Goldfarb em retrospecto

26/jan

As duas décadas de carreira do artista carioca Walter Goldfarb estão sendo celebradas em “Walter Goldfarb – Retrospectiva 1995-2015: Ela não gostava de Monet”, sob curadoria de Vanda Klabin no Centro Cultural Correios, Centro, Rio e Janeiro, RJ, ocupando 1.000m2 de espaço expositivo. A mostra é um projeto da Graphos Brasil com produção da Artepadilla.  Essa panorâmica da produção de Goldfarb reúne cerca de 40 trabalhos pontuais, selecionados pela curadora, vindos de coleções institucionais e particulares do Brasil e do exterior, entre elas obras nunca exibidas, guardadas por Goldfarb, e telas de 2015.

 

Sobre as pinturas como um todo, Vanda Klabin assinala que “registram o desenvolvimento peculiar do seu laborioso exercício de ateliê e visa contemplar também as suas estruturas seriadas, que proporcionam articulações infinitas, dando espessura aos trabalhos e fornecendo consistência plástica ao olhar.”

 

A opção curatorial é a de privilegiar o enfrentamento visual e simbólico das obras, independentemente de datas, escolhidas entre as séries Teatros Bíblicos, Branca, Negra, Teatros do Corpo, Lisérgica e a mais recente Brinquedo de Roda, a partir de Heitor Villa-Lobos.

 

Nas telas de Teatros Bíblicos, de escala monumental, o artista discute a relação da escrita com a geometria e a figuração através das sagradas escrituras e da arquitetura bíblica. Entre as técnicas empregadas estão a impressão a fogo, o bordado e a costura em cânhamo, piche e couro de vaca sobre aninhagem e lona. Como exemplo dessa série, a pintura “Mezuzá” possui formato de pergaminho com seis metros de comprimento, com escrituras judaicas gravadas sobre lona crua, e estará ao lado do primeiro trabalho de Goldfarb com figuras humanas, quase esboços, pintadas com piche.

 

Na série Branca, a pintura de escassez, trata das relações entre o Cristianismo, Islamismo e Judaísmo através da ópera de Wagner, dos poemas de Teresa de Ávila e de mitos literários, como Fausto. O branco da têmpera toma conta da tela e a obra é feita com esboços de carvão, sem truques de sedução do olhar. O trabalho “Ela não Gostava de Monet”, que dá o título à exposição, reúne técnicas criadas pelo artista, como a pintura com esmerilhadeira no lugar do pincel, e bordados com fio retirado da própria lona do suporte.

 

Na Negra, a pintura sem luz, alude a Rembrandt, Goya, Velázquez, Da Vinci e Vermeer. Goldfarb substitui as áreas brancas da lona crua pelo preto das camadas com milhares de bastões de carvão (fusain). Submetidos a lavagens a cloro, os trabalhos revelam nuances alaranjadas e magentas, de acordo com a árvore que produziu o carvão.

 

Em Teatros do Corpo, as telas abordam a sexualidade na arte, o fetiche e a construção do corpo contemporâneo, espelhado no arquétipo greco-romano, partindo de uma pesquisa feita por Goldfarb em academias de ginástica da zona sul do Rio de Janeiro e na orla carioca. O artista anamorfoseia imagens de corpos de obras de Michelangelo, Caravaggio, Gustav Klimt e Egon Schiele com corpos de cartões postais de mulheres de fio dental na praia de Ipanema e Copacabana, revistas pornográficas femininas e masculinas, carnaval e lutas marciais.

 

Em reação às fases Branca e Negra, os trabalhos de Lisérgica buscam na solaridade do Rio de Janeiro a cor e a luz para uma reflexão sobre a possibilidade de uma pintura neo-impressionista, mesclada ao Barroco tão presente na obra de Goldfarb. A paleta lisérgica é feita da mistura de nanquim com anilinas alcoólicas, que mudam de acordo com a luminosidade e se alterarão infinitamente através da irradiação e temperatura da luz.

 

A série mais recente, Brinquedo de roda, é baseada nas cantigas de roda de Heitor Villa-Lobos. A pesquisa e a construção física das peças começaram em 2012. O conjunto é  formado por seis dípticos de grandes dimensões, em tons pastéis. Cada díptico é formado por duas telas: uma com detalhes de ornamentos arquitetônicos do Brasil Império em laca injetada na lona crua e bordados em Gobelin à mão e a outra com partituras das cantigas de Villa-Lobos, onde notas musicais aleatórias dançam como crianças rebeldes sobre as linhas dos pentagramas.

 

Walter Goldfarb é reconhecido por sua linguagem peculiar que mescla o fazer artesanal no exercício diário de ateliê, nos moldes dos mestres da Renascença e dos tecelões da Idade Média, com as vanguardas modernistas, impregnando os trabalhos de histórias e conceitos para além da arte pela arte, em telas de dimensões monumentais e técnicas incomuns, que quase nunca utilizam pincéis. É um artista contemporâneo mergulhado no curso da História da Arte no Ocidente e Oriente.
A curadora descreve, no texto do folder da mostra, características da fatura de Goldfarb: “[…] é uma  arte feita de construções e raspagens, onde aos fios de algodão são retirados da própria lona da tela, num procedimento de combinação e sobreposição das peças análogo ao modo com que aplica a tinta em seus quadros, seja pelos elementos fragmentários que se superpõem, num movimento realizado do fundo para a superfície, bem como o gosto pela composição cuidadosa e quase artesanal, como  se “tatuasse’ a realidade que habita o seu imaginário.”]

