Individual de Maria Tomaselli

16/ago

A pintora e gravadora Maria Tomaselli exibe desenhos em pastel e acrílica sobre papel no StudioClio, Cidade Baixa, Porto Alegre, RS. A mostra, integra o “Projeto Quadro Branco”, uma parceria entre o Café Studio Clio, Cerveja Coruja e Museu do Trabalho.

 

 

Sobre a artista

 

Maria Tomaselli(Cirne Lima), nasceu em Innsbruck, Áustria. Veio para Brasil em 1965,morando e trabalhando entre Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Olinda. Estudou pintura com Iberê Camargo, gravura em metal com Eduardo Sued, Anna Letycia e Mario Doglio; iniciou escultura com XicoStockinger. Expôs individualmente inúmeras vezes em galerias de renome do Brasil e Europa. Participou das Bienais de São Francisco, Cuba, Maldonado, Áustria, São Paulo, San Juan e Mercosul, em Porto Alegre. Recebeu 19 prêmios e cinco destaques em salões do Brasil e exterior. Atualmente reside em Porto Alegre, onde freqüenta as oficinas de gravuras do Museu do Trabalho.

 

 

De 22 de agosto a 21 de outubro.

Alex Flemming – RetroPerspectiva

O corpo, a obsessão do pintor Alex Flemming, ganha exposição no Museu de Arte Contemporânea, MAC-USP, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP. (*) A curadoria é de Mayra Laudanna.

 

Na mostra estão reunidas 120 obras entre pinturas, gravuras e objetos que exploram as manifestações físicas no campo da sexualidade, da política e da religião.

 

 

O corpo em suas diferentes manifestações – política, sexual, afetiva, religiosa – ocupa toda a “retroperspectiva” que o pintor paulistano Alex Flemming, 62, abriu no segundo andar do Museu de Arte Contemporânea (MAC). O neologismo é justificável, explica o artista, que mora há mais de 20 anos em Berlim: retrospectiva não se aplica a uma mostra distante do formato consagrado pela visão positivista do modernismo – que acreditou numa evolução linear da arte. A exposição se projeta para o futuro. Literalmente. A última série exibida na mostra é também o ponto final do pintor e dos espectadores: ela reúne seis dezenas de laptops pintados com nomes de amigos, como se fossem lápides de um cemitério, nossa última morada.

 

Não se trata de um exercício mórbido, mas do reconhecimento que também a obsessão que Flemming tem pelo corpo que um dia vai acabar. Em pó. Enquanto isso, ele celebra a beleza desse corpo – seja masculino ou feminino. Flemming expõe sua escancarada sensualidade em 120 obras (pinturas, objetos, gravuras).

 

Autor da intervenção visual na estação Sumaré do metrô, realizada em 1998 com retratos de anônimos estampados em placas de vidro, Flemming já explora a temática do corpo há quase 40 anos. Uma das séries mais antigas da exposição, que tem como curadora a professora e ensaísta Mayra Laudanna, trata do corpo político em plena ditadura. O título Natureza Morta (1978) alude à tortura de presos políticos durante o regime militar, no ano em que a Justiça responsabilizou a União pela morte do jornalista Vladimir Herzog (1937-1975) nas dependências do DOI-Codi.

 

Como tudo na obra de Alex Flemming é autobiográfico, também nessa série ele se coloca no lugar dos torturados. Em outras, ele pinta suas roupas (íntimas, inclusive), a valise que o pai comandante usava em suas viagens, sapatos velhos e até um divã (todos os seus móveis em Berlim também são pintados). Ou usa seu retrato no lugar do rosto do Cristo ou de Verônica, a santa do sudário, sem que isso lhe pareça uma atitude blasfema. Crente a seu modo, ele diz detestar a religião institucionalizada, fazendo uso sincrético de ícones católicos e da umbanda em pinturas de uma série que coloca lado a lado Santa Cecília, Iemanjá, São Jorge e uma sereia.

 

Ainda nessa série de corpos míticos, ele insere um Adonis sem roupa no interior de um ostensório, objeto usado para expor e transportar a hóstia consagrada em cultos da Igreja Católica. Não por provocação, como fazia seu amigo León Ferrari, garante o pintor. “Se o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, por que não comemorar essa beleza?”, pergunta Flemming com inocência pagã.

 

Essa criatura, como o homem vitruviano de Da Vinci, é um ser de corpo perfeito, celebrando a descoberta das proporções matemáticas do ser humano pelo pintor renascentista. Esse homem, símbolo da simetria que rege o universo, é construído e desconstruído por Flemming em séries como BodyBuilders (2001/2) em que corpos modelados nas academias servem de suporte de mapas territoriais de zonas de conflito, apontando para o paradoxo do mundo contemporâneo, que constrói um corpo e destrói o espírito.

 

O pintor argumenta que essa relação o distancia das fotografias de corpos nus masculinos por outro obcecado pelo físico, o norte-americano Robert Mapplethorpe (1946-1989). “A nudez de Mapplethorpe é clínica”, diz. “A grandeza dele está na temática”. Flemming, que morou em Nova York com uma bolsa da Fullbright, em 1981, já explorava o tema dos conflitos sociais e as paixões, mas o fazia desconstruindo o corpo. Exemplo disso é uma série iniciada em 1984, ao voltar dos EUA, que explora, por meio da alegoria, as deformações do corpo.

