra traz, ainda, obras emblemáticas de Vincent Van Gogh, “A arlesiana” (1890); Paul Gauguin, “Pobre pescador” (1896); Pierre Bonnard, “Nu feminino” (1930-1933); Amadeo Modigliani, com “Retrato de Leopold Zborowski” (1916-1919), e uma série de esculturas de Edgar Degas que mostram a evolução dos movimentos de uma bailarina –“Bailarina que calça sapatilha direita” (1919-1932), “Bailarina descansando com as mãos nos quadris e a perna direita para a frente” (1919-1932) e o feminino, como em “Mulher grávida” (1919-1932) e “Mulher saindo da banheira” (fragmento), 1919-1932.

 

O Modernismo é o momento da instituição de uma nova identidade nacional, por meio do abandono do academicismo que marcou a arte brasileira no período do Império e da Primeira República até 1922, da exploração de novas temáticas, que buscam a composição do caráter nacional, e de técnicas artísticas.

 

Nas obras de Carlos Prado, “Varredores de rua” (Os garis), 1935, Roberto Burle Marx, “Fuzileiro naval” (1938) e “Vendedora de flores” (1947), obra doada ao museu durante a SP-Arte/2015, estão narradas à realidade do povo diante das injustiças do país, assim como Candido Portinari, com “São Francisco” (1941) e Maria Auxiliadora da Silva, com “Capoeira” (1970), que narram traços da cultura popular brasileira.Nomes referenciais do movimento trazem retratos de figuras importantes do mesmo. É o caso do “Retrato de Tarsila”, de Anita Malfatti, e o “Retrato de Assis Chateaubriand”, criador do MASP, por Flávio de Carvalho.

 

As marcas dos intensos conflitos sociais e políticos do início do século 20 estão nas obras do pintor e muralista mexicano Diego Rivera, “O carregador” (Las Ilusiones), 1944, e “Guerra” (1942), de Lasar Segall, imigrante judeu da Lituânia que se muda para o Brasil no início do século 20. Como é o caso também do pintor ítalo-alemão Ernesto de Fiori, que deixa a Alemanha fugindo da repressão nazista e se torna um nome influente do modernismo brasileiro dos anos 1930 e 1940. Do artista, a mostra apresenta a obra “Duas amigas” (1943).Um dos artistas mais importantes do modernismo brasileiro, o escultor de origem italiana Victor Brecheret, criador do “Monumento às Bandeiras”, marco das celebrações do quarto centenário da cidade de São Paulo, está representado por seu “Autorretrato” (1940).

 

A criação de um acervo fotográfico também tem sido uma constante na história do museu, que as sistematizou, entre 1991 e 2012, por meio das doações da coleção Pirelli MASP, com trabalhos de fotógrafos brasileiros ou que possuam ligações com o Brasil. É o caso da fotógrafa de origem suíça Claudia Andujar, cuja série “Yanomami” (1974), feita a partir de longos períodos de imersão nesta cultura indígena, dialoga na mostra com a fotografia de João Musa, Barbara Wagner, Miguel Rio Branco e Luiz Braga.Movimento fundamental para a elevação da fotografia à categoria de arte, o Foto Cine Clube Bandeirante, fundado em 1939, fomentou e divulgou a obra de autores como Geraldo de Barros, “Menina do leite” (1946), e Antonio Ferreira Filho, “Naquele tempo…” (sem data).

 

Os desenhos de Albino Braz, parte do núcleo de 102 obras doadas ao MASP em 1974 pelo psiquiatra Osório César, foram realizados por pacientes do Hospital Psiquiátrico do Juquery, no contexto da Escola Livre de Artes Plásticas. Outrora consideradas “arte dos alienados”, essas obras foram reclassificadas e, enquanto arte brasileira, receberam sua primeira exposição no Museu em “Histórias da Loucura: Desenhos do Juquery”.