 

 

Sobre o artista

 

Foi no Centro Cultural Correios que Walter mostrou seu trabalho pela primeira vez, em 1995. No início da carreira, participou de salões e coletivas importantes como o Salão Carioca, Projeto Macunaíma [Funarte], Antárctica Artes com a Folha, selecionado pelos críticos Reynaldo Roels Jr., Fernando Cocchiarale e Lisette Lagnado, respectivamente. A partir de então, realiza regularmente individuais e expõe em feiras internacionais através de seus galeristas brasileiros e estrangeiros. Em 2010, Goldfarb foi escolhido, pela Academia Latina de Gravação de Hollywood, o Artista Visual do 11º Grammy, em Las Vegas. Sua obra ilustrou o catálogo dos indicados, milhares de ingressos e o pôster oficial do evento. Em sua lista de mostras, destacam-se as do Museu Nacional de Belas Artes, RJ, sob curadoria de Paulo Herkenhoff, atual diretor do MAR – Museu de Arte do Rio; no Museum of Latin American Art, Los Angeles, curada por Agustín, atual diretor do Museo Nacional de Arte do México, Jeu de Paume, Paris; no Domus Artium – Salamanca, Espanha; no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo; no Culturgest/Caixa Geral de Depósitos, Lisboa; no Museo di Arte Moderna e Contemporanea di Trento e Rovereto, Itália, e no Museu Nacional de Belas Artes do Chile, entre outras. Walter Goldfarb tem obras nos acervos do MAR – Museu de Arte do Rio, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (coleção Gilberto Chateaubriand), Museu Nacional de Belas Artes, Museu de Arte Contemporânea de Niterói (coleção João Satamini), Museu de Arte de Miami (coleção Jorge Perez), da Fundacíon Golinelli, Bolonha-Veneza (Paolo e Marino Golinelli) e do Museu de Arte Moderna e Contemporânea, Lisboa (Colecção Comendador Joe Berardo), entre outros.

 

 

Até 28 de fevereiro.

Pocket exhibition na Milan

A Galeria Millan, Vila Madalena, Rio de Janeiro, RJ, apresenta uma pocket exhibition com novos trabalhos de Ana Prata. A pintura é o meio escolhido pela artista. Em sua superfície ela faz com que diversos assuntos sejam manipulados, forjados e torcidos. Para isto, Ana Prata utiliza vários materiais como o linho cru, barbante e tecidos estampados.

 

O que instiga a artista, é justamente ver seu trabalho transitando entre o figurativo e o abstrato,  sempre rumo a um novo lugar. A dispersão causada pelos diferentes temas e técnicas fortalece a autonomia de cada tela, tornando cada uma delas, ao mesmo tempo, dependente e repelente da pintura que se encontra ao lado.

 

 

Até 30 de janeiro.

Afrodescendentes na Pinacoteca

18/jan

A Estação Pinacoteca, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP, exibe a exposição “Territórios: Artistas Afrodescendentes no Acervo da Pinacoteca”, que celebra os 110 anos da instituição e apresenta ao público importantes obras assinadas por artistas brasileiros afrodescendentes. A mostra apresenta um olhar singular que pretende dar visibilidade a essa coleção ao mesmo tempo em que valoriza o legado destes artistas.
A proposta do curador é retomar as grandes contribuições da Pinacoteca para a historiografia da arte brasileira introduzida na gestão de Emanoel Araújo (1992 – 2002), primeiro diretor negro da Pinacoteca do Estado, por isso apresenta parte do núcleo de artistas afrodescendentes da Instituição, acrescida de novas aquisições.
São 106 obras entre pinturas, gravuras, desenhos, esculturas e instalações que traçam perfis diferentes da produção artística de afrodescendentes no Brasil do século XVIII até hoje. As obras estão divididas em três conjuntos e dispostas de acordo com a familiaridade dos temas ou territórios: Matrizes Ocidentais, Matrizes Africanas e Matrizes Contemporâneas. Sem preocupação cronológica, a exposição aventa a possibilidade de compreender a produção e a inserção destes artistas na coleção da Pinacoteca assim como no circuito estabelecido em seu contexto.
Entre os trabalhos em exposição está o “Autorretrato” produzido em 1908 por Arthur Timótheo da Costa, doado em 1956, ou seja, 51 anos após a inauguração da Pinacoteca – a primeira obra de um artista negro. Mestre Valentim, Antonio Bandeira, Rubem Valentim, Jaime Lauriano e Rosana Paulino também estão entre os artistas que compõem a mostra. Destaque ainda para a obra de Rommulo Vieira Conceição adquirida em novembro pelo Programa de Patronos da Pinacoteca, que começou em 2012 e hoje já soma 72 casais apoiadores.
“Com a entrada para o acervo da Pinacoteca dos primeiros trabalhos de jovens artistas brasileiros afrodescendentes, surgiu a ideia de formular uma exposição que os articulassem em relação àqueles já existentes no acervo. Seria uma estratégia para a Instituição refletir sobre parte de sua história e, ao mesmo tempo, rever obras produzidas por artistas afrodescendentes já existentes no acervo, à luz dos recém-chegados”, explica Chiarelli.
A mostra segue em cartaz até 17 de abril de 2016 no quarto andar da Estação Pinacoteca – Largo General Osório, 66.

Quatro artistas na Hathi

14/jan

Instalada na galeria Ipanema 2000, Rio de Janeiro, RJ, a Hathi Galeria, abre sua primeira exposição prometendo periodicidade. Márcio Niemeyer, Ani Cuenca, Poe e Maíra Allemand expõem telas e fotografias, com técnicas, temas e propostas diferentes. Em comum, a “Simplicidade no olhar”, que não por acaso dá nome à mostra.

