Anita Schwartz exibe Guilherme Dable

13/nov

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a partir de 22 de novembro a exposição individual “Fiz ele soletrar o seu nome”, com trabalhos inéditos e recentes do artista Guilherme Dable, ativo no circuito nacional e internacional de arte. Com curadoria de Daniela Name, a mostra reunirá 20 pinturas abstratas de formatos variados, uma intervenção criada especialmente para a parede de vidro que divide a sala do segundo andar da área externa da galeria, onde será exibido no contêiner o vídeo “O rádio sempre estava ligado na cozinha (ou) the hammer of the gods”, principal trabalho da exposição homônima realizada em 2016 na Belmacz Gallery, em Londres. No mesmo ano o artista integrou a coletiva “Em Polvorosa: um panorama das Coleções MAM Rio”, com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em suas pinturas, vídeo e intervenção feita especialmente para o espaço da galeria, o artista traz a memória de sua infância, das músicas ouvidas no rádio a azulejos modernistas. Com esta exposição, a galeria inaugura programa de individuais de artistas jovens já reconhecidos no circuito de arte.

 

Daniela Name comenta que “…Dable vem construindo uma carreira em que mistura as linguagens da pintura e do desenho a trabalhos híbridos, com forte influência da música e eventualmente permeados por objetos cotidianos”. Ela explica que na intervenção feita especificamente para o espaço da galeria, Guilherme Dable “…se relaciona diretamente com uma memória de infância – a das padronagens vibrantes e populares dos azulejos que decoravam banheiros e cozinhas brasileiros nos anos 1970, mesclando essas estampas com uma vegetação tropical transformada em muxarabi e vitral do espaço expositivo”.

 

O artista destaca que os azulejos têm profunda relação com o rádio a que se refere o vídeo exibido no contêiner. “Há o azulejo que, de certa forma, assina parte do projeto modernista brasileiro, com Athos Bulcão. Do ponto subtropical onde cresci, estes praticamente inexistiam: a estética moderna estava nas cores berrantes e na geometria setentista dos azulejos da cozinha, que ecoavam o som das rádios populares e “suavam vapor de sopa quente”, como diz uma canção interpretada por Romulo Fróes”.

 

Daniela Name destaca a “…curiosa ponte que o artista realiza entre esse seu arquivo pessoal, subjetivo, e uma espécie de sismógrafos do momento que o país atravessa”. “Há um Brasil constantemente apartado pelas elites que se infiltra e se impõe, não apenas nesses trabalhos, mas também através deles na própria história do Dable como artista. O rádio ouvido pelas empregadas domésticas, o som com Odair José e Roberto Carlos vindo da área de serviço se mistura a essa explosão popular de cores, tão brasileira, mas nem sempre confortável para a autonomeada ‘inteligência nacional’. Esse país abafado ferve como a chaleira do vídeo apresentado na exposição. Os ruídos aparentemente desordenados indicam que o caldo social e simbólico pode derramar a qualquer momento”.

 

A individual de Guilherme Dable inaugura um programa dedicado aos artistas jovens da Anita Schwartz Galeria de Arte. Já estão previstas as mostras de Marcela Florido, em janeiro de 2018, e Arthur Chaves, em março. Guilherme Dable nasceu em 1976 em Porto Alegre, onde vive e trabalha. É cofundador do Atelier Subterrânea, espaço independente que atuou baseado na capital gaúcha entre 2006 e 2015.

 

 

Até 23 de dezembro.

TOZ no Museu da Chácara do Céu

08/nov

Indicado ao prêmio Pipa em 2014, Toz realiza a exposição “Povo Insônia”, no museu da Chácara do Céu, Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, com a criação de proposições que partem de diálogos entre seu personagem, “O Insônia”, e a coleção do museu. O personagem nascido nas ruas vem carregado de influencias, assim como suas pinturas, instalações e uma obra sonora, que ocupam as salas e o jardim do museu como resultado de pesquisas sobre a influência da cultura africana. A programação faz parte dos 25 anos do projeto “Os Amigos da Gravura”, cujo objetivo é convidar um artista para produzir gravuras ou múltiplos exclusivos com tiragem limitada.

 

 

Sobre o Museu

 

O Museu da Chácara do Céu, junto com o Museu do Açude, foram residências de Raymundo Ottoni de Castro Maya, nascido em Paris em 1894, e falecido em Santa Teresa. Atuou em diversos ramos mas foi como colecionador de arte, gosto herdado de seu pai, engenheiro ligado ao imperador D. Pedro II, que deixou seu maior legado. Os Museus que foram residências de Castro Maya formam umas das mais importantes coleções públicas do país. Neles encontram-se nomes como Picasso, Matisse e Modigliani preservados ao acervo juntamente a artistas brasileiros como Guignard, Di Cavalcanti e Volpi. Também enriquecem a coleção o  mobiliário luso-brasileiro dos séculos XVIII e XIX, assim como a azulejaria neocolonial provenientes de países como França e Holanda. Atualmente os museus foram incorporados ao governo brasileiro integrando o IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus), do Ministério da Cultura, com seus prédios, acervos e parques dos Museus Castro Maya tombados pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 1974, onde adaptou-se as residências às necessidades dos espaços museológicos.

