Prêmio Marcantônio Vilaça

13/jun

 

Edição especial do “Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas” celebra os dez anos do projeto com a inauguração de duas mostras comemorativas no dia 29 de maio no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. Na noite de abertura das exposições, “Inventário da paixão e Cor, luz e movimento”, também será dada a largada da 5ª edição do prêmio com a divulgação do novo regulamento para os próximos anos.

 

Entre as inovações que serão apresentadas pelo atual curador e coordenador geral, Marcus de Lontra Costa, está o aumento do valor da bolsa de pesquisa conferida a cada um dos cinco artistas vencedores, que passa de R$ 30 mil para R$ 40 mil; e a ampliação do sistema de premiação, se torna mais plural com a inclusão de curadorias regionais no júri de seleção e uma exposição com trabalhos com os 30 artistas pré-selecionados.

 

Além dessas novidades, uma inédita premiação para curadores emergentes passa a integrar o Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça, que se constitui uma das maiores ações de apoio do setor privado à arte brasileira. O novo formato propõe ainda ênfase especial aos processos pedagógicos que possibilitem a qualificação de trabalhadores, professores e estudantes por meio de ações que unam criatividade artística e pesquisa tecnológica.

 

O diretor de Operações do Serviço Social da Indústria (SESI), Marcos Tadeu de Siqueira, destacou a importância do Prêmio. “O investimento em artes contribui para uma interação entre as atividades culturais e o desenvolvimento econômico. Nenhum país pode se considerar desenvolvido, se não tiver um olhar para questões que envolvam cultura, educação e qualidade de vida do trabalhador”, disse.

 

 

Inventário da Paixão

 

As duas mostras comemorativas dessa edição especial reavivam as intenções que motivaram a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o SESI e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), a criarem o prêmio, em 2004. A panorâmica Inventário da paixão é uma homenagem ao galerista Marcantonio Vilaça, patrono do prêmio, que reúne 66 obras de 36 artistas surgidos a partir dos anos 80 e que tiveram mais projeção em suas trajetórias profissionais depois do trabalho em parceria com Marcantonio. Beatriz Milhazes, Adriana Varejão, Angelo Venosa, Luiz Zerbini e Cildo Meireles são alguns desses expoentes aliados a um expressivo núcleo de artistas internacionais, cujos trabalhos passaram a ser mais conhecidos no Brasil devido à ação de intercâmbio artístico realizada pelo galerista (veja lista completa abaixo). “A impactante presença dessas obras juntas em um mesmo espaço físico, com sua variedade de linguagens e propostas estéticas constitui um vibrante painel da arte no Brasil e no mundo e refletem a personalidade exuberante e inquieta daquele que empresta o seu nome à nossa iniciativa”, comenta Lontra.

 

 

Arte Indústria

 

As relações entre processos de criação artística e produção industrial são acentuadas no recém criado projeto Arte Indústria que acompanhará todas as edições do prêmio.  A série se inicia com a coletiva Cor, luz e movimento em homenagem a Abraham Palatnik. A partir de trabalhos deste pioneiro da arte cinética, diversos artistas estabelecem pontos de contato com o conjunto de sua obra. A mostra apresenta uma sala especial com oito trabalhos de Palatnik e 38 obras de 14 artistas que se relacionam com sua poética. Entre eles Ana Linnemann, Eduardo Coimbra, Deneir e Emygdio de Barros. (Veja a lista completa abaixo). Para o idealizador da exposição, o projeto parte do pressuposto de que o aspecto definidor da arte do século 20 está na instigante relação entre o artista e a máquina.