 

Márcio Niemeyer atribui à vocação da família a atração pela arte da imagem através das lentes, que o levou a fotografar desde pequeno. Ele expõe trabalhos da série “Skandinaviska”. Arquiteta por formação, Ani Cuenca, que se se define essencialmente como uma desenhista, assina telas monocromáticas sempre inspiradas em recortes da natureza. Maíra Allemand teve seus primeiros contatos com a fotografia na Faculdade de Desenho Industrial. Poe se define como um artista visual. Na série “Fine Line”, a busca pela essência na obra é levada ao rigor máximo do minimalismo. Apenas uma linha corta o espaço pictórico, ora contra uma cor sólida, ora contra a tela crua.

 

 

Sobre os artistas

 

Ani Cuenca

 

Arquiteta formada, com passagem em vários escritórios badalados da cidade, Ani Cuenca se define essencialmente como uma desenhista. Desde a época da faculdade, cursada na UFRJ, ela admite que adorava as aulas em que os trabalhos eram feitos em pranchas de nanquim sobre papel vegetal. Simples e essencial. O tempo passou, Ani se formou, e, o computador se tornou a principal ferramenta na sua vida profissional, mas a vontade de retomar os pincéis e canetas continuava forte. “Percebi o quanto o traço a mão era importante quando via os registros depois das reuniões. Sem perceber, os cadernos ficavam sempre cheios de rabiscos”, conta ela. Seus cadernos eram verdadeiras obras de arte e suas composições orgânicas inspiradas na natureza compensavam os excessos de linhas retas de seus projetos. Há cerca de um ano, Ani resolveu investir na carreira artística. Montou um atelier e passou a assinar telas monocromáticas sempre inspiradas em recortes da natureza.

 

 

 

Márcio Niemeyer

 

Márcio Niemeyer nasceu no Rio de Janeiro. Sua atração pela arte da imagem através das lentes o levou a fotografar desde pequeno, talvez pela influência de seu avô. Começou a clicar a beleza natural do Rio de Janeiro com as câmeras mecânicas de seus pais. Atraído por paisagens, cenários naturais, e pelo cotidiano no mundo, é cativado pela simplicidade no olhar. A série apresentada por ele na Hathi, “Skandinaviska” apresenta fotos clicadas na Dinamarca, Noruega e Suécia. Ele destaca, entre outros detalhes, as excêntrica Copenhagen, a pitoresca e chuvosa Bergen, a energizante Honningsvåg – onde se encontra a 15 km Nordkapp, o ponto continental mais ao norte no Círculo Polar Ártico do planeta -, e a encantadora Estocolmo, que contrasta o lado histórico de seu “reino” com o arrojado desenvolvimento tecnológico.

 

 

 

Maíra Allemand

 

Maíra Allemand nasceu em Florianópolis, onde reside atualmente. Conheceu a fotografia na faculdade de desenho industrial em 2000, e graças às influências dentro de casa desde pequena na área de decoração de interiores, fez com que sua verdadeira paixão despontasse através desse segmento. Formada em Fotografia pela UNIVALI em 2013, atualmente a artista segue clicando exclusivamente para uma fábrica de móveis, onde também atua como designer gráfica, profissional de marketing, na curadoria de projetos e na organização de eventos e conceito das novas coleções. Profissionais da área de decoração estão entre os clientes que compram seu trabalho.

 

 

 

Poe

 

O olhar saturado por informações encontra o conforto no horizonte. A linha da vida e os segredos decifrados pelas cartomantes. O caminhar de uma existência visto de fora como uma estrada. Na série “FINE LINE”, do artista visual Poe, a busca pela essência na obra é levada ao rigor máximo do minimalismo. Apenas uma linha corta o espaço pictórico. Ora contra uma cor sólida, ora contra a tela crua. A jornada começa no Leste em direção ao Oeste, sai do excesso indo ao encontro do essencial. BIO Poe Ramon, 40 anos, trabalha no Rio de Janeiro. Formado em Comunicação Social PUC e estudos nos cursos de fundamentação na EAV. Os movimentos de vanguarda do século XX, como o dadaísmo, cubismo, a pop art, expressionismo abstrato são as inspirações dos seus trabalhos.

 

 

A partir 14 de janeiro.

Goldfarb e Vanda Klabin

06/jan


Surge um novo espaço no CasaShopping, Barra, Rio de Janeiro, RJ, especialmente dedicado às artes, uma galeria dentro do maior polo de decoração da América Latina, e o primeiro convidado a estrear o ambiente é o artista plástico carioca Walter Goldfarb. O local, com 600 metros de área sob a Onda Carioca, receberá uma seleção de obras do artista. A mostra intitulada “Teatros do Corpo na Onda Carioca”, tem curadoria de Vanda Klabin e reúne telas produzidas ao longo dos vinte anos de carreira de Walter Goldfarb.

 

 

As duas décadas de carreira de Walter Goldfarb serão celebradas neste início de ano com duas mostras paralelas. Na primeira, “Walter Goldfarb Retrospectiva 1995 – 2015, Ela não gostava de Monet” que acontece até o final de fevereiro, no Centro Cultural Correios. A segunda, “Teatros do corpo na Onda Carioca”, que inaugura no novo espaço de artes no CasaShopping. É uma seleção de obras em grandes dimensões do artista, que estarão em exposição na nova área de expansão. Em ambas as mostras, a curadoria é de Vanda Klabin e a produção é de Jorge Saldanha.
A mostra do CasaShopping, intitulada “Teatros do Corpo na Onda Carioca”, ocupará 600 metros de área sob a Onda Carioca. Vanda Klabin tira partido da brutalidade do cimento e do concreto do espaço ainda cru, mesclando a estética das paredes levantadas em madeira natural para conceber a “expografia” da individual, buscando o enfrentamento entre a magnitude do espaço arquitetônico e a voltagem “matérica” e simbólica das 18 obras de diferentes fases produzidas por Walter Goldfarb ao longo de seus 20 anos de trabalho.

