Ulf Lindell, um artista sueco

27/abr

Três anos após ter chegado ao Brasil para mostrar seus trabalhos no Centro de Arte Maria Teresa Vieira, Praça Tiradentes, Centro, Rio de Janeiro, RJ, Ulf Lindell retorna à mesma galeria, com obras em técnica mista sobre alumínio. A mostra está dividida em duas partes: “A Casa do Paraíso”, que dá título à exposição, e “A Noiva Intocável”, série de monotipias, vista a partir da perspectiva de um gato.

 

A inauguração acontece no próximo dia 4 de maio, quarta-feira, às 18 horas.

 

“A Casa do Paraíso” e “A Noiva Intocável” tratam do inatingível. Quando o artista começou a trabalhar com imagens de um casamento desfeito, a casa, segundo ele, era como um sonho que não poderia ser mantido. “Como paredes que nós construímos para proteger as coisas que desejamos manter desesperadamente. Uma metáfora para a segurança, mais do que para a felicidade. A casa torna-se, então, uma ilusão de felicidade”, observa.

 

E Ulf vai mais além: “Da busca desesperada por uma ilusão criada por cada um. O subconsciente não distingue realidade de imaginação. Essa casa do paraíso se encontra na concretude de nosso imaginário, onde os sonhos são uma complexa obra pictórica, e as alucinações integradas fazem uma cena  onírica.

 

As imagens são trabalhadas em uma técnica que é uma espécie de monotipia. Com o tempo, elas se tornaram mais abstratas. Ainda assim, há uma grande parte de abordagens figurativas. O artista busca um equilíbrio entre o figurativo e o abstrato.

Nascido em Örebro, Suécia, Ulf Lindell vive e trabalha dentro de um barco em Estocolmo. Transitou pelo hiper-realismo, instalações e arte abstrata.Em seus quase trinta anos de trajetória artística, acumula exposições em Paris, Moscou, São Petersburgo, Washington, Bogotá, São Paulo, além do Rio de Janeiro, onde já expôs duas vezes, e Estocolmo.

 

De 04 a 25 de maio.

Pinakotheke São Paulo/Segall

19/abr

A Pinakotheke Cultural, Morumbi, São Paulo, SP, apresenta na presente exposição, mais de sessenta trabalhos, a maioria proveniente de coleções da família Segall. Estão representadas as diversas linguagens utilizadas pelo artista tendo o papel como suporte:xilogravura, gravura em metal, aquarela e desenhos a tinta preta e grafite. Além dos papéis, a mostra é pontuada por esculturas e pinturas sobre tela, algumas inéditas, como as duas cenas de Meissen, Alemanha, feitas durante a Primeira Guerra Mundial.
Há obras de diferentes épocas, desde os primeiros anos do século 20, quando ele transitava entre a cidade natal de Vilna, na Lituânia – na época parte do Império Russo – e as cidades de Berlim e Dresden, onde frequentou as academias e fez parte do Expressionismo alemão. Os trabalhos mostrados nesta exposição se estendem até os anos 1950, passando pelo período que viveu em Paris, de 1928 a 1932.

 
Vida em Meissen

 
Logo depois da Alemanha declarar guerra à Rússia, em agosto de 1914, os cidadãos russos que viviam em Dresden foram levados para a cidade vizinha de Meissen, famosa por sua porcelana. Em seus escritos autobiográficos Segall fala de sua situação de “prisioneiro civil de guerra”. Em 1915, quando pintou as duas telas desta exposição –“Praça do mercado em Meissen I”, de 1915,e “Praça do mercado em Meissen II”, de 1915 -, sabemos que ele estava ali. Ao lado do pintor Alexander Neroslow, saía com frequência em caminhadas para documentar aspectos da cidade e dos arredores, além de produzir retratos dos amigos.

 
“Verdade interior”

 
A produção do período europeu presente nesta mostra tem nas xilogravuras seus melhores exemplos. Feitas na Alemanha na segunda metade dos anos 1910 e na década seguinte, elas se aproximam das gravuras primitivas, por motivos estéticos e ideológicos. A gravação é marcada por uma simplificação brutal das formas, mostrando que nessa época Segall já estava sintonizado com o Expressionismo alemão, ao dar à sua obra gráfica a força de um panfleto. Os expressionistas se utilizaram dessa linguagem simplificada e veemente, para conduzir à imediata apreensão dos conteúdos, impregnados das ideias políticas e sociais de esquerda que caracterizaram o movimento. Segall explora esse contraste decisivo entre o preto das superfícies carregadas de tinta e o espaço em branco cavado na matriz, como seus predecessores Erich Heckele Karl Schmidt-Rottluff – criadores em 1905 de “A Ponte”, primeiro agrupamento do Expressionismo alemão – ou como Conrad Felixmüller e Will Heckrott, integrantes, como ele, da segunda geração dos expressionistas.  As gravuras de Segall têm como referência o tema do eterno judeu errante, as recordações de sua cidade e os ritos da ortodoxia judaica que povoaram sua infância. A forte impressão que guardou de Vilna, ocupada e arrasada pelos alemães em 1915, também repercutiu em seu espírito solidário – os mortos, mesmo anônimos, eram os de Segall. A devastação da cidade e o desaparecimento de grande parte dos homens deu origem a cenas como “Viúva”, de 1919, e “Viúva e filho”, de 1918, uma mulher grávida tem ao lado o menino de mãos estendidas à espera de uma esmola. Os corpos acuados e as cabeças e olhos imensos dão a dimensão do desamparo humano dessas vítimas da guerra, e esses personagens trágicos têm presença insistente em toda a obra de Segall.
Na xilogravura “Enterro”, de 1915, o branco ilumina a dramaticidade teatral do assunto. O corpo do morto atravessa a cena em diagonal, apoiado no retângulo de um caixão simples de madeira, comum nos enterros judaicos, e sua cabeça é uma máscara negra e paira à direita, em contraste com os rostos brancos dos três personagens que acompanham o enterro. Os olhos vazados, são de desesperança e assombro em presença da morte.
Também são desse período as xilogravuras “Oração lunar”, c. de 1917, “Cabeça de rabino”, de 1919, “Jovem orando”, de 1920 e “Mãe e filho”, de 1921, nas quais a estética expressionista se associa ao repertório pessoal do artista, para dar ênfase à sua “verdade interior”, conforme expressão sua. Em todas elas, as áreas em branco invadem os corpos criando personagens duplos, vidas partidas entre luz e sombra. Nesse sentido, cabe destacar a gravura “Mulheres errantes – II”,versão de 1919, na qual as máscaras dos personagens compõem, com o fundo de formas geométricas, um fantasmagórico tabuleiro de xadrez. Em “Mãe e filho”, de 1921, os rostos unidos são invadidos por um branco simbólico, pelo vazio que anula as personalidades. Nas duas folhas comemorativas em que ele grava homenagens à mãe – falecida quando Segall tinha dezesseis anos – e à avó, o texto em hebraico é uma associação de caracteres geométricos cavados em tábuas de ressonâncias bíblicas.