 

 

Novo Regulamento

 

A partir de sua quinta edição, o “Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça” renova formato e regulamento de modo a se aproximar cada vez mais da investigação artística contemporânea, compreendida como ação fundamental para o desenvolvimento do conhecimento humano e da pesquisa tecnológica.  A iniciativa do Sistema Indústria criada em 2004, ao longo desse tempo, realizou quatro edições consecutivas. Recebeu 2532 propostas e premiou 20 artistas, que atuam em diferentes pontos do país, com bolsas de trabalho e acompanhamento dos projetos por curadores designados. Ao conceber as duas mostras da edição especial, os novos curadores revigoram a proposta do “Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça” no cenário artístico brasileiro e afirmam sua presença como uma referência entre as principais premiações nacionais no gênero.

 

 

Quem foi Marcantônio Vilaça

 

Marcantonio Vilaça, falecido precocemente em 2000 aos 37 anos de idade, tem sua trajetória cultural iniciada em Recife, PE. Influenciado pelos pais, conheceu a arte popular da região e fez visitas rotineiras a museus, igrejas e conventos de todo o Nordeste. Aos 15 anos, adquiriu sua primeira obra de arte, uma gravura de Samico. No início dos anos 80, Marcantônio e a irmã Taciana Cecília abriram sua primeira galeria de arte, a Pasárgada, na Praia de Boa Viagem, em Recife. Em 1991, instalou-se em São Paulo e inaugurou a Galeria Camargo Vilaça, junto com a sócia Karla Camargo. Aos 35 anos, possuía cerca de 500 obras dos mais representativos artistas contemporâneos brasileiros. Em sua trajetória como marchand, ajudou a projetar novos talentos no mercado brasileiro e internacional e doou diversas obras de sua coleção particular para diversos museus, tanto instituições nacionais quanto internacionais.

 

 

Artistas participantes da exposição:

 

Adriana Varejão | Angelo Venosa | Beatriz Milhazes | Barrão (Plano B) | Cildo Meireles | Daniel Senise | Efrain Almeida | Ernesto Neto | Francis Allys | Gilvan Samico | Helio Oiticica | Hildebrando de Castro | Iran do Espírito Santo | Jac Leirner   | José Damasceno | José Resende | Leda Catunda | José Leonilson | Lia Menna Barreto | Luiz Zerbini | Lygia Pape | Maurício Ruiz | Mauro Piva | Nuno Ramos | Rivane Neuschwander | Rosangela Rennó | Valeska Soares | Vik Muniz | Anselm Kiefer (Alemanha) | Cindy Sherman (Estados Unidos) | Guillermo Kuitca (Argentina) | Julião Sarmento (Portugal) | Mona Hatoum (Líbano) | Antonio Hernández-Diez (Venezuela) | Pedro Croft (Portugal) | Pedro Cabrita Reis (Portugal)

 

FICHA TÉCNICA:

 

Coordenação Geral: Claudia Ramalho;

Curador: Marcus de Lontra Costa;

Curadora Adjunta: Daniela Name;

Produção: Maria Clara Rodrigues – Imago Escritório De Arte;

Produção Executiva: Andreia Alves | Marcia Lontra;

Expografia: Marcio Gobbi;

Identidade Visual: New 360;

Projeto Técnico Interativo: 32bits Criações Digitais;

Iluminação: Antonio Mendel;

Projeto Educativo: Rômulo Sales Arte Educação

 

 

De 30 de maio a 13 de julho.

Livro de Jorge Zalszupin

10/jun

Jorge Zalszupin foi um designer visionário, formado em arquitetura na Romênia. Sua obra até então carecia de um estudo digno de suas ideias vanguardistas, mas a autora Maria Cecilia Loschiavo nos brinda com esta edição minuciosa de toda a obra de um dos ícones do design brasileiro. Zaslzupin liderou uma iniciativa ímpar; coordenou uma equipe de designers que trabalhavam para quatro distintas fábricas de um mesmo grupo empresarial, o grupo Forsa. Esta é uma experiência rara e talvez única no mundo. A autora nos traz as origens de grandes clássicos, como a poltrona Dinamarquesa, a Paulistano entre outros móveis, que hoje são reeditados pela marcenaria Etel Carmona. Este livro é uma obra indispensável a todos os estudantes e amantes do design de móveis brasileiros.

