Arte Pop no RS

16/jul

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, Porto Alegre, RS, apresenta a exposição “Influências da Arte Pop em acervos de Porto Alegre”. A mostra, com curadoria de Carolina Grippa e Caroline Hädrich, encontra-se em cartaz nas galerias João Fahrion, Pedro Weingärtner e Angelo Guido.do MARGS.

 

“Influências da arte Pop em acervos de Porto Alegre” surge como uma indagação sobre o impacto da Pop no Brasil, movimento conhecido, cujo destaque sempre é dado à artistas americanos e ingleses. Em 2015, a Tate Modern de Londres realizou uma grande exposição intitulada THE EY: The World goes Pop, na qual a curadoria selecionou obras do mundo todo, demonstrando o quanto o espírito Popse espalhou influenciando uma diversidade de artistas. Seguindo essa ideia, a exposição montada no MARGS traz exemplos de artistas brasileiros e estrangeiros que possuem obras influenciadas pela arte Pop, no que diz respeito aos temas, suportes, cores e planaridade em sua construção, e que fazem parte das coleções de três acervos públicos de Porto Alegre: MARGS, Pinacoteca Barão de Santo Ângelo do Instituto de Artes da UFRGS e Pinacoteca Aldo Locatelli da Prefeitura Municipal.

 

Há duas gerações de artistas na mostra: a primeira, formada por Glauco Rodrigues, Henrique Fuhro, Romanita Disconzi e Jesus Escobar, destacam-se por ter produzido entre os anos 1960/70, época na qual a arte Popestava em pleno desenvolvimento nos seus países de origem. A segunda, com obras concebidas na década de 1980, apresentam características da Pop, porém amalgamadas com outras questões da época. Deste recorte, temos obras de Vera Chaves Barcellos, Liana Timm, Alfredo Nicolaiewsky, Milton Kurtz, Mário Röhnelt, Luiz Barth, Patrício Farias entre outros.

 

Com a exposição, a curadoria demonstra a propagação do movimento Pop e de como ele foi absorvido e desenvolvido por alguns artistas locais. Conseguimos perceber como eles trazem para as obras aspectos tanto pessoais, como a influência de ícones de mídia mundiais, quanto sociais e políticos especificamente agitados da América Latina na época. A questão do suporte e técnicas são também de grande importância para a temática da exposição; construída principalmente com gravuras e serigrafias, métodos que permitem a reprodução das obras com facilidade, o que representa também uma das mais marcantes características da arte Pop, que é justamente a repetição e a reflexão sobre a exclusividade das obras de arte em uma época de expansão da chamada mass media.

 

 

Artistas participantes:

 

Alfredo Nicolaiewsky, Glauco Rodrigues, Henrique Fuhro, Jesus Escobar, Liana Timm, Luiz Barth, Mário Röhnelt, Milton Kurtz, Romanita Disconzi, Vera Chaves Barcellos.

 

 

Sobre as curadoras

 

Carolina Grippa é formada em Moda pela Universidade Feevale, e bacharela em História da Arte, UFRGS. Realizou estágios em diversos museus da cidade, incluindo: Fundação Iberê Camargo, Pinacoteca Rubem Berta, MARGS e em 2018, trabalhou como assistente de produção na 11° Bienal do Mercosul.

 

Caroline Hädrich é arquiteta e urbanista formada pela UFRGS, e bacharela em História da Arte, UFRGS. Vive e trabalha em Porto Alegre como arquiteta, pesquisadora e curadora independente.

 

 

Até 26 de agosto.  

Pinakotheke SP exibe Shiró

10/jul

Nos seus 90 anos, Flavio-Shiróo pintor ganha exposição panorâmica, acompanhada de livro com assinatura do crítico de arte Paulo Herkenhoff. No ano em que se comemora os 110 anos da Imigração Japonesa no Brasil, comemoram-se também os 90 anos de Flavio-Shiró. Para celebrar a data, a Pinakotheke, Morumbi, São Paulo, SP, realiza uma exposição que traça a trajetória do pintor – dos anos 1940 aos dias atuais. A mostra reúne uma seleção de pinturas, desenhos, fotografias e objetos, na sua grande maioria, inéditos, com curadoria de Max Perlingeiro e do artista. Na ocasião, será lançado o livro com texto de Paulo Herkenhoff e exibidos filmes em curta-metragem dirigidos por Adam Tanaka, neto do artista.

 

A exposição promove um mergulho no universo de Shiró, pintor oriundo de três universos distintos – nasceu no Japão, cresceu no Brasil e há mais de seis décadas divide seu ateliê entre Paris e Rio de Janeiro. “Trata-se de um artista polivalente e internacional, mas talvez coubesse melhor designá-lo como transcultural, pois a obra propõe a convivência do intercâmbio Ocidente/Oriente, Norte/Sul ou Sapporo/Tomé-Açu/Paris”, escreve Herkenhoff.

 

Com 26 pinturas, 12 obras sobre papel, além de fotografias, objetos pessoais e cinco curtas dirigidos por seu neto Adam Tanaka e Margaux Fitoussi e produção executiva de Josué Tanaka, filho do artista, a mostra traça um panorama da obra do pintor, do figurativismo presente até o princípio de sua vida em Paris (1953), a transição para o abstracionismo informal até a retomada da figuração, sempre tendo o gesto como expressão basilar.