 
Expressionismo eslavo

 
A obra gráfica de Segall produzida na Alemanha e presente nesta exposição se completa com duas litografias, “Família”, de 1920, em que o corpo feminino estende-se em diagonal como nas telas “Gestante”, de 1919 e “Encontro”, de 1920, cuja composição, na unidade das cabeças e das mãos, repete as soluções da pintura “Dois seres”, de 1919. As coincidências não são casuais. Ao contrário, a reafirmação frequente de certas soluções plásticas é um dos elementos certificadores da poética segalliana.  Há ainda duas gravuras em metal –“Margarete”, c. de 1921, vigoroso retrato da primeira mulher do artista, e uma imagem da série “Mendigos II”, de 1922/ 23, nas quais já estão presentes os traços exatos e as formas geométricas características da Nova Objetividade, tendência que influenciou toda a arte alemã dos anos 1920.

 
Figuras e retratos

 
“Homens à mesa”, c. de 1910 e “Velho de quepe dormindo”, c. de 191, são os desenhos mais antigos desta exposição, povavelmente feitos em Vilna em uma das viagens de férias para visitar a família, quando Segall frequentava a Academia de Dresden. Também nos primeiros desenhos, a escolha dos personagens retratados – velhos, viúvas, mendigos, doentes – segue a indicação de um olhar sem demagogia, compassivo para com os desfavorecidos e marginalizados. Nesses e em outros desenhos que faz mais adiante, é frequente Segall retratar tipos e não individualidades exacerbadas, ao contrário, por exemplo, de seu contemporâneo e amigo Otto Dix, fundador, junto com ele, da Secessão de Dresden- Grupo 1919.
Quando Segall se dedica a figuras femininas como o delicado “Margarete deitada”, c. de 1915, as linhas se suavizam; traços distendidos envolvem a figura em repouso. No retrato de “MobBarzinsky”, de 1917, ou em “Moça de franja”, c. de 1920, e “Retrato feminino”, c. de 1920, as cabeças têm destaque no centro do papel e os retratados vêm igualmente para o primeiro plano. O grafite e o crayon acentuam detalhes aqui e ali, ora o nariz, o pescoço, as olheiras, trabalhando pela expressividade do conjunto. “O Retrato de homem” c. de 1919, um óleo com a transparência da aquarela, também nos encara. “Moça de busto nu”, c. de 1920 é um nu sem erotismo, perturbador na anatomia frágil da modelo. Em “Jovem sentada”, c. de 1920, o grafismo rápido esboça mais do que um retrato (talvez Margarete) e tem uma inquietante permanência em nosso espírito.

 

 