 

Amigos da Gravura – Povo Insônia

 

Até 29 de janeiro de 2018.

Volpi em NY

06/nov

A galeria Gladstone 64, Nova Iorque, USA, apresenta – até 22 de dezembro – uma exposição de obras históricas do pintor brasileiro Alfredo Volpi, a primeira apresentação individual de seu trabalho nos Estados Unidos. Volpi é considerado um dos mais influentes e célebres pintores brasileiros, que o proeminente intelectual público Mario Pedrosa chamou de “o mestre do seu tempo”. Honrando seu ofício durante o surgimento do modernismo no Brasil, Volpi teve um impacto duradouro na história da arte através de sua abordagem de assinatura para descrever as formas das experiências cotidianas – desde banners de festivais até casas comuns – em abstração vibrantemente cromática.

 

Esta exposição se concentra nos diferentes aspectos de sua prática pictórica durante sua fase mais envolvente entre o final da década de 1950 e meados da década de 1970. Recolhendo obras importantes, muitas das quais nunca foram exibidas fora do Brasil, as pinturas em vista examinam a fachada, a bandeira e as pinturas náuticas com as quais ele está mais associado. Nesta ocasião, será publicada a primeira grande monografia em inglês do trabalho de Volpi, que inclui um novo ensaio sobre seu trabalho do erudito Rodrigo Moura e escritos históricos sobre os artistas de Aracy de Amaral, Willys de Castro e Mario Pedrosa, traduzidos para o inglês pela primeira vez.

 

 

Sobre o artista

 

Alfredo Volpi nasceu em 1896 em Lucca, Itália, e morreu em 1988 em São Paulo. Ao longo de sua vida, Volpi teve exposições individuais no Museu de Arte Moderna de São Paulo; Instituto de Arquitetos do Brasil, Porto Alegre, Brasil; Museu de Arte Contemporânea, Campinas, Brasil; Biblioteca Municipal Mario de Andrade, São Paulo; Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô; e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Depois de sua morte em 1988, muitas instituições mostraram o trabalho de Volpi, incluindo Paulo Kuczynski Escritório de Arte, São Paulo; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo; Palais des Beaux-Arts de Bruxelles, Bélgica; Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro; Instituto de Arte Contemporânea, São Paulo; Paço Imperial, Rio de Janeiro; Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Brasil; Museu de Arte Latino-Americano de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina; Espaço Cultural Banco Central, São Paulo; Museu de Valores do Banco Central, Brasília, Brasil; Centro Cultural São Paulo; Museu Nacional de Belas-Artes, Rio de Janeiro; Centro Cultural Laurinda Santos Lobo, Rio de Janeiro; e Pinacoteca do Estado de São Paulo. Em 1953, Volpi conquistou o prestigioso Grande Prêmio de pintura brasileira na segunda Bienal de Arte de São Paulo. Volpi também foi incluído na Bienal de Veneza em 1950, 1952, 1954, 1962 e 1964.

Niemeyer na Pinakotheke Rio

30/out

A Pinakotheke Cultural Rio de Janeiro, Botafogo, RJ, apresenta a exposição “Oscar Niemeyer – Territórios da Criação”, que celebra os 110 anos de nascimento do genial arquiteto com um conjunto inédito de desenhos, pinturas, esculturas e peças de mobiliário feitos por ele. Com curadoria de Marcus Lontra, a mostra reúne ainda obras de artistas como Portinari, Bruno Giorgi, Burle Marx, Tenreiro, Athos Bulcão, Ceschiatti, Franz Weissmann e Tomie Ohtake, que foram amigos e trabalharam junto a Niemeyer em diversos de seus emblemáticos projetos.

 

“Oscar Niemeyer – Territórios da Criação” terá ainda uma sala especial com retratos do arquiteto assinados por reconhecidos fotógrafos como Antônio Guerreiro, Bob Wolfenson, Edu Simões, Evandro Teixeira, Juan Esteves, Luiz Garrido, Marcio Scavone, Nana Moraes, Nani Góis, Orlando Brito, Ricardo Fasanello, Rogerio Reis, Vilma Slomp, Walter Carvalho e Walter Firmo. As fotografias, em tamanho 50cm x 60cm, também constituirão uma caixa para colecionador, em tiragem limitada a trinta exemplares.

 

Oscar Niemeyer nasceu no Rio de Janeiro em 15 de dezembro de 1907, e morreu na mesma cidade em 05 de dezembro de 2012. “Ao longo de sua vida, Niemeyer produziu intensamente e afirmou-se não apenas como arquiteto, como a primeira referência estética brasileira reconhecida em todo mundo, mas também como artista e intelectual respeitado, atuando em várias frentes do conhecimento humano”, afirma Marcus Lontra.

 

 

De 09 de novembro a 19 de dezembro.

 

Bechara no Salão Monumental do MAM Rio 

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo prorrogou a exposição “Fluxo Bruto”, com trabalhos inéditos do artista José Bechara, que celebra seus 60 anos e sua trajetória iniciada em 1992. A curadoria é de Beate Reifenscheid, curadora e diretora do Ludwig Museum, Koblenz, Alemanha.