 

 

Walter Goldfarb é reconhecido por sua linguagem peculiar que mescla dois processos geralmente antagônicos na produção contemporânea: o fazer artesanal, no exercício diário de ateliê, nos moldes dos mestres da Renascença e dos tecelões da Idade Média, e por outro lado o das vanguardas contemporâneas, que enchem as obras de histórias e conceitos. Para além do vasto repertório cultural e imagético do artista, a produção de Goldfarb é marcada pelas telas de grandes dimensões e pelas técnicas incomuns, a maioria delas longe dos pincéis. Suas pinturas são construídas com lavagens e raspagens químicas de centenas de bastões de carvão, tingimentos em tie-dye, diversas técnicas de bordado realizadas pelo próprio artista sobre a lona espessa da pintura com o fio retirado da própria lona, e o uso de esculturas-objetos em pedras e metais preciosos, peles de animais, espelhos, madeiras e sementes dentre outros.

 

 

“É um artista contemporâneo mergulhado no curso da História da Arte no Ocidente e Oriente”, diz Vanda. Para ela, a proposta conceitual da mostra é apresentar a produção de Goldfarb nos últimos 20 anos. “Focamos principalmente em uma seleção de um conjunto significativo de suas telas em diferentes formatos, realizadas nos primeiros cinco anos de trabalho, que registram o desenvolvimento peculiar da fatura de seu exercício de ateliê, explica a curadora, completando com peças chaves dos anos seguintes”.

 

 

Nessa esteira, a obra de Walter Goldfarb é certamente uma composição de pinceladas sem pincéis. Walter se utiliza da ação do fogo, do piche injetado com seringas, alvejamentos em tanques e baldes de tinta produzidos no próprio ateliê. Nos últimos anos, o trabalho do artista se transformou em um campo fértil de pesquisa e inovações de técnicas que resultam numa linguagem visual ímpar. A formação do seu olhar tem referências culturais na pintura, na literatura, na música e na sua forma de estar no mundo. Seu vocabulário expressivo através da matéria da pintura e do que transborda sobre as lonas cruas, ultrapassa as fronteiras da Arte Latino Americana.

 

 

Na individual “Teatros do Corpo na Onda Carioca” no CasaShopping poderão ser contempladas obras pontuais da produção do artista como a pintura da série “Teatros Bíblicos – MILAGRE” de três metros de altura por seis de comprimento, com bordados em cânhamos, piche e objetos presos a lona crua apresentada na primeira mostra de Goldfarb no Centro Cultural Correios em 1995.

 

 

Walter Goldfarb tem obras nos acervos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Coleção Gilberto Chateaubriand), Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Museu de Arte Contemporânea de Niterói (Coleção João Sattamini), MAR – Museu de Arte do Rio. Lá fora, Goldfarb se destaca nas paredes do Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Lisboa (Coleção Berardo), Museu de Arte Moderna de Miami (PAMM, Perez Art Miami Museum) e Culturgest (Coleção da Caixa Geral de Depósitos de Portugal) dentre inúmeras instituições e coleções particulares. Em 2010, Goldfarb foi escolhido, pela Academia Latina de Gravação de Hollywood, o Artista Visual do 11º Grammy. Sua obra ilustrou o catálogo dos nomináveis, milhares de ingressos e o pôster oficial do evento no Mandalay Bay em Las Vegas.

 

 

Na curadoria da exposição, Vanda Klabin incluiu ainda pinturas do artista que integraram exposições internacionais como “El Hombre al Desnudo”, uma parceira do Musée D’Orsay de Paris e o Museu Nacional de Arte do México, os sensuais tigres em laca sobre fundo preto expostos na individual de Walter no Museum of Latin American Art, na Califórnia, e exemplares da série “Lisérgica”, que participaram recentemente da abertura do Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco, Portugal, vindas da Coleção Berardo, de Lisboa.

 

 

 

De 07 de janeiro a 28 de fevereiro.

Pedras de Paquetá

18/dez

O artista José Monleón, está radicado no Brasil desde o ano de 1956. Natural de Valência, Espanha, autodidata, dedicou incialmente muito tempo de sua vida profissional ao vitrinismo, uma atividade pioneira desempenhada com grande empenho.  A partir dos anos 1960 descobre os pincéis e passa a expor no Rio de Janeiro com alguma regularidade. Atualmente sua mais recente produção dos últimos dois anos pode ser apreciada através da exposição “As pedras de Paquetá – Paisagens”, no Quintal da Regina, na original ilha de Paquetá, Rio de Janeiro, RJ.

 

 
A palavra do artista

 

“Ao chegar a Ilha de Paquetá, observamos pedras arredondadas de diversos tamanhos que circundam, praticamente, todo seu litoral. Qual o significado desta aglomeração de pedras? Pode, simplesmente, nada significar, mas a imaginação não deixa de atribuir significados a esta bela manifestação da natureza. Serão guardiões contra a violência que tanto assombra os habitantes do Rio? Seja como for, elas guardam um tipo de vida tranquila e bucólica, como não existe mais…”

 

 

Até 10 de janeiro de 2016.

Uma coleção particular

17/dez

A Pinacoteca do Estado de São Paulo, Estação da Luz, São Paulo, SP, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, exibe a exposição “Uma coleção particular – Arte contemporânea no acervo da Pinacoteca” que apresenta um panorama da arte contemporânea no Brasil a partir de sua coleção. Uma seleção que reúne mais de 60 obras, a maioria incorporada recentemente ao acervo da instituição e com trabalhos que vêm a público pela primeira vez – como é o caso dos empréstimos em comodato da coleção Roger Wright, parceria firmada este ano.

