Uma coleção particular

17/dez

A Pinacoteca do Estado de São Paulo, Estação da Luz, São Paulo, SP, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, exibe a exposição “Uma coleção particular – Arte contemporânea no acervo da Pinacoteca” que apresenta um panorama da arte contemporânea no Brasil a partir de sua coleção. Uma seleção que reúne mais de 60 obras, a maioria incorporada recentemente ao acervo da instituição e com trabalhos que vêm a público pela primeira vez – como é o caso dos empréstimos em comodato da coleção Roger Wright, parceria firmada este ano.

 

São pinturas, esculturas, vídeos, fotografias, desenhos, gravuras e instalações, realizadas de 1980 até hoje por artistas nascidos ou radicados no país. “O corte cronológico considera o processo de reorganização da vida política e cultural brasileira com o fim da ditadura militar (1964-1985), mas também leva em conta um período de reestruturação da própria Pinacoteca, que compreende, por exemplo, a reforma de sua sede, entre 1994 e 1998”, explica o curador da Pinacoteca José Augusto Ribeiro.

 

A mostra ocupa todo o primeiro andar do museu com trabalhos históricos como “Ping-ping”, de Waltercio Caldas, além das obras de Iberê Camargo, Gilvan Samico, Regina Silveira, Tunga, Leda Catunda, Beatriz Milhazes, Erika Verzutti, Rosângela Rennó, Ernesto Neto, Rubens Mano, Tonico Lemos Auad, Willys de Castro, João Loureiro, Alexandre da Cunha, entre outros artistas. Nomes de grande projeção internacional e que são referência para as novas gerações, ao lado de artistas em início de suas trajetórias profissionais, todos de diferentes regiões do Brasil. “A seleção confirma a posição da Pinacoteca como uma das instituições museológicas com uma das coleções públicas mais importantes do País”, completa Ribeiro.

 

 

A diversidade de artistas aparece também nas 12 salas expositivas, além do Octógono e do lobby, onde o visitante encontra obras bastante diferentes e, a partir das relações sugeridas pela curadoria, consegue perceber as singularidades de cada peça. Grande parte dos artistas desta mostra compôs a programação da Pinacoteca nos últimos anos, por isso também ela faz parte do calendário comemorativo de 110 anos do museu.

 

Entre os artistas da exposição estão: Alexandre da Cunha | Almir Mavignier | Amilcar Packer | Anna Maria Maiolino | Antonio Lizárraga | Antonio Malta | Beatriz Milhazes | Carlos Fajardo | Carmela Gross | Daniel Acosta | Dudi Maia Rosa | Efrain de Almeida | Emmanuel Nassar | Erika Verzutti | Ernesto Neto | Fabio Miguez | Fabricio Lopez | Flávia Bertinato | Gerty Saruê | Gilvan Samico | Iberê Camargo | Iole de Feitas | Iran do Espirito Santo | João Loureiro | José Damasceno | Leda Catunda | Leya Mira Brander | Lorenzato | Mabe Bethônico | Odires Mlaszho | Paulo Monteiro | Paulo Whitaker | Regina Silveira | Rodrigo Andrade | Rodrigo Matheus | Romy Pocztaruk | Rosângela Rennó | Rubens Mano | Sara Ramo | Tatiana Blass | Tonico Lemos Auad | Tunga | Valdirlei Dias Nunes | Vanderlei Lopes | Vania Mignone | Veio [Cícero Alves dos Santos] | Wagner Malta Tavares | Waltercio Caldas | Willys de Castro.

 

 

Até 31 de janeiro de 2016.

Quadrinhos e o espírito Pop

16/dez

A Pinacoteca Ruben Berta, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, promoveu um encontro com o pintor Eduardo Vieira da Cunha para conversar com o artista sobre a exposição “Quadrinhos e o espírito Pop”, em exibição no local.

 

A exposição apresenta a produção recente de Eduardo Vieira da Cunha, que tem por mote a influência da linguagem das histórias em quadrinhos e as características plásticas das artes visuais da década de 1960. A mostra, que também exibe um diálogo entre a obra do artista e o acervo da pinacoteca – que toma por base a linguagem pop -, tem o objetivo de qualificar a visitação e divulgar o processo criativo do artista porto-alegrense.

 

Eduardo Vieira da Cunha, fã e leitor de HQs, inspira-se na linguagem que fez fusão na comunicação e na arte estabelecendo um diálogo com obras da Pinacoteca Ruben Berta, selecionadas por ele, que coincidem com a temática explorada pelo artista como os pops ingleses Alan Davie e Bill Maynard.

 

 

A palavra do artista

 

Busco com este trabalho um diálogo com as obras da Pinacoteca Ruben Berta que apontam para a emergência de correntes criativas inspiradas na cultura popular. Situada no prelúdio dos movimentos conspiratórios do final dos anos 60, esta tendência foi fundamentalmente positiva, oferecendo liberdade de expressão no campo das artes visuais, em uma pintura predominantemente figurativa. O ponto comum era a vida quotidiana, nutrida por um ambiente urbano, e por imagens do gosto popular.

 

Aqueles novos realistas abriram caminho para uma estética baseada na comunicação de massa. Inspirado por eles, tomei emprestado das histórias em quadrinho, das imagens de rua e dos jornais e revistas, referências para esta exposição. Sempre fui um fã das historietas, dos clássicos Flash Gordon, Mandrake e Fantasma, até os de vanguarda, como Robert Crumb e seu Mr. Natural, publicado na revista Grilo, nos anos 1970. Assim, com esta exposição, procuro resgatar em pintura o universo colorido da Arte Pop e seu vocabulário que trazia a grandeza das pequenas coisas exibidas e inspiradas na rua que muitas décadas depois voltam a invadir o museu.”

 

 

Até 19 de fevereiro de 2016.

Obra e livro de Paulo Pasta

15/dez

A Galeria Millan, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta até 19 de dezembro, a nova exposição individual de Paulo Pasta “Há um fora dentro da gente e fora da gente um dentro”, verso do poeta Francisco Alvim. A mostra marca a inauguração do novo espaço da Galeria: o Anexo Millan e a exposição ocupará simultaneamente os dois endereços da Millan na cidade.

 

No espaço tradicional da galeria serão expostas telas abstratas, marcadas por uma intensa e ambígua atmosfera cromática e refinada estrutura geométrica, que são responsáveis por seu inquestionável protagonismo na pintura contemporânea brasileira. Mas junto delas será possível ver uma das paisagens produzidas recentemente pelo artista tomando como ponto de partida o entorno de sua cidade natal, Ariranha.

 

No Anexo Millan, situado a poucos metros de distância da galeria, o mesmo processo de fricção estará presente no bloco expositivo. Dedicado às paisagens, o novo espaço abrigará ainda uma enorme pintura feita na parede. Na abertura, foi lançado livro “Fábula da Paisagem”, com 28 paisagens do artista.