Paisagem brasileira

 
Ao emigrar para o Brasil em fins de 1923, a paisagem humana de Segall altera-se completamente. Ele vê o novo país como uma festa exótica, longe das tensões do mundo europeu, com novas formas e cores a lhe oferecer, um país que lhe revelou “o milagre da cor e da luz”. Fascinado pelos tipos de negros e pela vegetação dos trópicos, surgem “Jovem negra”, c. de 1925, também em aquarela; “Retrato de homem com a mão no rosto”, c. de 1925; e vários desenhos da série “Plantas tropicais”, c. de 1925.
“Três gaivotas e respiradouros” de 1930 é uma gravura da série “Emigrantes”, em que o navio e os detalhes da embarcação dialogam com as aves e o mar à volta, cenário da aventura dos emigrantes. A série “Mangue” – famosa zona de prostituição do Rio de Janeiro, cantada em prosa e verso- está representada por três obras: a xilogravura “Mulher do Mangue com espelho”, de 1926, a ponta-seca “Mulher do Mangue com cactos”, de 1927 e o desenho a pincel “Figuras no Mangue”, c. de 1928.
“Nu de costas”, c. de 1928, aquarela, focaliza uma anatomia feminina mais generosa do que as do período alemão. Os desenhos de nus femininos dos anos 1930 são um capítulo à parte, estendendo sobre o papel a languidez convidativa dos corpos femininos. A sensualidade de linhas curvas e suaves desenha o “Casal”, c. de 1930, que inverte os planos da pintura “Dois nus”, de 1930, na qual o homem ocupa o primeiro plano e a mulher aparece atrás, deitada, parcialmente encoberta pelo corpo masculino sentado à sua frente.
Dois desenhos a grafite de 1936, com o mesmo título -“Mulher nua deitada” – são exemplos dessa sensualidade distraída que Segall retratou como ninguém. O poder de permanência de tais nus femininos encontra seu ápice na série que tem Lucy Citti Ferreira como modelo. Por outro lado, ela aparece identificada na companhia de instrumentos musicais, em obras de diferentes técnicas. “Lucy com violão”, c. de 1936, é um esboço rápido, bem-humorado, enquanto “Lucy com acordeão”, de 1936, compõe um tema que seria retomado em mais de uma pintura sobre tela. Também são de acentuado cunho erótico os desenhos “Casal”, c. de 1945, de linhas limpas, sem interrupção, “Casal abraçado”, c. de 1950, reforçado com insistência pela caneta de tinta vermelha, e o relevo em bronze “Encontro”, de 1954, em que o brilho do metal destaca a anatomia dos corpos. Outra escultura, “Duas mulheres”, de 1936, repete soluções exploradas nos anos 1920. Os corpos juntos e a amarração das mãos, ao centro, transformam os dois personagens femininos em apenas uma entidade.
A família está representada no desenho “Jenny”, c. de 1930, traçado com tinta sépia a pincel e em “Ossi”, de 1931, – Oscar, o filho mais novo -, feito em Arcachon, no período em que o casal Segall viveu na França. A mãe com seus filhos, tema constante, ganha corpo na compacta “Maternidade”, de 195, em bronze.
Cenas do campo e naturezas-mortas surgem em um momento de tranquilidade e vida junto da família, durante a estada francesa. É quando Segall começa a esculpir e, também na pintura, os objetos e animais ganham em presença corpórea, adquirem uma qualidade tátil. As cores se aproximam da solidez e opacidade da argila – ocres,marrons e brancos invadem as telas. “Vacas no campo”, de 1931, e “Natureza-morta com vaso ornamentado”, c. de 1931, são exemplares nesse sentido e prenunciam a matéria densa das paisagens de Campos do Jordão. Dessa época também são as idílicas aquarelas “Animais com pinheiros”, de 1931, cena de inspiração chagalliana, e “Nora”, c. de 1931, a filha de Victor Rubin, amigo e protetor de Segall em Dresden. Após a partida de Lucy para a França, em 1947, Mira Perlov torna-se sua modelo. Ela está presente em três obras aqui exibidas, feitas por volta de 1952. Em tinta preta ou bistre e aquarela, Segall se deteve na bela e delicada figura da jovem.

 
Fiel às origens

 
O ano de 1927 traz a Segall uma dupla tristeza – os falecimentos de Oscar, o irmão com o qual tinha maior afinidade, e de seu pai Abel Segall, que vivia no Brasil desde 1924. Abel com a filha mais nova, Lisa, são os últimos da família a deixar Vilna. A morte do pai é assunto de um desenho a grafite em que aparecem registrados o dia e a hora do acontecimento – “O pai do artista morto” (10/02/1927, 7h30) – e no qual a assinatura de Segall é posta em russo, reafirmando, na presença do pai falecido, as suas origens.
O trágico acontecimento é tratado ainda em óleos sobre tela como “Fim de começo”, de 1929, em que o patriarca aparece ao lado do pequeno “Mussi” (Maurício, filho mais velho de Lasar e Jenny), em xilogravuras –“Pai Segall”, de 1927, “Artista em vigília fúnebre”, c. de 1927, “Vigília fúnebre”, c. de 1927,na água-forte “Kaddish”, de 1927, e na pintura “Vigília fúnebre”, c. de 1928, escura e monocromática, que repete a composição da xilogravura de mesmo título. Na parte superior da pintura, a homenagem do artista na inscrição em hebraico “Pai Segall” (Aba Segall). Ele não deixou, até os últimos anos de vida, de lembrar sua ligação com a ortodoxia religiosa, à qual esteve exposto desde criança. O tema da tela “Judeu com livro de orações”, c. de 1954, rendeu outras pinturas, desenhos, aquarelas e guaches.

 
Campos do Jordão

 
Em Campos do Jordão, região que Segall conheceu em 1935, ele se entregou ao registro poético das florestas e do campo, seus habitantes e grupos de animais que pontuavam a paisagem montanhosa da chamada Suíça brasileira. O delicado “Morro com casas e animais”, c. de 1937, faz lembrar a análise de Mário de Andrade sobre o desenho, chamando a atenção para o caráter mais necessário dele, o de “ser um fato aberto como a poesia. Cada desenho é uma palavra, uma frase. Uma confidência”.
Caminhando pelas estradas de Campos do Jordão com seu bloco de papel ou com suas telas e tintas, Segall explorou em inúmeros trabalhos feitos “do natural”, as árvores, vistas de fora ou de dentro dos bosques. O que interessava a ele era principalmente a arquitetura dos troncos, curvos ou retos, em agitação dionisíaca-“Floresta”, de1951, – ou em ordenamento apolíneo –“Floresta”, de 1955. Alguns desses apontamentos deram origem a pinturas a óleo como a “Floresta fechada”, de 1954, construída por faixas verticais em que não há luz ou qualquer vislumbre de céu. A série “Florestas”, com que Segall se despede da vida, parece indicar seu caminho para a sublimação dos temas e para a verticalização das formas, permanecendo fiel, no entanto, à sua convicção figurativa.
Apesar das florestas de Segall serem florestas e não arte abstrata, como quiseram alguns críticos, o que conta nelas não é a representação do real, mas o valor simbólico da matéria sensual e silenciosa da qual são feitas. Nelas, respiramos Segall, não o ar rarefeito da região montanhosa de Campos do Jordão. E essa aproximação com o artista e sua obra só acontece pela via do sentimento e não da razão. Lembrando mais uma vez Susan Sontag, “em vez de uma hermenêutica, precisamos de uma erótica da arte. Desarmados, temos mais capacidade de perceber que cada esboço, cada pintura, gravura ou escultura de Segall é um documento de identidade impossível de falsear”.