 

São pinturas, esculturas, vídeos, fotografias, desenhos, gravuras e instalações, realizadas de 1980 até hoje por artistas nascidos ou radicados no país. “O corte cronológico considera o processo de reorganização da vida política e cultural brasileira com o fim da ditadura militar (1964-1985), mas também leva em conta um período de reestruturação da própria Pinacoteca, que compreende, por exemplo, a reforma de sua sede, entre 1994 e 1998”, explica o curador da Pinacoteca José Augusto Ribeiro.

 

A mostra ocupa todo o primeiro andar do museu com trabalhos históricos como “Ping-ping”, de Waltercio Caldas, além das obras de Iberê Camargo, Gilvan Samico, Regina Silveira, Tunga, Leda Catunda, Beatriz Milhazes, Erika Verzutti, Rosângela Rennó, Ernesto Neto, Rubens Mano, Tonico Lemos Auad, Willys de Castro, João Loureiro, Alexandre da Cunha, entre outros artistas. Nomes de grande projeção internacional e que são referência para as novas gerações, ao lado de artistas em início de suas trajetórias profissionais, todos de diferentes regiões do Brasil. “A seleção confirma a posição da Pinacoteca como uma das instituições museológicas com uma das coleções públicas mais importantes do País”, completa Ribeiro.

 

 

A diversidade de artistas aparece também nas 12 salas expositivas, além do Octógono e do lobby, onde o visitante encontra obras bastante diferentes e, a partir das relações sugeridas pela curadoria, consegue perceber as singularidades de cada peça. Grande parte dos artistas desta mostra compôs a programação da Pinacoteca nos últimos anos, por isso também ela faz parte do calendário comemorativo de 110 anos do museu.

 

Entre os artistas da exposição estão: Alexandre da Cunha | Almir Mavignier | Amilcar Packer | Anna Maria Maiolino | Antonio Lizárraga | Antonio Malta | Beatriz Milhazes | Carlos Fajardo | Carmela Gross | Daniel Acosta | Dudi Maia Rosa | Efrain de Almeida | Emmanuel Nassar | Erika Verzutti | Ernesto Neto | Fabio Miguez | Fabricio Lopez | Flávia Bertinato | Gerty Saruê | Gilvan Samico | Iberê Camargo | Iole de Feitas | Iran do Espirito Santo | João Loureiro | José Damasceno | Leda Catunda | Leya Mira Brander | Lorenzato | Mabe Bethônico | Odires Mlaszho | Paulo Monteiro | Paulo Whitaker | Regina Silveira | Rodrigo Andrade | Rodrigo Matheus | Romy Pocztaruk | Rosângela Rennó | Rubens Mano | Sara Ramo | Tatiana Blass | Tonico Lemos Auad | Tunga | Valdirlei Dias Nunes | Vanderlei Lopes | Vania Mignone | Veio [Cícero Alves dos Santos] | Wagner Malta Tavares | Waltercio Caldas | Willys de Castro.

 

 

Até 31 de janeiro de 2016.

Quadrinhos e o espírito Pop

16/dez

A Pinacoteca Ruben Berta, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, promoveu um encontro com o pintor Eduardo Vieira da Cunha para conversar com o artista sobre a exposição “Quadrinhos e o espírito Pop”, em exibição no local.

 

A exposição apresenta a produção recente de Eduardo Vieira da Cunha, que tem por mote a influência da linguagem das histórias em quadrinhos e as características plásticas das artes visuais da década de 1960. A mostra, que também exibe um diálogo entre a obra do artista e o acervo da pinacoteca – que toma por base a linguagem pop -, tem o objetivo de qualificar a visitação e divulgar o processo criativo do artista porto-alegrense.

 

Eduardo Vieira da Cunha, fã e leitor de HQs, inspira-se na linguagem que fez fusão na comunicação e na arte estabelecendo um diálogo com obras da Pinacoteca Ruben Berta, selecionadas por ele, que coincidem com a temática explorada pelo artista como os pops ingleses Alan Davie e Bill Maynard.

 

 

A palavra do artista

 

Busco com este trabalho um diálogo com as obras da Pinacoteca Ruben Berta que apontam para a emergência de correntes criativas inspiradas na cultura popular. Situada no prelúdio dos movimentos conspiratórios do final dos anos 60, esta tendência foi fundamentalmente positiva, oferecendo liberdade de expressão no campo das artes visuais, em uma pintura predominantemente figurativa. O ponto comum era a vida quotidiana, nutrida por um ambiente urbano, e por imagens do gosto popular.

 

Aqueles novos realistas abriram caminho para uma estética baseada na comunicação de massa. Inspirado por eles, tomei emprestado das histórias em quadrinho, das imagens de rua e dos jornais e revistas, referências para esta exposição. Sempre fui um fã das historietas, dos clássicos Flash Gordon, Mandrake e Fantasma, até os de vanguarda, como Robert Crumb e seu Mr. Natural, publicado na revista Grilo, nos anos 1970. Assim, com esta exposição, procuro resgatar em pintura o universo colorido da Arte Pop e seu vocabulário que trazia a grandeza das pequenas coisas exibidas e inspiradas na rua que muitas décadas depois voltam a invadir o museu.”

 

 

Até 19 de fevereiro de 2016.

Obra e livro de Paulo Pasta

15/dez

A Galeria Millan, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta até 19 de dezembro, a nova exposição individual de Paulo Pasta “Há um fora dentro da gente e fora da gente um dentro”, verso do poeta Francisco Alvim. A mostra marca a inauguração do novo espaço da Galeria: o Anexo Millan e a exposição ocupará simultaneamente os dois endereços da Millan na cidade.