Sete individuais no Paço Imperial

10/dez

O Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura seu maior bloco de exposições da gestão da diretora Claudia Saldanha, com individuais de sete artistas contemporâneos: José Bechara, Célia Euvaldo, Renata Tassinari, David Cury, Cristina Salgado, Bruno Miguel e Amalia Giacomini. Junto com seu conselho curatorial, composto por Carlos Vergara, Luiz Aquila e Marcelo Campos, a diretora do Paço formou essa programação contemplando expressões diversas, como pintura, escultura, desenho e instalação.

 

 

 

 

Sobre cada uma das mostras:

 

 

 

José Bechara  | Jaguares

 

O carioca José Bechara ocupa a sala do térreo do Paço com sete pinturas em três dimensões. Intitulada “Jaguares”, a exposição de trabalhos inéditos e recentes, em grandes formatos, resulta da pesquisa de dois anos do artista sobre limites da pintura. Ele usa materiais como vidro, papel glassine, mármore, lâmpada e cabos de aço. O artista chama de “pintura” trabalhos em três dimensões, em que vidros funcionam como planos. Ele acha que o visitante pode se perguntar se está mesmo diante de uma pintura, mas adverte que “diferentemente da escultura, o espectador não circunda o trabalho. Ao final das contas é uma investigação sobre este limite, imposto pela parede que está no fundo, da qual eu também tiro proveito, trazendo-a para o trabalho, por conta da transparência do vidro. Você imagina que uma pintura seja uma operação bidimensional. A minha pintura vem de uma produção tridimensional”, explica Bechara. Nesta individual, ele, que produz no ateliê  simultaneamente pinturas e esculturas, pretende confrontar e colidir essas duas experiências. Junto com as pinturas tridimensionais estará “Miss Lu Silver Super-Super” (2013), da série “Esculturas gráficas”, de 2009,  incluída aqui por trazer questões também relativas à gravidade semelhantes às das obras com planos de vidro.

 

“Jaguares” tem texto crítico de Luiz Camillo Osorio.

 

 

Sobre o artista

 

José Bechara nasceu no Rio de Janeiro em 1957, onde vive e trabalha. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, RJ. Integrou exposições, como a Bienal Internacional de São Paulo de 2002; Panorama da Arte Brasileira de 2005, no MAM-SP; 5ª Bienal Internacional do Mercosul (2005); Trienal de Arquitetura de Lisboa (2011);  “Caminhos do Contemporâneo” (2002) e “Os anos 90” (1999), ambas no Paço Imperial. Realizou exposições individuais e coletivas em instituições como Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2014); Instituto Tomie Ohtake SP, Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto); ASU Art Museum (Phoenix, EUA); Culturgest (Lisboa), MAM Rio, Museu de Arte Contemporaneo Espanhol-Patio Herreriano (Valladolid, Espanha) e Ludwig Museum de Koblenz (Alemanha). José Bechara tem obras em coleções públicas e privadas, como a Coleção Gilberto Chateaubriand/MAM Rio; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Centre Pompidou, Paris; Es Baluard Museu d’Art Modern i Contemporani de Palma (Palma de Mallorca, Espanha); Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto, SP); Coleção João Sattamini/ MAC Niterói; Instituto Itaú Cultural (SP); MAM Bahia; MAC Paraná; Culturgest (Lisboa); ASU Art Museum (Phoenix, EUA); MoLLA (Califórnia, EUA); Ella Fontanal Cisneros (Miami, EUA); MARCO de Vigo (Espanha) e Basilea Stiftung (Basel, Suíça).

 

 

 

 

Célia Euvaldo | Curadora Vanda Klabin

 

 

A paulistana Célia Euvaldo apresenta conjuntos de cinco colagens e de cinco pinturas, datados de 2013 a 2015. A partir de sua experiência recente sobre a massa e o peso da tinta, a artista usa nas Colagens (170 x 100cm) material de consistências diferentes: um papel branco chinês, leve,  recebe uma folha de papel preto mais pesado, deformando o papel branco pelo efeito do peso e da cola e, ao longo do tempo, pela ação do clima. As Pinturas em óleo sobre tela (100 x 260cm e 123 x 200cm), a artista descreve que “elas lembram que saíram do desenho: pinceladas–linhas horizontais (quando a tinta é aplicada) e espatuladas–linhas verticais (quando a tinta é arrastada) preenchem o campo inteiro, deixando seu rasto de linhas.” Diferentemente de obras anteriores, em que parte da tela não era pintada, a superfície dos trabalhos recentes é toda recoberta com tinta preta. As pinturas, diz Celia, se estendem para dentro como buracos negros, e também se modificam como as colagens, não fisicamente, mas com a incidência de luz e o ângulo do olhar do espectador.

 

 

 

Sobre a artista

 

Célia Euvaldo mora e trabalha em São Paulo. Começou a expor na década de 1980. Suas primeiras individuais foram na Galeria Macunaíma (Funarte, RJ, 1988), no Museu de Arte Contemporânea da USP (1989) e no Centro Cultural São Paulo (1989). Ainda em 1989,  ganhou o I Prêmio no Salão Nacional de Artes Plásticas da Funarte. Participou da 7ª Bienal Internacional de Pintura de Cuenca, Equador (2001) e da 5ª Bienal do Mercosul (2005). Realizou individuais, entre outros, no Paço Imperial (RJ, 1995 e 1999), na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2006), no Centro Cultural Maria Antonia (SP, 2010), no Museu de Gravura da Cidade de Curitiba (2011) e no Instituto Tomie Ohtake (SP, 2013).

 

 

 

 

Renata Tassinari Curadora Vanda Klabin

 

 

A paulistana Renata Tassinari mostra 16 trabalhos, entre pinturas de grandes dimensões sobre acrílico e desenhos em óleo sobre papel japonês, inéditos no Rio de Janeiro, celebrando 30 anos de carreira. A curadoria de Vanda Klabin fez um recorte da última década de produção da artista para a exposição do Paço Imperial. Tassinari pinta sobre superfícies de acrílico e, ao mesmo tempo, deixa a moldura de certas seções da obra cobrir apenas uma parte da superfície planar. Seus trabalhos se desdobram em séries, usando quadrados e retângulos  como elementos compositivos, altermando as cores e o acrílico do suporte, transparência e opacidade, rugosidade e lisura. A cor é sua matéria-prima. Sobre a artista, Vanda Klabin diz: “Renata Tassinari desafia e transforma os limites do plano pictórico, pela apropriação e pelos deslocamentos de materiais industriais na superfície da tela, que passa a não atender mais os conceitos tradicionais do fazer artístico”.

 

 

Sobre a artista

 

Renata Tassinari é formada em Artes Plásticas pela Faap São Paulo (1980). Estudou desenho e pintura nos ateliês dos artistas Carlos Alberto Fajardo e Dudi Maia Rosa. Já expôs em importantes instituições brasileiras, como o MAM Rio e o MAM-SP. No início de 2015, a artista ganhou retrospectiva no Instituto Tomie Ohtake, SP.