 

Fonte: Livraria Cultura

Di Cavalcanti no Espírito Santo

16/mai

O Palácio Anchieta, Centro de Vitória, ES, exibe a exposição “Di Cavalcanti De Flores e Amores”, uma panorâmica da obra do artista modernista brasileiro Di Cavalcanti. Ao todo, 20 obras vão ficar expostas no Salão Afonso Brás no centro da capital. A mostra que chega ao Espírito Santo vai ser exibida pela primeira vez no estado e pela segunda vez ao público. Antes, as obras só foram apresentadas no centenário de nascimento do artista, em 1997. As obras fazem parte do acervo de diversos colecionadores e museus brasileiros. A curadoria traz a assinatura de Denise Mattar, seguida de consultoria da filha do artista, Elisabeth Di Cavalcanti. Na exposição, também vão ser apresentadas fotos, vídeos e documentos que retratam a vida do consagrado pintor.

 

Emiliano Di Cavalcanti foi um dos maiores pintores da arte brasileira, além de desenhista, caricaturista e jornalista. Para Elisabeth Di Cavalcanti,  “..meu pai era um desenhista excepcional”, disse Elisabeth Di Cavalcanti. A exposição traz um pequeno recorte da sua extensa e variada obra. De acordo com a curadora, Denise Mattar, a mostra é de caráter temático. “Fizemos esse recorte, de flores e amores, mas, de qualquer forma, a exposição tem uma organização um pouco cronológica. Temos obras desde 1915 até 1974. O recorte faz uma visão do conjunto de sua obra”.  “A mostra enfoca a parte lírica das flores, como complemento da figura feminina”, disse a filha Elisabeth. A conclusão de Denise Mattar é que Di Cavalcanti “..é o maior artista modernista do Brasil.“Ele acompanhou a história da arte brasileira, foi o artista modernista que pintou por mais tempo. Ele deixou a obra mais consistente da arte moderna, realmente mostrava o povo brasileiro de uma forma maravilhosa.”

 

 

Sobre o artista

 

Um dos mais importantes e conhecidos artistas modernistas do Brasil, igualmente pintor, desenhista, caricaturista, ilustrador, escritor e jornalista. Di Cavalcanti afirmava que suas pinturas eram um reflexo do que via, mas filtrado e reordenado por sua imaginação. O artista captava a essência das flores de acordo com sua personalidade, por meio de suas obras.

 

 

De 16 de maio a 20 de julho.

Arte em extensão

08/abr

Com 4 metros de altura e 100 de extensão, criação única de Fabian Marcaccio espalha-se por espaços variados da Casa Daros, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ. A grande arte. Único trabalho a ser exibido na mostra de mesmo nome, Casa Daros, “Paintant Stories”, do argentino radicado em Nova York, Fabian Marcaccio, explora sem acanhamento o conceito de arte monumental. Trata-se de um obra de técnica mista sobre tela, com presença marcante de tinta a óleo, 4 metros de altura e nada menos do que 100 metros de extensão. Apresentado pela primeira vez no continente americano, o trabalho criado em 2000 (cujo nome, em tradução livre, seria algo como “histórias pintantes”) vai percorrer sinuosamente os espaços expositivos do 1º andar. Em certo ponto, atravessa uma janela e cruza, suspenso, o pátio interno (por um trecho de 14 metros), antes de seguir seu caminho entrando do outro lado do centro cultural. Além de impressionar quando admirada a distância, a criação de fôlego exibe grande riqueza de detalhes a quem a observa mais de perto.

 

 

Até 10 de agosto.
Fonte: VEJA-RIO, texto Rafael Teixeira.