 

A mostra reúne trabalhos tridimensionais em grande escala, realizados em alumínio, mármore, madeira e vidros planos, além de pinturas sobre lona. O conjunto é formado por trabalhos inéditos, alguns deles desenvolvidos a partir de obras anteriores, que ganharam “novas ativações, contaminados pelas demais peças e pelo espaço arquitetônico”, comenta o artista.

 

José Bechara diz que “Fluxo Bruto” propõe uma “mirada para trabalhos em permanente alteração. Em estado bruto, esses trabalhos movimentam-se no curso da produção, e devem se concluir na obra a seguir”.

 

“Com exceção das pinturas, todos os demais trabalhos foram “construídos” no espaço expositivo durante os dias de montagem, a partir de escolhas frente às relações espaciais e de vizinhança entre as obras”, explica o artista. Na grande parede branca do Salão Monumental, com trinta metros de comprimento, estão três diferentes trabalhos com vidros planos, pertencentes ao que o artista chama de “pesquisa recente”.

 

Beate Reifenscheid afirma que “José Bechara é um dos artistas mais interessantes da cena de arte contemporânea brasileira. Iniciou a carreira como pintor, com uma forma de linguagem radicalmente reduzida, compromissada, ainda hoje, com a arte concreta no sentido mais amplo da palavra. São a sua noção e o seu entendimento profundos das estruturas construtivas que formam o esqueleto interno de suas pinturas, que modulam cores num tipo de espaço flutuante, ilimitado”. Ela observa que “fica claro também que o foco do artista está sempre em penetrar o espaço e compreender suas dimensões em percepção. O concreto e o não concreto estão fundamentados diretamente no nível das perspectivas possíveis”. A curadora destaca que “na arte contemporânea, o vidro é um material recém-explorado e artistas famosos, como Pierre Soulages, Gerhard Richter e Ai Weiwei, fizeram experiências com ele. As obras em vidro de José Bechara salientam a percepção conceitual do construtivismo brasileiro e a transferem para uma abordagem contemporânea”.

 

O primeiro, “Rabiscada (2017)”, utiliza cerca de dez placas – transparentes e leitosas – algumas suspensas e outras apoiadas no piso com cerca de 3,5m de altura e 10m de largura. Em meio às placas, uma linha geométrica formada por cerca de 20 varas finas, com 2m cada, na cor laranja percorrerá toda a extensão do trabalho desenhando por vezes à frente, por trás e também suspensas ou apoiadas na parede.

 

O segundo trabalho em vidro, “Sobre amarelos (2017)”, compreende placas de vidro e um cubo amarelo suspensos do teto, formando vários planos sobre uma pintura também em amarelo feita diretamente na parede do Salão Monumental.

 

O terceiro trabalho em vidro, “Angelas (2017)”, é o que exigiu maior logística na montagem, e demandou um guindaste para içar ao local expositivo três esferas maciças de diferentes mármores, pesando a maior cerca de 1,6 tonelada e as duas menores 250 kg cada, aproximadamente. Todos os elementos (vidros e esferas) estão suspensos a alturas entre 2 metros e 30 cm do piso.

 

Na grande parede de concreto, ao fundo do Salão monumental, está uma nova versão da peça “Miss Lu (2007-2017)”, que teve sua volumetria ampliada e ganhou elementos “intrusos” também em alumínio, chegando ao tamanho aproximado de 10m X 10m X 3m.

 

Na parede que faz face ao terraço, estão duas pinturas inéditas de aproximadamente 1,7m0 X 3,30m cada, além de um díptico “Musa e abismo“, de cerca de 1,80m X 5m, pertencente à coleção Dulce e João Carlos Figueiredo Ferraz, e outras duas pinturas da coleção Gilberto Chateaubriand/MAM Rio.

 

Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, curadores do MAM, observam no texto que acompanha a exposição, que os trabalhos de José Bechara, em alumínio, mármore, madeira, placas de vidro, tinta e oxidação de emulsões de cobre e ferro, são “tridimensionais que se confundem com pinturas, bidimensionais que se aproximam de esculturas”. “Trabalhos inéditos por estarem, de fato, sendo vistos pela primeira vez ou por reunirem peças realizadas em anos anteriores em outros arranjos, como a ampliação da volumetria original ou a adição de elementos intrusos, pensados a partir da relação com o espaço arquitetônico ou do diálogo com o conjunto da exposição”, comentam.

 

 

Trajetória

 

José Bechara iniciou sua trajetória com uma exposição individual no Centro Cultural Candido Mendes, no Rio de Janeiro, em 1992, mesmo ano em que integrou as coletivas “Gravidade e Aparência”, e “Diferenças”, ambas no Museu Nacional de Belas Artes, e “9X6”, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, todas no Rio de Janeiro.

 

“Só me lembro dessa coisa de 25 anos de trabalho quando alguém me pergunta. Como todos os dias acontece alguma coisa nova, tem sempre um ‘acidente’ novo no ateliê, eu não penso nisso. Dou mais atenção ao que pode acontecer do que o que aconteceu. Todo dia se parece com o primeiro dia. Quanto à idade, é a mesma coisa, já que todo dia tenho um novo plano. Estou sempre pensando em fazer alguma coisa que precisa de  tempo pra ser feita, então acho que não tenho muito interesse em idade. Tenho uma leve obsessão pelo porvir. Ainda”, diz o artista.