 

 

 

 

David Cury | A vida é a soma errada das verdades

 

David Cury, artista piauiense, radicado no Rio de Janeiro, descreve conceitualmente sua instalação inédita, que ocupa três espaços do Paço Imperial, como uma “paisagem cívica negativa”. O eixo do trabalho são 15 textos irônicos sobre três formas de violência incorporadas ao nosso cotidiano: a social (“Aos que matam por hábito jamais os pardos foram tão alvos”), a política (“A ianque Dorothy Stang não voltou para casa”) e a moral (“Aqui o mal ao menos de impostura prescinde”). Seja de senso metafórico, filosófico ou lírico, cada uma delas quer ser um aforismo. Aqui a palavra quer valer por uma imagem, em confronto com uma imagem vale por mil palavras. As sentenças estão sulcadas em lajes de concreto e ferro, em meio a escombros residuais, distribuídas nas três salas, começando pela violência moral, seguida da violência social e da violência política. A ordenação da sequência da instalação segue o critério dos diferentes graus de violência: a moral é a primeira porque o artista a considera um estímulo à social e à política.

 

 

 

Sobre o artista

 

David Cury (Teresina, 1964) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Ele atua em suportes diversos. Desde “Para a inclusão social do Crime (Funarte, RJ, 2003), “Há vagas de coveiro para trabalhadores sem-terra” (Carreau du Temple, Paris, 2005), “Paradeiro” (Estação da Leopoldina, RJ, 2006) e “Hydrahera” (Morro da Conceição, RJ, 2008), suas intervenções articulam caráter de situação, iminência e ambição formal. Em 2009, ocupou o Espaço Monumental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro com “Eis o tapete vermelho que estendeu o Eldorado aos carajás” – entre outras abstrações (de escala pública) acerca dos conflitos fundiários mais emblemáticos da história brasileira. Em 2010, participou da 29ª Bienal Internacional de São Paulo com a instalação “Antônio Conselheiro não seguiu o conselho”. Realizou “Corumbiara não é Columbine” (Musée Bozar, Bruxelas, 2011), “É com o sexo que os homens se deitam, pedindo como anões o seu ascenso” (Somerset House, Londres, 2012) e “Rasa é a cova dos vivos” (Museu de Arte Contemporânea, Fortaleza, 2013).

 

 

 

Cristina Salgado No Interior do Tempo | Curador Marcelo Campos

 

 

A carioca Cristina Salgado apresenta uma instalação composta pela série “Poemas visuais interiores” (2015) – cerca de vinte desenhos em guache e impressão sobre papel de algodão, partindo de ilustrações apropriadas de um livro de anatomia seccional humana. Esses poemas visuais estão instalados sobre duas longas paredes laterais da sala. Ao fundo, há uma grande projeção de imagem em movimento, a mesma que está em um pequeno monitor, pousado no interior de um armário vertical de ferro e vidro situado no centro do espaço; cinco esculturas em ferro fundido da série”Humanoinumano” (1995) e elementos diversos de mobiliário industrial obsoleto se relacionam nessa região do espaço expositivo. Sua aposta é que “a instalação “No interior do tempo”, na forma como traz a presença do corpo, às vezes por sua ausência ou em situações que explicitam interioridade/exterioridade, possa tornar visível uma atmosfera diversa daquela onde impera a temporalidade lógica produtiva oficial.”

 

 

Sobre a artista

 

Cristina Salgado (RJ, 1957) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage/RJ, entre 1977 e 1978. Doutora em Artes Visuais (EBA/UFRJ) e professora adjunta no Instituto de Artes da UERJ, desde 1997. Suas exposições individuais mais recentes são “A mãe contempla o mar”, Galeria Marsiaj Tempo, 2014; “Ver para olhar”, Paço Imperial, 2012,  e “Vista”, Casa França-Brasil, 2010. Entre as coletivas estão “Situações Brasília 2014 – Prêmio de Arte Contemporânea”, Prêmio de aquisição, Museu Nacional do Conjunto Cultural da República-Brasília; “O corpo na arte contemporânea brasileira”, Itaú Cultural, SP, 2005; “Como Vai Você, Geração 80?”, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, RJ, 1984.

 

 

 

Bruno Miguel | Essas pessoas na sala de jantaCurador Bernardo Mosqueira

 

 

O carioca Bruno Miguel apresenta duas instalações inéditas: “Essas pessoas na sala de jantar” e “Cristaleira”. “Essas pessoas…” é formada por 400 composições distintas com peças de porcelana de vários países, espuma de poliuretano, papel maché, pequenas árvores esculpidas pelo artista e tinta de cores vibrantes. O poliuretano vaza ora do bico do bule, ora do interior de uma xícara, criando formas abstratas que servem de amálgama para os elementos da composição. Os ítens são agrupados no chão, com intervalos que permitem o trânsito do visitante entre eles. Durante a temporada da exposição, os objetos serão rearranjados no espaço, criando diferentes percursos pela sala. Em uma sala vizinha, estará “Cristaleira” composta por 150 esculturas, também únicas, sobre uma prateleira de vidro que percorre as paredes do espaço expositivo. Essas são objetos utilitários de vidro e cristal, preenchidos com resina de poliéster colorida com spray, que formam esculturas por encaixe, empilhamento ou justaposição. Em algumas esculturas, o artista retira o vidro que serviu de molde e usa a forma de resina na obra. “A pesquisa de Bruno Miguel, que além de artista tem atuação como professor de pintura, aponta bastante para os elementos característicos dessa técnica e de sua história. Se há anos Bruno vem investigando o gênero pictórico da paisagem, agora ele o relaciona também com a natureza morta”, identifica o curador Bernardo Mosqueira.

 

 

 

Sobre o artista

 

Bruno Miguel (RJ, 1981) vive e trabalha no Rio de Janeiro. É formado em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Fez diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 2007, realizou sua primeira individual, no RJ, recebeu Menção Honrosa Especial na V Bienal Internacional de Arte SIART, em La Paz, Bolívia, e ganhou bolsa da Incubadora Furnas Sociocultural para Talentos Artísticos. Participou das coletivas “Nova Arte Nova”, apresentada no CCBB RJ e SP, em 2008 e 2009; “Latidos Urbanos”, no MAC de Santiago do Chile (2010), “Novas Aquisições – Gilberto Chateaubriand”,  no MAM Rio, em 2012, e “GramáticaUrbana”, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica RJ. Realizou diversas individuais na Luciana Caravello Arte Contemporânea, RJ, e na Emma Thomas, SP. Em Nova York, apresentou a individual “Make Yourself at Home”, na S&J Projects, e esteve nas coletivas “Sign of the Nation” e “Etiquette for a Lucid Dream,” em Newark, Nova Jersey, em 2013.  Em 2014, participou das coletivas “Encontro dos mundos” e “Tatu: Futebol, Adversidade e Cultura da Caatinga”, no MAR – Museu de Arte do Rio de Janeiro. Em 2015, realizou a individual “Sientase em casa”, na Sketch Gallery, Bogotá. É professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage desde 2011.