ONLY YOU POR LEONARDO KOSSOY

19/fev

Dramas e mitos, oposições e fronteiras, corpos e gestos compõem a exposição “OnlyYou”, do fotógrafo Leonardo Kossoy, no Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, com curadoria de Fernando Azevedo. Formada por 145 imagens, divididas em 16 ensaios realizados em estúdio com dois atores (Gilda Nomacce e Germano Melo), “OnlyYou” articula fotos, instalações e vídeos. “Não quero falar da relação entre homem e mulher, mas da questão binária do pensamento. Na mente, existe um modelo binário. Você só consegue pensar em algumas coisas se imaginar o oposto”, afirma Kossoy, cujas “imagens idealizadas” investigam os limites da linguagem fotográfica, expandida por conceitos da literatura, das artes visuais e da psicanálise.

 

 

O curador Fernando Azevedo avalia que “Only You” nos questiona sobre todos aqueles momentos em que nos encontramos duplamente a sós nos rituais da vida a dois. “O trabalho não tem respostas, não diz que sim nem que não, somente examina, multiplamente, fragmentariamente, em todas as direções”.

 

 

Para Leonardo Kossoy, o objeto fotografado preexiste em nossos desejos. “Você fotografa o que deseja, só vê e se dá ao trabalho de enquadrar se for a imagem do seu desejo”, defende o artista, que se impregna de imagens antigas do inconsciente. Nos quadros dos pintores Caravaggio e Francis Bacon, encontrou modelos de perspectivas, de enquadramentos e de iluminação. Dessas investigações surgiu a opção por cubos e pelo fundo preto – uma “câmara obscura”. No centro de seus interesses, as diversas formas de imagem, num estudo que se estende da pintura ao cinema.

 

 

Realizada entre 2011 e 2013, a série fotográfica “OnlyYou” é seu primeiro trabalho em estúdio, com modelos nus (encaixotados ou em situações dramatizadas). “Eu procurava drama. Para realizar os ensaios eu encontrei um casal de atores que resolveram a questão da expressão cênica. Tinha que ser ator. Gosto muito de ópera, de gestos extremos”, diz o fotógrafo.

 

 

“Nenhum apelo ao corpo belo. Nenhum desejo de mostrar a perfeição do corpo. Tampouco nenhum projeto acerca dos corpos abjetos”, define Ana Kiffer, professora doPrograma de Pós-Graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade do Departamento de Letras da PUC- Rio. “Também não se poderia definir a nudez como sendo um dispositivo erótico por excelência desse trabalho. Mesmo que se possa aí encontrar tal efeito. Nenhum pornô. Ou pós-pornô”.

 

 

 

Sobre o artista

 

Nos últimos anos, Leonardo Kossoy realizou as exposições “4un-common places in Brooklyn”, 2004, “Desoriente: o Eu nômade”, Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo e Rio de Janeiro – 2006/2007, “Espanhas”, Centro Cultural da Caixa do Conjunto Nacional – 2007 e a coletiva “Onde a Água Encontra a Terra”, 2009/2011 – ao lado de Fernando Azevedo e Carol Armstrong -, apresentada no Masp em São Paulo, no Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro, na Fundação Clóvis Salgado em Belo Horizonte, no Museu Oscar Niermeyer em Curitiba e na Casa das Onze Janelas em Belém. Em 2012, a convite do curador e escultor Emanoel Araujo, integrou a exposição “A sedução de Marilyn Monroe”, no Museu Afro Brasil, SP. Com “OnlyYou”, Instituto Tomie Ohtake, apresenta suas novas investigações mentais e estéticas, nas quais “o nu é uma paráfrase da verdade”.

 

 

Sobre o curador

 

 

Fernando Azevedo é fotógrafo e curador independente. Nascido no Rio de Janeiro, ele está baseado no Brooklyn, em Nova York, onde mantém o A/STUDIO. Tem mestrado em artes pelo Pratt Institute, NY, e mestrado em História da Arte pelo Graduate Center da City University de Nova York. Seu trabalho como curador e fotógrafo foi exibido, entre outros lugares, no Museo Reina Sofia, em Madrid; MASP; Pinacoteca de São Paulo; Centro Cultural Banco do Brasil, Rio e São Paulo; Museu Oscar Niemeyer, Curitiba; e Casa das Onze Janelas, Belém. Atualmente escreve sua tese de doutorado sobre literatura, fotografia e artes em relação ao movimento “Ocuppy Wall Street” no Departamento de Literatura,  Cultura e Contemporaneidade na PUC-RJ.