 

José Bechara se programa para participar, em setembro, da Bienalsur, em Buenos Aires, em outubro, da Bienal de Beijing, e em dezembro apresentará uma individual na galeria norte-americana Diana Lowenstein, por ocasião da Art Basel Miami. Em fevereiro de 2018, fará um projeto especial para a galeria XF Projects, em Madri.

 

O artista expôs este ano em Portugal, com curadoria de Miguel Sousa Ribeiro, no Espaço Adães Bermudes, em Alvito, no Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor, e no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra. Esteve presente na ARCO 2017 (Feira de Arte Contemporânea), em Madri, nos espaços da galeria espanhola XF Projects (Palma de Maiorca e Madri), e das galerias portuguesas Mario Sequeira, na cidade de Braga, e Carlos Carvalho, em Lisboa. Em 2016, integrou a exposição “(In) Mobiliario”, na Galeria Habana, em Havana; “The agony and the ecstasy – Latin American art in the collections of Mallorca; A review based on contemporaneity”, no Museo d’Art Modern i Contemporani de Palma, em Palma de Mallorca, Espanha; “Este lugar lembra-te algum sítio? – 1º momento”, no Centro para os Assuntos de Arte e Arquitetura, Guimarães, Portugal; e a premiada “Em polvorosa – Panorama das Coleções MAM Rio”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Em novembro de 2015, o Ludwig Museum fez uma grande individual do artista, com curadoria de Beate Reifenscheid.

 

 

Sobre o artista

 

José Bechara nasceu no Rio de Janeiro em 1957, onde trabalha e reside. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), localizada na mesma cidade. Participou da 25ª Bienal Internacional de São Paulo; 29ª Panorama da Arte Brasileira; 5ª Bienal Internacional do MERCOSUL; Trienal de Arquitetura de Lisboa de 2011 e das mostras “Caminhos do Contemporâneo” e “Os 90” no Paço Imperial – RJ. Realizou exposições individuais e coletivas em instituições como Fundação Eva Klabin – BR; Culturgest – PT; Instituto Figueiredo Ferraz – BR; Fundação Iberê Camargo – BR; MEIAC – ES; Instituto Valenciano de Arte Moderna – ES; MAM Rio de Janeiro -BR; MAC Paraná – BR; MAM Bahia – BR; MAC Niterói – BR; Instituto Tomie Ohtake – BR; Museu Vale – BR; Ludwig Museum (Koblenz) – DE; Haus der Kilturen der Welt – DE; Ludwig Forum Fur Intl Kunst – DE; Kunst Museum – DE; Museu Brasileiro da Escultura (MuBE) – BR; Centro Cultural São Paulo – BR; ASU Art Museum – USA; Museo Patio Herreriano (Museo de Arte Contemporáneo Español) – ES; MARCO de Vigo – ES; Es Baluard Museu d’Art Modern i Contemporani de Palma – ES; Carpe Diem Arte e Pesquisa – PT; CAAA – PT; Musee Bozar – BE; Museu Casa das Onze Janelas – BR; Casa de Vidro/Instituto Lina Bo e P.M. Bardi – BR; Museu Oscar Niemeyer – BR; Centro de Arte Contemporáneo de Málaga (CAC Málaga) – ES; Museu Casal Solleric – ES; Fundação Calouste Gulbenkian – PT; entre outras. Possui obras integrando coleções públicas e privadas, a exemplo de MAM Rio de Janeiro – coleção Gilberto Chateaubriand–BR; Pinacoteca do Estado de São Paulo – BR; Museu Oscar Niemeyer – BR; Centre Pompidou  Paris – FR; Es Baluard Museu d’Art Modern i Contemporani de Palma – ES; Instituto Figueiredo Ferraz–BR; MAC Niterói – Coleção João Sattamini–BR; Instituto Itaú Cultural–BR; MAM Bahia–BR; MAC Paraná -BR; Ludwig Museum (Koblenz) – DE; Culturgest – PT; Benetton Foundation – IT; CAC Málaga-ES;  ASU Art Museum USA; MOLAA-USA; Ella Fontanal Cisneros – USA; Universidade Cândido Mende – BR; MARCO de Vigo – ES; Brasilea Stiftung,  – CH; Fundo BGA–BR, entre outras.

 

 

Sobre a curadora

 

Beate Reifenscheid é historiadora da arte, crítica de arte e curadora, especializada em arte contemporânea e do século 20, e nas relações artísticas entre Europa e China, e no papel dos museus e suas exposições. Ela estudou História da Arte, Estudos Alemães, Jornalismo e Comunicação na Ruhr-University, em Bochum, Alemanha, e na Universidade de Madri. Em 1985 se tornou mestre em arte, e em 1988 recebeu seu PhD em história da arte, pela Ruhr-University Bochum. De 1989 a 1991 ela integrou a equipe do Saarland Museum, em Saarbrücken, Alemanha, onde chefiou, de 1991 a 1997, o Departamento de Pinturas e Desenhos, e também o de Comunicação. Desde 1997 é diretora do Ludwig Museum, em Koblenz, Alemanha, e desde 2000 ele dá conferências em diversas instituições, e desde 2013 é professora honorária na Universidade de Koblenz-Landau, na Alemanha. Preside o ICOM (Comitê Internacional de Museus) da Alemanha.