 

Alguns exemplares da série estão expostos na mostra do MAC. Um deles junta a parte superior da Vênus de Botticelli com os membros inferiores de Adão e Eva da Expulsão do Paraíso de Cranach, forjando uma criatura monstruosa de quatro pernas, como nas xilogravuras do naturalista italiano UlisseAldrovandi (1522-1605). Aldrovandi, que inventou seres híbridos, metade humanos e metade bestas, não é, contudo, sua única referência. Flemming também leva a Olympia pintada por Manet para um leito de hospital, mas ela, nua, não emana erotismo, e sim o fim de um ciclo (artístico, inclusive), respirando com a ajuda de aparelhos.

 

Para Flemming, vida e morte são indissociáveis. Isso explica a presença de sua Olympia entubada na última sala da exposição, que abriga a série Caos, projeto agora retomado – como em outros casos, em se tratando de uma obra circular, que sempre volta ao tema do corpo.

(*) Texto de Antonio Gonçalves Filho para O Estado de São Paulo.

 

 

 

 

A palavra de Katia Canton, Vice-Diretora do MAC-USP

 

É com enorme prazer que o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo apresenta a retrospectiva de Alex Flemming. Comemorando 60 anos de vida, 40 anos de produção e uma carreira de reconhecimento internacional, o artista compartilha com o público um repertório vasto, potente e original de trabalhos realizados em várias fases de seu intenso trajeto profissional.

 

Autor de uma das obras públicas mais emblemáticas da cidade de São Paulo, a estação de metrô Sumaré, contendo imagens de retratos anônimos acompanhados de poemas brasileiros, que vão desde Anchieta até Haroldo de Campos, formando um imenso painel de celebração de uma identidade híbrida, impressa em vidro. Alex Flemming é um artista múltiplo. Maneja pintura, fotografia, gravura como brilhantes exercícios de liberdade e paixão.

 

No entanto, é predominantemente como pintor que ele se vê. Pintor, ainda que sua pintura se expanda para além das telas. No histórico vasto de suas criações, sua paleta é vibrante, às vezes ofuscante até. Parece gritar cores. As tintas são aplicadas às telas, mas também a objetos, tape tes, aviões, animais empalhados, móveis, roupas, cartelas de remédios, réguas e cartões plásticos. Se é que podemos definir Alex Flemming como um pintor, há que se dizer que se trata de um pintor que entinta as superfícies das menos convencionalmente adequadas para as normas tradicionais impostas na história das belas artes. E consistentemente sobre elas faz uso de toda a liberdade conquistada, podendo aplicar sobre as pinturas letras, objetos, mapas, utensílios domésticos e até ossos. Em cada obra sua, tudo se compõe num estranho e, ao mesmo tempo, sedutor alfabeto imagético absolutamente singular.

 

A intensidade desse alfabeto corresponde às buscas complexas do próprio artista. Seus temas se relacionam à vida, ao corpo, à sexualidade, à morte e à espiritualidade. Sua obra procura a alma, enfim.

 

 

Até 11 de dezembro.

Destaques/Seleção Olímpica

09/ago

A Galeria de Arte Ipanema, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, realiza a mostra “Destaques do acervo – Seleção olímpica”, com cerca de 40 obras de artistas como Cildo Meireles, Carlos Cruz-Diez, Rubens Gerchman, Franz Weissmann, Henrique Oliveira, Olimpíada e Paralimpíada, Jesus Soto, Raymundo Colares, Beatriz Milhazes, Amilcar de Castro, Frans Krajcberg, José Resende, Waltercio Caldas, Sarah Morris, Lygia Clark, Lygia Pape, Sergio Camargo, Djanira, Di Cavalcanti, Alberto Guignard, Alfredo Volpi, Djanira, Julio Le Parc, Manabu Mabe, Wanda Pimentel, Maria Leontina, Victor Vasarely, Luis Tomasello, Juan Mele, Tomie Ohtake, Aluisio Carvão, Mira Schendel.

 

Dentre as pérolas do acervo da histórica galeria sediada na Rua Aníbal de Mendonça, Ipanema, está o conjunto de oito desenhos “Descala”, feitos em 2003 por Cildo Meireles, gravados quimicamente em chapas de aço carbono. De Carlos Cruz-Diez, um dos pioneiros da arte cinética, estará exposta a obra “Physichromie nº 1848” (2013), que se transforma à medida que o espectador olha enquanto caminha a sua frente. O raro trabalho “Tô Fora SP” (1968), de Rubens Gerchman, pintura com tinta acrílica sobre cartão, também está na exposição. Do escultor Franz Weissmann, a galeria mostrará “Coluna”  (1989), em ferro pintado, com 81 cm de altura. O paulista Henrique Oliveira, que já frequentava o circuito internacional da arte ganhou ainda mais notoriedade ao integrar a 29ª Bienal Internacional de São Paulo, em 2010. Dele, será mostrada a pintura com acrílica sobre tela, também de 2010.