 

As telas como Voo Noturno, Matéria III e Camargue, da década de 1950, presentes na exposição, estiveram também no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1959, quando Shiró, ainda assinava Flavio S. Tanaka. “Um quadro de Shiró explodia como a convulsão da matéria do mundo na liberação daquilo que pareciam forças do caos; a massa pictórica incorpora-se em enervação, e a pintura é uma carnalidade vibrátil”, destaca o crítico.

 

Já na década de 1960, a obra de Shiró refere-se à pertinência positiva da pintura no campo cultural, como destaca Herkenhoff. “A obra de Flavio-Shiró, neste período, não discute apenas a guerra do Vietnã, mas toda guerra”.  Em meados dos anos 1970, o pintor sintetiza sua múltipla herança cultural e condensa seu imaginário em questões que explorará em profundidade nas décadas seguintes. “Pintar incluirá ativar a memória produtiva da fantasmática e deixá-la emergir perturbadora ao plano do visível”. Na década de 1990, a sua pintura reacende m nova chave cromática e se desprega da relação entre pincelada e desenho. “Paradoxalmente, este estágio barroco de sua pintura não tem a presença de monstros e fantasmagorias, como pode ter acontecido nas décadas anteriores”, afirma o crítico.

 

Por sua vez, no século XXI, o tema que anima os meus trabalhos continua evoluindo ao mesmo imaginário através de uma visão transfiguradora e poética, observa Shiró. “A isto, podemos chamar de arte como projeto de vida. Prossegue em sua trajetória e se depura como pintor sintético e denso. Seu imaginário pulsa pleno com o vigor da matéria e se move por vontade de experimentar ideias e por curiosidade técnica. Algumas questões plásticas têm envolvido a mente inquieta de Shiró: objetos; invenções; experiências com a xilogravura e a nova inflexão em sua pintura, com formas audaciosas”, completa Herkenhoff.

 

 

De 09 de julho a 11 de agosto.

 

art lab na Galeria Marcelo Guarnieri

05/jul

Distribuídos em um quadrado de setenta centímetros, vinte e quatro ponteiros vermelhos giram sem parar. Em outro quadrado de setenta centímetros, giram em tic tac outros vinte e quatro também ponteiros, também vermelhos. São os Relógios para perder a hora de Guto Lacaz, dois dos trabalhos que integram a exposição “art lab”, na Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP. As duas peças formam uma imagem clara do que se apresenta na mostra: objetos animados cumprindo funções absurdas, hipnóticas e humoradas que te convidam para uma dança sem hora pra acabar. O tempo nesta exposição seria algo semelhante ao tempo das crianças, um tempo tomado completamente pela brincadeira, em que a repetição e o delírio se fazem necessários no processo de aprendizagem.

 

Neste caso, uma desaprendizagem, pois aqui adentramos o universo dos objetos que deixaram de ser servos de seu próprio destino: a funcionalidade. Lacaz constrói com tais objetos uma relação tão íntima, que parece ouvir deles os seus desejos mais sórdidos, então retorce os seus sentidos e os liberta da chatice de serem úteis. Em alguns casos o artista vai além, dissecando suas objetidades de tal modo que acabam reduzidos a engrenagens de formas e cores e assim viram coisas: coisas ópticas, cinéticas, elétricas, lunáticas.

 

É o caso de Dauquad cinético, uma espécie de carrossel manipulável formado por quadrados de acrílico coloridos e de superfícies espelhadas que se refletem e projetam cores em diversos ângulos. Ou de Bossa Nova, um conjunto de peças quadradas e brancas que formam um painel também quadrado de dois metros e meio em lento e constante movimento, semelhante ao das ondas do mar. Os títulos dos trabalhos de Lacaz também são algo para se ter em conta, às vezes surgem como contraponto ao que se vê nas obras, às vezes funcionam como chaves de acesso.

 

Tudo o que for produto da criação humana, seja na ciência, na indústria ou na arte, pode virar assunto, em uma abordagem menos celebrativa e talvez mais crítica, certamente bem humorada. Há uma descrença não só pela ideia de progresso científico, mas também pelos grandes símbolos e certezas inventadas pela humanidade. Desse modo, Guto Lacaz convoca em alguns de seus trabalhos elementos clássicos das obras de figuras como Marcel Duchamp e Nam June Paik e os apresenta em novas situações, dando a eles o poder de performar a sua própria existência.

 

Paik Line, trabalho inédito, é constituído por uma torre de televisores modificados. A peça faz referência a Zen for TV, obra de 1963 do artista Nam June Paik, na qual reduz a imagem da tela a um feixe de luz, privando a televisão de sua própria forma e função. O desenho gerado pela linha que atravessa uma extremidade à outra do visor e a posição vertical do aparelho remetem a uma estrutura totêmica, reforçando o caráter contemplativo e imersivo da TV, agora de um jeito anormal. A partir daí Lacaz exagera e multiplica essa ação por seis, construindo um grande totem de mais de dois metros.

 

Em art lab tudo se movimenta e ainda que em curto-circuito, nos movimentamos também. A exposição é a primeira individual de Guto Lacaz na unidade São Paulo da Galeria Marcelo Guarnieri e marca os 40 anos de produção do artista. “Pra mim arte é energia. Importante distinguir arte de obra de arte. Arte é o que está entre a obra de arte e o espectador, algo meio fluido, um plasma. É isso que eu acho que é energia, quando você passa por uma obra de arte e essa obra te capta, é pura energia o que está acontecendo entre você e a obra de arte.”, conclui Guto.
 