 

 

Texto : Vera d´Horta/Setembro de 2015

 
Até 28 de maio.

Acontece no Paraná

12/abr

Encontra-se em cartaz no Museu de Arte Contemporânea do Paraná  -MAC-PR-, a mostra “A cor no espaço, o espaço na cor”, com obras de 62 artistas, e “Alumbramento”, do artista Luis Lopes, com cerca de 20 pinturas.

 

Com curadoria de Ronald Simon, a exposição “A cor no espaço, o espaço na cor” tem origem em um segmento de obras do acervo na qual a cor e o espaço conduzem a organização das obras, sua composição, sem levar em conta a dicotomia figuração/abstração. Mesmo não se atendo à história da arte contemporânea, a exposição registra passagens importantes de alguns movimentos da arte como a pop-art brasileira, o abstracionismo geométrico, o expressionismo abstrato, etc. Entre os artistas em exposição estão: Alfredo Volpi, Amilcar de Castro, Andréia Las, Bia Wouk, Cristina Mendes, Domicio Pedroso, Fernando Bini, Fernando Burjato, Fernando Velloso, Guilmar Silva, Helena Wong, Henrique Leo Fuhro, Leila Pugnaloni, Luiz Áquila, Marcus André, Mário Rubinski, Pietrina Checcacci, Samico, Sérgio Rabinovitz, Uiara Bartira, Werner Jehring.

 

A mostra apresenta ainda uma sala especial com pinturas de Osmar Chromiec – importante artista para a história da arte paranaense – e uma série de esboços e estudos de obras, recentemente doados ao museu.

 

Na exposição “Alumbramento”, Luis Lopes abre mão do figurativismo e faz da luz corpo e espírito. Pinta a memória e para isso se vale da sombra para prestigiar a luz. Sua pintura se apresenta de imediato, mas não se entrega por inteiro à primeira vista em sua narrativa poética. Há uma dança de cores a ser desvendada.

 

 

Até 12 de junho.

Na galeria do IBEU

A Galeria de Arte IBEU, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, duas exposições individuais simultâneas das artistas Leandra Lambert e Mari Fraga: “Passagens Atlânticas” e “Tempo Fóssil”, com curadoria de Cesar Kiraly e Michelle Sommer, respectivamente. As artistas foram selecionadas através do edital do Programa de Exposições Ibeu 2016/2017.

 

Em sua segunda individual, “Passagens Atlânticas”, Leandra Lambert apresenta fotografias da série “Entremundos (pelo olho do bicho)”, uma composição sonora e objetos poéticos como as “Luvas de Areia” e a “Gargantilha de pedras portuguesas, asfalto, monóxido de carbono e engasgos”, relacionados à experiência de suas três Atlânticas: a avenida, em Copacabana, a mata e o oceano.

 

A exposição relaciona diversas concepções do termo “passagem” a esse universo: a passagem dos corpos pelos ambientes, o transitório, a passagem do tempo; a noção de passagem literária, passagens entre ficção e história; a passagem de um estado a outro, de uma matéria a outra, transformação; lugar de transição e devir, espaço do que antecede o desconhecido.

 

A galeria apresenta, no mesmo período, a exposição individual “Tempo Fóssil”, da artista Mari Fraga, com curadoria de Michelle Sommer. A partir de uma pesquisa sobre o elemento Carbono, a artista atravessou diversos materiais – nanquim, grafite e carvão – para recentemente se debruçar sobre a energia e os materiais fósseis, como petróleo, asfalto, carvão mineral e gás natural. “O trabalho acabou por adentrar a esfera da política a partir de uma trajetória de investigação da matéria”, conta a artista.

 

A exposição exibirá o vídeo “63 Perfurações”, de 2015. Neste trabalho é observada uma sessão de acupuntura sobre um mapa mundi marcado nas costas da artista por exposição à luz solar. Inédito no Brasil, “63 Perfurações” foi exibido na SU Gallery Konstfack, galeria em Estocolmo, Suécia, em 2015. A distância radical entre as escalas do humano e do planeta desafia nossa percepção de espaço e tempo, temática que é explorada nas obras “Cálculos para Acupuntura Planetária”, de 2015 e na escultura inédita “Fosso Fóssil”. Por fim, a escultura também inédita “Gerações” marca o encontro entre uma madeira nova e uma pedra de carvão mineral – resquícios de florestas que ocuparam o planeta Terra há milhões de anos.

 

No seu processo artístico, Mari Fraga desenterra fragmentos de petróleo, betume, carvão mineral, madeira sedimentada, sal. Molda, então, a matéria que estava escondida sob a terra como as raízes das árvores. Da matéria fóssil, unidas entre si pela presença do elemento químico Carbono, emerge  plasticidade, em suas distintas temporalidades. O Carbono é o nó poético – com cor, rugosidade, textura e crítica – que está contido na escala fractal das obras, em sua maioria inéditas, de Tempo Fóssil”, diz a curadora  Michelle Sommer no texto de apresentação da mostra.

