San Poggio na Galeria Oscar Cruz

05/nov

 

O artista argentino San Poggio, inaugura sua primeira exposição individual no Brasil: “A Leitura Submissa”, cujo título tem origem em uma pintura de Magritte chamada “A Leitora Submissa”, e do qual, o artista alterou apenas uma letra.

 

San Poggio vem trabalhando no campo pictórico, desenvolvendo uma série de pinturas em grandes formatos nas quais se desenrolam inúmeras cenas interconectadas. A confecção de sistemas de relações entre elementos e personagens é uma constante em sua obra, que envolvem o espectador em um processo de complexo estudo.

 

Tal complexidade na obra de San Poggio é com frequência interpretada como narrativa. No entanto, o processo de criar pinturas em sistema de “loop” parece contradizer o dispositivo quadro, como recorte ou janela, para um mundo imaginado. A imagem como sistema fechado, cujo espaço retorna sobre si mesmo, como um relato que se reinicia constantemente, reforçando desta forma, a sensação de confinamento e de repetição infinita; provocando uma desorientação no espectador, que não consegue compreender o significado, que parece manifestar-se claramente.

 

Na exposição que apresenta nesta ocasião na Galeria Oscar Cruz, Itaim-Bibi, São Paulo, SP, alguns objetos e elementos extraídos das pinturas surgem no espaço da galeria, em uma série de instalações que ampliam o campo de indagação e de suas possíveis leituras. As pinturas também excedem o campo pictórico, pois o exploram questionando-o sobre sua condição de dispositivo de leitura. O quadro como sistema, revela seu funcionamento quando a repetição, as variações, derivações ou disfunções, contradizem constantemente nossa tentativa de ler nas imagens um discurso articulado.

 

 

 

Sobre o artista

 

Santiago Poggio, La Plata, Argentina, 1979. Vive e trabalha entre Buenos Aires e La Plata.

Anos 2000 – Principais exposições individuais

 

2014 – A Leitura Submissa, Galeria Oscar Cruz, São Paulo, Brasil; 2013 – No one can write a book, Mohs Exhibit, Copenhague, Dinamarca; Alguna Edad de Oro, Museo Emilio Caraffa, Córdoba, Argentina; Moloch, Artis Galeria, Córdoba, Argentina; El tiempo perdido buscando, 2ª Bienal de Arte y Cultura,La Plata, Argentina; Los primeros fríos, Centro Cultural Recoleta, Buenos Aires, Argentina; Madrigales, motosierras y otras cosas, Jardin Oculto Galería, Buenos Aires, Argentina; Recital (Nº2), performance con Lucia Savloff, Jardin Oculto Galería (Buenos Aires, Argentina; 2009 – Recital (Nº1), performance con Lucia Savloff, Museo de Arte Emilio Petorutti, La Plata, Argentina; It’s alive!, Jardín Oculto Arte Museo Contemporáneo, Buenos Aires,  Argentina; San Poggio, Residencia Corazón, La Plata, Argentina; 2008 – La nube rara, Museo Provincial de Corrientes, Argentina; Pinturas, Sudaca Tienda de Arte, La Plata; Caprichos, Paseo de la Imagen 1, Auditorium Centro de las Artes, Mar del Plata, Argentina; 2007 – El vergel de los niños, Cordón Plateado Espacio de Arte, Rosario, Argentina; 2006 – San Poggio, Galería Isidro Miranda, Buenos Aires, Argentina; Obras, Museo de Arte Contemporáneo; Latinoamericano, La Plata, Argentina; 2005 – Noosfera, Centro Cultural Borges, Buenos Aires, Argentina; 2004 – Noosfera, Centro Cultural Islas Malvinas, La Plata, Argentina; 2003 – Noo, Biblioteca Pública de la   Universidad Nacional de La Plata, Argentina; 2002 – Industria Hargentina, Galería Tempesta, La Plata, Argentina; – ARTeMAIl, serie de imagens digitais enviadas periódicamente por correio eletrônico; Espejo, ação em espaço público, Centro de Arte Moderno, Quilmes, Argentina; – Industria Hargentina, Centro de Arte Moderno, Quilmes, Argentina; 2000 – El Gran Asco, Centro Cultural Islas Malvinas, La Plata, Argentina.

 

 

De 18 de novembro a 20 de dezembro.

Gonçalo Ivo em Paris

A Galerie Boulakia, Paris, apresenta 15 pinturas em grande formato produzidas nos últimos três anos pelo pintor Gonçalo Ivo. Nesta segunda exposição na Galerie Boulakia, a primeira data de 2012, e sua sétima exposição individual em Paris, Gonçalo Ivo, fiel a ele mesmo e à pintura, atividade que desenvolve desde jovem, continua aprofundando questões plásticas que lhe são caras como a cor como forma autônoma de linguagem, uma geometria mais próxima da poesia do que do rigor e uma latente espiritualidade gerada pela sua proximidade e admiração aos grandes mestres do passado.

