Ernesto Neto: Linha de vida

13/mai

A Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta nova exposição de Ernesto Neto. A mostra é uma retrospectiva de desenhos produzidos pelo artista desde a década de 80 até os dias de hoje, grande parte da qual é ainda inédita no Brasil. As obras foram recentemente apresentadas na mostra “La Lengua de Ernesto: 1987 – 2011”, curada por Adriano Pedrosa, que itinerou pelo México entre 2011 e 2012.

 

Em “Linha da Vida”, Ernesto Neto apresenta conjuntos de desenhos que são agrupados não necessariamente pelas datas em que foram feitos, mas a partir de conceitos, processos e problemáticas similares. No conjunto “Estrelasos” desenhos são feitos com tinta para carimbo colorido e nanquim sobre papel encharcado de água. O pingo de tinta, ao cair sobre o papel, cria um campo de cor que se expande formando manchas circulares no plano. Na série “Ossos de Ipanema”, o artista usa o grafite para criar uma sucessão de linhas rítmicas que envolvem um núcleo central, como se uma forma abraçasse a outra. No grupo “Idade da Pedra”, a mesma ideia de um corpo envolto por outro aparece, mas desta vez as linhas se revelam por meio de frottage usando grafite.

 

Em “Folha Afeganistão” – conjunto feito no dia seguinte à invasão dos EUA no Afeganistão -, uma caneta prata gordurosa é usada para delimitar a expansão das manchas de nanquim. Para o artista, as formas orgânicas desta série abordam a questão da pele como fronteira e o corpo sendo território. Em “Fetus Female”, Ernesto Neto usa linha, cera e papel criando formas antropomórficas que enfatizam espaços vazios, o dentro e o fora. Já em “Poro pele Vida” esse espaço vazio é preenchido por manchas de nanquim diluído, trabalhando conceitos de expansão e contenção. A referência ao corpo humano é um denominador comum à vários trabalhos. Se ora o corpo aparece de maneira explicita, noutro momento ele é apenas uma sugestão, uma presença subliminar. Há ainda obras que sugerem uma paisagem interna humana, imagens que remetem a fecundação ou atividades celulares.

 

O desenho sempre foi uma prática paralela ao desenvolvimento das esculturas de Ernesto Neto, onde o papel é o anteparo, a superfície necessária, para a projeção de imagens que surgem, tanto a partir das esculturas como também de eventos vividos pelo artista. Não se trata de imagens de suas esculturas mas sim da projeção do pensamento escultórico do artista. É assim possível identificar nestes trabalhos bidimensionais a mesma linguagem e conceito de suas obras tridimensionais.

 

Sobre o artista

 

Ernesto Neto nasceu em 1964 no Rio de Janeiro onde vive e trabalha. Entre suas exposições individuais recentes, destacam-se: “O Bicho SusPenso na PaisaGen”, Estação Leopoldina, Rio de Janeiro, 2012; a instalação no Nasher Scultpure Center em Dallas, EUA, 2012; a grande retrospectiva “La Lengua de Ernesto: 1987-2011”, no Museo de Arte Contemporáneo de Monterrey (MARCO), México, que itinerou para o Antiguo Colegio de San Idelfonso, Cidade do México, 2011-2012; “O Bicho SusPenso na PaisaGen”, Faena Arts Center, Buenos Aires, Argentina, 2011; “The Edgesofthe World”, Hayward Gallery, Londres, UK, 2010; “Neto: Intimacy”, Astrup Fearnley Museum of Modern Art, Oslo, Noruega, 2010; “Dengo”, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil, 2010; “Anthropodino”, Park Avenue Armory, Nova York, EUA, 2009. O artista ainda participou de duas Bienais de Veneza, em 2001 e 2003 e também da Bienal de Sharjah nos Emirados Árabes.

 

De 18 de maio a 15 de junho.

Na Galeria Marcia Barrozo do Amaral

07/mai

O artista Luiz Philippe, mineiro radicado no Rio de Janeiro, que tem obras no acervo do MAM-Rio, na coleção de Gilberto Chateaubriand, abre exposição individual na Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ.

 

A mostra reúne um conjunto de obras, inéditas em sua maioria.

 

Um dos trabalhos apresentados, a escultura “Icarus”, um “equipamento de vôo” em que asas de anjo são paradoxalmente construídas de ferro, nos dá a direção de um olhar sobre o conjunto da mostra.