 

 

 

Sobre as artistas

 

Leandra Lambert – É artista multimídia em atividade desde 2009 e compositora-performer em música eletrônica/experimental desde o início dos anos 90. Participou de exposições e eventos no Brasil, EUA, França, Chile, Cuba, Noruega e Rússia. Sua primeira exposição individual foi “Danças Atlânticas”, no CCJF, Rio de Janeiro. Doutoranda em Artes, em co-tutela UERJ / Paris 1 Panthéon-Sorbonne.

 

Mari Fraga – É artista e pesquisadora. A ação humana na natureza é o foco de sua prática recente, que problematiza as fronteiras entre o natural e o artificial. Doutoranda em artes pelo PPGArtes UERJ, desde 2012 é editora da Revista Carbono, publicação online que propõe diálogos entre pesquisas artísticas e científicas. Foi curadora dos Encontros Carbônicos, em 2014 e 2015.

 

 

Até 20 de maio.

Trânsito dos Infernos

06/abr

O Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP, apresenta a exposição individual “Trânsito dos Infernos – 2012/2015”, de Tiago Carneiro da Cunha, a primeira do artista desde sua participação na 30ª Bienal Internacional de São Paulo com “A Iminência das Poéticas”, em 2012, que destacou seu trabalho em escultura e vídeo. A mostra reúne cerca de vinte  pinturas a óleo sobre tela, como resultado de uma pesquisa inédita em sua carreira.  Dentre elas, está a que empresta o título à exposição, cujo cenário de carros sob um céu vermelho apocalíptico dita o tom crítico e dramático do que vem a seguir.

 

A fascinação pelo gesto, intensamente explorado nas esculturas, está de volta nesta série através do traço, que trabalha um humor corrosivo, porém marcadamente sentimental. Personagens e paisagens são totalmente reconhecíveis, embora distorcidos pela emoção, dotados de auras e intenções visíveis.  Sua abordagem iconoclasta evoca as qualidades do belo e do feio com igual sensualidade, até serem confundidas por completo. A utilização de uma paleta de cores puras, em contrastes marcados por uma ampla gama de densidades e intensidades, realça ainda mais a expressividade dramática dos trabalhos de Tiago Carneiro da Cunha.

 

As obras expostas foram selecionadas através de um processo intuitivo do artista, a partir de uma vasta produção realizada ao longo dos seus quatro últimos anos de pesquisa, nos quais utilizou do improviso para a abordagem de cada uma das telas, em poucas e rápidas sessões de trabalho, num longo (por vezes arriscado) jogo de erros e acertos.

 

 

Sobre o artista

 

Tiago Carneiro da Cunha nasceu em São Paulo em 1973 e atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. Dentre suas exposições recentes, destacam-se suas participações em: “Prospect 2013”, Museum of Contemporary Art San Diego, San Diego, EUA, 2013; “Sobrenatural”, Estação Pinacoteca, São Paulo, 2013; “A Iminência das Poéticas”, 30ª Bienal Internacional de São Paulo, 2012; Tiago Carneiro da Cunha & Klara Kristalova, SFMOMA, San Francisco, EUA, 2011; Bienal de Liverpool, 2002; Bienal de Sydney, 2002.Também atua como curador, tendo organizado as mostras: “Law of the Jungle”, Lehmann Maupin Gallery, Nova York, 2010; “ Drunkenmasters”, Galeria Fortes Vilaça, São Paulo, 2004. Sua obra está presente em diversas coleções importantes ao redor do mundo, como: MAM-Rio; MAR,  Rio de Janeiro;  Saatchi Collection,  Londres; SFMOMA, San Francisco, USA; TBA21, Áustria, entre outras.

 

 

Brunch SP-Arte: Sábado, 09 de abril de 2016, das 11h às 14h.

 
Exposição : até 07 de maio.

Rio Colors na New Creatrors

04/abr

Pela primeira vez, a Alpha’a, plataforma que tem à frente Manuela Seve e Renata Thomé, e que possibilita conexões diretas entre artistas e o público, apresenta em São Paulo, na New Creator´s, Cerqueira César, São Paulo, SP, uma exposição de artistas de sua comunidade. Esta mostra trás trabalhos de oito artistas brasileiros que colaboram com o projeto e que já tiveram os seus trabalhos selecionados e reproduzidos como múltiplos.

O grupo tem caráter heterogêneo, reúne indivíduos com formações, estilos e perspectivas diversas, como o advogado Felipe Bretz que participa de sua primeira exposição, até artistas mais experientes como Gabriela Noujaim, que participou da Bienal do Porto, Portugal, no ano passado.  No entanto, o que unifica este grupo é o talento incontestável de cada indivíduo, reconhecido não apenas por aqueles profissionais envolvidos na curadoria da exposição mas também através do voto popular.

 

O evento ocorre através de uma parceria firmada com o espaço conceito New Creators.

 

 

Sobre os artistas

 

Clara Diegues é arquiteta formada. Em 2013 começou a desenvolver outra forma de se expressar para além dos desenhos técnicos.  Com referências do ready-made e da Pop Art, seus registros do “efêmero, mutante e trivial” são a matéria prima de seu ainda recente trabalho, experimentações em constante autodescoberta.