 

 

Breve histórico

 

Fundada por Luiz Sève, aos 24 anos, que cursava o último ano de engenharia na PUC, e sua tia Maria Luiza (Marilu) de Paula Ribeiro, a Galeria de Arte Ipanema teve como terceiro sócio Luiz Eduardo Guinle, e se instalou em 1965 em um dos salões do Copacabana Palace, passando depois para o térreo do Hotel, na Avenida Atlântica, onde permaneceu até 1973. Em 1968, Frederico Sève, irmão mais moço de Luiz Sève, entrou na sociedade no lugar de Luiz Eduardo Guinle. Com direção de Frederico Sève, a Galeria de Arte Ipanema manteve também um espaço em São Paulo, entre 1972 e 1989, na Rua Oscar Freire, em uma casa projetada por Ruy Ohtake especialmente para este fim, e depois na Rua da Consolação. Frederico permaneceu na sociedade até 2002.

 

Atualmente, Luiz Sève dirige a galeria ao lado de sua filha Luciana, no número 173 da Rua Aníbal de Mendonça, em Ipanema, até finalizar a construção do espaço que tem projeto arquitetônico assinado por Miguel Pinto Guimarães, previsto para 2017, na quadra da praia da mesma rua, no endereço original que ocupou desde 1972 (ano compartilhado com o espaço no Hotel Copacabana Palace).

 

 

Até 24 de setembro.

O novo espaço da dotART

A dotART galeria, Centro, São Paulo, SP, inaugura novo espaço cultural e apresenta a partir do dia 17 de agosto, para visitação das exposições individuais de quatro importantes artistas contemporâneos: Marina Saleme, Alvaro Seixas, Daniel Lannes e Roberto Freitas. As exposições têm curadoria assinada pelo diretor artístico da dotART galeria, Wilson Lázaro.

 

No dia 20 de agosto, a galeria inaugura a CASA dotART, Rua São Paulo, 249, Centro, e, em parceria com a Revista Ernesto, presenteia a cidade com este novo espaço cultural. A inauguração contará com a abertura de três exposições individuais, do panamense Jhafis Quintero e dos brasileiros Roberto Freitas e Alvaro Seixas. A entrada é gratuita e deve ser agendada por email. A partir do próximo ano, a CASA dotARTdará início a seu programa de residências artísticas, com a proposta de que os artistas acolhidos possam transformar o local em atelier, experimentando cotidianamente temas como centro, território e conviver junto, de forma específica, e criação, de forma geral.

 

 

Até 01 de outubro

Baravelli no Rio

08/ago

A próxima exposição da Galeria Marcelo Guarnieri, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, será com Luiz Paulo Baravelli, um dos grandes mestres vivos da arte nacional. Na mostra do Rio será apresentada uma série de “Caras”, produção que começou no final do ano passado a avançou até este momento. Além disso, Baravelli também traz um série de “Totens”, expostos no MAM Rio na década de 1970, dialogando com esta produção mais recente. Esta é a primeira vez que as obras voltam a serem expostas no Rio de Janeiro. Baravelli foi um dos fundadores da Escola Brasil com José Rezende, Fajardo e Frederico Nasser e foi um dos responsáveis pela formação de grandes artistas da Geração 80 como Leda Catunda, Flavia Ribeiro, entre outros.

 

O marchand Marcelo Guarnieri abre as portas para uma nova exposição exibindo duas fases da extensa produção assinada pelo artista paulistano Luiz Paulo Baravelli. Daí o nome” Duas das Partes: uma alusão à reunião de mais de uma série” – nesse caso quatro esculturas Krazy Kats, mostradas no MAM do Rio de Janeiro pela primeira vez há 40 anos, e sete obras do trabalho “Caras”, série originalmente exposta na Bienal de Veneza em 1984 e retomada por Baravelli no ano passado como sequência de uma cronologia circular – e não-linear – de trabalho. Em outras palavras, nesta atual exposição, Baravelli retoma o que foi produzido no começo da década de 1980, e também apresenta um pulo de 32 anos: o que ficou para trás e o que só agora faz sentido.

 

“Assim, esses acessórios para as paisagens do Krazy Kat, de 40 anos atrás, têm uma relação não evidente com as grandes obras de Caras. Em uma pintura como a Mona Lisa há uma grande figura em primeiro plano e lá no fundo há uma paisagem. A noção de espaço de um pintor é telescópica ao englobar duas distâncias em um conjunto coerente. Esta ‘telescopagem’ acontece aqui, de modo mais radical ao vermos rostos em extremo close e elementos de uma paisagem sem a paisagem”, explica o artista. “Acessórios de paisagens contrastados com rostos vistos em close colocam uma questão curiosa de chegar perto e ir para longe que é tão importante em meu trabalho.”

 

E o conceito de profundidade extrapola o espaço, discorrendo no tempo. Baravelli explica: “retomei a experiência de criação das caras 32 anos depois e este hiato faz uma espécie de percurso por uma paisagem temporal. As peças viajaram de uma exposição no MAM do Rio em 1976 até outra em Ipanema no ano de 2016.”
Sobre as novas e antigas caras de Baravelli, elas não possuem corpos, são autônomas e vivem dentro de sua lógica. Sem corpo a cabeça pode escolher a perna que bem entender, o pé que achar mais interessante, a vida que quiser seguir. Essa lógica se estende para a construção das obras – materiais dos mais diversos usos – tinta acrílica, encáustica, crayon, esmalte e goma-laca – utilizados sobre compensado recortado. As curvas dos trabalhos sugerem as imagens que são completadas pela pintura: uma mão que é cabelo e um cabelo que também é mão.