 

As obras selecionadas trazem a diversidade de materiais que caracterizam o trabalho do artista, como o ferro, a madeira e a pedra. A grande recorrência do ferro oxidado nas esculturas do artista é claramente ligada à memória de infância, passada em uma usina siderúrgica em Minas Gerais, em meio a minérios e sucatas, enquanto que o uso de pigmentos ferrosos como pintura vem do intenso convívio e aprendizado com Frans Krajcberg, também dos primeiros anos, durante o período “mineiro” daquele artista.

 

Sobre o artista:

 

LUIZ PHILIPPE Carneiro de Mendonça nasceu em 23 de junho de 1957 em Minas Gerais, filho de uma família muito ligada às artes e aos artistas. Seus avós e seus pais eram colecionadores de arte antiga e moderna. Passou a infância morando numa usina de ferro pertencente à família. Durante os anos 60, seu pai, então diretor do Museu de Arte Moderna de Belo Horizonte (Museu da Pampulha), propicia os primeiros contatos com o mundo das artes. Nesse período conheceu o atelier de Guignard em Ouro Preto e conviveu intensamente com Frans Krajcberg, com quem mantém contato até hoje.

 

Graduou-se em Desenho Industrial em 1978 pela Escola Superior de Artes Plásticas da Fundação Universidade Mineira de Arte. Entre 1977 e 1981 foi sócio num estúdio de design, onde realizou diversos trabalhos gráficos.

 

Em sua carreira como artista plástico, algumas exposições individuais merecem destaque, como a do MNBA, quando apresentou pela primeira vez as suas “Malas de Pedra”; e a da Casa França-Brasil.

 

No exterior expôs na The Economist Art Gallery, de Londres, onde pode comemorar a venda de um de seus trabalhos para o ex-beatle George Harrison. E em Roma, na Galeria Candido Portinari, da Embaixada do Brasil. Nas exposições coletivas, são destaques a do MuBE, São Paulo; Exposição “Loucos por Design” e a do MAM-RJ “Novas Aquisições 2006-2007” da Coleção Gilberto Chateaubriand, quando mostrou a sua “Cadeira de Pernas Cruzadas”. Paralelo à profissão de designer, e desde sempre, exerceu atividades na área das artes plásticas, seja desenho, pintura, escultura e fotografia.

 

De 21 de maio a 22 de junho.

Denis Cosac na Tramas

13/mar

Em exibição na Tramas Galeria de Arte, Shopping Cassino Atlântico, Rio de Janeiro, RJ, novos trabalhos do artista visual Denis Cosac, em cujo currículo consta a Faculdade de Arquitetura. No meio do caminho, resolveu mudar a direção e seguir pela estrada das artes plásticas. O que o fez mudar de ideia foi pensar que ele queria mais e além, tanto que hoje, além de ter se firmado no mercado de arte contemporânea, ainda trabalha como produtor musical. Sua arte já estampou paredes do Carroussel du Louvre, através do projeto Salon de la Société Nationale des Beaux-Arts, em 2011, onde ficou entre os 15 brasileiros selecionados. Denis destaca-se pela força da simplicidade de seu traço preto no branco, produzindo desenhos gráficos sobre tela. Apresenta sua arte através de estudos desenvolvidos utilizando croquis e perspectivas com traços humanizados, e isso veio da inspiração na arquitetura. Em sua trajetória estão uma série de coletivas como o 5º Salon D’Art Contemporain, Palais de Beaulieu, Lausanne, Suíça; Galeria Nádor, Budapeste, Hungria.; Brazilian Contemporary Art, Ward–Nasse Gallery, N.York, EUA; Affordable Art Fair, Los Angeles, EUA; “Re-Toques” –  Galeria Entrecores, SP, entre outras. Na atual exposição da Tramas, Denis exibe 13 trabalhos, entre eles uma instalação, onde dentro das características de sua trajetória, ainda vai agregar a sua experiência com a música. A fila de pessoas representa um sample, ou seja, uma amostra de áudio, e o público vai se deparar com telas relacionadas à objetos musicais, como o teclado. A exposição contará com instrumentos espalhados, como guitarra, além de cabos e plugs compondo o cenário. A mão solta do artista, aperfeiçoada através da arquitetura, dará ênfase à perspectiva e movimento. Tudo reflete a personalidade e way of life de Denis.

 

Segundo o crítico Felipe Scovino há algo veloz e intransigente, sutil e complexo nos desenhos de Denis Cosac. “Suas representações são silenciosas mas nunca disciplinadas, há uma relativa ambiguidade entre um traço ligeiro e persistente e a ideia de paisagem, e é nessa apreensão que percebemos a qualidade da sua obra, ou seja, sua principal vocação ao ser fabricada é dirigir o olhar e percepção justamente para o que ocorre no mundo”, completa Felipe.