Sobre o artista

 

Guto Lacaz, nasceu em
1948. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Artista multimídia, arquiteto, designer e cenógrafo, Guto Lacaz vem investigando, desde fins dos anos 70, as possibilidades da arte, da ciência e da tecnologia a partir de uma aproximação com os objetos de uso cotidiano. Bem humoradas e às vezes absurdas, suas obras buscam desestabilizar comportamentos e leituras automáticas comuns em nossa interação com a materialidade e a espacialidade. Sempre interessado na relação com o espectador, desenvolve seu trabalho em desenhos, objetos, performances, ilustrações, livros, instalações e intervenções em espaços públicos. Guto inventa um mundo torto e maravilhoso onde um batalhão de aspiradores de pó mantém bolas de isopor suspensas no ar e onde cadeiras enfileiradas de um auditório vazio flutuam silenciosas sobre as águas de um lago. Em 2017 ganhou o prêmio APCA na categoria “Fronteiras da Arquitetura”.

 

Membro da Alliance Graphic Internationalle  – AGI. Formado em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São José dos Campos em 1974. Em 1995 ganha a bolsa Gugenheim. Entre suas principais exposições individuais, intervenções urbanas e obras públicas, destacam-se: As Quatro Revoluções Industriais – 15 painéis na Av Paulista (2018); Adoraroda. Largo da Batata, Mostra 3M de Arte, São Paulo (2017); Ondas d’água. Sesc Belenzinho, São Paulo (2011); Eletro Livros. Maria Antonia USP, São Paulo (2012); Maquetes Reunidas. Capela do Morumbi – DPH, São Paulo (2008); Garoa Modernista e Pinacotrens. Octógono, Pinacoteca do Estado de São Paulo (2005); Recortes. Paço Imperial do Rio de Janeiro (1994); Periscópio. Arte Cidade II, São Paulo (1994); Auditório para Questões Delicadas – Lago do Ibirapuera, São Paulo (1989). Entre suas principais exposições coletivas, destacam-se: YOYO, tudo que vai volta. SESC Belenzinho, São Paulo (2018); Situações: a Instalação no Acervo da Pinacoteca do Estado, São Paulo (2017); As Margens dos Mares. SESC Pinheiros, São Paulo (2015); Invento | As Revoluções que nos Inventaram. Pavilhão da Oca – Parque Ibirapuera, São Paulo (2015); Diálogos com Palatnik. MAM-SP (2014); III Bienal da Bahia (2014); Trajetória da Luz na Arte Brasileira. Itaú Cultural, São Paulo (2001); 95 Gwangju Biennale, Coreia do Sul (1995); Brazil Projects, PS1 New York (1988); Modernidade – Arte Brasileira no século XX. MAM-SP (1988); A Trama do Gosto – Um Outro Olhar sobre o Cotidiano. Fundação Bienal, São Paulo (1987); 18ª Bienal Internacional de São Paulo (1985); Primeira Mostra do Móvel e do Objeto Inusitado. MIS, São Paulo (1978).

 

 

Até 21 de julho

Exposição de Suzana Queiroga

03/jul

No dia 05 de julho, Cassia Bomeny Galeria, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugura exposição individual da artista plástica Suzana Queiroga, totalmente dedicada à pintura. Com curadoria de Fernando Cocchiarale, curador do MAM Rio, serão apresentados cerca de quinze trabalhos inéditos, que tratam do cromatismo, da propagação de luz e remetem à ideia de infinito e continuidade, em um desdobramento da pesquisa da artista sobre os fluxos.

 

A exposição terá pinturas em tamanhos variados, que vão desde 40cmX40cm até 1,20mX2,40cm. A palheta de cores passa pelo azul, pelo verde e pelo violeta. São cores ligadas  imenso, aos grandes espaços como o céu e o mar, e as relaciono com a ideia de infinito”, explica Suzana Queiroga. Artista multimídia, ela sempre produziu em todos os suportes, como pintura, desenho, vídeo e instalação, mas há sete anos não fazia uma exposição somente de pinturas.Eu comecei minha trajetória artística pintando e nunca deixei de pintar. Estava devendo a mim e ao Rio de Janeiro uma exposição dedicada exclusivamente àpintura, conta.

 

 

“Conforme as anotações da própria artista, é possível concluir que sob as notáveis transformações experimentadas por sua pintura permanece, alinhavando-as, a diferença alternativa de sua fatura luminosa em relação à fatura matérica que frequentemente marcou a  produção daqueles que promoveram a retomada da pintura na década de 1980”, ressalta o curador Fernando Cocchiarale. 

 

 

Há 10 anos a artista pesquisa a questão do fluxo e do tempo. Em sua recente exposição no Paço Imperial, realizada de março a maio deste ano, essas questões se desenvolveram muito ligadas à cartografia das cidades e à paisagem. Nos trabalhos que serão apresentados na exposição na Cassia Bomeny Galeria, a questão dos fluxos continua presente, mas se desenvolve de outra forma, como passagens de tempo e propagações de luz. Nas pinturas, feitas em tinta a óleo ou em tinta acrílica, estão presentes feixes de luz, que parecem “correr no espaço, como uma fotografia do instante”. Há também obras ligadas à questão do infinito, como as formas se subdividem, dando a ideia de que podem continuar se dividindo infinitamente.

 

 

Todos os trabalhos são inéditos, mas as ideias já existem há muito tempo na cabeça da artista, sem terem sido desenvolvidas. As ideias para esses trabalhos estão presentes no meu sketbook desde 2004. Uso o caderno como um lugar de pensamento, sem barreiras ou travos, sem comprometimento com um projeto, de maneira orgânica, no cotidiano, diz Suzana Queiroga, que afirma, ainda, que as questões presentes no caderno muitas vezes são resolvidas anos depois, em trabalhos em diferentes suportes. Quando resolve que é hora de tirar essas questões do caderno, a artista faz um pequeno estudo, que serve apenas de base, mas a pintura é feita diretamente na tela:“é lá que resolvo as questões da pintura, afirma.