 

 

 

Amalia Giacomini | Viés Curador Felipe Scovino

 

A paulistana Amalia Giacomini, radicada no Rio de Janeiro,  investiga questões da percepção do espaço, da arquitetura e de suas representações, através de instalações e objetos. Seus trabalhos remetem a elementos abstratos – como linhas, pontos, grades, perspectivas, em que o ar atravessa e faz parte deles. A artista se propõe tornar visível o vazio ao espectador. Nessa individual, ela apresenta sete obras, entre as quais duas instalações inéditas. A primeira, à entrada da sala, é composta por correntes finas na cor grafite, suspensas pelo teto, formando um grande volume – serão utilizados 500 metros de corrente. A obra poderá ser atravessada pelo visitante: ora ele estará dentro, ora por baixo dela. Pela característica do material, leve e flexível, a instalação está sujeita ao toque e à movimentação de ar do ambiente. A outra instalação terá relação direta com a janela da sala. Ela é composta por telas translúcidas, espécies de filtros de luz, criando um diálogo visual entre interior e exterior. Entre os demais trabalhos de parede, está “Dobra”, feito por linhas elásticas, que moldam uma forma curva de vazio entre duas paredes.

 

 

Sobre a artista

 

Formada em Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP), com Mestrado em Linguagens Visuais pela EBA-UFRJ, Amalia Giacomini (SP, 1974) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Instituto Tomie Othake (SP), Itaú Cultural (SP), Museu da Casa Brasileira (SP), Paço Imperial (RJ), Centro Cultural São Paulo, Centro Universitário Maria Antonia da USP, Galerias da FUNARTE (RJ e DF), Centro Cultural Sérgio Porto (RJ), Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba), MAC Niterói (RJ) são algumas instituições brasileiras em que já expôs. No exterior, realizou em 2012 a individual “The invisible apparent”, na Galeria Nacional de Praga, e, em 2009, “Liberér l’horizon reinventér l’espace”, na galeria da Cité des Arts em Paris. Na mesma cidade, participou, em 2005, da Exposição Comemorativa do Ano do Brasil da França, realizada
pela FUNARTE/MinC. Entre 2011 e 2014 foi professora História da Arte no curso de Arquitetura da PUC Rio.

 

 

 

De 17 de dezembro a 28 de fevereiro de 2016.

Wesley Duke Lee e Ricardo Camargo

Em atividade há mais de quatro décadas, o marchand Ricardo Camargo, é um personagem reconhecido no cenário cultural brasileiro, e agora, celebra os 20 anos de sua galeria, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, com a exposição “Wesley Duke Lee” e, em parceria com Patricia Lee, inaugura o Wesley Duke Lee Art Institute, com o happening “A/TEMPORAL”.

 

 

 

 

A exposição

 

A mostra “Wesley Duke Lee”, composta por 35 obras do período entre 1958 a 2003, exibe trabalhos em técnicas variadas como desenho, pintura, gravura, têmpera, colagens e objetos, propiciando um passeio pela produção de Wesley Duke Lee, um dos grandes ícones da vanguarda brasileira. A diversidade de materiais e técnicas utilizadas permitem inúmeros destaques entre as obras selecionadas, desde a têmpera abstrata “Cloaca” de 1964 à sua última tela de 2003.

 

As obras, sutis e ao mesmo tempo impactantes, produzidas no Japão em 1965, oferecem a visão de Wesley Duke Lee aos elementos representativos da cultura local, em óleos com colagens sobre tela, aquarela e nanquim sobre papel japonês. Desenhos da “Série das Ligas”, de 1962, lembrada pela comoção causada após um happening em São Paulo estão presentes, bem como exemplares de “O Triumpho de Maximiliano I”, de 1966/1986, representando com delicadeza, a “procura da alma do mundo”.

 

 

O início da projeção internacional de Wesley Duke Lee se dá após a premiação na Bienal de Tóquio (1965), onde é também selecionado para a Bienal de Veneza (1966), com a primeira obra arte ambiental “Trapézio”. Durante sua permanência em Nova York, recebe um convite do diretor do Museu Guggenheim e é chamado a expor junto aos mestres do Pop-Art – Robert Rauschenberg, Jasper Johns e Oldenburg – na Galeria Leo Castelli. Os trabalhos representativos do período após seu retorno ao Brasil, que causaram grande impacto no circuito local com séries de quadros-esculturas, culminam com os espaços de seus ambientes tornando-se uma das mais originais contribuições à arte contemporânea brasileira, reconhecido por Helio Oiticica como um dos precursores da “nova objetividade”, lembra a historiadora Cláudia Valladão de Mattos.

 

 

Um dos principais destaques da exposição é o objeto/instalação “O/Limpo: Anima”, de 1971, da qual emana uma força da mistura de materiais díspares, contrastando com o espelho no qual o espectador vê a si mesmo.

 

 

“Sou um artesão de ilusões. O que realmente me interessa é a qualidade da ilusão. Se você conseguir atravessar o espelho e tiver a coragem de olhar para trás, você não vai ver nada”, declarou Wesley em uma de suas entrevistas. Com artistas como Nelson Leirner, Geraldo de Barros, Carlos Fajardo e José Resende, foi um dos fundadores do Grupo Rex, que oferecia um contraponto combativo e bem-humorado ao mercado de arte, na década de 1960. Nesse período, foi também responsável pela realização dos primeiros “happenings” da arte brasileira.

 

 

A proposta única da galeria é aproximar do público “evidências de que foi com sofisticada erudição, verve, estilo e impecável desenho que Wesley Duke Lee realizou toda a sua obra”, define o marchand Ricardo Camargo que assina a curadoria.

 

 

 

O Instituto Wesley Duke Lee Art Institute

 

 

Cláudia Valladão de Mattos, em 1997, descreveu a casa/atelier de Wesley Duke Lee como sendo um lugar mágico: “Lá nascem as ideias e para lá volta sua memória. As paredes repletas de recortes, quadros, desenhos, fotos, objetos, que se agrupam e se sobrepõem num conjunto visual vibrante, chamam a atenção pela sua proximidade com a Merz-Bau de Schwitters. Sua casa é o núcleo unificador de sua produção. Um grande “ambiente”, habitado e constantemente transformado pelo artista. Aqui as “séries” encontram o seu ápice e a verdadeira natureza unitária da obra de Wesley torna-se evidente.”

 

 

Em 2013, Ricardo Camargo e Patricia Lee materializaram um dos sonhos máximos do artista: criar um espaço para fomentar cultura em São Paulo, dar oportunidade a novos talentos e abrir caminhos nas artes. Nascia então o Wesley Duke Lee Art Institute. Após um longo trabalho de garimpo e preparação do espaço com todos os pertences do artista, a casa/museu é entregue ao público, paredes revestidas de lembranças e inspiração. Paredes que contam histórias e revelam a personalidade do artista, que dizia: “Minha casa sou eu virado para fora”. Em meio ao que parece uma bagunça de objetos, um sistema de memória usado pelo artista, na verdade, uma organização de relíquias que remontam a vida e as referências de Wesley Duke Lee.

 

 

 

Os objetivos são claros:

 

  • Preservar a obra, a pessoa, a história e toda a informação referente ao artista, atentando para que tudo seja verificado e organizado corretamente;
  • Fazer circular conteúdo cultural e informativo;
  • Provocar o pensamento artístico e criativo, reinventar a didática à maneira de Wesley Duke Lee e estimular o autoconhecimento.