 

A escala dos trabalhos é algo fundamental, um rosto sem corpo que encara o espectador impondo uma presença intimidadora em a escala maior que a do corpo humano. O trabalhos maiores têm a dimensão de 220 x 160 cm, os menores 120 x 90 cm e são complementados por uma série de desenhos que serviram de apoio para a construção dos trabalhos da atual mostra. Baravelli é a prova viva da riqueza e atemporalidade da inteligência criativa que move artistas e estudiosos, mantendo-os sempre na ativa.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em 1942 na cidade de São Paulo, onde vive e trabalha, Luiz Paulo Baravelli estudou arquitetura na FAU-USP, desenho e pintura na Fundação Armando Álvares Penteado e, mais tarde, com o pintor Wesley Duke Lee, o qual exerceu grande influência em sua carreira. Foi um dos fundadores da Escola Brasil ao lado de Fajardo, José Rezende e Frederico Nasser, um espaço onde os artistas ministravam cursos livres de arte, e que movimentou a cena cultural de São Paulo nos anos 70. Foi co-editor da revista Malasartes, entre 1975 e 1976, e da revista Arte em São Paulo, no período de 1981 a 1983. Teve como alunos Leda Catunda, Flavia Ribeiro, entre outros, que foram o responsáveis pela volta da pintura nos anos 80, e que tinham em Baravelli o seu mestre. O artista sempre explora diversos materiais e técnicas em suas obras as quais frequentemente aparecem em “suportes não-suportes” com formatos irregulares (recortes) e se transfiguram como a própria natureza humana e a natureza das coisas em geral. São imagens-objeto. Aborda um “consciente virtual” que mistura impulsos humanos, espaço, tempo e referências culturais e se torna uma representação que desafia a realidade aparente, uma mise en scène da sociedade contemporânea ao estilo do artista.

 

 

 

Até 17 de setembro.

Mostra a três

04/ago

A Galeria TATO , Vila Madalena, São Paulo, SP, anuncia a abertura da exposição coletiva “Contos e ensaios”, com curadoria de Nancy Betts. A mostra reúne trabalhos de 3 artistas que incorporam de alguma forma o pensamento sobre realidade e ficção em suas obras: Beatriz Chachamovits, Madu Almeida e Renato Pera.

 

 

A palavra da curadora

 

Embora, na arte contemporânea, a questão de gêneros esteja ultrapassada, uma vez que tudo se mistura num hibridismo, em linhas gerais, na literatura, o conto possui tema mais denso e atemporal e apresenta uma estrutura mais tradicional, porém com flexibilidade para incorporar a inovação. Os ensaios são mais livres de convenções, mais soltos, informais e experimentais. Diz o provérbio popular que “Quem conta um conto aumenta um ponto”, o ditado tem uma conotação jocosa normalmente entendida como aumento ou exagero da história que, pelo acréscimo do “ponto”, sofre modificações na sua narrativa. A partir desse argumento, gostaria de, no âmbito desta exposição, pensar a relação entre realidade e ficção – na qual o sentido de fidelidade e suas alterações possam coexistir como modos de revelação. A Arte se propõe à construção do “ponto”, não “adulteração” da realidade. Não representação, mas criação de novos mundos – uma realidade diferente, aumentada, excitante, instigante.
Todo mundo viveu, na infância, o ambiente amoroso em que a mãe, a avó, a tia, a professora, o curandeiro, o violeiro, entre outros mais, contavam histórias. Há uma dimensão mágica em escutar histórias, daí serem chamados de contos maravilhosos. Crianças ficam encantadas e se o adulto muda um pouco as palavras, os personagens ou o enredo, eles logo reclamam que não está igual à primeira versão que conhecem. Essa primeira versão é, para a criança, a verdade a partir da qual o comportamento por semelhança, a mimese, sempre deve ser desenhado. No entanto, a criança também dá asas a sua imaginação quando sendo um avião abre os braços e “voa”. Assim, realidade e ficção se misturam na brincadeira. Momento de liberdade criativa em que variações da mesma experiência são legitimadas pelo viver, mas também pela audácia do inventar. A Arte faz o mesmo.

 

Até 20 de agosto.

 

Coleções do MAM RIO

27/jul

Neste sábado, dia 30 de julho, o MAM Rio, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a grande exposição “Em polvorosa – Um panorama das coleções do MAM Rio”, com destaques de seu acervo, com obras de mais de 100 artistas, brasileiros e estrangeiros, selecionadas pelos curadores Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes. A mostra vai ocupar todo o segundo andar do Museu, incluindo o Salão Monumental, em uma área de quase 2.500 metros quadrados O curador quis mostrar para o público a joia arquitetônica que é o prédio do MAM, projetado em 1958 por Affonso Reidy, e retirou divisórias, permitindo ao público uma rara perspectiva do amplo espaço do segundo andar. De um extremo a outro do espaço, há 123 metros de extensão.

 

A primeira preocupação do curador foi a de escolher obras de qualidade inegável, as quais chama de highlights, como as de Pollock, Keith Hering, Brancusi, Giacometti, Lucio Fontana, Henri Moore, Rodin, Calder, Joseph Albers, Barry Flanagan, VittoAcconti, Antonio Dias, Cildo Meireles, Nelson Leirner, Ivens Machado, Waltercio Caldas, Antonio Manuel, José Damasceno, Artur Barrio, Regina Silveira, Willys de Castro, Hércules Barsotti, Lygia Clark e Hélio Oiticica.