 

 

Até 21 de janeiro de 2018.

“Voyage” na Galeria Bergamin & Gomide

27/out

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A exposição coletiva “Voyage”, sob curadoria de Alexandre da Cunha, será o novo cartaz da Galeria Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, a partir de 15 de novembro e até 20 de janeiro de 2018.

 

 

Curadoria de Alexandre da Cunha

 

Alexandre da Cunha é atualmente um dos mais importantes artistas brasileiros. Como curador da exposição “Voyage”, divide algumas de suas inquietações através das obras de 15 artistas selecionadas por ele. O título, inspirado na comédia francesa “Voyage Surprise”, de Pierre Prévert (1947), traduz a sua proposta: “Mais do que um tema, a exposição aborda a ideia de viajar em um sentido mais amplo e suas possíveis associações: sonhos, expectativas, idealização, fantasia, fuga, frustração, medo do desconhecido”.

 

No filme, um motorista de ônibus aposentado comanda uma viagem surpresa onde passageiros desconhecem o destino final. Na mostra, da Cunha convida artistas, que possuem proximidade formal com o seu próprio trabalho, a criarem uma situação onde as obras se relacionam de uma forma fluida. “Meu papel como curador neste projeto funciona como um mediador, que sintetiza questões que surgiram no curso da montagem da exposição”.

 

“Voyage” será composta por obras de diversos períodos de artistas brasileiros e internacionais apresentando também artistas jovens como Thiago Barbalho, Camila Sposati, Joel Croxson e Pablo Accinelli.

 

O público, por sua vez, completa a exposição: assim como os passageiros do filme, o espectador é convidado a embarcar na quebra das estruturas preestabelecidas na maioria das exposições coletivas: “O espectador geralmente é confrontado com uma grande quantidade de informações, uma ansiedade conceitual corre acima da possibilidade de ler os trabalhos de forma mais intuitiva; Nesta exposição as perguntas são mais importantes do que as respostas e as imagens são mais importantes que o texto que acompanha”, acrescenta Alexandre da Cunha.

 

Artistas: Samara Scott, Caragh Thuring, Julius Heinemann, Thiago Barbalho, Lygia Clark, Marisa Merz, Brian Griffiths, Camila Sposati, Laura Lima, Ed Flood, Joel Croxson, Jac Leirner, Pablo Accinelli, Rivane Neuenschwander, José Damasceno.

 

 

Até 20 de janeiro de 2018.

Scheffel no MARGS

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, exibe na Pinacoteca do MARGS, Porto Alegre, RS, a exposição “Scheffel Por Ele Mesmo”, com curadoria de Ângelo Reinheimer. A exposição “Scheffel por Ele Mesmo”, reúne obras da Coleção Família Zelmanowicz, Fundação E. F. Scheffel e acervos privados e propõe revelar ao público um recorte sobre a obra de Scheffel, talvez o mais instigante de sua produção: a década de 1970, que permanece ainda pouco conhecida. A escolha das obras forma um conjunto estabelecido pelo próprio Scheffel – com texto de sua autoria – em uma exposição por ele sonhada e não realizada em vida. Apresenta ainda, uma mostra de retratos, promovendo uma visão panorâmica sobre sua produção artística, a partir da década de 1950 até os anos 2000.

 

Em diálogo com a exposição, o MARGS apresenta uma seleta de obras dos professores do artista, no Instituto de Belas Artes (atual Instituto de Artes da UFRGS), do período entre 1941 e 1946. Entre eles, nomes consagrados da pintura gaúcha, como: João Fahrion, Ângelo Guido, José Lutzenberger, Benito Castañeda, Maristany de Trias e Fernando Corona, possibilitando ao público um olhar sobre os mestres que influenciaram diretamente a obra de Ernesto Frederico Scheffel. O colecionador Rolf Zelmanowicz, também presidente da Sociedade de Amigos da Fundação Scheffel, Novo Hamburgo, RS, é o grande incentivador da exposição.

 

 

 

A palavra do artista

 

O retrato: uma batalha à parte

 

O retrato é considerado uma especialidade no mundo das Artes Plásticas – pintura e escultura – e significa para o artista, em particular, um duplo desafio. Trabalho de arte único, é uma proposta pessoal, elaborada através de recursos próprios. O retrato é a proposta que se antepõe e, eventualmente, se contrapõe ao artista que, paulatinamente, se exercita mental e fisicamente a devorar o seu objeto, de ponta a ponta, ao ponto de romper com o espaço e o tempo, pondo em desordem o pensamento e o sentimento. Isso não significa caos ou confusão, mas um diálogo pelos caminhos ocasionais das imagens e das sensações, interligadas numa atmosfera de contato, resultado de um pacto comum.

 

A relação artista-retratado não é, portanto, uma divisão, uma oposição, um combate de rivais em exercício de mútua eliminação de personalidades antagônicas. O relacionamento artista-retratado, frente à frente, é um ato de antropofagia figurada, leal, pré-determinada pelas partes interessadas em criar, como resultado final, uma obra de arte de alto nível em conteúdo e forma.