 

Artistas contemporâneas também integram a mostra, reforçando o caráter do museu em estar aberto a novas mídias, suportes e linguagens da arte. Uma sala apresenta o vídeo “Nada É” (2014), do artista Yuri Firmeza. Pertencente à série “Ruínas”, o vídeo mostra diferentes momentos da história da cidade de Alcântara, no Maranhão, e a documentação da “Festa do Divino”. Trabalho (2013-16), de Thiago Honório, é uma instalação que se apropria de ferramentas recebidas como presente de operários durante a reforma de um espaço no qual o artista participava de uma residência artística, transformando-as em esculturas que metaforizam o corpo dos trabalhadores.A mostra se encerra com a instalação de Nelson Leirner, “Adoração” (Altar para Roberto Carlos), 1966, que remete a uma nova forma de sagrado nos dias de hoje.

 

 

 

De 08 de fevereiro a 10 de abril.

 

Cícero Dias em Brasília

06/fev

O Centro Cultural Banco do Brasil, Brasília, SCES Trecho 2, Lote 22 – Asa Sul, DF,apresenta a exposição “Cícero Dias – Um Percurso Poético”. A mostra tem curadoria de Denise Mattar e curadoria honorária de Sylvia Dias, filha do artista, e produção da Companhia das Licenças em parceria com a Base7 Projetos Culturais. Trata-se do conjunto da obra de Cícero Dias, contextualizando sua história e evidenciando sua relação com poetas e intelectuais brasileiros e sua participação no circuito de arte europeu. Assim a mostra, além das obras, apresenta cartas, textos e fotos de Manuel Bandeira, Gilberto Freyre, Murilo Mendes, José Lins do Rego, Mário Pedrosa, Pierre Restany, Paul Éluard, Roland Penrose, Pablo Picasso, Alexander Calder, entre outros. Em 1938, o pintor pernambucano Cícero Dias foi definido como um “selvagem esplendidamente civilizado” pelo então crítico de arte francês André Salmon, que parafraseava um poema de Verlaine para Rimbaud. A definição, realizada após a primeira mostra do artista em Paris, serviu perfeitamente para descrever sua trajetória nas artes.

 

 

A mostra

 

A exposição traz um panorama de toda produção do artista, dividida em três grandes núcleos que delineiam seu percurso poético. São eles: Brasil, Europa e Monsieur Dias – Uma vida em Paris – cada um deles, por sua vez, dividido em novos segmentos, cuja leitura não deve ser realizada de modo estanque, mas entrecruzada e simultaneamente.

 

 

Brasil

 

A mostra é aberta pelo subnúcleo “Entre Sonhos e Desejos”, que traz um conjunto de 30 aquarelas produzidas entre 1925 e 1933, todas bastante diversas do que era produzido na época. São trabalhos que emocionam pela peculiaridade, sendo ao mesmo tempo líricos, agressivos, caóticos, sensuais e poéticos.O núcleo é encerrado com a sequência “E o Mundo começava no Recife…”, que traz um conjunto de obras que fizeram um contraponto às lembranças rurais, mostrando as recordações urbanas do jovem Cícero no Recife. As casas coloniais debruçadas para o mar, os sobrados e seus interiores, os jardins com casais românticos, e as alcovas – com amores mais carnais. A mudança da aquarela para o óleo interferiu na dinâmica da produção do artista, tornando-a mais narrativa, mais estática e mais bem construída. Ele produziu obras excepcionais, entre elas Sonoridade da Gamboa do Carmo e Gamboa do Carmo no Recife.