 

 

 

Até 06 de abril.

Curadores & Fotografias

06/dez

A galeria Bergamin, Jardins, São Paulo, SP, promoveu neste sábado, 07 de dezembro, das 12h às 14h, o “ENCONTRO COM CURADORES – O Fascínio do Colecionismo – como começar uma coleção de fotografia”, por Isabel Amado e Iatã Cannabrava.

Alexandre Orion em livro

08/nov

O livro “Espólio” apresenta o resultado da pesquisa do artista multimídia Alexandre Orion realizada ao longo dos últimos nove anos. Todas as obras publicadas utilizam de diferentes maneiras a poluição da queima de combustível como matéria-prima. O lançamento do livro aconteceu na Mercearia São Pedro, São Paulo, SP e no Rio de Janeiro, o livro encontra-se na Galeria Inox, Copacabana, Shopping Cassino Atlântico. Segundo o artista, “Espólio não é uma conclusão, é um documento que além de mostrar as obras, tem a preocupação em apresentar o processo”. Publicado em português, inglês e francês, o livro, 192 páginas, conta com textos de Yann Lorvo, do sociólogo, José de Souza Martins, da historiadora, Anna Waclawek, e do músico, Criolo, além de uma entrevista com o artista conduzida por Luiz Felipe Pondé.

 

 

Mais sobre o livro “Espólio”

 

A publicação tem início com o “Projeto Ossário” realizado por Orion, entre 2006 e 2011, através da limpeza seletiva da poluição depositada nas paredes laterais de túneis da capital paulista. Segue com imagens dos murais monumentais produzidos pelo artista em usinas termoelétricas e museus no Brasil, França, México e EstadosUnidos. E encerra com as “Polugrafias”, impressas diretamente em escapamentos de caminhões, onde o artista desenvolveu um mecanismo que, acoplado aos canos de escape, imprime imagens pela coleta direta da fuligem expelida.

A Grande Tela na Berenice Arvani

05/ago

A exposição coletiva “A Grande Tela”, com curadoria de João Pedrosa, é a nova proposta da Galeria Berenice Arvani, Cerqueira César, São Paulo, SP, na qual reúne 18 artistas  e  18 obras da “Geração 80″. Depois da arte hermética dos anos setenta, jovens artistas, como os grupos paulistanos  “Casa 7″ e “Pintura como Meio”, ou os cariocas “Grupo Lapa” e “Grandes Formatos”, retomam a pintura. A Bienal de São Paulo, edição de 1981, registra o fenômeno, a edição de 1983 reforça-o e a exposição “Onde Está Você Geração 80”, em 1984, no Parque Laje, RJ, acaba por celebrá-lo.

 

É do auge deste movimento que o curador João Pedrosa foi buscar os 18 trabalhos de 18 artistas daquela geração para realizar a exposição “A Grande Tela”, a primeira em galeria que, a partir de acervos de colecionadores e dos próprios artistas,  busca traçar um recorte deste marco da pintura contemporânea brasileira. As obras selecionadas foram concebidas na década de 80, a maioria no final do período, ainda que seus autores sejam nomes de destaque da produção atual: ÂNGELO VENOSA; DANIEL SENISE; EDGAR DE SOUZA; FÁBIO CARDOSO; FÁBIO MIGUEZ; FLORIAN RAISS; FLÁVIA RIBEIRO; GUTO LACAZ; IRAN DO ESPIRITO SANTO; JAC LEIRNER; JORGE GUINLE; JOSÉ LEONILSON; LEDA CATUNDA; MÔNICA NADOR; NUNO RAMOS; PAULO MONTEIRO; PAULO PASTA ROBERTO MÍCOLI; e SÉRGIO ROMAGNOLO.