 

Cynthia Dias é fotógrafa e ilustradora. Após passar pelo curso de História da Arte na Universidade de Coimbra, entre 2010 e 2012, se utiliza das bases firmada na artes clássicas e na cultura popular para produzir um imaginário que reflita uma visão de mundo em que o lúdico e o terreno se fundem.

 

Duca Bretz é advogado. Desde 2009 adotou a pintura “…como aparelho para desligar a mente do trabalho, após às 20h”. O dom surgiu nas reuniões de trabalho com “rabiscos” em papel. Hoje são mais de 400 obras de todo o tipo, diversificadas entre aquarela, pinturas com carvão vegetal, canetas e lápis.

 

 
Gabriela Noujaim e uma jovem artista que vem desenvolvendo o seu trabalho paulatinamente, desde o desenho, a gravura e objetos de cunho conceituais até a performance. Imagens, indumentária e força física são alguns ítens para os quais ela aponta e sobre os quais se debruça para reelaborar mensagens e resinificar as ações circenses.

Helio Mello Vianna tem uma formação multidisciplinar. Passou pelas áreas de Relações Internacionais, Produção Cultural, Cinema e é claro, Artes Visuais. Aluno bolsista da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, passou pelos programas de Fundamentação, Concepção e Desenvolvimento, dando ênfase em Pintura e Interfaces Contemporâneas.

 

Ju Martins fotografa por causa do seu desejo de congelar e eternizar momentos incríveis que a vida pode oferecer. Leva a vida sempre conectada a natureza, o que transparece na sua arte através do uso constante da luz natural. Ju Martins se diz”… apaixonada pelo abstrato, pelo movimento das coisas e pessoas e, principalmente, pelas cores fortes e contrastantes do mundo”.

 

Milton Antunes começou a se aprofundar mais e mais na fotografia, uma paixão antiga mas nunca levada a prática, após sofrer uma lesão medular quando tinha 17 anos. Hoje, quase duas décadas depois, usa o seu tempo para contemplar e refletir sobre as coisas ao seu redor, usando a sua arte para ajuda-lo a “construir (seu) castelo com as pedras que eu cat(ou) pelo caminho.”

 

Renato Wrobel é fotografo. Trabalha como freelancer para revistas e grandes empresas. Formado em jornalismo pela Universidade e em fotografia pelo Ateliê da Imagem, Escola da Imagem e London Media Academy.

 

Rodrigo Oliveira conta que é “…nascido e criado na vibrante cidade do Rio de Janeiro, desde pequeno me treinei à estar atento a tudo que acontecia ao meu redor. À partir do momento que adquiri meu primeiro aparelho fotográfico comecei a catalogar tudo que me chamava atenção. Minha missão como fotógrafo é encontrar beleza no despercebido e a compartilhar com o mundo. Aqueles momentos mágicos do dia-à-dia que são ignorados; desde as almas caridosas de pessoas à delicadeza da natureza. Tenho como missão agradecer ao Universo por ser tão generoso comigo eternizando em fotografias a magnificência de sua própria criação”.

 

 

De 02 de abril a 1º de maio.

Adriana Varejão em NY

01/abr

A partir de abril, a galeria nova iorquina Lehmann Maupin vai apresentar sua sexta exposição individual da artista brasileira Adriana Varejão. A exposição traz obras de suas duas séries mais recentes: “Kindred Spirits”, formada por 29 retratos da artista usando pinturas de rosto e ornamentações de tribos nativas mescladas com intervenções de artistas minimalistas e contemporâneos; e “Mimbres”, obras que fazem referência à cultura visual dos povos Mimbres, que habitavam o sudoeste americano no século 11. Juntos, estes trabalhos corroboram o interesse de longa data de Adriana Varejão pelos efeitos do colonialismo sobre a estética de identidade.

 

Esta exposição vem como uma continuação da individual da artista em 2015 no Dallas Contemporary, onde a artista voltou-se para a história da arte em busca de inspiração. Agora, reunindo obras destas duas séries, Adriana Varejão mostra como a abordagem dos povos nativos americanos sobre linhas, cores e formas influenciaram a arte do século 20, especialmente o Minimalismo. Ambos os corpos de trabalho tecem historias de tradições artísticas distintas para enfatizar a evolução constante e a troca de influências que moldam a cultura e a identidade.

 

Adriana Varejão e Pedro Alonzo recebem os visitantes na galeria no dia 22 de abril, a partir das 17hs, para um bate-papo com entrada gratuita e aberto ao público em geral. A exposição permanece até 19 de junho. Em seguida, o trabalho de Adriana Varejão terá um destaque especial durante os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. A reprodução de sua obra “Celacanto produz maremoto”, que lembra azulejos portugueses e está exposta em Inhotim, MG, vai revestir a fachada do Estádio Aquático, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca.

 

Fonte: Touch of class

Artistas internacionais

31/mar

A mostra “O triunfo da cor. O pós-impressionismo: obras-primas do Musée d’Orsay e do Musée de l’Orangerie”, que chega ao CCBB de São Paulo no dia 4 de maio, exibirá telas que sairão direto das paredes do Museu d’Orsay e do Musée de l’Orangerie, ambos em Paris, e ocuparão o CCBB-SP até 07 de julho, seguindo depois para o CCBB-RJ, onde serão exibidas entre 20 de julho e 17 de outubro.

 
Serão reunidas 75 obras-primas, inéditas no Brasil, de uma geração de artistas que sucede aos impressionistas, e que recebe do crítico inglês Roger Fry a designação de pós-impressionista. São obras de artistas como Van Gogh, Gauguin, Toulouse-Lautrec, Cézanne, Seurat e Matisse, grandes mestres da pintura moderna, que promoveram uma verdadeira revolução estética por meio do uso da cor.