 

 

Europa

 

O núcleo é anunciado pelo segmento “Entre a Guerra e o Amor”, que reúne majoritariamente reproduções de fotos, cartas, documentos, além de desenhos e aquarelas, de pequeno formato, realizadas por Dias durante a II Guerra Mundial, em condições precárias. São testemunhos das suas vivências no conflito, e também de seu amor por Raymonde, que se tornaria sua mulher.Perseguido pela ditadura de Vargas, Dias chegou a Paris em 1937 e logo integrou-se à cidade, cujo ambiente artístico era marcado pela forte presença dos surrealistas e muito mais aberto do que o Brasil à arte instintiva e à negação da razão. Poucos meses após a sua chegada, o artista apresentou uma exposição na Galerie Jeanne Castel, com obras trazidas do Brasil e outras já pintadas em Paris. Sua recepção foi um sucesso de público, de crítica e de vendas.“Cícero Dias, mestre de uma paleta mais nuançada que abundante, ansioso pela fantasia das cores, deseja também, como um poeta, expressar a natureza de sua terra natal. Em todos os elementos, confirma tudo aquilo que o folclore nacional despertou em sua obra. Podemos dizer que é selvagem? Talvez. Mas, então, se o admitirmos, seremos forçados a considerar esse ‘selvagem esplendidamente civilizado’, de que Rimbaud nos fala. Cícero Dias não irá decepcionar os sonhadores que não desejam tirar os pés do chão. Os surrealistas encontrarão alguém para conversar”, afirmou na ocasião o crítico André Salmon.Perseguido em Paris, Dias seguiu para a capital portuguesa, onde sua obra sofreu uma mudança radical. Seu trabalho tornou-se eufórico e selvagem, exorcizando os fantasmas da guerra ainda não terminada. Este momento de sua produção define osegmento “Lisboa – Novos Ares”.“Nesse período Cícero Dias parece saltar sobre nós, ele nos sacode em telas que fariam inveja aos ‘fauves’, pela audácia e pela novidade das buscas cromáticas, dos traços ousados e dos temas irreverentes, irônicos e provocativos. Títulos ambíguos completam as obras: Mamoeiro ou dançarino?, Galo ou Abacaxi? Ele simplifica o desenho, usa pinceladas brutas, cores inusitadas e estridentes, e tonalidades intensas e brilhantes. Tudo grita e desafia!”, destaca a curadora.
Ainda na Europa, Dias deu início à sua despedida da figuração, em um trabalho que ficou conhecido como fase vegetal, retratada na exposição pelo subnúcleo “A Caminho da Abstração”. O artista criou múltiplas imagens superpostas a partir da vegetação, incorporando novos elementos plásticos e borrando fronteiras entre figuração e abstração.Dias passou então a trabalhar com formas curvas e sensíveis, abrindo o caminho para a abstração plena, pintando telas rigorosamente geométricas e tornando-se o primeiro artista brasileiro a trabalhar com essa vertente. Sua produção deste período está reunida no segmento “Geometria Sensível”.Em 1948, Cícero veio para o Brasil para executar uma série de pinturas murais abstratas, consideradas as primeiras da América Latina. O trabalho foi realizado na sede da Secretaria de Finanças do Estado de Pernambuco, em Recife, e mais uma vez, causou intensa polêmica.

 

 

Monsieur Dias – Uma vida em Paris

 

O núcleo Monsieur Dias, como é conhecido Cícero Dias na França, abre com o segmento “Abstração Plena”, conjunto de obras nas quais o artista abandona as curvas e as cores suaves. Longe do Concretismo e da proposta de supressão da subjetividade, o abstracionismo de Dias entretanto, é vibrante, quente e luminoso, mais próximo de Kandinsky. Na Europa, seu trabalho foi acolhido com entusiasmo, ele passou a integrar o Grupo Espace e a expor na importante galeria Denise René.Avesso a escolas e fiel a si próprio, Cícero Dias desenvolveu nos anos 1960, paralelamente à sua pesquisa geométrica, uma série chamada “Entropias”, nas quais deixava a cor escorrer, misturar-se, e esvair-se. A série, que dá nome a mais um dos subnúcleos da mostra, é apresentada por um pequeno grupo de obras na exposição.“Menos do que tachismo, ou abstracionismo informal, a pesquisa parece um despudorado mergulho nas possibilidades do uso da tinta; sem retas, sem linhas marcadas, sem nenhum esquema formal a cumprir – o fascínio da liberdade, do deixar-se ir”, afirma a Denise Mattar. “Não por acaso ele as chamava de entropias, uma medida de desordem das partículas em um sistema físico, o movimento natural que leva todas as coisas de volta à terra: o carro abandonado que vira ferrugem, o gelo que se dissolve na água, os mortos que retornam ao pó”, completa.A exposição é encerrada por um conjunto de sete obras produzidas pelo artista na década de 1960, quando retornou à figuração, trazendo de volta um imaginário lírico. Os trabalhos de “Nostalgia” remetem às lembranças de sua juventude no Recife. As telas “Seresta” e “Nostalgia” compõem este segmento e são algumas das mais importantes desse período.
Cícero Dias – Um percurso poético traz ainda alguns subnúcleos complementares: “Memórias – Cícero e seus amigos” e “Teatro”. Por fim, o segmento voltado para o teatro trará originais de alguns dos figurinos realizados por Dias para importantes espetáculos, tal como o balé Maracatu de Chico Rei, de Francisco Mignone, em 1933; e o balé Jurupari, de Villa-Lobos, em 1934.