 

Os anos 80 podem ser lembrados também como uma incipiente mudança no circuito da arte em direção ao profissionalismo. Mas nesta época ainda os contatos se davam de maneira informal entre artistas, críticos, jornalistas, admiradores e amigos. Assim, a criteriosa seleção de João Pedrosa passa também por um olhar afetivo entre os artistas e as obras que naquela época ele esteve muito próximo. “Os anos 1980/1990 não foram por mim pesquisados, deles, não tive notícia por fontes primárias, nem secundárias […] eu os vivi, nas galerias, nos museus, nos bares, nas festas, nos clubes, nos ateliês”, afirma.

 

Segundo João Pedrosa, essa exposição não foi feita para ser completa nem perfeita, pois está no espaço de uma galeria. “Mas trata-se de uma boa amostra para a atual geração de artistas, de um tempo no qual, os pais deles eram tão jovens quanto eles são hoje, quando o mundo era mais ingênuo, quando o Brasil renascia para a democracia, e quando fazer Arte, era a coisa mais importante, mais nova, excitante e audaciosa, do mundo”.

 

 

 

Até 06 de setembro.

 

 

Christian Cravo e Mario Cravo Neto

07/jun

A Galeria Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Christian Cravo e Mario Cravo Neto”. Christian Cravo exibe as séries fotográficas “Tanzânia” e “Namíbia”, executadas nos últimos anos pelo artista em viagens de pesquisa por esses países africanos. Detalhes de animais criam paralelos visuais com a paisagem em grande contraste.

 

 

Nas fotografias de Mario Cravo Neto, selecionadas para a exposição, é possível encontrar as que foram produzidas em estúdio entre os anos 80 e 2000 e também as realizadas no contexto urbano da cidade de Salvador. O caráter simbólico e mítico das imagens é associado ao interesse do artista pela ancestralidade africana presente na cultura baiana.

 

 

Em conjunto com os trabalhos é apresentada uma seleção de fotografias de Vicente Sampaio, amigo de Mario Cravo Neto e fotógrafo que acompanhou Mariozinho, como este o chamava, em expedições fotográficas pela Bahia. Além de sua produção como fotógrafo, serão exibidos registros em que Mario surge como figura central desse universo íntimo e pessoal.

 

 

OLD TIMES, por Vicente Sampaio

“What makes photography a strange invention is that its primary raw materials are light and time” / John Berger

 

A quase três anos perdemos Cravo Neto, o Mariozinho. Na época, abalado, revi nossas fotos juntos de um tempo grandioso e belo que não escapa da memória, os tais anos 70, onde éramos jovens e doidos na Bahia mágica de então, naquela fruição do momento e tesão de apreender fotograficamente toda aquela insanidade visual que víamos passar pelos nossos olhos. Tive o privilégio de conviver com Mariozinho durante bons anos e bem próximo, eramos até vizinhos de casa (o fundo de seu estúdio dava para a minha rua quase em frente de casa), trocávamos figurinhas noturnas num vai e vem incessante de um darkroom para outro. Geralmente essas sessões de revelação de filmes e cópias invariavelmente terminava num banho de mar ao sol nascente, depois íamos cada um para o seu lado, dormir ou não, Mariozinho nessa época dizia que cansaço e sono eram depressão. Dessa convivência, além de uma bela e gigantesca exposição no MAM BA em 1976 que marcou época na Bahia, ficou esse registro de fotografias espontâneas, sem nenhuma pretensão a não ser exercitar o clic até irresponsavelmente… Não vou me alongar aqui, as fotos dizem per si!
Quando ele nos deixou, senti a importância dessas fotos diante do seu desaparecimento. Então selecionei os negativos, as fotos mais significativas, as digitalizei e pensei em alguma forma de publicação, mas me inibi, considerando algo oportunista.
Agora depois de todo esse tempo surge a feliz oportunidade do resgate dessas imagens que a Galeria Marcelo Guarnieri possibilita. A exposição vem ilustrar tão criativos anos de formação dessa figura pública que conquistou um amplo espaço pelo seu talento, perseverança e trabalho.
Tenho o privilégio de contribuir com imagens de sua intimidade numa época onde uma sofrida pureza desprentenciosa permeava tudo que fazíamos. Agora elas já não são só minhas, merecem ser vistas e vocês merecem vê-las.
Atotô Amigo!