 

 

 

Sobre a artista

 

 

Suzana Queiroga nasceu em 1961 no Rio de Janeiro, atua nas artes plásticas desde a década de 1980 e suas poéticas atravessam a ideia de fluxo e tempo. Traz à tona questões da expansão da pintura e do plano dialogando com diversos meios, entre os quais instalações, performances, infláveis, audiovisual e escultura. Participou de importantes exposições, no Brasil e no exterior, como “Miradouro”, no Paço Imperial (2018), “ÁguaAr”, no Centro para Assuntos de Arte e Arquitetura, em Guimarães, Portugal (2015), onde também foi artista residente e a individual “Prelúdio”, na Galeria Siniscalco, em Nápolis (2014); realizou uma individual para o Projeto Ver e Sentir do Museu Nacional de Belas Artes (2017). Acumulou cerca de 12 prêmios como o Prêmio de Aquisição na XVIII Bienal de Cerveira, em Portugal (2015); 5º Prêmio Marcantônio Vilaça/Funarte para aquisição de acervos (2012), pelo qual apresentou a individual “Olhos d’Água no Museu Nacional de Arte Contemporânea de Niterói no ano seguinte; o I Prêmio Nacional de Projéteis de Arte Contemporânea/Funarte (2005) e a bolsa RIOARTE (1999). Foi também finalista do 6º Prêmio Marcantônio Vilaça para as Artes Plásticas, cuja coletiva aconteceu no Museu Brasileiro da Escultura e da Ecologia (2017). Foi artista residente na Akademia der Bildenden der Künste Wien, na Áustria (2012), no Instituto Hilda Hilst, em São Paulo (2012), na IV Bienal del Fin del Mundo, na Argentina (2014), entre outros.

 

 

 

 

Sobre a galeria

 

 

Cassia Bomeny Galeria (antiga Um Galeria) foi inaugurada em dezembro de 2015, com o objetivo de apresentar arte contemporânea, expondo artistas brasileiros e internacionais. A galeria trabalha em parceria com curadores convidados, procurando elaborar um programa de exposições diversificado. Tendo como característica principal oferecer obras únicas, associadas a obras múltiplas, sobretudo quando reforçarem seu sentido e sua compreensão. Explorando vários suportes – gravura, objetos tridimensionais, escultura, fotografia e videoarte.

 

Com esse princípio, a galeria estimula a expansão do colecionismo, com base em condições de aquisição, bastante favoráveis ao público. Viabilizando o acesso às obras de artistas consagrados, aproximando-se e alcançando um novo público de colecionadores em potencial. A galeria também abre suas portas para parcerias internacionais, com o desejo de expandir seu público, atingindo um novo apreciador de arte contemporânea, estimulando o intercâmbio artístico do Brasil com o mundo.

 

 

 

De 05 de julho a 15 de agosto.

Nova galeria em Ipanema

26/jun

A nova Galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou com exposição sob a curadoria de Marcelo Campos. O casarão amarelo da Aníbal de Mendonça, no conhecido “quadrilátero dourado” de Ipanema, passou a abrigar o espaço dedicado à arte contemporânea cuja proposta é ser um centro propulsor da arte, com exposições, mas também performances, workshops, visitas guiadas, com vistas a uma programação diversificada. A exposição de inauguração “Luzes indiscretas entre colinas cônicas” reúne obras de 13 artistas que têm em comum temas relacionados à luz, ao corpo e a paisagem. Os expositores são Anna Kahn, Brígida Baltar, Claudio Tobinaga, Hugo Houayek, Jimson Vilela, Leo Ayres, Lívia Flores, Osvaldo Gaia, Roberta Carvalho, Robnei Bonifácio, Thiago Ortiz, Tiago Sant’Ana e Yoko Nishio.

 

 

A palavra do curador e a exposição

 

A proposta de Marcelo Campos com esta exposição é unir trabalhos que tratem de ideias relacionadas à luz, ao corpo e a paisagem. Ele se baseou no relato de viajantes que se deparavam com as cidades brasileiras e em três conceitos que se tornaram evidentes: a luz, a transbordante paisagem e o gentio. 

 

“Recebi o convite e todo o material dos artistas e logo percebi o interesse da galeria sobre discussões atuais e sociais. A exposição inaugural vai trazer um pouco da consciência de assuntos do presente, cedendo espaço para artistas atuais”.

 

“Mário de Andrade, em O turista aprendiz, destaca a luz das manhãs no subúrbio do Rio de Janeiro e uma ‘certa’ característica “indiscreta” nas pessoas, nas ruas. George Gardner, em Viagem ao interior do Brasil, inicia seu trabalho de campo no litoral e não se furta em valorizar a transbordante beleza da natureza, a cidade por entre ‘colinas cônicas’,” 

 

Os artistas desta exposição olham a cidade como se fôssemos mergulhar de trampolim em direção ao pleno viver. Porém, há outras luzes que transcendem e atravessam esta observação, a luz da noite, das encruzilhadas, dos paraísos artificiais, dos néons, dos espelhos, conclui o curador

 

 

A palavra de Simone Candinelli

 

“A galeria tem a proposta de formar, administrar e representar a carreira de artistas. Por isso, inauguramos com um portfólio diverso, mas em total harmonia com o tema proposto”.