 

Estão reunidos na casa/museu, textos diversos, cartas, fotografias, filmes, diários, desenhos, fichas de catalogação de obras, livros, objetos e toda sorte de memorabilia do artista. Grande parte do arquivo já está à disposição de estudantes e pesquisadores. O espaço é totalmente dedicado ao Instituto e está aberto para estudantes, pesquisadores e público. “Estou certa de que todo esse trabalho vai, assim, difundir a obra de Wesley e colaborar no reconhecimento e preservação do valioso acervo que o artista nos deixou, confirmando-o na posição merecida de um dos mais importantes de sua geração, líder de vários movimentos e acontecimentos que marcaram e transformaram a arte do século XX no Brasil. Fique tranquilo, Mestre Wesley, sua obra permanece viva e consistente, e o tempo corre a seu favor”, declara Cacilda Teixeira da Costa.

 

 

 

A composição dos membros

 

Diretor Administrativo/Ricardo Camargo; Diretora Cultural/Patrícia Lee; Coordenador de Marketing/Rodrigo Avelar; Analista de Marketing/Julio Jovanolli; Conselho Consultivo/Augusto Lívio Malzoni, Bruno Musatti, Cacilda Teixeira da Costa, Carlos Fajardo, Fabio Cascione, Fernando Stickel, James Lisboa, Jeanete Musatti, José Resende, Kim Esteve, Luisa Strina, Lydia Chamis, Marcelo Cintra, Max Perlingeiro, Olivier Perroy, Paulo Kuczynski, Ralph Camargo, Regina Boni, Roberto Profili, Telmo Porto e Thomaz Souto Correa.

 

 

De 12 de dezembro a 30 de janeiro de 2016.

Ateliê da Tia Lúcia

07/dez

O Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN), Gamboa, Rio de Janeiro, RJ,  e Quimera Empreendimentos Culturais, convidam para a abertura da exposição “Ateliê da Tia Lúcia”. A curadoria é de Marco Antônio Teobaldo.

 

 

A palavra do curador

 

O local de trabalho de um artista é composto pelos elementos físicos que darão forma ao seu pensamento, apresentando-se como um conjunto de suas opções que possibilitam a sua criação. No caso de Tia Lúcia, seu ateliê na Vila Olímpica é uma verdadeira instalação, com suas tintas e pincéis, e toda sorte de materiais que ela adquire ou encontra pelo caminho.Colecionados sem qualquer ordem formal, pedaços de bonecas e brinquedos quebrados misturam-se aos ícones religiosos, retalhos, papéis, botões, contas, pedras, objetos de decoração e outros elementos que lhe ofereçam a oportunidade de compor algum trabalho.

 

Neste cenário, a artista exibe algumas de suas obras prontas e outras, em processo de acabamento. Mas é com suas fábulas que este universo onírico se revela em toda sua potência. O desejo de criar é atribuído por ela aos seus sonhos e visões, que são transcritos em desenhos, pinturas e assemblages.

 

Como um story board de roteiro de filme, a artista desenvolveu um estilo de pintura em bobinas de papel para máquinas de calcular, no qual personagens e paisagens surgem enquadrados, catalogados em ordem numérica por meio de inscrições de legendas individuais.

 

O Instituto Pretos Novos anuncia para a noite de abertura um samba com os Velhos Malandros.

 

 

De 12 de dezembro a 28 de fevereiro.

Mudança na Casa Triângulo

02/dez

Chama-se “Saideira”, a última exposição do ano na Casa Triângulo, Itaim Bibi, São Paulo, SP, com curadoria de Fernando Mota e que celebra a mudança de endereço da galeria com uma seleção de obras do acervo.

 

 

Sem caráter retrospectivo, a natureza curatorial da mostra é metafórica e não histórica. O fio condutor é o processo de transição, a passagem, o estado de metamorfose das coisas. Obras de artistas representados pela galeria compõem um cenário simbólico de mudança e construção. São trabalhos que através de um conceito e/ou uma estética visual específica apontam para uma sequencia evolutiva, o desenvolvimento de uma mutação. Ao final, transformam-se paisagens, objetos e pessoas. A relação entre eles acontece de forma sutil, como o amadurecer ao longo do tempo, alterando perspectivas e possibilidades de interpretação.

 

 

Artistas participantes: Albano Afonso, Alex Cerveny, assume vivid astro focus, Daniel Acosta, Daniel Lie, Dario Escobar, Eduardo Berliner, Flávio Cerqueira, Ivan Grilo, Joana Vasconcelos, Juliana Cerqueira Leite, Manuela Ribadeneira, Marcia Xavier, Mariana Palma, Max Gómez Canle, Nazareth Pacheco, Reginaldo Pereira, Rommulo Vieira Conceição, Sandra Cinto, Stephen Dean, Tony Camargo, Valdirlei Dias Nunes, Vânia Mignone, Yuri Firmeza.

 

 

Até 19 de dezembro.

Na Fundação Eva Klabin

Eduardo Berliner é o artista de “A presença da ausência”, na atual edição do “Projeto Respiração”na Fundação Eva Klabin, Lagoa, Rio de Janeiro, RJ. Criado em 2004, o “Projeto Respiração” tem por objetivo criar intervenções de arte contemporânea no acervo de arte clássica da Fundação Eva Klabin. Com curadoria de Marcio Doctors, o projeto consiste em convidar artistas contemporâneos a intervirem no circuito expositivo da casa museu, criando uma ponte entre a arte consagrada do passado e as manifestações contemporâneas.

 

 

 

A presença da ausência

 

 

Esse texto tem sua inspiração conceitual na exposição “Ausência”, de Claudia Bakker, realizada na Fundação Medeiros de Almeida, Lisboa, em março de 2015.

 

 

[…] Se eu fosse um animal, seria provavelmente o macaco de tinta, descrito por Borges em seu livro dos seres imaginários. Assim como esta pequena criatura bebe o líquido restante em um tinteiro, devido ao prazer que sinto ao praticar caligrafia, muitas vezes paro apenas quando a tinta do reservatório se esgota. Também me identifico com a cruza entre gato e ovelha descrita por Kafka. Amistoso e inquieto, certas vezes, aos olhos de seu dono o animal parece clamar por alívio através da faca do açougueiro. Como se eu pudesse carregar em mim a ausência de cada perda. 1

 

 

 

 

Eduardo Berliner

 

 

Eduardo Berliner é o primeiro pintor a ser convidado a participar do Projeto Respiração. Parecia-me natural não convidar pintores devido às características da Fundação Eva Klabin, que, por ser uma casa-museu, tem suas paredes totalmente preenchidas pela coleção, não sobrando espaço físico para absorver mais pinturas. E por isso, tornou-se mais simples trabalhar com instalações.

 

 

Para além dessa constatação, há subjacente outra intencionalidade, presente nos dois projetos de longa duração que criei, o Respiração e o Espaço de Instalações Permanentes do Museu do Açude, na Floresta da Tijuca, que reflete minha formação ao lado de Mário Pedrosa e que norteia minhas opções como curador. Meu objetivo nessas duas propostas é o mesmo: dar continuidade à experiência da ruptura pós-neoconcreto – marco fundador da arte contemporânea no Brasil -, que, ao aproximar arte e vida, rompe radicalmente com o conceito de representação.