 

Considerado o período de transição entre o Impressionismo e o Expressionismo, o Pós-Impressionismo conecta-se ao trabalho de pintores que, entre 1880 e 1890, exploram as possibilidades abertas pelo impressionismo, em direções muito variadas.

 

“O Triunfo da Cor” se organiza em quatro módulos: “A cor científica”; “No núcleo misterioso do pensamento. Gauguin e a Escola de Pont-Aven”; “Os Nabis, profetas de uma nova arte”; e “A cor em liberdade”.

 

A entrada é gratuita e o acesso poderá ser agendado pelo aplicativo do CCBB, com o objetivo de evitar filas e aprimorar a experiência da visita.

 

Fonte: Touch of class

Projetos de Alan Fontes

30/mar

Os trabalhos de Alan Fontes entram em exibição na Sala A do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ. O projeto de Alan Fontes, artista mineiro, foi contemplado pelo Prêmio CCBB Contemporâneo tem como tema a paisagem do Rio de Janeiro, contrapondo vistas de satélite com seu olhar da cidade, onde passou dois meses para criar a instalação “Poética de uma Paisagem – Memória em Mutação”, composta por pinturas e objetos.

 

Definida por Alan Fontes como “instalação pictórica”, a exposição parte de uma visão aérea (satélite) do segmento do centro histórico do Rio onde está o CCBB. Panoramas dessa área captadas digitalmente foram reproduzidas em cinco pinturas – óleo e encáustica sobre tela: a maior de  500 x 300cm e a menor, 70 x 90cm.

 

A pintura maior é baseada em uma imagem do Google Earth de 2009 da Praça XV e Candelária. O artista quis reproduzir essa paisagem que hoje já não é mais a mesma para levar o espectador a perceber a velocidade da passagem do tempo. Em outra tela, a Ilha Fiscal aparece distante de forma fictícia do continente, como parte de uma paisagem que se afasta e se perde. O Palácio Monroe, inaugurado em 1906 e demolido em 1976, também no centro do Rio, aparece em outra pintura, como exemplo da administração do planejamento urbano através das décadas. Completando o conjunto, duas pinturas de casas em estágio de demolição foram baseadas em fotos e desenhos feitos por Fontes durante sua residência artística no ateliê temporário na Fábrica Behring em 2015.

 

“Poética de uma Paisagem – Memória em Mutação” tem ainda itens achados e colecionados  durante os dois meses em que o artista andou pela cidade, como um sofá modernista, porta-retratos e molduras vazios, tapetes, um cabideiro, um aparelho de telefone,  azulejos copiados dos modelos hidráulicos da tradicional Confeitaria Colombo e um papel de parede geométrico, todos pintados de cinza, tirando-lhe a vida. “É como se “uma ‘morte’ ocorresse fora do campo pictórico”, define o artista.

 

O espaço expositivo está ocupado com o conjunto da pesquisa plástica realizada, contrastando duas formas de contato com a paisagem: o contato distanciado, possibilitado pelas ferramentas tecnológicas, e o contato vivenciado pelo sujeito estrangeiro que experimenta habitar um novo espaço urbano e criar uma forma particular de entendimento do novo contexto, na sua configuração histórica e nas suas regras cotidianas.

 

Bernardo Mosqueira, autor do texto de apresentação da mostra, resume: “… somos lembrados por Alan Fontes de que é preciso aprender constantemente formas originais de enxergar e de que tudo que há no mundo é capaz de produzir sentido para auxiliar a nos localizar no espaço e no tempo.”

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em Belo Horizonte, MG, em 1980, Alan Fontes  vive e trabalha na capital mineira. É graduado em Belas Artes, com habilitação em pintura, pela UFMG e Mestre em Artes Visuais pela mesma instituição. Entre suas principais mostras individuais estão “Sobre Incertas Casas”, na Galeria Emma Thomas, São Paulo, 2015, “Desconstruções”, na Baró Galeria, São Paulo, 2014,  “La foule”, na Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, 2012, “Sweet Lands”, na Galeria de Arte Celma Albuquerque, Belo Horizonte, 2011 e “A Casa”, no Paço das Artes, São Paulo, 2008.

 

Participou de coletivas como Premiados Feira Internacional ArtRio, RJ, 2013, 10a Temporada de Exposições do MARP, Ribeirão Preto, SP, 2012, “Breve Panorama da Pintura Contemporânea em Minas Gerais”, Ouro Preto, 2010 e  “Pictórica”, Palácio das Artes, BH, 2006. Fez residências artísticas em “Pintura Além da Pintura” do CEIA, BH, 2006), 5ª Edição do Programa Bolsa Pampulha, Belo Horizonte, 2013 e Residência Baró, São Paulo, 2014, Recebeu o 1º Prêmio Foco Bradesco/ArtRio 2013, a Bolsa Pampulha 5ª edição em 2014 e o Prêmio CCBB Contemporâneo 2015.

 

Com patrocínio da BB Seguridade, a mostra abre na terça-feira, 5 de abril, às 19h30.

 

 

 De 06 de abril a 09 de maio.

 

 

 

Sobre o Prêmio CCBB Contemporâneo

 

O edital anual do Centro Cultural Banco do Brasil de 2014 inclui, pela primeira vez, um prêmio para as artes visuais. É o Prêmio CCBB Contemporâneo, patrocinado pela BB Seguridade, que contemplou 10 projetos de exposição, entre 1.823 inscritos de todo o país, para ocupar a Sala A do CCBB Rio de Janeiro.