 

Aos 56 anos, instalado há quinze anos com sua família e seu ateliê em Paris, o artista que conviveu em sua juventude com Iberê Camargo, Aluisio Carvão e que tinha nas paredes da casa paterna Lygia Clark, Volpi, Eliseu Visconti e muitos outros mestres modernos e antigos, apresenta agora para o publico francês séries inéditas de trabalhos.

 

 

Sobre o artista

 

Arquiteto de formação, filho do poeta Lêdo Ivo, desde pequeno convive com artistas e escritores como João Cabral de Mello Neto. Artista internacional com obras no Museu de Arte Geométrica de Dallas, de Long Beach, California e nos principais museus brasileiros como Museu Nacional de Belas Artes, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo e Museu do Mar, no Rio de Janeiro entre outros. Possui diversos livros publicados sobre sua obra com textos dos mais relevantes críticos de arte como o francês Marcelin Pleynet e os brasileiros Frederico Morais, Fernando Cocchiarale e Roberto Pontual.

 

 

Sobre a Galerie Boulakia

 

Fundada em 1971, a Galerie Boulakia representa os grandes nomes da historia da arte, dos impressionistas a Jean-Michel Basquiat passando por Picasso, Fernand Leger, Damien Hirst, e Chagall. Sustentou no inicio da carreira obras de artistas então desconhecidos como Sam Francis, Alechinsky, Jorn e Appel. Instalada na Avenue Matignon n° 10, a Galerie Boulakia é das mais prestigiosas galerias francesas.

 

 

De 02 de dezembro a 05 de janeiro de 2015.

Frida Kahlo – As suas fotografias

12/ago

O Museu Oscar Niemeyer (MON), Sala 3, Curitiba, PR, recebe, pela primeira vez, “Frida Kahlo – as suas fotografias”. A exposição, inédita, reúne 240 fotos do acervo pessoal da artista através de retratos da artista, família e amigos e será exibida no Brasil unicamente no MON.

 

São registros fotográficos da artista desde a infância, tiradas por dois fotógrafos profissionais de sua família: seu pai e seu avô materno. Há também momentos eternizados pela alemã Gisèle Freund e pelo húngaro Nickolas Muray, dois fotógrafos que conviveram com Frida por anos, além de fotografias tiradas pela própria Frida e por outras pessoas, imagens que a pintora gostava de guardar, olhar e se inspirar.

 

Para o curador da exposição, Pablo Ortiz Monasterio, “o acervo reflete de maneira clara os interesses que a pintora teve ao longo da sua tormentosa vida: a família, o seu fascínio por Diego e os seus outros amores, o corpo acidentado e a ciência médica, os amigos e alguns inimigos, a luta política e a arte, os índios e o passado pré-hispânico, tudo isto revestido da grande paixão que teve pelo México e pelos mexicanos”, conta.

 

A mostra é dividida em seis seções: A primeira retrata os pais da artista. Foram as numerosas imagens de seu pai, que fotografava a si mesmo em diferentes ocasiões que deixaram uma marca permanente na pintora: o autorretrato. A segunda destaca a Casa Azul, as primeiras poses de Frida para seu pai e as diversas reuniões que lá aconteceram. A Casa Azul é a residência que foi dos pais da pintora, no bairro de Cocoyacán, na Cidade do México, e que atualmente abriga o Museu Frida Kahlo, de onde vieram as obras desta exposição. A terceira revela o lado íntimo de Frida Kahlo. Há imagens feitas, e estilizadas por ela, recortes fotográficos mutilados, dos quais a artista elimina ou elege alguns dos protagonistas. Na quarta concentra-se os amores. São fotografias de seus amigos mais próximos, familiares, alguns dos seus amantes e, principalmente, Diego Rivera. A quinta traz um numeroso arquivo reunido por Frida, tanto pela qualidade visual, no caso das anônimas, como pelo seu valor, no caso das assinadas por grandes artistas. Nesta seção há desde cartões de visita do século 19 até retratos realizados por autores de destaque da história da fotografia e amigos pessoais. A sexta e última seção é dedicada às imagens relacionadas com as questões políticas.

 

A diretora cultural do Museu Oscar Niemeyer, Estela Sandrini, diz que é uma honra o MON ser o único espaço no Brasil a receber esta mostra. “O público poderá conferir de perto a intimidade de Frida, o olhar da artista sob outros olhares e sob seu próprio ponto de vista”, pontua.