 

 

Como, então, convidar um pintor, para quem a questão da representação ainda se coloca, mesmo que de outra maneira? Em razão da forte atração que sinto pela qualidade da pintura de Berliner, que mobiliza minha percepção, acreditei que deveria dar atenção à minha intuição e pensei que a experiência de um pintor participar do Respiração seria uma contribuição importante para o projeto, ao mesmo tempo em que me daria a oportunidade de explicitar a mim mesmo os limites do meu pensamento a partir do desafio que a potência de sua obra me propõe, buscando evidenciar questões de seu trabalho que vão para além da representação.

 

 

A pintura de Eduardo Berliner trabalha com a técnica da “colagem”, como percebeu Daniela Labra, no primeiro texto produzido sobre o artista, em 2008: As técnicas utilizadas na composição das obras são diversas, indo desde o desenho de observação minucioso até a colagem. Esta última, porém, é percebida como mote conceitual da produção total de Berliner. Recortes são justapostos a lastros de memórias e estes são semiencobertos por camadas de tintas, de lápis, de outros recortes, de espaços vazios. 2

 

 

Labra, tem razão, a colagem pode ser vista na obra de Berliner como o mote conceitual de sua produção. Eu a relaciono, num primeiro momento, como resultado da proliferação de imagens da realidade do mundo digital, que cria um estado de confluência de forças das mais diferentes origens, possibilitando, para a pintura, a construção de imagens que vão além da história da pintura, ao inseri-la no cruzamento de diferentes formas de expressão e informação, replicando, em certa medida, um dos conceitos do Respiração, que propõe intervenções a partir da ideia de espaços contaminados. Em outras palavras, espaços que já vêm carregados de diferentes camadas de informação, até mesmo conflitantes, como é o caso da Fundação Eva Klabin – uma casa e um museu -, que tem obras de diferentes períodos históricos convivendo numa mesma sala, que conserva a presença ausente de sua fundadora, fazendo com que seja um museu de uma vida, tornando presente, em cada visitante, fragmentos de memória de uma existência não convivida, com seus desejos, conflitos, dúvidas e sonhos. Cruzamento de memórias, de informação e de diferentes áreas de conhecimento e de formas de expressão aproximam a pulsão fundadora do Respiração e as imagens “superpostas” da obra de Berliner, que faz com que sua pintura não tenha qualquer sentimento fetichista ou nostálgico. 3

 

 

Porém, na medida em que fui convivendo com o artista e com a sua riquíssima produção, fui percebendo que a origem da “colagem” na sua obra teria outra dinâmica e preencheria talvez outra função, apesar dela ser evidente e de nos saltar aos olhos, e apesar do fato de o próprio artista e os que escreveram sobre sua pintura se referir à colagem ou à edição de imagens como uma prática constante na sua criação. Mas como em todo pensamento há rachaduras, minha reflexão sobre o tema foi penetrando nesses espaços vazios e fui me questionando, à maneira de Merleau-Ponty, se não seria graças às colagens e não apesar delas que poderíamos nos aproximar não do que elas mostram – do que nelas está evidente -, mas do que está implícito nessa fabulação imagética. Em outras palavras, o que me interessa é desmontar o brinquedo para ver como ele funciona, tronando visível o processo de sua geração. Acredito que esse procedimento nos ajudará a perceber o diagrama (para usar uma expressão foucaultiana), que permite trazer à superfície do entendimento o visível e o dizível da obra de Berliner. Se conseguir chegar a bom termo, acredito que perceberemos que a potência de sua obra está na maneira singular com que aborda a “colagem”, muito reveladora dos procedimentos da arte da atualidade.

 

 

Suas “colagens” não são como o papier collé do cubismo sintético ou das colagens de Matisse (não há nelas nenhuma preocupação estetizante); não são uma visão de composição por fragmentos; não são justaposição de imagens como ocorre nas telas dos computadores; nem tampouco são imagens oníricas ou inconscientes como nas pinturas surrealistas, mas há algo nelas que as aproximam da pulsão das obras de Magritte e Millet, que reveste a realidade com silêncios suspensos e situações ensimesmadamente estáticas, que nos indicam o vazio da presença da ausência; ou ainda, da pintura de Courbet, na sua apreensão direta da realidade, como nos indica Alcino Leite Neto 4, no seu texto “A pintura inquietante de Eduardo Berliner”. As imagens de Berliner são imagens sonambúlicas de uma realidade surpreendente e inquietante, que contêm todos os indícios da realidade. Por vezes são bem-humoradas, mas, muitas das vezes, trazem o prenúncio de acontecimentos, como se estivessem em suspensão, aguardando a ocorrência de uma situação trágica ou íntima por vir.

 

 

Ainda na tentativa de desmontar o brinquedo para ver como ele funciona, fui levado a refletir sobre o museu dos acidentes idealizado por Paul Virilio, cuja proposta era reunir registros da memória dos diferentes tipos de acidentes produzidos pela sociedade contemporânea. Acredito que essa reflexão poderá nos ajudar a pensar a questão da “colagem” de uma maneira diferente. O que é, para mim, a estética do acidente? É a proliferação de imagens que nos bombardeiam cotidianamente (que nos atrai e nos horroriza) em que nos confrontamos com todo tipo de destruição resultante da violência produzida pela guerra, pelo trânsito, pelos conflitos pessoais, pelas intempéries da natureza. A característica fundamental dessas imagens é que, como dois corpos físicos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo, o resultado visual é uma imagem de um corpo físico sendo atravessado por outro.

 

 

Imaginemos um carro que se choca contra uma árvore. A imagem resultante é um híbrido entre uma estrutura maquínica e uma estrutura orgânica, que não é nem mais carro nem mais árvore. É um terceiro estado em que a composição é dada pela falta de partes de cada um dos elementos que a compõem. É uma imagem em que a presença da ausência de partes do carro e da árvore se dá por subtração e não por soma, como ocorre na colagem. Podemos imaginar, então, que essas imagens são o resultado de estados híbridos e metamorfoseantes, como se estivesse sendo gerada uma “terceira natureza”, cuja matriz é a falta tornando-se presente. Para clarear melhor a questão, gostaria de citar a resposta dada por Berliner em uma entrevista realizada por Wang Fang, em 2013, para a revista Art World China, quando perguntado como ele tratava a relação entre o humano e o animal:

 

 

Assim como para muitas crianças, meu primeiro contato com a morte se deu através de um animal querido. O cachorro que considerava meu, um grande fila brasileiro dourado, teve câncer e precisou amputar a pata traseira. A caminho do veterinário minha mãe tentou explicar o ocorrido, mas ao ver o animal tive minha primeira lição no que diz respeito ao abismo existente entre a compreensão oral de um fato e a coisa em si. Quando vi o animal enorme sem a pata de trás, não consegui acreditar nos meus olhos. Pensando com distanciamento, percebi que talvez esta tenha sido minha primeira experiência visual com a ideia de colagem. O poder da ausência e a violência do corte. Onde havia perna, restou uma área desprovida de pelo e uma cicatriz desenhada com linha cirúrgica preta. 5

 

 

O que me chama a atenção nesse depoimento é o fato de Berliner declarar que essa talvez tenha sido sua primeira experiência visual com a ideia de colagem e que ela esteja relacionada exatamente com o poder da ausência e não com o poder da presença. Em outras palavras, a colagem para o artista não é provocada pelo que é adicionado, como no papier collé, por exemplo, mas pelo que desaparece quando uma imagem é interceptada por outra; tal como em um desastre, em que a imagem do mundo físico é reconfigurada pelo que foi perdido ou pela presença da ausência do que era antes, criando uma polifonia de imagens que dá expressão à forma como metamorfose.