 

Com este procedimento – a posse através de uma absorção intensa – o artista não engravida o retratado nem recorre ao Espírito Santo, algo vindo de fora ou de cima, na realização da obra de arte. A obra nasce do entendimento e relacionamento de artista e retratado que decidem remover as máscaras, uma a uma, num ritual de concessão das diferentes formas assumidas pelo indivíduo. Esta faina através das contínuas mutações pretende sintetizar o constante de um modo de ser, de um modo de se apresentar, de um modo de sentir. Aí que se encontra a revelação mais profunda de um caráter – em contínua formação – de uma individualidade única que é “relatada” com seriedade e simplicidade.

 

Montaigne, nos “Ensaios”, expressa alguns conceitos mais permanentes e atuais que podem definir essa seriedade e simplicidade, necessárias ao artista, no ato da concepção do retrato, sintetizando numa só virtude: a fidelidade. “Os outros formam o homem (os moralistas), eu o relato”, escreve no Livro III, capítulo 2.

 

Concluído o retrato, rompe-se o liame entre artista e retratado, em favor de uma obra de arte que pode ter atingido um estado de vida permanente, como se tocada pelo imprevisto sopro dos deuses, caprichosos, através da qualidade na composição, na técnica pictórica e na menção do mundo interior do indivíduo. Está superado o desafio da realização pessoal, como obra de arte.

Ernesto Frederico Scheffel

 

 

 

Sobre o artista

 

Ernesto Frederico Scheffel nasceu em 8 de outubro de 1927, em Campo Bom, RS. É descendente de imigrantes alemães de Berghausen – Westfalen, chegados em 1825 e estabelecidos na antiga colônia de São Leopoldo. Aos 12 anos de idade, Scheffel fez parte do Grupo de “coloninhos” que foram levados a Porto Alegre, numa ação do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, dentro das políticas de nacionalização do Estado Novo. Foi convidado a estudar no Instituto de Belas Artes e, simultaneamente, na Escola Técnica Parobé. Em 1950, segue para o Rio de Janeiro, com bolsa de estudos do Estado do Rio Grande do Sul. É acolhido pelo pintor Osvaldo Teixeira, diretor do Museu Nacional de Belas Artes, com quem trabalha como assistente. Scheffel participou dos Salões Nacionais de Belas Artes. Após receber as medalhas de bronze e prata, em 1958 conquista o Prêmio Viagem ao Estrangeiro com a obra “Jerônimo”. O quadro premiado está no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Partiu para a Europa, em 1959. Depois de viajar e conhecer diversos países estabeleceu-se em Florença, onde desenvolveu sólida carreira. Trabalhou com o professor Augusto Vemehren, diretor do Laboratório de Restauro da Galeria dos Ofícios, restaurando obras de Rubens, Velázquez, Ticiano, entre outros. Ao longo dos anos 1960, Scheffel realizou oito obras públicas, a maioria de cunho religioso, em Florença. Inicia a década de 1970 influenciado pelas manifestações e protestos contra as instituições e os valores vigentes, que eclodem na Europa, na segunda metade da década de 1960, inaugurando uma nova fase, mais ousada e autêntica. Como o próprio Scheffel define: “… finalmente posicionei-me no campo da arte pela valorização da individualidade, no esplendor de suas características próprias, cujas qualidades devem ser exaltadas como um direito estético que une a humanidade…”. Em 1974, retorna ao Brasil como convidado oficial do Município de Novo Hamburgo para uma exposição retrospectiva, dentro das comemorações do Sesquicentenário da Imigração e Colonização Alemã no Brasil, que resultou na criação do Museu de Arte e também sua mantenedora Fundação Ernesto Frederico Scheffel, tornando possível a exposição permanente de grande parte da sua obra. Scheffel também inicia uma verdadeira cruzada pela preservação do patrimônio histórico relativo à colonização alemã no Rio Grande do Sul. A escolha de um prédio de características neoclássicas, construído em 1890, para a instalação do Museu de Arte, sinaliza o trabalho a ser desenvolvido nas décadas seguintes, culminando com o tombamento do Centro Histórico de Hamburgo Velho e o acervo pictórico da Fundação Ernesto Frederico Scheffel, pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em maio de 2015. Scheffel viveu os últimos anos da sua vida entre Itália e Brasil, e manteve sua rotina através da pintura e composição musical. Faleceu em Porto Alegre, em 16 de julho de 2015.

 

 

Citações de Scheffel sobre seus mestres

 

“… O Instituto de Belas Artes, que passei a frequentar, mantinha os cursos de Artes Plásticas e o Conservatório de Música com suas subdivisões. Meus professores eram João Fahrion (pintura figurativa), Benito Castañeda (pintura de paisagem), Fernando Corona (modelagem), José Lutzenberger (geometria), Ângelo Guido (história da arte), Luiz Maristany de Trias (anatomia) e Ernani Corrêa (arte decorativa)…”.

 

“… Benito Castañeda – pintura de paisagem, revelava-se, para mim, um homem de comportamento simples e estimulante… No Instituto de Belas Artes era um professor de fino trato, talvez o mais amado dentre todos…”.

 

“… Fernando Corona mostrava-se um tanto agitado, como quem sempre estava empenhado em resolver inúmeras questões. Alguns alunos notavam no professor Corona – assim como eu – sua devoção quase juvenil ao trabalho dos artistas clássicos pelo tempo de um mês e, no próximo, exaltava as virtudes dos artistas mais destemidos e inovadores da história da arte. Entendíamos, contudo, que essa duplicidade de posição do professor Corona não era criticável, por sua sinceridade e larga visão estética…”.