 

As formas sem rosto mostradas pelo artista sugerem uma impossibilidade de se identificar nominalmente as figuras e isso nos encaminha rapidamente para uma zona em que percebemos que o outro não é tão distante de nós. As obras de Denis Cosac posicionam o desenho dentro de um repertório contemporâneo que o coloca com uma velocidade e um arrojo que são particularmente difíceis de serem conciliados. O artista de certa forma aponta um dado utópico: nesse descomprometimento de uma paisagem alegre e fervilhante (cujas menções a música ou a um ambiente sonoro é reforçado invariavelmente em sua obra), a imagem de uma massa homogênea não faz com que percamos o significado de nossas individualidades, mas pelo contrário, reforça uma natureza política solidária e utópica do indivíduo.

 

De 14 de março a 13 de abril.

Os brutalistas na Gamboa

06/fev

A exposição coletiva “Os brutalistas”, Galeria Pretos Novos, Gamboa, Rio de Janeiro, RJ, mostra a originalidade dos artistas Geléia da Rocinha, Oswaldo Rocha, Tia Lúcia e Vera Roitmann. De acordo com o curador da mostra, Marco Antonio Teobaldo, a ideia de reunir este grupo surgiu ao identificar a poética comum dos traços fortes e cores vibrantes encontrados nas obras destes artistas veteranos.

 

O mais jovem deles, Geleia da Rocinha, 54 anos, criou uma série inédita chamada “os contorcionistas”, em que os personagens surgem em posições que desafiam a elasticidade humana e, em alguns casos, seus membros transformam-se em objetos ou partes de animais. Oswaldo Rocha apresenta uma coleção de pinturas que remetem intuitivamente aos universos dos artistas espanhóis Goya e Miró. Tia Lúcia exercita sua verve lúdica para ilustrar em acrílica seus contos e fantasias, normalmente relacionados à sua infância ou de seus sonhos. Vera Roitman bravamente segue a sua vigorosa pintura de retratos, atualmente muito relacionada ao universo da instituição em que reside, desde que sofreu um AVC.

 

A Galeria Pretos Novos é um espaço voltado à pesquisa curatorial e ocupações artísticas, instalada sobre o sítio arqueológico do recém descoberto Cemitério dos Pretos Novos, na Gamboa. O único do país. O Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos tem como missão a preservação da memória da cultura afrobrasileira e, com a abertura da galeria, divulgar e promover arte contemporânea produzida por artistas brasileiros. A galeria criou uma programação de artes visuais e promove o intercâmbio com instituições brasileiras e estrangeiras, com o propósito de movimentar a cena cultural na Região Portuária do Rio de Janeiro durante todo o ano.

 

De 31 de janeiro a 31 de março

Individual de Zemog

30/nov

A frase pintada sobre a foto “FÁCIL É DORMIR DEPOIS DO ALMOÇO” é o título da exposição na Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, com 12 trabalhos recentes de Zemog.

 

Numa de suas viagens, por uma antiga cidade , há três anos atrás, o artista visual Zemog, no meio de uma caminhada por um beco sinuoso, esbarrou com um prato de pregos enferrujados e uma faca na soleira de uma porta. Lá estava a “natureza morta” pronta para a foto. Algum tempo depois, revendo a fotografia no seu ateliê  em Santa Teresa, no Rio de Janeiro onde mora, o mineiro Zemog encontrou nela  o contraponto perfeito para pintar a óleo de amarelo de cádmio em letras maiúsculas: “FÁCIL É DORMIR DEPOIS DO ALMOÇO”.

 

O espaço da galeria se transforma em um ateliê imaginário, com uma foto/pintura, cinco esculturas de cavalos, “Bálio”, “Hipnos”, “Ícelo”, “Morfeu” e “Mossoró, o organismo # 7″, os quadros “BLUE MOON” e “O BEIJO” e três objetos/memória.

 

Realizados a partir de materiais diversos e técnicas renascentistas, inspirados nos ateliês existentes na infância do artista em sua natal São Domingos do Prata. “FÁCIL É DORMIR DEPOIS DO ALMOÇO” é o terceiro vértice de uma trilogia da qual fazem parte: “ambienteacúmuloposiçaografocormóvel”  e “3.5km”.

 

Até 22 de dezembro.