 

 

Outro dado importante desse depoimento é quando ele menciona o abismo entre a compreensão oral de um fato e a coisa em si. Esse vazio é responsável por impulsionar a imaginação criadora e a enorme capacidade de fabulação do artista. De fato, existe esse abismo, que Foucault apresenta como uma irredutibilidade entre as palavras e as coisas. Imagens e palavras não se comunicam diretamente entre si, como tendemos a imaginar, mas, ao contrário, uma não pode ser reduzida a outra; são como duas pedras que ao se chocarem provocam uma centelha, que nos ilumina a realidade. Portanto, por haver um gap entre o mundo das palavras e o mundo das imagens, o não dito pelas palavras é expresso nas coisas do mundo, assim como o que é silenciado pelas ações e pela materialidade do mundo é expresso pelas palavras. Apesar de não ser possível reduz\ir uma a outra, só percebemos o diagrama sobre o qual a realidade se sustenta quando fazemos ver por meio das palavras e quando conseguimos ler as coisas e suas imagens. Essa conjunção é que permeia e o que agencia o sentido de uma época.

 

 

No caso de Berliner é a consciência da intransponibilidade entre o dizível e o visível (entre a compreensão oral e a coisa em si) que fará que ele busque outra sintaxe visual, cuja narrativa vai impregnar a imagem não mais pela ideia da forma como fôrma, mas através da forma que se transmuta constantemente pela metamorfose. Suas pinturas são guiadas por um olhar que procura nos apresentar a imagem na sua incompletude, tal como a percebemos, pela simples razão que uma imagem esconde sempre o que está por detrás dela. Suas pinturas, então, não usam, de fato, o artificio tradicional da colagem, mas nos apresentam aquilo que realmente vemos quando vemos. Isto é, uma imagem encobrindo a outra. Ao apresentar a imagem dessa forma, ele nos indica a radicalidade da intransponibilidade entre as palavras e as coisas. São puras associações imagéticas que não permitem a entrada da palavra como costura de sentido. Ele nos apresenta pela sua pintura a radicalidade do visível e é por isso que elas têm essa aparência de realidade fantástica.

 

 

Quando percebi que a questão de Eduardo Berliner na pintura era a radicalidade do visível, entendi, então, o que me atraía na sua obra: diante da realidade e do real não há recuo possível. Não há metafisica transcendente. Essa questão me é muito próxima na medida em que eu acredito que a potência da arte resida nesse fato. Foi isso que a ruptura pós-neoconcreto nos trouxe. Em outras palavras, a arte é em potência; não representa nada: é expressão da radicalidade do real, que é a via que temos para nos aproximar do caos, que é o magma que alimenta a poesia: pura metafisica imanente.

 

 

A Fundação Eva Klabin foi um território fértil para o trabalho que Eduardo Berliner pôde realizar no Projeto Respiração. A possibilidade de atravessamentos de tempos e imagens permitiu que seu olhar fosse descobrindo incessantemente novas formas que iam sendo formadas pela metamorfose que seu olhar é capaz de construir, erigindo uma polifonia de imagens que ressoam ao longo do percurso de sua intervenção. Nenhum artista conseguiu aproximar-se tão intensamente da história das imagens que é apresentada pela coleção. Percorrer a exposição de Berliner é rever os múltiplos detalhes do acervo que nos passam despercebidos. O que apresenta nessas pinturas e esculturas são extrações e afecções da coleção ou remissões a outras obras já realizadas, que são memórias despertadas pela sua intensa convivência com o acervo da Fundação Eva Klabin. É incrível poder percorrer o circuito expositivo da fundação através de sua experiência e ver como as obras são transmutadas em novas formas que podem nos revelar, no mais singelo vaso, uma violência avassaladora ou ainda nos surpreender com a familiaridade de animais, que descobrimos estar espalhados nos desenhos dos tapetes, ou personagens das pinturas que retornam em um novo contexto.

 

 

Poderia me estender longamente sobre como os “encobrimentos” e as “revelações” do artista estabelecem relações polifônicas com o acervo, criando um território de metamorfoses; mas acredito que o mais importante é percorrer sua intervenção nos permitindo ser atentos, assim como ele foi, ao visitar várias vezes a fundação, e permitir-se simplesmente ver. A maior potência do seu trabalho é seu poder arrebatador de nos lançar diretamente em contato com a crueza do visível. Essa maneira direta de relacionar a imagem ao visível abafa a representação no que ela tem de desviante da intensidade do caos, que é o que permeia a apreensão poética do mundo, e nos permite atravessar a realidade e descobrir que o mistério é transparente – lembrando Octavio Paz – e, por isso mesmo, ele é a própria realidade manifesta. Por essa razão não há representação, ou melhor, tudo é expressão. Esse é o fulcro que me interessa na arte e Berliner consegue manifestá-lo ao criar uma sintaxe visual que não se sente tributária às palavras porque, como nos indica Daniela Labra, ele manifesta uma “[…] vontade consciente de desafiar novas possibilidades na difícil prática de retornar à pintura para conseguir tocar no mundo”. Eu acrescentaria: a difícil tarefa de tocar na realidade através de imagens que carregam consigo a presença da ausência.

 

 

 

Marcio Doctors

 

 

1 – Entrevista dada a Wang Fang. Publicada na revista Art World China, 2013; 2 – LABRA, Daniela. “Colagens”. Texto de parede da exposição realizada na Galeria Durex, São Paulo, 2008; 3 – LEITE NETO, Alcino. A pintura inquietante de Eduardo Berliner. In: Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça artes plásticas, 2009/10: mostra itinerante, Brasília, 2011, p. 44-48; 4 – Alcino Leite Neto indica que, para sua surpresa, a obra de Berliner aproxima-se da de Courbet e dos pintores realistas do século XVIII. Concordo com ele e eu destacaria o fato de que essa aproximação denota que, assim como os realistas estavam interessados naquilo que há de radical nas temáticas da realidade social do povo, Berliner está interessado na radicalidade da realidade visual. Retomo essa questão mais adiante; 5 – Entrevista dada a Wang Fang. Art World China, 2013.

 

 

 

Até 31 de janeiro de 2016.

 

Exposição de Amelia Toledo

01/dez

Um dos principais nomes da arte brasileira da geração dos anos 60, Amelia Toledo integra o elenco de artistas que soube conjugar a paixão pelas formas, traduzida em múltiplas linguagens, como a pintura, o desenho, a escultura e o design de joias, com a inquietação pelo pensamento, no qual atuou como docente nas principais universidades do país. Para destacar a sua importância, e homenagear a artista de 89 anos de idade, a Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, abre no próximo dia 05 de dezembro – sábado -, ás 10h, exposição individual com o nome da artista. Na seleção, o destaque é a recente produção dos últimos 20 anos de Amelia Toledo, incluindo a série de pinturas iniciadas no ano de 1993.