 

No espaço tradicional da galeria serão expostas telas abstratas, marcadas por uma intensa e ambígua atmosfera cromática e refinada estrutura geométrica, que são responsáveis por seu inquestionável protagonismo na pintura contemporânea brasileira. Mas junto delas será possível ver uma das paisagens produzidas recentemente pelo artista tomando como ponto de partida o entorno de sua cidade natal, Ariranha.

 

No Anexo Millan, situado a poucos metros de distância da galeria, o mesmo processo de fricção estará presente no bloco expositivo. Dedicado às paisagens, o novo espaço abrigará ainda uma enorme pintura feita na parede. Na abertura, foi lançado livro “Fábula da Paisagem”, com 28 paisagens do artista.

Sete individuais no Paço Imperial

10/dez

O Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura seu maior bloco de exposições da gestão da diretora Claudia Saldanha, com individuais de sete artistas contemporâneos: José Bechara, Célia Euvaldo, Renata Tassinari, David Cury, Cristina Salgado, Bruno Miguel e Amalia Giacomini. Junto com seu conselho curatorial, composto por Carlos Vergara, Luiz Aquila e Marcelo Campos, a diretora do Paço formou essa programação contemplando expressões diversas, como pintura, escultura, desenho e instalação.

 

 

 

 

Sobre cada uma das mostras:

 

 

 

José Bechara  | Jaguares

 

O carioca José Bechara ocupa a sala do térreo do Paço com sete pinturas em três dimensões. Intitulada “Jaguares”, a exposição de trabalhos inéditos e recentes, em grandes formatos, resulta da pesquisa de dois anos do artista sobre limites da pintura. Ele usa materiais como vidro, papel glassine, mármore, lâmpada e cabos de aço. O artista chama de “pintura” trabalhos em três dimensões, em que vidros funcionam como planos. Ele acha que o visitante pode se perguntar se está mesmo diante de uma pintura, mas adverte que “diferentemente da escultura, o espectador não circunda o trabalho. Ao final das contas é uma investigação sobre este limite, imposto pela parede que está no fundo, da qual eu também tiro proveito, trazendo-a para o trabalho, por conta da transparência do vidro. Você imagina que uma pintura seja uma operação bidimensional. A minha pintura vem de uma produção tridimensional”, explica Bechara. Nesta individual, ele, que produz no ateliê  simultaneamente pinturas e esculturas, pretende confrontar e colidir essas duas experiências. Junto com as pinturas tridimensionais estará “Miss Lu Silver Super-Super” (2013), da série “Esculturas gráficas”, de 2009,  incluída aqui por trazer questões também relativas à gravidade semelhantes às das obras com planos de vidro.

 

“Jaguares” tem texto crítico de Luiz Camillo Osorio.

 

 

Sobre o artista

 

José Bechara nasceu no Rio de Janeiro em 1957, onde vive e trabalha. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, RJ. Integrou exposições, como a Bienal Internacional de São Paulo de 2002; Panorama da Arte Brasileira de 2005, no MAM-SP; 5ª Bienal Internacional do Mercosul (2005); Trienal de Arquitetura de Lisboa (2011);  “Caminhos do Contemporâneo” (2002) e “Os anos 90” (1999), ambas no Paço Imperial. Realizou exposições individuais e coletivas em instituições como Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2014); Instituto Tomie Ohtake SP, Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto); ASU Art Museum (Phoenix, EUA); Culturgest (Lisboa), MAM Rio, Museu de Arte Contemporaneo Espanhol-Patio Herreriano (Valladolid, Espanha) e Ludwig Museum de Koblenz (Alemanha). José Bechara tem obras em coleções públicas e privadas, como a Coleção Gilberto Chateaubriand/MAM Rio; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Centre Pompidou, Paris; Es Baluard Museu d’Art Modern i Contemporani de Palma (Palma de Mallorca, Espanha); Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto, SP); Coleção João Sattamini/ MAC Niterói; Instituto Itaú Cultural (SP); MAM Bahia; MAC Paraná; Culturgest (Lisboa); ASU Art Museum (Phoenix, EUA); MoLLA (Califórnia, EUA); Ella Fontanal Cisneros (Miami, EUA); MARCO de Vigo (Espanha) e Basilea Stiftung (Basel, Suíça).

 

 

 

 

Célia Euvaldo | Curadora Vanda Klabin

 

 

A paulistana Célia Euvaldo apresenta conjuntos de cinco colagens e de cinco pinturas, datados de 2013 a 2015. A partir de sua experiência recente sobre a massa e o peso da tinta, a artista usa nas Colagens (170 x 100cm) material de consistências diferentes: um papel branco chinês, leve,  recebe uma folha de papel preto mais pesado, deformando o papel branco pelo efeito do peso e da cola e, ao longo do tempo, pela ação do clima. As Pinturas em óleo sobre tela (100 x 260cm e 123 x 200cm), a artista descreve que “elas lembram que saíram do desenho: pinceladas–linhas horizontais (quando a tinta é aplicada) e espatuladas–linhas verticais (quando a tinta é arrastada) preenchem o campo inteiro, deixando seu rasto de linhas.” Diferentemente de obras anteriores, em que parte da tela não era pintada, a superfície dos trabalhos recentes é toda recoberta com tinta preta. As pinturas, diz Celia, se estendem para dentro como buracos negros, e também se modificam como as colagens, não fisicamente, mas com a incidência de luz e o ângulo do olhar do espectador.

