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AGENDA CULTURAL

Exibição inédita no Brasil

A galeria Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, exibe entre os dias 12 de agosto e 30 de setembro, “Martin Kippenberger: Buying is Fun, Paying Hurts”, a primeira exposição do artista no Brasil. Esta mostra apresenta convites de exposições, livros e catálogos realizados pelo artista, mas principalmente seus cartazes. Dos 178 pôsteres que Kippenberger criou entre 1977 e 1997, serão apresentados 171 trabalhos.

 

MARTIN KIPPENBERGER: BUYING IS FUN, PAYING HURTS

 

Martin Kippenberger nasceu artista em Dortmund, Alemanha, em 1953, e morreu prematuramente de cirrose aos 44 anos, em 1997, em Viena. Viveu somente para a sua arte, tendo Joseph Beuys e Andy Warhol como alguns de seus modelos mais influentes. Beuys dizia que todo ser humano é um artista, enquanto Kippenberger, que gostava de colecionar tudo que encontrava pela vida, dizia que “todo artista é um ser humano”. Criador onívoro, ele acreditava que tudo tinha valor e poderia ser transformado e incorporado à sua arte, mesmo aquilo que fora descartado previamente.

 

Kippenberger surgiu a partir de uma geração anterior de artistas extraordinários que trabalharam nas cidades alemãs de Colônia e Düsseldorf nos anos 1960 e 1970, como Sigmar Polke, Gerhard Richter, Blinky Palermo e Jörg Immendorff, Joseph Beuys entre outros. Ele, no entanto, foi um dos artistas mais prolíficos de sua geração, produzindo uma quantidade extraordinária de pinturas, esculturas, objetos, múltiplos, bem como uma produção excepcional de fotografias, cartazes, convites, livros, discos, entre outros. Albert Oehlen, seu amigo e colaborador em muitos projetos, disse: “Ele ama arte como ninguém, acho que por isso consegue fazer 90 exposições, porque precisa trabalhar o tempo todo.”

 

Martin Kippenberger: Buying is Fun, Paying Hurts é a primeira exposição do artista no Brasil. O título, extraído de um trabalho do início dos anos 1980, é uma referência direta ao modo como Kippenberger decidiu enfrentar a vida. Ele viveu intensamente sem nunca considerar o preço sobre sua saúde bem como a sua relação com amigos, galeristas, colegas, instituições e imprensa. Nos anos 1990, produzia em média uma exposição por mês! E talvez esta voracidade criativa tenha sido também o motivo pelo qual os museus levaram mais tempo para conseguirem absorver o seu trabalho. Kippenberger produziu uma obra, similar a de Andy Warhol e Jeff Koons, que se adequava perfeitamente ao universo das galerias comerciais: seu trabalho expõe o processo de produção artística, o mercado e o mundo da arte no seu sentido mais amplo, como uma rede de estruturas inter-relacionadas.

 

Esta exposição apresenta convites de exposições, livros e catálogos realizados pelo artista, mas principalmente seus cartazes. Dos 178 pôsteres que Kippenberger criou entre 1977 e 1997, apresentamos 171, o que compõe uma das três maiores coleções acumuladas existentes. Kippenberger começou a colecionar elementos para seus cartazes desde muito cedo. Tudo era material para ele, como a fotografia tirada na viagem que o artista fez com Sigmar Polke a Berlim, quando Polke o instruiu a tirar fotos de pessoas embriagadas. Anos depois, uma dessas fotos acabou se transformando em um pôster, com Kippenberger em primeiro plano de calças abaixadas e Polke, ao fundo, com as calças desabotoadas. Ele sabia aproveitar oportunidades como ninguém e nunca jogava nada fora. Esse extenso material ajudou Kippenberger a construir um acervo para o estúdio que foi fundamental para o seu processo criativo por muitos anos.

 

Os pôsteres e convites das exposições são muito mais do que simplesmente anúncios informativos, ou um braço totalmente separado dentro de sua obra. Eles eram parte integrante da obra e das exposições. Para criá-los, o artista se apropriava de frases de livros e filmes e as usava como título de pinturas; ou, inversamente, apropriava-se de alguma imagem e a usava em seus pôsteres, convites ou para realizar múltiplos em esculturas. Em um processo dialético entre um fragmento de um desenho, poderia informar uma pintura que por sua vez instigasse a escultura ou o convite da exposição, ou o pôster num gesto performático que expunha criticamente, e quase sempre ironicamente, o processo criativo incessante do artista. Por isso não é possível, no caso de Kippenberger, dissociar o que é “efêmero”, ou material de comunicação, do que é obra em si.
Como uma anedota final, certa vez Kippenberger encontrou em um sebo em Paris alguns exemplares do livro Les Memoires d’un Cordon Bleu. Decidiu comprar todo o estoque, numerou-os, assinou e transformou-os em uma obra sua. Joseph Beuys, que admirava a espontaneidade de Kippenberger, deu o troco, carimbando e assinando uma série de pôsteres do artista, transformando-os em um Beuys original.
Thiago Gomide e Ricardo Sardenberg

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