 

“… João Fahrion e Edgard Degas estão unidos, também, pelas soluções técnicas, pelo gosto dos cortes e essencialidade do toque, ao mesmo tempo elegantes e displicentes. As obras de ambos possuem as qualidades da fantasia e do realismo…”.

 

“… José Lutzenberger, artista acima de qualquer juízo crítico, cabe lembrar do seu perfeccionismo, pois todos os detalhes de um projeto eram estudados separadamente e, só depois, no conjunto. Os profissionais da arquitetura, quando não conseguem enquadrar um artista, definem-no “eclético”, devido à sua liberdade criativa. Muito cômodo! Já o arquiteto e escultor Fernando Corona resolve essa questão afirmando que “Lutzenberger é o arquiteto do estilo próprio”. De acordo estou eu, que fui aluno dos dois professores no Instituto de Belas Artes…”.

 

 

Até 10 de dezembro.

Antonio Manuel exibição prorrogada

Devido ao sucesso, a exposição do artista plástico Antonio Manuel foi prorrogada até o dia 21 de novembro de 2017, na Cassia Bomeny Galeria, em  Ipanema, RJ. A mostra comemora os 70 anos de idade e 50 de trajetória do artista, que foi o representante do Brasil na Bienal de Veneza de 2015 e cujas obras integram o acervo de importantes coleções, como MoMA, em Nova York, e Tate Modern, em Londres. Com curadoria de Franz Manata, são apresentadas 15 pinturas inéditas que seguem os traços geométricos, que o artista vem trabalhando há alguns anos. A novidade fica por conta da introdução de texturas em algumas obras, como papel corrugado e tecido, além de recortes em algumas telas, transformando a parede em mais um elemento da pintura. Em algumas obras, ele utiliza também, pela primeira vez, tinta esmalte junto com a tinta acrílica – que sempre usou em suas pinturas -, com a intenção de mesclar o fosco com o brilho.

Painel de Portinari no MAM-Rio

25/out

O MAM Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, exibe atualmente a pintura de Candido Portinari, “Bodas de Caná”, legada em testamento pela viúva de Francisco Clementino de San Tiago Dantas.

 

San Tiago Dantas era amigo do artista, que encomendou a obra para a sala de jantar de sua residência na zona sul do Rio de Janeiro. A pintura a têmpera sobre madeira, com os traços inconfundíveis de Portinari, mede 170,7cm x 408,7cm. Sua transferência para o MAM, cercada de cuidados e realizada por restauradores contratados pelo Museu, foi possível graças ao patrocínio do Bank of America Merrill Lynch.

 

San Tiago Dantas foi uma personalidade preeminente, um intelectual respeitado, que atuou como jurista, escritor, jornalista, Ministro das Relações Exteriores (1961-1962) e da Fazenda (1963-1964), além de ter sido participante ativo da diretoria do MAM Rio no início da instituição. Foi vice-presidente do MAM em 1951-1952 e também ocupou interinamente a presidência do Museu, após a licença do cargo de Raymundo Ottoni de Castro Maya. Voltou a ser vice-presidente de 1953 a 1956. Sua viúva, Edméa de San Tiago Dantas, em testamento, transferiu ao MAM Rio o painel de Portinari

 

Candido Portinari (Brodósqui SP, 1903 – Rio de Janeiro RJ, Brasil, 1962) foi um dos pintores brasileiros mais conhecidos do século 20, e entre suas obras destaca-se o painel “Guerra e Paz” pintado para ser presenteado à sede da ONU em Nova York em 1956, mesmo ano em que iniciou a realização do painel “Bodas de Caná”.

 

“Bodas de Caná” retrata o primeiro milagre da vida pública de Jesus, quando ao acabar o vinho em uma festa de casamento, transformou, a pedido de sua mãe Maria, a água em vinho. Os personagens a sua volta expressam espanto e louvor.

 

 

Remoção do painel

 

O painel se encontrava encaixado em um nicho feito especialmente para ele na parede da sala de jantar. O processo de remoção da obra exigiu o trabalho de equipe especializada em restauração, que realizou a limpeza superficial com fixação de áreas em desprendimento, e ainda a prospecção dos parafusos e cunhas sob o estuque que o fixava, e a adequada proteção da obra para ser transportada em segurança por especialistas até o Museu.

 

 

Portinari no MAM

 

O importante painel “Bodas de Caná” se somará a outras dez obras de Candido Portinari pertencentes às Coleções MAM: a própria e a de Gilberto Chateaubriand/MAM Rio de Janeiro.

 

 

Sobre o Bank of America Merrill Lynch

 

O Bank of America é uma das principais instituições financeiras do mundo. Suas ações de responsabilidade corporativa têm foco em educação financeira, empreendedorismo de impacto, projetos de desenvolvimento econômico e arte e cultura. Esses temas apresentam grande potencial de transformação e de geração de benefícios para os cidadãos e para toda a sociedade. Dentre outras iniciativas, pode-se destacar o Projeto de Conservação de Arte (Art Conservation Project), em que o banco provê recursos financeiros a museus sem fins lucrativos ao redor do mundo, destinados à conservação de obras de arte de importância histórica ou cultural. Desde 2010, fornece subsídios para museus em 29 países, financiando 100 projetos de conservação.