 

 

Até 08 de agosto.

Tony Camargo no MON

19/jun

O Museu Oscar Niemayer, MON, Curitiba, PR, apresenta na Sala 2, exposição panorâmica de Tony Camargo. “Seleta Crômica e Objetos”, contempla 20 anos de produção do artista reunindo pinturas, desenhos, fotografias, vídeos e objetos. “Seleta Crômica e Objetos” é acompanhada de catálogo com textos inéditos de Arthur do Carmo e Paulo Herkenhoff.

 

A produção de Tony Camargo sintetiza importantes questões poéticas da arte brasileira produzida a partir dos anos 2000. Conjugando o rigor visual da tradição construtiva com ações performáticas e o humor do gosto popular, o artista trabalha o confronto de sistemas poéticos aparentemente opostos, explorando os limites do espaço e da linguagem pictórica.

 

A cor é o elemento fundamental que alinha uma produção diversa e questiona, entre outros temas, as articulações entre a linguagem controlada das imagens comerciais e a irracionalidade do sujeito no caos mundano. Para o artista, suas fotos e vídeos pertencem a uma atmosfera poética que surge do embate entre o rigor plástico de suas pinturas geométricas de origem construtiva e o caos criativo de suas performances personalistas, diretamente conectadas à imprevisibilidade da vida. O resultado é uma profunda investigação sobre a espacialidade do mundo real.

 

A diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika, destaca a singularidade da produção que compõe a mostra. “Manipulando formas e cores, Tony Camargo cria uma estética própria, reconhecível nas diferentes linguagens que explora. O Museu Oscar Niemeyer abriga em seu acervo grandes nomes da arte paranaense, e recebe com satisfação o trabalho deste artista contemporâneo do Paraná”.

 

A exposição “Seleta Crômica e Objetos” integra o projeto “Pintura Esférica”, realizado com o apoio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura da Fundação Cultural de Curitiba e com incentivo do Banco do Brasil.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em 1979 no município de Paula Freitas, no Paraná, Tony Camargo concluiu o curso de Artes Visuais na Universidade Federal do Paraná em 2001. Ao longo de 20 anos tem produzido uma obra complexa e diversa, contemplando pinturas, desenhos, fotografias, vídeos e objetos. Participou de mostras coletivas como a X Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2015); PR/BR, no Museu Oscar Niemeyer (Curitiba, 2012); e Nova Arte Nova, no Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro e São Paulo, 2008 e 2009). Entre suas exposições individuais, destacam-se Novas Planopinturas, na Galeria SIM (Curitiba, 2016); Fotomódulos e Desenhos, na Galeria Casa Triângulo (São Paulo, 2010); e Fotomódulos, no Paço das Artes (São Paulo, 2008). Recebeu o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea (2012), o Prêmio Rumos Itaú Cultural (2006) e foi nominado para o Prêmio Pipa (2010, 2011 e 2017). Tem peças em coleções como o Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu Oscar Niemeyer e Museu de Arte do Rio.

 

 

Até 1º de julho.

Mostras prorrogadas

18/jun

As exposições “ARRUDA, Victor”, uma retrospectiva da trajetória do artista Victor Arruda, com curadoria de Adolfo Montejo Navas, e “Monolux”, de Vicente de Mello, com curadoria do poeta Eucanaã Ferraz, foram prorrogadas até o dia 9 de setembro de 2018, e as exposições “Guy Brett – a proximidade crítica” e “Estados da abstração do pós-guerra”, com curadoria de Paulo Venancio Filho, curador convidado, ficam em cartaz até o dia 22 de julho de 2018. “Chutes Inesquecíveis”, de Analívia Cordeiro, com curadoria de Fernando Cocchiarale, foi prorrogada até o dia 12 de agosto de 2018.

 

 

No próximo dia 27 de junho, devido ao jogo do Brasil, o MAM Rio abrirá excepcionalmente às 10h30 e fechará às 14h. A bilheteria será encerrada às 13h30.

 

O MAM Rio está com oito exposições em cartaz nos três andares do icônico prédio modernista projetado por Affonso Reidy (1909-1964). No foyer, o artista Matheus Rocha Pitta faz uma homenagem às vítimas da violência no Rio, com três instalações na exposição “memória menor”, em curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, curadores do Museu. No segundo andar, estão a retrospectiva “Victor Arruda”, com obras emblemáticas do artista nascido em 1947, com curadoria de Adolfo Montejo Navas; “Monolux”, o poético trabalho de Vicente de Mello, com fotografias feitas sem câmera, em que objetos foram colocados diretamente sobre papel fotográfico dentro do laboratório,  com curadoria de Eucanaã Ferraz; “Chutes Inesquecíveis”, de Analívia Cordeiro, com curadoria de Fernando Cocchiarale, que reúne obras feitas a partir da decodificação de três chutes emblemáticos: dois de Pelé, e um de Bruce Lee; e a exposição fotográfica “Escrever com a luz – Vittorio Storaro”, do renomado diretor de fotografia italiano Vittorio Storaro, com curadoria de Giovanni Storaro. No terceiro andar, o público poderá percorrer um panorama da história da arte moderna e contemporânea, em três exposições com destaques do vasto acervo de mais de 16 mil obras do Museu: 250 trabalhos de cerca de 90 importantes artistas brasileiros e estrangeiros, em “Alucinações à beira Mar”, com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, “Guy Brett – a proximidade crítica” e “Estados da abstração do pós-guerra”, com curadoria de Paulo Venancio Filho, curador convidado.