 

E, também, privilegiar artistas “muito conhecidos, mas pouco mostrados”, como Anita Malfatti, que “tem desenhos a carvão lindos, pouco vistos”. As obras serão articuladas por aproximações estéticas e por épocas, com alas dedicadas aos anos 1920, com o modernismo, aos anos 1950/60, com o abstracionismo, o concretismo, o neoconcretismo, a nova figuração, e à arte contemporânea.

 

Na entrada do segundo andar do museu, estará um texto sobre a mostra e uma homenagem ao artista Tunga, falecido recentemente, junto ao trabalho que dá título à exposição, da série “Desenhos em polvorosa”, de 1996, em pastel seco sobre papel, pertencente à Coleção Gilberto Chateaubriand/MAM Rio. Um dos destaques da exposição é o conjunto reunido pela primeira vez de importantes instalações de artistas brasileiros: “Poeta/Pornógrafo”, de 1973, de Antonio Dias; “Alegria”, de 1999, de Adriana Varejão, “Cerimônia em três tempos”, de 1973, de Ivens Machado; “Ping-ping, a construção do abismo no piscar dos cegos”, de 1980, de Waltercio Caldas; “Fantasma”, de 1994, de Antonio Manuel (em sua versão original, montada em 2001; “Motim II”, de 1998, de José Damasceno; “Marulho”, de 1991, de Cildo Meireles, não vista no Rio de Janeiro desde sua primeira apresentação, no MAM, em 2002 e “Graphos 2” de 1996, de Regina Silveira. Serão apresentados, ainda; “De dentro para fora”, de 1970, de Artur Barrio; “Lute”, de 1967, de Rubens Gerchman.

 

Ao invés de textos explicativos, Fernando Cocchiarale optou por dar o contexto histórico do Brasil, para as obras de arte, por meio de fotografias dispostas em nove vitrines, de 1,70m cada, distribuídas pelo espaço expositivo. São registros do Brasil imperial, com nobres, escravos, etnográficos, do cotidiano, da vida política, ou ainda de grupos como garimpeiros, candangos e índios, de mais de 20 fotógrafos, de Franz Keller, Marc Ferrez, Jorge Henrique Papf, Martín Chambi, Alberto Ferreira Lima, Luis Humberto, Walter Firmo, Luis Brito, Milton Guran, Orlando Azevedo, Orlando Brito, Leopoldo Plentz, Duda Bentes, Carlos Terrana, André Dusek, Nino Rezendee AntonioDorgivan, entre outros.

 

“O território onde a imagem e a palavra se encontram é o fotojornalismo. É de sua natureza uma proximidade muito grande com a notícia, que é verbal. A foto é uma sobrenotícia. As coleções do MAM têm maravilhosas obras que podem ser consideradas fotojornalismo. Franz Keller mostra em 1870 índios cobertos artificialmente, porque eles não poderiam aparecer com ‘suas vergonhas’ à mostra, como disse Pero Vaz de Caminha, e foram adaptados à moral vitoriana. Papff tem umas fotografias incríveis de cafezais”, destaca.

 

Dentre as mais de 100 obras, estarão também as dos artistas Brecheret, Bruno Giorgi, Lygia Clark, Regina Vater, Diane Airbus, Marcia X(com “A cadeira careca”, seu último trabalho, feito em 2004 com Ricardo Ventura), Luiz Pizarro, Jorge Duarte, Carlos Vergara, Guilherme Vaz, Marcelo Moscheta e Jonathas de Andrade.

 

“Não acho que a arte tem que estar a serviço de nenhum discurso. Não há continuidade entre a experiência visual e discurso. Se eu e Fernanda Lopes “editarmos” bem, podemos criar um certo fluxo semântico com a exposição”, complementa Fernando Cocchiarale.

 

 

Até 06 de novembro.

 

 

Estela Sokol – Naturezas Mortas

21/jul

Uma grande instalação na Anita Schwartz Galeria, além de objetos, esculturas e pinturas, trabalhos inéditos que será exibido em todo o espaço expositivo do prédio da Gávea, Rio de Janeiro, RJ. Trata-se da exposição “Estela Sokol- Naturezas Mortas”, com obras produzidas este ano. Em sua terceira individual na Anita Schwartz Galeria, a artista aprofunda sua pesquisa sobre as possibilidades do uso da cor na atualidade. Acompanha a exposição texto de Felipe Scovino.

 

Sobre o chão do grande salão térreo da galeria, estará a instalação“White Heat” (título que faz menção ao álbum “White Light/White Heat”, da banda Velvet Underground), composta por cerca de 600 peças em forma de sarrafo, de diversos materiais brancos, como espuma, parafina, feltro, mármore e gesso, e com dimensões que variam em comprimento, largura e altura, esta com no máximo 12 centímetros. As peças ocuparão uma área de 45 metros quadrados na área central do piso, de modo a que o visitante possa circular em torno. Estela Sokol destaca que “a ideia é partir da justaposição das peças para ressaltar as diferentes tonalidades de branco dos materiais”. “O trabalho propõediálogo com a tradição pictórica, e o legado de artistas como Agnes Martin”, explica. O pé direito de sete metros e as paredes vazias, fazem com que a obra, de acordo com a artista, possa “tirar proveito do silêncio da sala”.