 

 

 

Sobre a artista

 

Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderon, conhecida como Frida Kahlo, nasceu no dia 06 de julho de 1907 em Coyoacan, no México. Em 1925, aos 18, enquanto estudava medicina, sua vida mudou de forma trágica. Frida e o seu noivo Alejandro Gómez Arias estavam em um ônibus que chocou-se com um trem. Ela sofreu múltiplas fraturas, fez várias cirurgias (35 ao todo) e ficou muito tempo presa em uma cama. Foi nessa época que ela começou a pintar freneticamente. Frida sempre se autorretratou – suas angústias, suas vivências, seus medos e principalmente seu amor pelo marido, o pintor e muralista mexicano mais importante do século 20 Diego Rivera, com quem se casou em 1929, e que ajudou Frida a revelar-se como artista.

 

Em 1939 fez sua primeira exposição individual, na galeria de Julien Levy, em Nova York, e foi sucesso de crítica. Em seguida, seguiu para Paris. Lá conheceu Picasso, Kandinsky,  Duchamp, Paul Éluard e Max Ernst. O Museu do Louvre adquiriu um de seus autorretratos. Em 1942 Frida e o marido começaram a dar aulas de arte em uma escola recém-aberta na Cidade do México. Após muitos altos e baixos, como os três abortos e a relação amorosa rodeada por casos extraconjugais dos dois, seu estado de saúde piorou. Em 1950 os médicos diagnosticaram a amputação da perna e ela entrou em depressão. Pintou suas últimas obras, como Natureza Morta (Viva a Vida).

 

Na madrugada de 13 de julho de 1954, Frida, com 47 anos, foi encontrada morta em seu leito. No diário, deixou as últimas palavras: Espero alegre a minha partida – e espero não retornar nunca mais. As obras de Frida Kahlo possuem uma estética muito próxima ao surrealismo com influência da arte folclórica indígena mexicana, cultura asteca, tradição artística europeia, marxismo e movimentos artísticos de vanguarda. Destacou-se ainda pelo uso de cores fortes e vivas. Entre suas principais obras estão: “Autorretrato em vestido de veludo” (1926), “O ônibus” (1929), “Frida Kahlo e Diego Rivera” (1931), “Autorretrato com colar” (1933), “Autorretrato como tehuana” (1943), “Diego em meu pensamento” (1943) e “O marxismo dará saúde aos doentes” (1954).

 

 

Até 21 de novembro.

Diálogos, mostra de artistas representados

08/ago

Com o objetivo de mostrar ao público as produções mais recentes de seus principais artistas representados, Filipe Masini, à frente da Galeria Athena Contemporânea, Copacabana, Shopping Cassino Atlântico, Rio de janeiro, RJ, abre, dia 12 de agosto, a exposição “Diálogos”. A coletiva apresenta 12 trabalhos de artistas que vem chamando a atenção no cenário da arte contemporânea como o irreverente Alexandre Mury e suas produções, Yuri Firmeza, Joana Cesar e seu dialeto, Eduardo Masini, André Griffo e o artista urbano Zezão, um dos expoentes da urban art brasileira, distribuídos nas técnicas de fotografia, pintura, escultura e instalação.

 

 

De 12 de agosto a 05 de setembro.

Kyriakakis/Michalany na Raquel Arnaud

28/jul

A Galeria Raquel Arnaud, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta simultaneamente as exposições individuais de Geórgia Kyriakakis e Cassio Michalany. “Tectônicas” é o título da exposição que Geórgia Kyriakakis realiza no primeiro piso da Galeria Raquel Arnaud. As seis séries de trabalhos que compõem a mostra são resultado de uma recente viagem da artista à Patagônia, cujas paisagens e condições climáticas serviram como fio condutor para a produção das obras reunidas. São fotografias, esculturas, desenhos e instalações que revelam a recorrente influência das questões geográficas na obra de Kyriakakis, das quais ela se apropria para evidenciar frágeis relações de equilíbrio, instabilidade e transitoriedade em seu trabalho e no mundo.

 

Segundo Paula Braga, que assina o texto da exposição, Geórgia Kyriakakis escolheu como tema de investigação um fenômeno básico e regulador de todos os ciclos do que é criação artística ou natural: as forças de desequilíbrio e equilíbrio. “A exposição Tectônicas é um tratado sobre forças invisíveis: a força criadora, a gravitacional, e acima de tudo forças vitais de resistência”, completa.