 

Matheus Rocha Pitta – memória menor
Espaço: Foyer
Até o dia 1º de julho de 2018

 

ARRUDA, Victor
Espaço: Segundo andar – 2.4 (parcial)
Até o dia 9 de setembro de 2018

 

Vicente de Mello – Monolux  
Espaço: Segundo andar – 2.4 (parcial)
Até o dia 9 de setembro de 2018

 

Analívia Cordeiro – Chutes Inesquecíveis
Espaço: Segundo andar – 2.3

Até o dia 12 de agosto de 2018

 

 

Escrever com a luz – Vittorio Storaro Período
Espaço: Segundo andar – Salão Monumental
Até 08 de julho de 2018

 

Vittorio Storaro Período – Escrever com a luz 
Espaço: Segundo andar – Salão Monumental
Até 08 de julho de 2018

 

Estados da abstração no pós – guerra e Guy Brett: A proximidade crítica
Espaço: Terceiro andar – 3.1 e 3.2
Até o dia 22 de julho de 2018

 

Alucinações à beira mar
Espaço: Terceiro andar – 3.3
longa duração

“Portinari – A construção de uma obra”

08/jun

A exposição “Portinari – A construção de uma obra” continuará ocupando o espaço da Galeria 4 na CAIXA Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, até dia 1º de julho. Aberta ao público no dia 03 de maio, a mostra foi vista por mais de 16 mil pessoas até o momento. O projeto tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal.  “Portinari – A construção de uma obra” reúne 71 estudos, pinturas e obras do pintor, muralista e desenhista, que conquistou reconhecimento internacional retratando o cotidiano do país e a desigualdade social, com atualidade surpreendente. Também fazem parte da montagem 16 esculturas criadas pelo artista plástico Sérgio Campos, que reproduzem personagens de importantes obras de Portinari.

 

Segundo o curador Luiz Fernando Dannemann, os trabalhos reunidos mostram o processo criativo do artista, ilustrando sua trajetória. “É uma exposição específica da construção da obra de Portinari, que mostra estudos, esboços e desenhos de grandes obras do artista”, comenta o curador. “São pedaços preciosos de um artista singular, de quem buscou originalidade na própria poesia do homem”. Entre eles, há estudos para o painel “Guerra e Paz”, que Portinari criou para a sede da ONU, em Nova York, entre 1952 e 1956.

 

Um dos grandes temas da obra do artista é a desigualdade social, revelada no registro do cotidiano, como em “Grupo com homem doente” e “Menino morto”, por exemplo. “Portinari era um “cronista” que, ao invés de escrever, pintava as desigualdades, as efemérides”, diz o curador. “Os Retirantes” é a realidade do Brasil, pessoas que iam para as grandes cidades buscando melhores oportunidades. E muitas dessas obras continuam atuais, a crítica, a crônica, porque ainda vivemos em um país de desigualdade social”.

 

 

Esculturas

 

As esculturas de Sergio Campos contracenam com as obras de Portinari na mostra. Campos finalizou o planejamento do próprio artista plástico, que queria transformar suas figuras em esculturas. O Rio de Janeiro recebe 16 trabalhos, revelando uma tridimensionalidade da visão de Portinari. “Ele pretendia eternizar alguns de seus personagens em bronze. Como morreu prematuramente, aos 59 anos, não conseguiu concluir este projeto”, explica Dannemann. “Sergio Campos, membro da família do pintor, decidiu finalizar a ideia, criando esculturas fidedignas em cada detalhe”.

 

 

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Presença de Delson Uchôa

06/jun

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inaugura no próximo dia 20 de junho, a exposição “Autofagia – Eu Devoro Meu Próprio Tempo”, com obras inéditas de Delson Uchôa. Esta é a primeira individual que o artista realiza nos últimos treze anos no Rio de Janeiro. A exposição reunirá seis trabalhos inéditos em grande formato, em que o público poderá tocar e manusear. As obras são resultado de sua pesquisa desenvolvida desde 2005, na qual emprega uma resina sobre o chão de cerâmica crua de seu ateliê e pinta sobre sua superfície, descolando-a meses depois, como um “manto de pele”, acrescentando após mais pintura. Nesse processo que o artista denominou de autofagia, ele recorta pedaços desta “pele” de pintura e enxerta em outros trabalhos, às vezes antigos, costurando com linha e agulha. O segundo andar da galeria será ocupado pela obra “Instalação Pintura-Objeto (2018)”, e no contêiner, situado no terraço, serão projetados vídeos mostrando o processo criativo do artista. Na abertura da exposição, haverá uma performance inédita do coletivo Loba, das artistas Flora Uchôa e Laura Fragoso. A apresentação é de Fernando Cochiarale.

 

 

Sobre o artista

 

Delson Uchôa, nasceu em 1956, estudou e morou em Maceió até se formar em Medicina em 1981, paralelamente inicia seus estudos de pintura na Fundação Pierre Chalita. Parte para uma viagem de estudos à França onde conhece os mestres da pintura e retorna ao Brasil com breve estadia em Belo Horizonte. Fixa residência no Rio de Janeiro e participa da mostra “Como vai você? Geração 80″ organizada por Marcus de Lontra Costa e Paulo Roberto Leal, na Escola de Artes Visuais do Parque Laje.