 

Nesta instalação, a artista utiliza, pela primeira vez, feltro, gesso e espuma. A obra terá diversas nuances de branco, devido à natureza dos materiais, e ganhará novas tonalidades ao longo da exposição, pois a artista conta com a ação da luz sobre a espuma, que amarelará com o passar dos dias. “Com a forma de um ladrilho em tom de alabastro, o trabalho também reflete sobre o tempo e seus pressupostos, já que algumas seções mudarão de cor durante a exposição”. Estela Sokol ressalta que a busca por mudanças de tonalidade são recorrentes em sua pesquisa. “Nas pinturas realizadas com lâminas de PVC, e outros materiais sintéticos por exemplo, as cores e tons se dão a partir da sobreposição das diversas camadas de plástico”, diz.Estela Sokol compreende o trabalho quase como uma pintura no espaço tridimensional. Para ela, “a ideia é articular os diferentes tons, texturas e densidades dos materiais”. Assim como em outros trabalhos expostos no terceiro andar, a artista transforma o uso dos materiais para aproximar o raciocínio pictórico de esculturas e objetos.

 

 

Nova série de pinturas

 

Uma nova série destas pinturas também poderá ser vista no terceiro andar da galeria. Serão 13 telas produzidas sem a utilização de tinta, em um processo que a artista vem desenvolvendo desde 2010. “Estico e sobreponho lâminas de PVC coloridas e translúcidas, entre outros materiais sintéticos, sobre chassis de madeira, criando diversos matizes que mudam conforme a incidência da luz e deslocamento do espectador”, ressalta. Ela acrescenta que “as pinturas de PVC sobre chassi propõem um diálogo entre a paleta industrial e a tradição pictórica”.Junto com essas pinturas estarão dez esculturas em pequeno formato, feitas em materiais como encáustica, mármore, parafina, tecido, espuma e madeira, que apresentam a ideia pitoresca das naturezas mortas no espaço tridimensional.

 

 

Sobre a artista

 

Estela Sokol nasceu em 1979, em São Paulo, cidade onde vive e trabalha. Realizou diversas exposições individuais, como “Gelatina”, na Anita Schwartz Galeria, em 2014; “Se o deserto fosse laranja a coisa seria cor de rosa”, no Museu da Taipa, em Macau, na China, 2012; “Secret Forest”, na Gallery 32, em Londres, Inglaterra, em 2011; “LichtKonkret”, na GalerieWuensch, em Linz, na Áustria, em 2011; “A morte das Ofélias”, na Anita SchwartzGaleria, no Rio de Janeiro, em 2011; “Dawn for Interiours”, na Bisagra Arte Contemporáneo, em Buenos Aires, Argentina, em 2010. “Clarabóia”, no Paço das Artes, em São Paulo, em 2010; “Sol de Inverno”, no Palácio das Artes, Fundação Clóvis Salgado, em Belo Horizonte, em 2008; “Meio dia e meia”, no Centro Universitário Maria Antonia, em São Paulo, em 2006, entre outras.Também participou de diversas mostras coletivas no Brasil e no exterior das quais destacam-se: “Intervenções Urbanas Bradesco ArtRio”, no Museu da República e “Bienal Tridimensional Internacional”, no Museu Histórico Nacional, ambas no Rio de Janeiro, em 2015; “PrometheusFecit”, no Museu Nacional Soares dos Reis, em Porto, Portugal, em 2014; “Whatcanweexpectfrom color?”, na BYCR Gallery, em Milão, na Itália, em 2013; “Norman Dilworth, AlistairMcclymontand Estela Sokol”, na StrandGallery, emVeneza, na Itália; “Arte Contemporânea no Universo Bordallo”, na Fundação CalousteGulbenkian, em Lisboa, Portugal; “Considerações sobre o plano”, no Museu de Arte Contemporânea, em São Paulo, ambas em 2013; “III Bienal delFindel Mundo”, em Ushuaia, na Patagônia, Argentina, em 2011; “16º Bienal de Cerveira”, em Cerveira, Portugal, em 2011; “Mapas Invisíveis”, na Caixa Cultural São Paulo, em 2011; “Light ArtBienalle”, em Linz, na Áustria, em 2010; “Graphias”, no Memorial da América Latina, em São Paulo, em 2009; “Nova Arte Nova”, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, em 2009, e Rio de Janeiro, em 2008, entre outras.Ganhou prêmios como “Mostras de artistas no exterior”, dentro do “Programa Brasil Arte Contemporânea”, da Fundação Bienal de São Paulo, em 2010; “Temporada de projetos Paço das Artes, em São Paulo, em 2009; “Edital Revelação MACC”, em São Paulo, em 2004; “Projéteis FUNARTE de ArteContemporânea”, no Rio de Janeiro, em 2005; e “34°Salão de Arte Contemporânea LuizSacilotto”, em São Paulo, em 2006.