O Prêmio é um desdobramento do projeto Sala A Contemporânea, que surgiu de um desejo da instituição em sedimentar esse espaço para a arte contemporânea brasileira. Idealizado pelo CCBB em parceria com o produtor Mauro Saraiva, o projeto Sala A Contemporânea realizou, entre 2010 e 2013, 15 individuais de artistas ascendentes de várias regiões do país.

 

A série de exposições inéditas, em dez individuais, começou com grupo carioca Chelpa Ferro, seguido das individuais de Fernando Limberger, Vicente de Mello, Jaime Lauriano, Carla Chaim, Ricardo Villa, Flávia Bertinato, Depois de Alan Fontes, virá Ana Hupe e Floriano Romano, até julho de 2016.

 

Entre 2010 e 2013, o projeto que precedeu o Prêmio realizou na Sala A Contemporânea exposições de Mariana Manhães, Matheus Rocha Pitta, Ana Holck, Tatiana Blass, Thiago Rocha Pitta, Marilá Dardot, José Rufino, do coletivo Opavivará, Gisela Motta&Leandro Lima, Fernando Lindote, da dupla Daniel Acosta e Daniel Murgel, Cinthia Marcelle, e a coletiva, sob curadoria de Clarissa Diniz.

Baravelli, Os Sentidos

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardim Paulista, São Paulo, SP, apresenta “Os Sentidos”, exposição individual do artista Luiz Paulo Baravelli. Após exibir em 2015 uma série de exposições retrospectivas – “Objeto versus espaço, abstração versus empatia” no Instituto Figueiredo Ferraz e outras duas individuais nas unidades da galeria de São Paulo e Ribeirão Preto, o artista retorna ao espaço de São Paulo e apresenta uma terceira exposição com trabalhos produzidos nos últimos seis meses. Com esse método, a galeria cria um arco histórico que acompanha a produção do artista por um período mais estendido, tentando entender cada época e contexto. O que ficou perdido e que pode ser encontrado, o que não foi executado e pode ser encenado, o que foi descartado e que pode ser resgatado.

 

Na atual exposição, Baravelli não retoma o que foi produzido no começo da década de 1980 – já que a produção é um parente distante e mais novo das obras produzidas para a Bienal de Veneza de 1984 e para a individual no mesmo ano da Galeria São Paulo. O que se apresenta é um pulo de 31 anos, o que ficou para trás e o que só agora faz sentido.

 

As caras de Baravelli não possuem corpos, são autônomas e vivem dentro de sua lógica. Sem corpo a cabeça pode escolher a perna que bem entender, o pé que achar mais interessante, a vida que quiser seguir. Essa lógica se estende a construção das obras – materiais dos mais diversos usos – tinta acrílica, encáustica, crayon, esmalte e goma-laca. Os materiais são utilizados sobre compensado recortado, as curvas dos trabalhos sugerem as imagens que são completadas pela pintura – uma mão que é cabelo e um cabelo que também é mão.

 

A escala dos trabalhos é algo fundamental, um rosto sem corpo que encara o espectador impondo uma presença intimidadora – a escala é maior que o corpo humano. Tem algo aí que não segue uma lógica linear. São apresentados 8 trabalhos na dimensão de 220 x 160 cm e uma série de desenhos-estudos que serviram de apoio para a construção dos trabalhos da atual mostra.

 

Perguntamos a Baravelli se ele gostaria de fazer o texto de sua própria exposição – já que por muitos anos o artista escreveu de forma disciplinar – ele enviou o seguinte texto:

 

“Perguntei certa vez a um estudante de Filosofia: ‘Como eles tratam da questão da arte na sua faculdade?’

 

A resposta:

 
“Não tratam – na filosofia não há lugar para o sensível.”

Não sei se ele estava certo, mas na hora e desde então, fiquei com uma sensação boa de estar todos os dias funcionando além de um limite.”

Depois disso perguntamos se ele podia nos explicar melhor o contexto e o que queria de fato dizer com esse excerto, ele nos respondeu utilizando-se de uma charada.

Sabemos que o universo de Baravelli é um lugar habitado por muitos outros seres e referências: recortes de jornais, História da Arte, humor, trabalho constante, uniforme, madrugadas etc etc etc. Tudo forma uma grande cena, um mundo vivido à parte e construído pelo próprio artista. As obras atuais funcionam como um resumo desses personagens: uma mulher recém-casada, um Armênio, um rapaz azul, uma jovem senhora, um estrangeiro, um turista, um padeiro e um ser rosado de difícil identificação.

 

Sobre o artista

 

Nascido em 1942 na cidade de São Paulo, SP, onde vive e trabalha, Luiz Paulo Baravelli estudou arquitetura na FAU-USP, desenho e pintura na Fundação Armando Álvares Penteado e mais tarde, com o pintor Wesley Duke Lee, o qual exerceu grande influência em sua carreira. Sempre explorou diversos materiais e técnicas em suas obras as quais frequentemente aparecem em “suportes não-suportes” com formatos irregulares (recortes) e se transfiguram como a própria natureza humana e a natureza das coisas em geral. São imagens-objeto. Aborda um “consciente virtual” que mistura impulsos humanos, espaço, tempo e referências culturais e se torna uma representação que desafia a realidade aparente, uma mise en scène da sociedade contemporânea ao estilo do artista.

 

De 02 de abril a 21 de maio.