 

Entre os trabalhos, a série “Equador” evidencia os elementos geográficos, além de trazer a noção de força que tanto interessa à artista. Como explica Braga, “valendo-se de elementos gráficos de representação da superfície da Terra – mapas, legendas, pontos, palavras – este trabalho cartografa o equilíbrio”. Nesta obra é preciso distribuir o peso dos imãs na superfície de placas de ferro para magneticamente manter a linha do Equador na posição que tradicionalmente a conhecemos, passando por três cidades do planeta: Macapá no Brasil, Macowa no Congo e Pontianak na Indonésia.

 

Na série “Vidros”, duas placas de vidro são presas na parede por furos localizados no meio delas, de modo que sua posição final se dá pelo equilíbrio das mesmas após girarem naturalmente no ponto fixo. Após essa etapa, a artista aplica sobre os vidros tortos fotografia com paisagens da Patagônia, tomando o cuidado de manter a linha do horizonte paralela ao chão. “Nesta obra está a síntese da relação conflituosa entre desmoronamento e equilíbrio:  aprumar-se requer adaptação ao ângulo de inclinação do plano de apoio, e exige uma certa movimentação tectônica, invisível, interna, tanto na arte quanto na natureza e portanto na vida”, explica Braga.

 

Ao mesmo tempo  em que a obra de Geórgia Kyriakakis parece sentir atração pelo risco, pelo desequilíbrio, sempre oferece uma possibilidade de estabilidade. “A obra constitui-se no processo de conciliar a atração pelo caos do desmoronamento com a satisfação da necessidade de sentir que tudo está no eixo”.

 

 

Sobre a artista

 

Geórgia Kyriakakis, nasceu em Ilhéus, BA, 1961. Vive e trabalha em São Paulo. Geórgia é formada em Artes Plásticas pela FAAP, mestre e doutora em Artes pela USP. Leciona desde 1997 na Faculdade de Artes Plásticas da FAAP e no Centro Universitário Belas Artes, onde também atua na pós-graduação. Dentre as exposições, vale mencionar “Espelhos e Sombras”, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro (1994 e 1995 respectivamente); a 23ª Bienal Internacional de São Paulo (1996); as exposições “Beelden uit Brazilie”, no Stedelijk Museum de Schiedam, e “De Huit Van Witte Dame” (ambas na Holanda, 1996); a terceira edição do projeto “Arte/Cidade” (São Paulo, 1997); a exposição “Caminhos do Contemporâneo”, no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2001); e as mostras “São Paulo – 450 Anos – Paris”, no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo), e “Heterodoxia”, na Galeria Artco (Lima, Peru), ambas em 2004. Em 2008, participou da mostra “Parangolé – Fragmentos desde los 90”, no Museo Pateo Herreriano, em Valladolid, na Espanha. No mesmo ano, a editora espanhola Dardo/DS lançou, em parceria com a Galeria Raquel Arnaud, uma monografia trilíngue sobre seu trabalho. Em 2009 realizou a individual “Outros Continentes” na Galeria Raquel Arnaud, que a representa desde 2001.

 

 

 

Pintura/Objeto de Cassio Michalany

 

Um dos pintores mais reverenciados de sua geração, Cassio Michalany apresenta no segundo piso da galeria a sua mais recente produção. Famoso por suas pinturas em superfícies planas, o artista concebeu para a mostra “Pintura/Objeto” 15 trabalhos inéditos que exploram a tridimensionalidade. Segundo Cauê Alves, que assina o texto da exposição, não se trata de ruptura em seu percurso, mas de um processo de maturação que reencontra na caixa a possibilidade de reorganizar o espaço tridimensional a partir de cores, luzes e formas.

 

O interesse pela variação entre cores e o estudo do espaço permanecem presentes. Cassio Michalany continua a trabalhar a justaposição e o diálogo de planos coloridos homogêneos, principais marcas de sua obra. As caixas, na sua maioria em pequenas dimensões, foram manufaturadas pelo próprio artista em seu ateliê utilizando pedaços retangulares de madeiras com tamanhos diferentes, sendo cada parte pintada com uma única cor. Para Cauê Alves, o que sobressai no todo são as formas coloridas e a relação harmônica que elas estabelecem entre si a partir de uma proporção sensível. “Mesmo quando há certo desequilíbrio, em que a composição pende mais para um lado ou outro, o conjunto possui uma espécie de circularidade que se fecha e se completa com a permutação das formas na caixa”. Mas o crítico ressalta não ser uma lei matemática que regula o trabalho e sim um espaço gerado pelas relações entre cores e formas.

 

Sobre o uso das cores, Michalany continua a trabalhar uma paleta restrita formada por tons sóbrios. Em “Pintura/objeto” as cores não se repetem numa mesma obra ou mesmo posição do objeto, o que, segundo Cauê Alves, “dá um aspecto mais dispersivo ao todo, cada tom apontando numa direção”.