 

 

Percorrendo em sua trajetória um caminho “interiorizado e solitário”, Amelia Toledo não se encaixa, a priori, em nenhuma vanguarda artística. O seu trabalho, apesar da consonância com as questões e temáticas abordadas em um circuito internacional, converge para uma preocupação com o duplo do controle formal e a intuição. Esta tarefa pôde ser traduzida, ao longo dos anos, na busca do uso de materiais como plásticos, bolhas de espuma, águas coloridas, chapas de aço, nos orgânicos e nas telas com saturações e vibrações de cores.

 

 

Na individual da Galeria Marcelo Guarnieri, Amelia Toledo utiliza recursos naturais em diálogo com materiais industriais, o fio condutor que aproxima os trabalhos é a natureza. Em cinco obras: “Bambuí” de 2001/2015, “Dragões Cantores”, de 2007, “Impulsos”, de 2000-2015, “Da cor da corda”, de 2014 e “Horizontes”, de 1993-2015, a liberdade de expressão se traduz na multiplicidade dos meios de discurso e apresentação das formas, com instalações, esculturas e pinturas.

 

 

Destaques para as instalações “Bambuí” e “Da cor da corda”. Na primeira, a obra é composta por pedras brutas e polidas e uma bobina de inox que ocupará parte do espaço da galeria. A placa tem uma forma sinuosa e reflexiva que faz com que as pedras que estão espalhadas pelo espaço se multipliquem de forma distorcida. “Bambuí” também é o nome de uma região em Minas Gerais onde são encontradas as pedras utilizadas na instalação, mesma região onde a milhões de anos atrás existia mar. Em “Da cor da corda”, cordas na cor azul suspensas numa parte da galeria, convidam o público a passar entre elas, e adentrar um segundo ponto do espaço. A instalação tem uma proximidade com as pinturas da artista, uma vez que trabalha com cordas de algodão impregnadas com resina acrílica e pigmentos com tonalidades distintas, criando assim uma espécie de pintura no espaço. Iniciadas em 1993, a série “Horizontes”, pinturas em acrílica sobre tela, exibem um horizonte sugerido pelo encontro entre as cores, ora saturadas e ora esmaecidas.

 

 

As esculturas “Dragões Cantores” e “Impulsos” serão exibidas conjuntamente. Em “Dragões”, pedras em estado bruto e esculpidas pelo impacto causado pelas ondas do mar, dialogam com o concreto bruto. “Impulso” é composto por pedras parcialmente polidas, como quartzo, ametista e calcita.

 

 

 

Sobre a artista

 

 

Escultora, pintora, desenhista e designer. Em 1958, frequentou a London County Council Central School of Arts and Crafts, em Londres. De volta ao Brasil, em 1960, estuda gravura em metal com João Luís Oliveira Chaves, no Estúdio/Gravura. Obtém, em 1964, o título de mestre pela Universidade de Brasília – UnB. Lecionou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie e na Faculdade Armando Álvares Penteado – Faap, em São Paulo, e na Escola de Desenho Industrial – Esdi, no Rio de Janeiro.

 

 

 

De 05 de dezembro de 2015 a 23 de janeiro de 2016.

 

 

Haverá um período de recesso entre 23 de dezembro de 2015 a 10 de janeiro de 2016.

 

Fernando Lindote no MAR

27/nov

Por meio da trajetória de Fernando Lindote, a exposição “Fernando Lindote: trair Macunaíma e avacalhar o Papagaio”, com cerca de 180 obras explora o constante procedimento mórfico experimentado pelo artista. As distorções, deformações e transformações que compõem o processo da permanente metamorfose das linguagens estão presentes em toda a trajetória de Fernando Lindote. Com curadoria de Paulo Herkenhoff e cocuradoria de Clarissa Diniz e Leno Veras, a exposição, composta por quatro núcleos, traz desenhos, ilustrações, pinturas e esculturas do acervo e autoria de Lindote – incluindo obras criadas exclusivamente para a exposição no MAR – e também assinadas por outros artistas, como J. Carlos, Albert Eckhout, Victor Brecheret, Maria Martins, Glauco Rodrigues, Rivane Neueschwander além de obras, objetos, impressos e documentos.

 

O ponto de partida da mostra é o início da experiência de Lindote como aluno do cartunista Renato Canini – principal ilustrador brasileiro do Zé Carioca, o papagaio da Disney. A ave com as cores do Brasil – criada em 1942, quando os Estados Unidos buscavam ampliar o poder simbólico de políticas culturais e de diplomacia com a América do Sul – foi muito importante na carreira de Lindote e permeia até hoje sua obra, sendo constantemente revisitada e reinventada, assim como outros personagens estrangeiros com forte entrada na América Latina. As operações mórficas realizadas por Lindote no papagaio – e também por outros nomes – realizam um diálogo com o imaginário constituído desde a chegada do Europeu em nosso continente, o que originou alegorias da América, simbologias do Brasil e representações do Rio de Janeiro. A obra do artista que nomeia a exposição aponta a profunda relação da arte brasileira com a iconografia estrangeira que sempre debruçou seu olhar sobre a natureza tropical.

 

O primeiro núcleo apresenta o início da trajetória de Fernando Lindote nas artes focando na relação entre o artista e Renato Canini. Para contextualizar, a exposição também traz ilustrações de nomes como J. Carlos, Rivane Neueschwander, Glauco, Cláudio Tozzi, assim como exemplares de gibis do Zé Carioca, revista Cacique e O Pasquim. A segunda parte foca na biodiversidade presente nas representações da natureza dos trópicos, tendo o papagaio como um dos símbolos nacionais. O núcleo mostra as relações entre os imaginários dos nativos e dos colonizadores em relação à biodiversidade com obras de Lindote, Francisca Manuela Valadão, Albert Eckhout, Sérgio Allevato, Milton Guran, Ana Miguel e porcelanas Art Déco.

 

O terceiro módulo é composto por um grande número de obras produzidas por Lindote nos anos 1990 e 2015, principalmente, e que abordam a operação mórfica como procedimento plástico do artista, formador de um universo composto por escorrimentos e viscosidades. Completam esta terceira parte trechos do filme Saludos, amigos (Disney, 1948). A construção do imaginário da diversidade cultural através de representações do Rio de Janeiro conceitua o último núcleo. As obras aqui – além de bibelôs, cartões postais, tecidos, fotografias e personagens ícones do Rio e do Brasil – discutem o modo como a cidade foi usada na era das culturas de massa, consolidando-a como um espaço reconhecido internacionalmente por sua capacidade de configurar símbolos plásticos e gráficos.

 

A mostra “Fernando Lindote: trair Macunaíma e avacalhar o Papagaio” ocupará o térreo do Pavilhão de Exposições do MAR. Para marcar a abertura, às 11h acontece a Conversa de Galeria com a participação de Fernando Lindote, Paulo Herkenhoff, Clarissa Diniz e Leno Veras.

 

 

De 1º de dezembro a 24 de abril de 2016.