 

 

 

Sobre a artista

 

Célia Euvaldo mora e trabalha em São Paulo. Começou a expor na década de 1980. Suas primeiras individuais foram na Galeria Macunaíma (Funarte, RJ, 1988), no Museu de Arte Contemporânea da USP (1989) e no Centro Cultural São Paulo (1989). Ainda em 1989,  ganhou o I Prêmio no Salão Nacional de Artes Plásticas da Funarte. Participou da 7ª Bienal Internacional de Pintura de Cuenca, Equador (2001) e da 5ª Bienal do Mercosul (2005). Realizou individuais, entre outros, no Paço Imperial (RJ, 1995 e 1999), na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2006), no Centro Cultural Maria Antonia (SP, 2010), no Museu de Gravura da Cidade de Curitiba (2011) e no Instituto Tomie Ohtake (SP, 2013).

 

 

 

 

Renata Tassinari Curadora Vanda Klabin

 

 

A paulistana Renata Tassinari mostra 16 trabalhos, entre pinturas de grandes dimensões sobre acrílico e desenhos em óleo sobre papel japonês, inéditos no Rio de Janeiro, celebrando 30 anos de carreira. A curadoria de Vanda Klabin fez um recorte da última década de produção da artista para a exposição do Paço Imperial. Tassinari pinta sobre superfícies de acrílico e, ao mesmo tempo, deixa a moldura de certas seções da obra cobrir apenas uma parte da superfície planar. Seus trabalhos se desdobram em séries, usando quadrados e retângulos  como elementos compositivos, altermando as cores e o acrílico do suporte, transparência e opacidade, rugosidade e lisura. A cor é sua matéria-prima. Sobre a artista, Vanda Klabin diz: “Renata Tassinari desafia e transforma os limites do plano pictórico, pela apropriação e pelos deslocamentos de materiais industriais na superfície da tela, que passa a não atender mais os conceitos tradicionais do fazer artístico”.

 

 

Sobre a artista

 

Renata Tassinari é formada em Artes Plásticas pela Faap São Paulo (1980). Estudou desenho e pintura nos ateliês dos artistas Carlos Alberto Fajardo e Dudi Maia Rosa. Já expôs em importantes instituições brasileiras, como o MAM Rio e o MAM-SP. No início de 2015, a artista ganhou retrospectiva no Instituto Tomie Ohtake, SP.

 

 

 

 

David Cury | A vida é a soma errada das verdades

 

David Cury, artista piauiense, radicado no Rio de Janeiro, descreve conceitualmente sua instalação inédita, que ocupa três espaços do Paço Imperial, como uma “paisagem cívica negativa”. O eixo do trabalho são 15 textos irônicos sobre três formas de violência incorporadas ao nosso cotidiano: a social (“Aos que matam por hábito jamais os pardos foram tão alvos”), a política (“A ianque Dorothy Stang não voltou para casa”) e a moral (“Aqui o mal ao menos de impostura prescinde”). Seja de senso metafórico, filosófico ou lírico, cada uma delas quer ser um aforismo. Aqui a palavra quer valer por uma imagem, em confronto com uma imagem vale por mil palavras. As sentenças estão sulcadas em lajes de concreto e ferro, em meio a escombros residuais, distribuídas nas três salas, começando pela violência moral, seguida da violência social e da violência política. A ordenação da sequência da instalação segue o critério dos diferentes graus de violência: a moral é a primeira porque o artista a considera um estímulo à social e à política.

 

 

 

Sobre o artista

 

David Cury (Teresina, 1964) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Ele atua em suportes diversos. Desde “Para a inclusão social do Crime (Funarte, RJ, 2003), “Há vagas de coveiro para trabalhadores sem-terra” (Carreau du Temple, Paris, 2005), “Paradeiro” (Estação da Leopoldina, RJ, 2006) e “Hydrahera” (Morro da Conceição, RJ, 2008), suas intervenções articulam caráter de situação, iminência e ambição formal. Em 2009, ocupou o Espaço Monumental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro com “Eis o tapete vermelho que estendeu o Eldorado aos carajás” – entre outras abstrações (de escala pública) acerca dos conflitos fundiários mais emblemáticos da história brasileira. Em 2010, participou da 29ª Bienal Internacional de São Paulo com a instalação “Antônio Conselheiro não seguiu o conselho”. Realizou “Corumbiara não é Columbine” (Musée Bozar, Bruxelas, 2011), “É com o sexo que os homens se deitam, pedindo como anões o seu ascenso” (Somerset House, Londres, 2012) e “Rasa é a cova dos vivos” (Museu de Arte Contemporânea, Fortaleza, 2013).

 

 

 

Cristina Salgado No Interior do Tempo | Curador Marcelo Campos

 

 

A carioca Cristina Salgado apresenta uma instalação composta pela série “Poemas visuais interiores” (2015) – cerca de vinte desenhos em guache e impressão sobre papel de algodão, partindo de ilustrações apropriadas de um livro de anatomia seccional humana. Esses poemas visuais estão instalados sobre duas longas paredes laterais da sala. Ao fundo, há uma grande projeção de imagem em movimento, a mesma que está em um pequeno monitor, pousado no interior de um armário vertical de ferro e vidro situado no centro do espaço; cinco esculturas em ferro fundido da série”Humanoinumano” (1995) e elementos diversos de mobiliário industrial obsoleto se relacionam nessa região do espaço expositivo. Sua aposta é que “a instalação “No interior do tempo”, na forma como traz a presença do corpo, às vezes por sua ausência ou em situações que explicitam interioridade/exterioridade, possa tornar visível uma atmosfera diversa daquela onde impera a temporalidade lógica produtiva oficial.”