 

 

Sobre o artista

 

Cássio Michalany, nasceu em São Paulo, 1949, vive e trabalha na capital paulista. Arquiteto da FAU-USP de formação, o artista há quarenta anos se dedica à pintura. O interesse pela arte começou na década de 60, quando foi aluno de Luiz Paulo Baravelli e Frederico Nasser, passando, de 1969 a 1985, à condição de professor de desenho no Curso Universitário, na Faculdade Farias Brito, no Iadê e no MAM/SP. Desde 1980, passa a pintar quadros feitos com telas justapostas. Entre suas principais exposições, destaque para a participação na XIX Bienal Internacional de São Paulo (1987); O que faz você, geração 60? No MAC-USP (1991); Bienal Brasil do século XX, (1994); 20 artistas/20 anos, no CCSP (2002); Cassio Michalany, no Instituto Tomie Ohtake, (2003); Pintura sobre parede, Centro Universitário Maria Antônia, (2004) e Pinturas – Permutações de cor, na Estação Pinacoteca, (2010).

 

 

Exposição: Geórgia Kyriakakis – Tectonicas

 

Até 29 de agosto.

 

 

Exposição: Cássio Michalany – Pintura/objeto

 

Até 20 de setembro.

Mira Schendel – Retrospectiva

A Pinacoteca do Estado de São Paulo, Praça da Luz, São Paulo, SP, instituição da Secretaria de Estado da Cultura, apresenta a exposição retrospectiva da artista suíça, naturalizada brasileira, Mira Schendel que ao lado de seus contemporâneos Lygia Clark e Helio Oiticica, reinventou a linguagem do Modernismo Europeu no Brasil. Com patrocínio do banco Credit Suisse, a mostra é organizada pela Pinacoteca de São Paulo e a Tate Modern, Londres, em associação com a Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea, Porto.

 
Com curadoria de Tanya Barson da Tate Modern e Taisa Palhares da Pinacoteca, a exposição já foi apresentada na Tate onde foi um grande sucesso de público, depois foi para a Fundação de Serralves, Porto, Portugal, e agora completa a última parte da itinerância na Pinacoteca. Mais uma vez, o público brasileiro será privilegiado. Além das obras expostas nas mostras anteriores, no Brasil serão incluídas maior número de trabalhos das séries “Bordados” e “Naturezas-mortas” (década de 1960) e “Mandalas” (década de 1970), bem como a série “Papéis Japoneses” (década de 1980) e um conjunto significativo de trabalhos do acervo do Museu de Arte Contemporânea da USP, que foram doados pelo crítico de arte e amigo da artista, o colecionador Theon Spanudis.

 

Apresentada em ordem cronológica a exposição, que ocupa o primeiro e segundo andar do museu, reúne cerca de 300 obras, entre pinturas, desenhos, esculturas e instalações, todas realizadas entre os anos 1950 e 1987, incluindo a última série produzida em vida pela artista, as pinturas conhecidas como “Sarrafos”. O grande destaque da mostra fica por conta da produção de obras em papel de arroz dos anos 1960: a série “Monotipias”, “Trenzinho”, “Droguinhas”, todas de 1965; a sala de “Objetos gráficos”, 1967, os “Cadernos”, 1970, as instalações “Ondas Paradas de Probabilidade”, 1969, e “Variantes 1977″; além da série “O retorno de Aquiles”, 1964, em que pela primeira vez Mira Schendel utiliza o texto como elemento visual da composição. “Esta é a primeira grande mostra da Mira Schendel desde 1996. De lá para cá, a artista tornou-se muito mais reconhecida no contexto internacional, o que se reflete na exposição pelo grande número de obras de coleções e museus internacionais como o Museum of Modern Art – NY, o Houston Museum, a Tate Modern – Londres entre outros. Neste sentido, é uma oportunidade única para o público brasileiro apreciar essas obras que dificilmente serão expostas novamente no Brasil tão cedo.” Afirma Taisa Palhares.

 

A exposição é acompanhada por um catálogo ilustrado, editado pela Pinacoteca de São Paulo e a Tate Publishing. Com textos inéditos de Tanya Barson, Taisa Palhares, Cauê Alves, Isobel Whitelegg, John Rajchman e Lisette Lagnado, o catálogo é uma versão ampliada da edição inglesa.

 

 

 

Até 19 de outubro.

osgemeos no Galpão Fortes Vilaça

30/jun

Chama-se ” A ópera da lua”, a nova exibiçaõ individual da dupla OSGEMEOS no Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP. A exposição reúne cerca de trinta pinturas, três esculturas e uma vídeo-instalação 3D. Em sua maioria inéditas, as obras são apresentadas em um ambiente imersivo, no qual o universo narrativo dos artistas ganha nova dimensão.