 

 

De 08 de fevereiro a 03 de abril.

Novíssima Pintura Brasileira

30/jan

A exposição “A luz que vela o corpo é a mesma que revela a tela” apresenta trabalhos da geração de artistas pós-internet. A CAIXA Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta inaugurou a exposição “A luz que vela o corpo é a mesma que revela a tela”, que apresenta 100 obras da produção recente de 36 pintores contemporâneos brasileiros. Sob curadoria de Bruno Miguel, a mostra é um recorte heterogêneo que mescla artistas já consolidados com outros menos recorrentes nas grandes exposições e busca revelar como a pintura é contaminada pelo pensamento de seu tempo e como prossegue viva comentando as questões do mundo atual. O projeto tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e Governo Federal.

 

A mostra é dividida em nove temas – “O individuo social”; “Narrativas outras”; “Em ruínas; Corpo Fim”; “O Belo e não”; “Imagem-margem-poesia”; “Habitat; Deus ex”; e “Transbordamentos” -, que estabelecem relações subjetivas entre pintores surgidos a partir do fim dos anos 1990. “O fato de terem suas pesquisas desenvolvidas e afirmadas após o surgimento da internet não é um dado conceitual e sim um recorte curatorial para investigar um momento específico da história da pintura brasileira, da arte e do mundo”, explica o curador. Em cada tema, as questões são apresentadas a partir de contrastes e oposições, e o ritmo da exposição se desenha em processos híbridos de criação.

 

Em “A luz que vela o corpo é a mesma que revela a tela”, além do curador Bruno Miguel, que também participa da mostra como expositor, foram convidados a exibir o resultado de suas investigações e experimentações no campo da pintura contemporânea os artistas Alan Fontes, Alexandre Mury, Alvaro Seixas, Ana Elisa Egreja, Ana Prata, Bruno Belo, Bruno Dunley, Bruno Vilela, Caio Pacela, Camila Soato, Dalton Paula, Eder Oliveira, Fabio Magalhães, Gabriel Secchin, Gisele Camargo, Gustavo Speridião, Julia Debasse, Makh Hanamakh, Marcelo Amorim, Marcone Moreira, Mariana Leico, Mariana Palma, Marina Rheinghantz, Paloma Ariston, Paulo Almeida, Paulo Nimer Pjota, Pedro Varela, Rafael Alonso, Rafael Carneiro, Rodrigo Martins, Rodrigo Torres, Sidney Amaral, Thiago Martins de Melo, Victor Mattina e Vitor Mizael.

 

A mostra é uma produção de ADUPLA, formada por Anderson Eleotério e Izabel Ferreira, responsável por importantes publicações e exposições itinerantes pelo Brasil, como Athos Bulcão, Milton Dacosta, Carlos Scliar, Henri Matisse e Bandeira de Mello, entre outros.

 

 

 

Até 12 de março.