 

A partir daí passa a fazer parte dos artistas da Galeria Saramenha que aposta nos jovens talentos emergentes dos anos oitenta e lá realiza duas importantes individuais em 1985 e 1988. É Jorginho Guinle que o apresenta no convite impresso ressaltando sua imagística popular e a vitalidade plástica de seu trabalho: “o conjunto de trabalhos de Delson, inevitávelmente trazem à tona questões como o arquétipo e o pessoal, o universal e o regional, o popular e o kistch”.  Sua pintura passa a interessar a Galeria Thomas Cohn que adota seu pop-neoconcreto: “o uso do papel excedido até o quase-mural, o trompe l’oeil, os elementos bandeira, as oscilações entre o quase kitsch e o quase despojado, entre o bruto e o requintado nos estimularam a abrir o leque para o Norte e o Nordeste” assim comenta Thomas Cohn sobre sua importância no cenário nacional realizando duas individuais do artista nos anos de 1990 e 1993.

 

Retorna por breves períodos a Maceió durante essa temporada carioca produzindo intensamente. Participa do Workshop 93 patrocinado pela Academia Teuto Brasileira de Verão – Deutsh-Brasilianische Kulturelle Vereinigung (DBKV)/Instituto Goethe/Fundação Pierre Chalita em Maceió onde é agraciado com uma bolsa de estudos e a oportunidade de realizar uma exposição na Galeria berlinense Springer em agosto de 1993. Volta da Alemanha e fixa residência em Maceió com a intenção de reunir seu acervo. Três anos depois, em 1996, realiza sua maior exposição individual em dois grandes Armazéns de Açúcar em Jaraguá onde cobre um período aproximado de quinze anos de pintura, desde a geração 80 até os trabalhos de 1996 denominados de “mestiços de última geração” e cujo convite feito ao público foi através de out-doors espalhados pelos principais pontos da cidade para dar uma mostra da escala e da dimensão de seus trabalhos.
Em 1998 participa da XXIV Bienal de São Paulo sob curadoria de Paulo Herkenhoff que recoloca a questão antropofágica no intuito de discutir a pluralidade cultural e o insere no projeto do Núcleo Histórico na questão da cor e latitude que vai do modernismo, passando pelo neoconcretismo até a contemporaneidade: “…a cor caipira do sudeste não dá conta do Brasil. Uchoa extrai luminosidade e estridência cultural da cor do Nordeste. Suas pinturas descrevem movimentos do roi-roi, brinquedo popular a elas incorporados” é o que afirma Herkenhoff no texto introdutório do catálogo da mostra.

 

Em 2001, a TV Senac realiza um documentário sobre sua obra, exibido na série Arte brasileira em circuito Nacional onde é filmada duas de suas maiores obras: Catedral, com 10 metros de altura, e Curral da Praia, com seis metros de largura. Obras que necessitaram ser içadas por cabos de aço no canteiro de obras do ainda não inaugurado Centro Cultural de Maceió.

 

Em 2002, participa de um Programa de residência artística em uma Vila da região serrana do Paraná chamado Faxinal das Artes e que durante quinze dias envolveu cem artistas de todo o Brasil. Essa experiência de troca com artistas de variadas gerações o recoloca no circuito das artes do eixo sul-sudeste. Em 2003 é convidado por Agnaldo Farias para expor, na Galeria Tomie Otake em uma grande mostra junto a outros dois pintores de posições distintas: Caetano de Almeida e Cássio Michalany. Em 2005 ocupa os espaços do MAMAM – Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – em Recife sob curadoria de Moacir dos Anjos como também recebe convite do Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro para integrar, com duas obras, o acervo contemporâneo de arte da Instituição.  Com essa aquisição do Museu de Belas Artes, amplia sua participação em importantes coleções de arte contemporânea do país pois já faz parte do acervo de Gilberto Chateaubriand (MAM Rio), de João Sattamini (MAC Niterói), do MAMAM Recife e da Infraero, que adquiriu um painel para o novo Aeroporto Internacional de Maceió.

 

 

Até 18 de agosto.

Denise Torbes no CC Correios

A exposição “Denize Torbes  – Cerne”, ocupa duas grandes salas do Centro Culltural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, com obras recentes e inédita. A artista esteve por quase 10 anos sem fazer uma exibição indiviual no Rio de Janeiro

 

A exposição, traz pinturas, desenhos, objetos em cerâmica e uma instalação, que traçam um contraponto entre o ser humano moderno e o inserido em sua cultura milenar. Os trabalhos tratam da temática da cultura indígena e das queimadas, em trabalhos que se relacionam entre si.

 

O nome da exposição, “Cerne”, vem da parte do tronco que continua intacta após uma queimada. “O cerne na natureza é a parte da madeira queimada que não se destrói e a referência nesta série é o ressurgimento, em vestígios, de elementos próprios da cultura de povos antigos assim como a premência de regeneração, como um esforço de suportar as decorrências destrutivas da ação humana”, afirma a artista, que pesquisa a cultura indígena desde 1987, e cuja avó pertencia à tribo Guarani, localizada até hoje na fronteira entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai.

 

No teto da primeira sala, a instalação “Tatuagem”, composta por uma imagem em espiral, símbolo da chuva para a tribo Guarani, pendurados, pedaços de carvão em formatos verticais, com inscrições em vermelho, comuns nas pinturas corporais de índios brasileiros. “Os desenhos constituem uma revelação daquilo que sobreviveu ao fogo. As inscrições, minuciosamente elaboradas com linhas vermelhas sobre o preto intenso do carvão, são como “vestígios de labaredas” que embora tenham alcançado o mais alto nível de destruição, são um apanágio àresistência”, conta a artista.