 

A trajetória artística d’OSGEMEOS abarca uma multiplicidade de técnicas e suportes que convivem simultânea ou alternadamente: do desenho para o grafitti e os murais, da pintura para as imagens cinéticas, esculturas e instalações. Sua obra tem uma natureza fantástica, um caleidoscópio onde imagens de origens diversas, com elementos surreais, se sobrepõem e se rebatem em uma paleta multicolorida.

 

O estilo da dupla, imediatamente reconhecível, caracteriza-se por seus personagens singulares, que habitam um mundo onírico em contraponto com a cidade que lhes serve de suporte e estímulo. Em narrativas que podem ser poéticas, irônicas ou críticas os artistas trabalham com muitos detalhes em uma minuciosa construção das imagens.

 
Os excessos são elemento fundamental na transcendência do real para o imaginário. Nesse aspecto a obra d’OSGEMEOS se relaciona com outros artistas como Yayoi Kusama, por seu uso obsessivo de padronagens, e Takashi Murakami pela ênfase no detalhamento dos personagens. As suas esculturas cinéticas, tão repletas de detalhes quanto as pinturas, remetem aos experimentos de Tinguely e suas máquinas non-sense. Seus grandes painéis e murais ecoam os muralistas mexicanos com suas cores vibrantes e personagens da cultura popular.

 

O desenvolvimento do trabalho d’OSGEMEOS para museus e galerias permitiu a incorporação da luz, som e movimento nas obras, como visto em sua primeira individual em São Paulo, realizada em 2006 na Galeria Fortes Vilaça. Em A ópera da lua, os artistas dão enfoque especial às esculturas, levando a experiência da pintura para o tridimensional. Portas e janelas conectam as obras construindo um grande ambiente imersivo. As pinturas tomam formas e dimensões inesperadas, exploram novos contextos para os personagens, novas histórias, texturas e padrões em profusão.

 

 
Sobre os artistas

 

A dupla OSGEMEOS é formada pelos irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, nascidos em 1974 em São Paulo, onde vivem e trabalham. Já participaram de diversas exposições importantes dentre as quais se pode destacar: ICA – The Institute of Contemporary Art, Boston, USA (2012); Fermata, Museu Vale, Espírito Santo, Brasil (2011); Museu Colecção Berardo, Lisboa, Portugal (2010); When Lives Become Form: Creative Power from Brazil, Hiroshima City Museum of Contemporary Art, Hiroshima, Japan (2009); Vertigem, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro; Vertigem, Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Brasil (2008). Entre projetos especiais destacam-se: Wholetrain, São Luís do Maranhão, Brasil (2012) e Street Art, Tate Modern, London, UK (2008). Suas obras estão presentes em grandes coleções como: Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil; Museum of Contemporary Art, Tokyo Art Museum, Tokyo, Japan; The Franks-Suss Collection, London, UK, entre outras.

 

 

Até 16 de agosto.

Adriana Varejão em nova série

12/abr

Há cinco anos sem realizar uma exposição com apenas trabalho inéditos, Adriana Varejão apresenta a recém-criada série “Polvo” no Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP. O “Polvo” é fruto de uma pesquisa de forte caráter conceitual, desenvolvida ao longo de 15 anos, sobre a representação das cores de pele dos brasileiros e a ambivalência das definições de raça no país.

 

O ponto de partida foi o resultado da pesquisa do IBGE de 1976, que deixou em aberto a pergunta Qual é a sua cor?. O resultado foram 136 diferentes termos, alguns inusitados e muitos deles, figurativos, em contraponto aos cinco grupos estabelecidos: branco, preto, vermelho, amarelo e pardo. Adriana escolheu os 33 mais exóticos, poéticos e significativos e, a partir deles, criou as suas próprias tintas a óleo baseadas em tons de pele. Assim, surgiram as cores Fogoió?, Enxofrada, Café com leite, Branquinha, Burro quando foge, Cor firme, Morenão, Encerada e Queimada de sol, entre outras.

 

O resultado deste processo é um objeto de arte: uma caixa com 33 tubos de tinta (com tiragem de 200 exemplares), além da série de pinturas elaboradas a partir destas tintas, que criam um imenso painel. As telas são retratos de Adriana, executadas por outros pintores retratistas, com intervenções da artista. A cor da pele é neutra, acinzentada, com pinceladas geométricas e de inspiração indígena, realizadas com os tons das tintas Polvo. Acompanhando os retratos, pinturas circulares abstratas trazem a escala destas mesmas tintas. E todo o conjunto mantém a estreita relação com seus trabalhos anteriores, sempre lidando com questões como a miscigenação, o colonialismo e a cor da pele.