 

 

Até 26 de novembro de 2017.

Modernismo Brasileiro em Portugal

20/out

O museu mais visitado de Portugal e um dos 100 mais visitados do mundo, segundo a The Art Newspaper, publicação internacional especializada em arte contemporânea, recebe exposição com 76 obras pertencentes à Coleção da Fundação Edson Queiroz, de Fortaleza, CE, de 27 de outubro de 2017 a 11 de fevereiro de 2018. O Museu Coleção Berardo, em Lisboa, apresentará seleção das mais expressivas obras criadas por artistas brasileiros entre as décadas de 1920 e 1960. Com curadoria de Regina Teixeira de Barros e projeto expográfico de Daniela Alcântara, a mostra “Modernismo Brasileiro na Coleção da Fundação Edson Queiroz” faz parte da itinerância com exposições já realizadas na Pinacoteca de São Paulo; na Casa Fiat, em Belo Horizonte; na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre; no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba; e na Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro.

 

 

A coleção na mostra

 

Ao longo dos últimos 30 anos, a Fundação Edson Queiroz (FEQ), mantenedora da Universidade de Fortaleza (Unifor), constituiu uma das mais sólidas coleções de arte brasileira, que percorre cerca de quatrocentos anos de produção artística com obras significativas de todos os períodos. Em 2015, a FEQ começou exposição itinerante por todo o Brasil, passando por São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro. A exposição dá a oportunidade para que mais pessoas conheçam um dos acervos de artes visuais mais importantes do Brasil, uma forma de disseminar e democratizar o acesso às artes. O tema da exposição “Modernismo Brasileiro na Coleção da Fundação Edson Queiroz” proporciona uma aproximação com as diversas vertentes, influências e movimentos da arte brasileira do início do século XX. “O recorte escolhido pela curadora possibilita também fazer as mais diversas associações entre a trajetória de nossos artistas e o contexto histórico e artístico internacional. Essas foram décadas marcadas por profundas mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais em todo mundo”, frisa o vice-reitor de extensão da Unifor, professor Randal Pompeu.

 

No Museu Coleção Berardo, um dos destaques será a obra “Duas Amigas”, de Lasar Segall, pintura referencial da fase expressionista do artista. Por um lado, Segall emprega cores não realistas, imbuídas de valor simbólico, por outro, lança mão de princípios cubistas, simplificando as figuras por meio de planos geometrizados. A exposição percorre também os chamados anos heroicos do modernismo brasileiro, apresentando obras de Anita Malfatti, Antônio Gomide, Cícero Dias, Di Cavalcanti, Ismael Nery, Vicente do Rego Monteiro e Victor Brecheret.

 

A segunda geração modernista, que desponta na década de 1930, está representada por artistas como Alberto da Veiga Guignard, Cândido Portinari, Ernesto De Fiori e Flávio de Carvalho. Deste período, merecem destaque as obras de Alfredo Volpi e José Pancetti que, além de comparecerem com um número significativo de obras na Coleção da FEQ, estabelecem uma transição entre a pintura figurativa e a abstração, apresentada na sequência.

 

O núcleo da exposição dedicado à abstração geométrica – tendência que desponta nos últimos anos da década de 1940 e se consolida na década de 1950 – abrange pintores do grupo Ruptura, de São Paulo, e artistas dos grupos Frente e Neoconcreto, ambos do Rio de Janeiro. Alguns dos nomes presentes nesse segmento são: Amilcar de Castro, Franz Weissmann, Hélio Oiticica, Hércules Barsotti, Luiz Sacilotto, Lygia Clark e Willys de Castro, entre outros. Dois pioneiros da arte cinética participam deste segmento: Abraham Palatnik, com um objeto cinético, e Sérvulo Esmeraldo, com um “Excitável”.

 

Para a curadora Regina Teixeira de Barros, as histórias que delineiam a vizinhança física dos trabalhos artísticos das obras proporcionam diversas possibilidades, uma vez que muitas são as opções apresentadas a um só tempo. “O olhar pode vagar de uma pintura a outra, pendurada ao lado, instalada na parede oposta ou entrevista na sala seguinte. De uma única obra, podem-se desdobrar múltiplas narrativas, que se entrecruzam, se espelham, se confundem ou se confrontam à medida que o olhar avança, retrocede, salta ou recomeça”, ressalta.

 

A exposição encerra com a produção das décadas de 1950 e 1960, revelando uma diversidade de expressões artísticas, tão evidentes nas obras de Ivan Serpa, Tomie Ohtake e Iberê Camargo, quanto nas proposições radicais de artistas que haviam participado do movimento neoconcreto carioca. Trata-se do momento em que uma completa revisão de paradigmas se opera e a arte nacional toma novos rumos, aproximando-se da chamada arte conceitual. A exposição reúne ainda uma seleção de artistas que não aderiram a nenhum grupo da época, mas que adotaram uma linguagem abstrato-geométrica singular, mesclando-a com certo lirismo. Destacam-se, nessa seção, os pintores Antônio Bandeira, Maria Helena Vieira da Silva e Maria Leontina.