 

Divididas nesta sala e na seguinte, cerca de dez pinturas, em têmpera e óleo sobre tela, produzidas entre 2010 e 2018, com tamanhos que chegam a 2 m x 1,80 m. Todas elas possuem elementos da iconografia indígena.

 

Duas séries de desenhos inéditos, “Queimada” e “Queimada-cerne”, também estarão divididos por duas salas da exposição. Apesar de alguns terem elementos iconográficos, o foco desses trabalhos são as queimadas. Os trabalhos são feitos em têmpera, que a artista mesma produz, sobre papel. Eles são realizados sem um estudo prévio. “Existe um inicio de ideia, mas que se transforma durante o processo. Os desenhos possuem várias camadas de aguada que vão se modificando. Tem a parte da técnica, mas também o acaso”, conta.

 

Na série “Queimada”, as pinturas sobre papel têm como principais elementos corações, pés e pulmões. “Estes três elementos demonstram o caráter danoso de uma queimada e são, sobretudo, o resultado antagônicoao significado de cerne, que representa o renascimento, o ressurgimento. Simbolizam, portanto, a finitude absoluta, tudo o que se perdeu, que foi consumido pelas chamas, não somente físico, mas incorpóreo e emotivo”, explica a artista. Já na série “Queimada-cerne” as pinturas sobre papel e sobre tela possuem composições formais que fazem uma conexão com as imagens das queimadas, mas com a introdução de formas que remetem aos objetos e pinturas das culturas indígenas.

 

Ao se dirigir para a segunda sala, o visitante verá, na parede da antesala, que a artista chamou de “Cofre”, um conjunto com 100 peças em cerâmica, pintados de dourado, produzidas em 2017 e 2018, intitulado “100 onças”. Nelas, há a reprodução de um padrão de desenho que os índios Assurini criaram especialmente para pintura corporal. Os motivos (desenhos) e seus significados foram extraídos de uma tabela organizada pelo índio assurini Puraké, em 1984. Cada plaqueta contém, além do desenho, duas inscrições, o significado em guarani e a versão para o português. As placas serão colocadas lado a lado, formando uma linha contínua. “Elas são douradas para lembrarem o ouro, algo valioso. Além disso, a onça é a medida do peso do ouro, por isso elas têm esse nome”, diz a artista, que chamou o espaço de “cofre”, por abrigar “barras de ouro” indígenas.

 

Na segunda sala, desenhos e também um conjunto de dez cerâmicas, da série “Línguas”. Em cada uma delas, há um grafismo e uma frase, que são “sabedorias” dos índios brasileiros Pataxó, Yanomami e Kaiapó e estrangeiros, Sioux do Canadá e os norte-americanos Mohawk, Dakota e Ute.“O título possui dois significados: a língua usada para comunicar os aprendizados das nações indígenas e o aspecto formal/estético das peças”, explica a artista.

 

Tanto nas referências indígenas quanto nas obras sobre as queimadas, o que interessa à artista é a parte visual. “O que me encanta é a imagem, a parte gráfica. O meu trabalho acaba fortalecendo o registro dessas nações, mas a intenção é a potência gráfica”, ressalta Denize Torbes.

 

 

Sobre a artista

 

Denize Torbes nasceu no Rio de Janeiro, em 1959. É artista plástica, bacharel em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ.

 

Dentre suas exposições individuais destacam-se: “Kosmofonia – 3 sentidos – Verlerouvir” (2009), no Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio de Janeiro; “Denize TORBES – LdeO&Co Mobilier et Ecodesign Brésiliens” (2008), em Paris, França;  “Das Origens” (2006), na Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro; “Ícones Tribais – pinturas, cerâmicas e jóias” (2005), com  itinerância pela Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro, e pelo Musée de la Halle Saint Pierre e pela Galerie Panamá, ambos em Paris, França, a mostra no Centro Cultural Banco do Brasil (1994), no Rio de Janeiro, entre outras. Dentre suas exposições coletivas estão: “Salve São Jorge 23” – 9ª edição, no Porto das Artes – Fábrica de Espetáculos, RJ, “Acervo Contemporâneo”, na Galeria Arte UFF, RJ, “Cubo além do cubo – DEZ”, em 2017; “Zona Oculta – 10 anos” (2015), ambas no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, RJ; “1ª Bienal Sul-americana de Gravura e Arte Impressa Rio-Córdoba” (2014), no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, e no Museu Emilio Caraffa, em Córdoba, Argentina; “Papel ao cubo” (2013), no Museu D. Diogo de Souza, Museu de Arqueologia, em Braga, Portugal, entre outras.Ao longo de sua trajetória, recebeu diversos prêmios, como: Prêmio CIER – Comissăo de Integraçăo Energética Regional (2004); Seleçăo Pręmio UNESCO – Jovem Arte Brasileira – Pinacoteca do Estado de Săo Paulo (1993); Projeto Beca Ciudad de Mexico (1991); Prêmio aquisição – Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (1987); Salão de Artes Plásticas da Escola de Belas Artes da UFRJ (1984), entre outros. Possui obras em importantes acervos no Brasil e no exterior, como Companhia Vale do Rio Doce, Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, Museu de Arte Moderna de Santa Catarina, Acervo Contemporâneo da Universidade Federal Fluminense, Galeria Lopez Velarde, México, Museu Nacional de Belas Artes, Society Printmakers of California, Galeria Cândido Mendes-RJ, SESC-RJ, Centro Cultural dos Correios-RJ, Josef-Krainer-Haus, Graz, Áustria, e Museu de Arte do Espírito Santo.

 

 

 

Até 18 de julho.