 

No dia 24 de abril, ela abre outra mostra “Polvo”, na Lehmann Maupin Gallery, em Nova York, com 12 retratos.

 

Panorâmica: Pela primeira vez, a artista ganhará uma panorâmica numa grande instituição pública americana. A mostra, ainda sem titulação, será aberta no dia 18 de novembro no Institute of Contemporary Art, em Boston.

 

 

Até 17 de maio.

Arte Chinesa

11/abr

Inaugura na Oca, Parque Ibirapuera, São Paulo, SP, a exposição “ChinaArteBrasil”. A mostra apresenta mais de 110 obras distribuídas entre pinturas, esculturas, instalações, fotografias, vídeos, site specifics, todas inéditas em São Paulo, criações de 62 artistas chineses contemporâneos. “ChinaArteBrasil” propõe intensificar o diálogo cultural entre Brasil e China. Assim, duas curadoras, historiadoras de arte, foram convidadas para selecionar o acervo da mostra: a brasileira residente em Berlim Tereza de Arruda e a chinesa Ma Lin, que vive e trabalha em Shangai.

 

Tereza reuniu obras de artistas pertencentes à primeira geração dos grandes expoentes que demarcaram o cenário chinês e internacional a partir da década de 1990. São eles: Ai Weiwei, Cao Fei, Chen Qiulin, Cui Xiuwen, Feng Zhengjie, He Sen, Huang Yan, Jin Jiangbo, Li Dafang, Li Wei, Liu Jin, Lu Song, Luo Brothers, Ma Liuming, Miao Xiaochun, Rong Rong & Inri, Shi Xinning, Wang Chengyun, Wang Qingsong, Wang Shugang, Weng Fen, Xiao Ping, Xiong Yu, Xu Ruotao, Yang Fudong, Yang Qian, Yang Shaobin, Yin Xiuzhen, Yu Hong, Yuan Gong, Zhang Hui e Zhou Tiehai.

 

Em “A Arte Chinesa Intervém na Sociedade”, o foco são as conversas sobre como os artistas apresentam os problemas sociais e como rompem os limites da arte.

No segmento “História, Memória e Futuro”?, Ma Lin mostra artistas que, por meio de diferentes temas e suportes, exploram diferentes problemas que as pessoas alguma vez já imaginaram ou negligenciaram. A terceira e última parte, “Imagem e Forma”, discute o desenvolvimento da pintura no pós-modernismo, que destaca o relacionamento entre imagem e forma.

 

 

Até 18 de maio.

Gabriela Machado em Ribeirão Preto

25/mar

A Galeria Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Um olhar viajante” da artista Gabriela Machado. Em sua primeira individual na galeria, Gabriela Machado exibe uma seleção recente de desenhos, pinturas e esculturas. Os desenhos e pinturas se apresentam quase sempre em grandes formatos, ocupando o espaço com cores cítricas. A tinta aguada cria uma fluidez aos trabalhos, que tem origem através de uma poética que se cria pelo pensar e fazer concomitantes, fazendo dela não um reflexo da natureza, mas sim uma reflexão do que nela está embutido. Já as esculturas aparecem como um desdobramento deste pensamento poético, elas saem das pinturas e retornam a elas, com o desafio de fazer uma construção através de um material que não é fluido, que necessita de força bruta, que não surge do imediatismo, onde é necessária a percepção da necessidade do tempo, passando pela percepção de como estar no mundo, de como se inserir no espaço.

 

 

 

Sobre a artista

 

Gabriela Machado nasceu em 1960 em Santa Catarina, atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. Dentre as diversas exposições em que participou, destacam-se as recentes: “Cadência”, Paço Imperial, Rio de Janeiro – Brasil, 2012; “Os jardins de Lisboa em Gabriela Machado”, Carpe Diem Arte e Pesquisa, Lisboa – Portugal, 2011; “Doida disciplina”, Caixa Cultural Rio de Janeiro e São Paulo – Brasil, 2009.