 

 

Sobre o silêncio das coisas

por Felipe Scovino

 

Ao tomar contato com o trabalho de Estela Sokol o que mais me salta aos olhos é a sua capacidade de reter uma potência expressiva de suavidade, delicadeza e silêncio. Transitando pelo universo de Agnes Martin, Morandi, Robert Ryman, Rothko, Volpi, dentre tantos outros artistas e poéticas que criam um universo expansivo de ideias e sentimentos anti-espetaculares a partir de uma economia de gestos, a obra de Estela revela uma transparência do corpo aparentemente sólido da pintura e da escultura. Suas pinturinhas – que carinhosamente ela as nomeia assim, no diminutivo, porém aumentando para mim essa característica da delicadeza – revelam um caráter artesanal na sua manufatura. Sendo ora envelopadas por lâminas de PVC e/ou PV, e em outros momentos tendo esses mesmos materiais recortados e seus feixes distribuídos – colocados de forma justaposta ou sobrepostos – pelo chassi, as pinturas revelam duas circunstâncias importantes e que se confundem em certa medida: a primeira é uma instância do que poderíamos chamar de superfície vibrátil ou em expansão, isto é, a partir da escolha do material e da disposição geométrica realizada, a cor tende a impulsionar o plano em direção ao espaço. Numa ilusão óptica, vários planos são construídos de forma a colocar as nossas certezas sobre o que está diante de nós em dúvida. A translucidez é que condiciona esse aspecto. A pintura ganha uma dimensão infinita, deslocando-se constantemente em direção ao espaço. O segundo ponto é a forma como opera as diferentes tonalidades de uma mesma cor. Seus monocromos se diferem daquilo que acostumamos a defini-los, porque eles não prezam pela unicidade da cor mas justamente pelo caráter de gerar uma quantidade considerável de diferenças cromáticas. A sutileza dessas diferenças; a cor em constante mutação; o instante em que a cor, através da operação meticulosa de escolha e dispersão das lâminas de PVC sobre o chassi, se propaga em luz ganhando uma dimensão corpórea; a escolha do material que permite perceber que a pintura explora características íntimas da escultura como densidade, volume e verticalidade (vide certos objetos ou linhas contidos nas pinturas que indicam essa imagem) além de texturas;e, o caráter poroso dessas formas compõem uma rede repleta de símbolos e afetos para as pinturas de Estela.

 

Como escrevi, a sua pintura se faz valer de atributos escultóricos, mas essa regra também se faz na outra direção. Suas esculturas tornam aparentes uma geometria torta que tende à falência. Elas são desorganizadas, inseguras, estão prestes a tombar, mas, e justamente por isso, são humanas. Essas qualidades estão em todos os artistas citados no início do texto, mas também em Torres-Garcia, nas organizações iniciais e ligeiramente construtivas de Iberê Camargo – que deixo claro nunca se filiou a essa tendência – e em muitos outros pintores que colocaram a geometria como uma instância do sensível ligada à imagem de perda ou desestabilidade. O tamanho, na maioria das vezes, diminuto desses trabalhos não só revela a delicadeza mas o compromisso de intimidade entre obra e espectador. Confundem-se com os objetos do cotidiano, sem perder a aura de obra de arte, porque também são coisas do mundo: podem ser facilmente deslocadas, colocadas na palma da mão. São esculturas que nos avisam sobre as dualidades do mundo sem que avancemos para o confronto, como geralmente o mundo lida ao reconhecer o outro como diferente. Afirmo isso a respeito do trabalho de Estela porque invariavelmente a escolha dos materiais reflete esse caráter antagônico entre eles. Temos um material leve convivendo com um pesado, um opaco com um translúcido, um flexível com um rígido, um mole com um que dificilmente exerce uma flexibilidade. Esse exercício de reconhecimento e convívio em suas esculturas não é pouca coisa e cria um diálogo frutífero e condensado sobre uma utopia ou desejo de mundo.

 

Em White Heat, temos a pintura que finalmente tomba e adere ao mundo ou a escultura que desaba sobre o chão e passa a ser horizontalizada. Mudamos, enquanto espectador, a nossa perspectiva. Passamos a olhar para baixo, vislumbrar e identificar os pormenores ou detalhes que habitam o espaço embaixo do nosso pescoço. Ocupando grande parte do térreo da galeria, a instalação também é uma metáfora sobre o tempo. Como assinala a artista, à medida que a exposição avança, alguns dos materiais – especialmente a espuma – estarão expostos à luz e mudarão de cor. O amarelecimento do material provocará um novo e intermitente desenho no espaço. Essa instância fenomenológica de percebermos a obra como corpo motivada não por aspectos morfológicos mas filosóficos já possui uma certa tradição na arte brasileira (faço lembrar um exemplo icônico que são as esculturas de Amilcar de Castro e as marcas de tempo que se tornam presentes via a oxidação de suas peças e que fazem parte do seu campo conceitual de trabalho), e Estela inteligentemente a resgata e a requalifica. Trazendo características da pintura e da escultura, embaralhando-as e, para além dissoparecer apenas uma proposta ligada aos cânones da modernidade, ela avança e propõe a obra como um corpo, vivo, orgânico e dinâmico. A obra é dessacralizada, torna-se mundana e, traz, assim como as esculturas em formato menor, o convívio com o antagonismo, a diferença. Estão lá, lado a lado, a espuma mole e o mármore, a parafina e o tecido. O silêncio que paira sobre a sala nos possibilita identificar, compreender e estabelecer o convívio harmônico que é celebrado entre estas supostas diferenças e a passagem do tempo como o índice de corpo e diálogo, metafórico, claro, com a vida.