 

 

Sobre a artista

 

Cristina Salgado (RJ, 1957) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage/RJ, entre 1977 e 1978. Doutora em Artes Visuais (EBA/UFRJ) e professora adjunta no Instituto de Artes da UERJ, desde 1997. Suas exposições individuais mais recentes são “A mãe contempla o mar”, Galeria Marsiaj Tempo, 2014; “Ver para olhar”, Paço Imperial, 2012,  e “Vista”, Casa França-Brasil, 2010. Entre as coletivas estão “Situações Brasília 2014 – Prêmio de Arte Contemporânea”, Prêmio de aquisição, Museu Nacional do Conjunto Cultural da República-Brasília; “O corpo na arte contemporânea brasileira”, Itaú Cultural, SP, 2005; “Como Vai Você, Geração 80?”, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, RJ, 1984.

 

 

 

Bruno Miguel | Essas pessoas na sala de jantaCurador Bernardo Mosqueira

 

 

O carioca Bruno Miguel apresenta duas instalações inéditas: “Essas pessoas na sala de jantar” e “Cristaleira”. “Essas pessoas…” é formada por 400 composições distintas com peças de porcelana de vários países, espuma de poliuretano, papel maché, pequenas árvores esculpidas pelo artista e tinta de cores vibrantes. O poliuretano vaza ora do bico do bule, ora do interior de uma xícara, criando formas abstratas que servem de amálgama para os elementos da composição. Os ítens são agrupados no chão, com intervalos que permitem o trânsito do visitante entre eles. Durante a temporada da exposição, os objetos serão rearranjados no espaço, criando diferentes percursos pela sala. Em uma sala vizinha, estará “Cristaleira” composta por 150 esculturas, também únicas, sobre uma prateleira de vidro que percorre as paredes do espaço expositivo. Essas são objetos utilitários de vidro e cristal, preenchidos com resina de poliéster colorida com spray, que formam esculturas por encaixe, empilhamento ou justaposição. Em algumas esculturas, o artista retira o vidro que serviu de molde e usa a forma de resina na obra. “A pesquisa de Bruno Miguel, que além de artista tem atuação como professor de pintura, aponta bastante para os elementos característicos dessa técnica e de sua história. Se há anos Bruno vem investigando o gênero pictórico da paisagem, agora ele o relaciona também com a natureza morta”, identifica o curador Bernardo Mosqueira.

 

 

 

Sobre o artista

 

Bruno Miguel (RJ, 1981) vive e trabalha no Rio de Janeiro. É formado em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Fez diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 2007, realizou sua primeira individual, no RJ, recebeu Menção Honrosa Especial na V Bienal Internacional de Arte SIART, em La Paz, Bolívia, e ganhou bolsa da Incubadora Furnas Sociocultural para Talentos Artísticos. Participou das coletivas “Nova Arte Nova”, apresentada no CCBB RJ e SP, em 2008 e 2009; “Latidos Urbanos”, no MAC de Santiago do Chile (2010), “Novas Aquisições – Gilberto Chateaubriand”,  no MAM Rio, em 2012, e “GramáticaUrbana”, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica RJ. Realizou diversas individuais na Luciana Caravello Arte Contemporânea, RJ, e na Emma Thomas, SP. Em Nova York, apresentou a individual “Make Yourself at Home”, na S&J Projects, e esteve nas coletivas “Sign of the Nation” e “Etiquette for a Lucid Dream,” em Newark, Nova Jersey, em 2013.  Em 2014, participou das coletivas “Encontro dos mundos” e “Tatu: Futebol, Adversidade e Cultura da Caatinga”, no MAR – Museu de Arte do Rio de Janeiro. Em 2015, realizou a individual “Sientase em casa”, na Sketch Gallery, Bogotá. É professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage desde 2011.

 

 

 

Amalia Giacomini | Viés Curador Felipe Scovino

 

A paulistana Amalia Giacomini, radicada no Rio de Janeiro,  investiga questões da percepção do espaço, da arquitetura e de suas representações, através de instalações e objetos. Seus trabalhos remetem a elementos abstratos – como linhas, pontos, grades, perspectivas, em que o ar atravessa e faz parte deles. A artista se propõe tornar visível o vazio ao espectador. Nessa individual, ela apresenta sete obras, entre as quais duas instalações inéditas. A primeira, à entrada da sala, é composta por correntes finas na cor grafite, suspensas pelo teto, formando um grande volume – serão utilizados 500 metros de corrente. A obra poderá ser atravessada pelo visitante: ora ele estará dentro, ora por baixo dela. Pela característica do material, leve e flexível, a instalação está sujeita ao toque e à movimentação de ar do ambiente. A outra instalação terá relação direta com a janela da sala. Ela é composta por telas translúcidas, espécies de filtros de luz, criando um diálogo visual entre interior e exterior. Entre os demais trabalhos de parede, está “Dobra”, feito por linhas elásticas, que moldam uma forma curva de vazio entre duas paredes.

 

 

Sobre a artista

 

Formada em Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP), com Mestrado em Linguagens Visuais pela EBA-UFRJ, Amalia Giacomini (SP, 1974) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Instituto Tomie Othake (SP), Itaú Cultural (SP), Museu da Casa Brasileira (SP), Paço Imperial (RJ), Centro Cultural São Paulo, Centro Universitário Maria Antonia da USP, Galerias da FUNARTE (RJ e DF), Centro Cultural Sérgio Porto (RJ), Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba), MAC Niterói (RJ) são algumas instituições brasileiras em que já expôs. No exterior, realizou em 2012 a individual “The invisible apparent”, na Galeria Nacional de Praga, e, em 2009, “Liberér l’horizon reinventér l’espace”, na galeria da Cité des Arts em Paris. Na mesma cidade, participou, em 2005, da Exposição Comemorativa do Ano do Brasil da França, realizada
pela FUNARTE/MinC. Entre 2011 e 2014 foi professora História da Arte no curso de Arquitetura da PUC Rio.

 

 

 

De 17 de dezembro a 28 de fevereiro de 2016.