 

De 07 de junho a 20 de julho.

Sergio Camargo no IAC

13/mai

O IAC, Instituto de Arte Contemporânea, Vila Mariana, São Paulo, SP, apresenta uma nova proposição em seu calendário através da exposição “Sergio Camargo, Construtor de Idéias”, uma aproximação do público com a obra de Sergio Camargo, mostra que reúne parte do arquivo documental e do acervo do importante escultor.

 

Com curadoria da professora Piedade Grinberg – que trabalhou com Sergio Camargo nos seus três últimos anos de vida, organizando seu arquivo de obras e documentos – a mostra “Sergio Camargo, Construtor de Idéias” traz cerca de 100 itens entre documentos, fotos, desenhos, estudos, frases, obras em pequenos formatos, divididos em seis grandes núcleos: “Ateliês”; “Esquemas”; “Esquemas Vermelhos”; “Madeira”; “Relevo Azul” e “Xadrez”.

 

Composto por fotos e frases do artista, “Ateliês” exibe imagens dos principais espaços de trabalho que Sergio Camargo ocupou, como o ateliê que manteve em Laranjeiras, no Rio de Janeiro, entre 1951 e 1960, após o retorno de sua primeira estadia européia. Entre 1961 e 1973 voltou a residir em Paris onde manteve o ateliê de Malakoff, também retratado com imagens. Entre 1964 e 1990, o artista manteve o ateliê Soldani na cidade de Massa, Itália, próximo às pedreiras de mármore. No final de 1973 retorna definitivamente ao Rio de Janeiro, onde inicia a construção de seu ateliê em Jacarepaguá, com projeto do arquiteto José Zanine Caldas, que procura adaptar o espaço aos trabalhos do escultor filtrando indiretamente a luz solar.

 

Repletos de desenhos, frases, esquemas, rabiscos e obras em pequenos formatos, o núcleo “Esquema” revela com detalhes o processo de trabalho desenvolvido pelo artista. Entre os itens, 17 esquemas, pequenos escritos de próprio punho em lápis vermelho. “Ao menos como se trabalha, como eu trabalho, com sólidos que antes de colar eu posso combinar de todas as maneiras que eu quiser. Então, digamos, para um trabalho desses que aparece, são feitos trinta, quarenta que não aparecem, porque eu desmonto, só deixo montado aquele que eu aceitei”.

 

Com fotografias, textos e desenhos, o núcleo “Madeira” valoriza a matéria prima utilizada pelo escultor nos seus famosos relevos. Já “Relevo Azul” retrata uma das poucas experiências de Sergio Camargo com a cor. Segundo o próprio artista, a cor só interessava nos pequenos relevos como o apresentado nesse núcleo por fotos, esquemas, recortes de imprensa e a miniatura da obra. “Se aumentasse… qualquer coisa virava muito decorativa e depois não rendia o que a luz pode render com o branco, quer dizer, a luz revela mais o trabalho, acho que [o branco] é mais adequado a esse tipo de estrutura do que a cor”.

 

No núcleo “Xadrez” destacam-se os cinco desenhos originais de estudo para o jogo de xadrez desenvolvido pelo artista no início da década de 70. Esse trabalho marca a primeira experiência de Sergio Camargo com a pedra negro-belga, material que usaria regularmente na década de 1980.

 

Até 31 de agosto.