 

 

 

De 27 de julho a 27 de agosto.

Pós-impressionistas no CCBB-Rio

19/jul

A exposição denomina-se “O triunfo da cor”, abordando o pós-impressionismo, obras-primas do Musée d’Orsay e do Musée de l’Orangerie, cartaz do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A mostra é uma realização em parceria com Musée d’Orsay e a Fundación Mapfre. A exposição apresenta 75 obras de 32 artistas que, a partir do fim do século XIX, buscaram novos caminhos para a pintura. O grupo formado por ícones do movimento impressionista, como Van Gogh, Gauguin, Toulouse-Lautrec, Cézanne, Seurat, Matisse, Bernard, Maioll, e outros recebeu do crítico inglês Roger Fry a designação de pós-impressionista, por promoverem uma nova linguagem estética, baseada no uso intenso da cor, mostrando os caminhos de uma geração de artistas que ficou conhecida como pós-impressionistas, aqueles que promoveram uma revolução estética pelo uso da cor.

 

A exposição está dividida em quatro módulos: “A cor científica”, com uma seleção de obras inspiradas nos estudos de Michel Eugene Chevreul, cuja técnica consistia em aplicar na tela pontos justapostos de cores primárias e que se tornou muito conhecida nas mãos de Van Gogh.

 

O segundo módulo, “No núcleo misterioso do pensamento. Gauguin e a escola de Pont-Aven”, inclui obras de Paul Gauguin e Émile Bernard a partir de uma pintura sintética, com cores simbólicas e a presença de desenhos nos contornos e silhuetas, refletindo um mundo interior e poético.

 

No módulo 3, “Os Nabis, profetas de uma nova arte”, o tema é a ideologia de um grupo de artistas que defendiam a origem espiritual da arte, utilizando a cor como um elemento transmissor dos estados de espírito.

 

Já o quarto e último módulo, chamado “A cor em liberdade”, apresenta obras de artistas do final do século XIX e início do século XX, com inspirações que vão da Provence à natureza tropical. A curadoria é de Guy Cogeval, presidente do Musée d’Orsay, Pablo JimenézBurillo, diretor cultural da Fundación MAPFRE, e Isabelle Cahn, curadora do Musée d’Orsay. As obras expostas oferecem ao público a oportunidade de conhecer alguns ícones de um importante momento da história da arte e de poder ver de perto algumas das obras mais emblemáticas dos últimos tempos.

 

“O triunfo da cor” é mais uma exposição histórica sobre arte moderna, e que ficará em cartaz no CCBB do Rio de Janeiro, podendo ser visitada de 20 de julho até 17 de outubro.

Novos artistas

18/jul

A Galeria de Arte Ibeu, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, no dia 26 de julho, a exposição “Novíssimos 2016”. A mostra conta com a participação de 12 artistas que apresentarão pinturas, instalações, objetos e fotografias. Único Salão de Arte do Rio de Janeiro, o Salão de Artes Visuais Novíssimos chega à 45ª edição, na qual as inquietações comuns a artistas de diversas gerações e localidades estão reunidas em um mesmo espaço expositivo.

 

Os artistas selecionados são: Amanda Copstein, RS; Gilson Rodrigues, MG; Gustavo Torres, RJ; Hermano Luz, DF; João Paulo Racy, RJ; Kammal João, RJ; Manoela Medeiros, RJ; Maria Fernanda Lucena, RJ; Mariana Katona Leal, RJ; Rafael Salim, RJ; Reynaldo Candia, SP e Vera Bernardes, RJ. O artista em destaque no Salão de Artes Visuais “Novíssimos 2016” será contemplado com uma exposição individual na Galeria de Arte Ibeu em 2017. O nome do premiado será divulgado na noite de abertura.

 

O objetivo de “Novíssimos” é reconhecer e estimular a produção desses artistas emergentes, e com isso apresentar um recorte do que vem sendo produzido no campo da arte contemporânea brasileira. Já participaram deste Salão artistas como Anna Bella Geiger, Ivens Machado, Ascânio MMM, Ana Holck, Mariana Manhães, Bruno Miguel, Pedro Varela, Gisele Camargo, entre outros. Até 2015, 598 artistas já participaram da coletiva anual.

 

“Nesta nova edição, utilizei 13 livros da poetisa portuguesa Sophia de Mello BreynerAndresen para dispor as obras dos 12 artistas escolhidos. As obras são percebidas como internas a melancolia do tempo circunscrito, aquela dentro da qual o tempo pode ser percebido passando. Para isso, cada artista recebe uma obra da autora, com seu respectivo ano”, afirma o curador Cesar Kiraly.

 

“Por exemplo: “Amanda Copstein/O Nome das Coisas, 1977 ou Vera Bernardes/Mar Novo, 1958”. A intenção é permitir que a bruma do livro envolva o trabalho ao mesmo tempo em que esse se mostre coerente com os nomes implicados na fabricação poética. O décimo terceiro livro, “O Nome das Coisas, 1964” foi escolhido como aquele que conduz a lógica dos encontros entre livros e artistas e nomeia a coletiva.”, complementa Cesar Kiraly.

 

 

 

Até 26 de agosto.