 

Gabriela Machado – Um “Olhar Viajante”, Criando Sempre

 

 

Texto de Jorge Emanuel Espinho

 

Tantas e tantas vezes verificamos – num qualquer percurso artístico de que somos testemunhas -, a coerência e o recorte formal característicos desse criador funcionarem como pragmáticas e invioláveis prisões, que por fim encerram e limitam a própria liberdade criativa do artista. Sua pretensa liberdade fica assim reduzida e rebaixada apenas a uma teórica possibilidade nunca exercida. Se naturalmente esperamos e aplaudimos uma prática livre e inclusiva como parte fundamental da ação do artista, é com frustração e pesar que vemos se vulgarizar um encerramento da sua criatividade bem dentro da própria obra, assim feita percurso a respeitar e prosseguir, assim feita limitação e fronteira, encerramento e repetição. Muitas e demasiadas vezes, o próprio caminhar do artista se faz numa paisagem imutável e esterilizada, em derrapagem de infinito desdobramento dos seus temas e pressupostos, métodos e meios; sem que assim se veja avanço ou diferença, inovação ou aventura…

 

Questões como as lógicas do mercado ou o reconhecimento são muitas vezes apontadas como responsáveis por essa repetitiva continuidade. Aqui preferimos enaltecer e sublinhar a coragem voluntariosa face ao risco da mudança – que presenciamos fortemente nesta exposição -, e a lúcida autocrítica, como alvos a perseguir e alcançar. Uma positiva ambição criativa da artista promove, nesta mostra, novos experimentos, fazeres e avanços.  Será essa, julgamos, a mais elevada razão e motivação do ser criativo.

 

O trabalho de Gabriela Machado vem do desenho e da pintura – e de uma pintura em que o traço é desenhado, livre, expressivo e grosso, tantas vezes fluido e aquoso -, na manifestação solta de uma energia vital que parece querer ser, desde sempre, o grande sujeito escondido, o grande alvo principal, do trabalho da artista. Reconhecida pelas suas grandes pinturas de flores que sempre recusaram ser apenas isso – e que antes se reconfiguram num aquático escorrimento sensual de côr e de encontro, como exemplos momentâneos e poéticos da força delicada e firme que as habita, suspensas em branco vazio -, a artista apresenta nesta mostra individual o lugar múltiplo em que agora se encontra. Ou melhor, que para si criou e permitiu, generosa e disponível, experimentando e abrindo para si própria – e para nós com ela -, o seu mais novo, desse seu agora.

 

Poderíamos, na nossa imparável ânsia de nomear, chamar a esse lugar de Cruzamento, pois nele muito se encontra e cruza, e dele muito em futuro já se descobre. Ou Farol, suspeitando e vislumbrando também já outras paisagens, ainda mais longe, a iluminar criando. Ou talvez Sentido, já que o suave tacto da mão que mexe o barro, traz outro sentir/saber nesse fazer, que é um olhar novo a experimentar: avançando, tacteando, sempre em improviso. Sublinhe-se desde já, que quer seja nas pequenas esculturas ou nas maiores – mais recentes, das quais encontramos um exemplar produzido na própria galeria para esta mostra -, a artista manipula diretamente agora, sem tela mediando, a tal força vital que bailava ébria em suas pinturas. Com simultânea intimidade curiosa e descoberta, familiaridade e novo encontro, aprofundamento e maior leveza.

 

Parece acontecer aqui, e no percurso já longo da artista, uma gradual aproximação ao âmago do acontecimento, seu centro físico, sua origem. Pois se o seu trabalho revelava o resultado pictórico de eventos e manifestações registrados no seu olhar o mundo; agora surge um fazer mais delicado e artesanal, noutro sensível; resultado do encontro com esse mesmo centro. Este centro é, ou torna-se aqui, e claramente reunidos: dispersão e fonte, intenção e forma, corpo e função, lazer e essência. Apetece dizer que, ao contrário de se deixar levar por percursos e passeios lógicos e inócuos pela própria obra, a artista recua em profundidade, avançando: aproximando-se e dando o íntimo corpo que é seu, a esse manancial etéreo de cuja natureza nos foi, ao longo dos anos, sussurrando e discorrendo.

 

Podemos afirmar que se aqui arriscamos essa difusa fonte enquanto origem de sua obra, com maior firmeza dizemos que para onde esta vai e seguirá será mistério a ser desvendado com incerteza e parcimonia. E talvez seja esta a grande qualidade processual a que assistimos nesta mostra: o raro momento de intersecção e cruzamento entre um passado de leitura do real, e o futuro da sua nova escrita que aqui a artista esboça.

 

Onde antes se descrevia inventando, agora se cria a construir; onde se cantavam qualidades agora se afirma a realidade, sempre em seu forte potencial infinito. Por fim, o eterno bailado hipnótico da cor e forma, deu lugar ao sumário espesso do que tudo cria: barro, mão, órgão.

 

Para nós que agora olhamos, mais de longe a querer ver, esta é a fundamental lição de (des)educar o olhar. Talvez para um dia, depois, melhor o (re)criar. Nas palavras de Gabriela Machado, é esse “Olhar Viajante” que aqui se nos apresenta. Orgânico, mais solto, mais fundo e transformado, agora talvez, em Criando Sempre.

 

 

Até 18 de abril.