Fundação Iberê: live com curadores

09/abr

 

No próximo sábado (11), às 11h, a Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS,  faz live no Instagram com Denise Mattar, curadora da próxima exposição “O Fio de Ariadne”, prevista para inaugurar após a quarentena. O bate-papo será conduzido por Gustavo Possamai, responsável pelo acervo da Fundação e co-curador da mostra.

 

“O Fio de Ariadne” reunirá cerca de 30 cerâmicas, sete tapeçarias de grandes dimensões e cartões pintados por Iberê, e gravuras. A exposição será complementada por uma cronologia ilustrada, reunindo fotos e depoimentos de algumas das mulheres que marcaram presença na vida de Iberê. Entre elas, a esposa Maria Coussirat Camargo, a artista Djanira, as ceramistas Luiza Prado e Marianita Linck, as artistas Regina Silveira e Maria Tomaselli, a tapeceira Maria Angela Magalhães, a gravadora Anna Letycia, a escritora Clarice Lispector, as gravadoras Anico Herskovits e Marta Loguércio, a produtora cultural Evelyn Ioschpe, a cantora Adriana Calcanhotto e a atriz Fernanda Montenegro.

 

Exposição inédita – Durante as décadas de 1960 e 1970, além de sua intensa produção em pintura, desenho e gravura, Iberê Camargo realizou trabalhos em cerâmica e tapeçaria. Eles respondiam a uma demanda do circuito de arte, herdada da utopia modernista, que preconizava o conceito de síntese das artes; uma colaboração estreita entre arte, arquitetura e artesanato.

 

Com assessoria técnica das ceramistas Luiza Prado e Marianita Linck, Iberê realizou, nos anos 1960, um conjunto de pinturas em porcelana, com resultados surpreendentes. Na década seguinte selecionou um conjunto de cartões, que foram transformados por Maria Angela Magalhães em impactantes tapeçarias.

 

Há algum tempo a Fundação Iberê Camargo vinha estudando essa faceta da produção do artista e a oportunidade de apresentá-la surgiu paralelamente à realização, pela primeira vez nas dependências da instituição, da Bienal do Mercosul. A conjuntura feminina que permeou a produção dessas apeçarias e cerâmicas revelou grande afinidade com o conceito geral da 12ª Bienal. Convidada pelo centro cultural a desenvolver esse projeto, a curadora Denise Mattar, juntamente com Gustavo Possamai, expandiu essa percepção inicial, revelando o fio de Ariadne: a urdidura feminina que apoiou o trabalho de Iberê Camargo ao longo de sua história.

 

Prevista para inaugurar paralelamente à Bienal do Mercosul, em 18 de abril, a abertura da exposição foi adiada por tempo indeterminado, em colaboração às medidas de controle da propagação do novo Coronavírus (Covid-19).

 

Sobre a curadora

 

Denise Mattar foi curadora do Museu da Casa Brasileira de São Paulo (1985 a 1987), do Museu de Arte Moderna de São Paulo (1987 a 1989) e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1990 a 1997). Como curadora independente realizou mostras retrospectivas de artistas, como Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho (Prêmio APCA), Ismael Nery (Prêmios APCA e ABCA), Pancetti, Anita Malfatti, Samson Flexor (Prêmio APCA), Maria Tomaselli, Norberto Nicola, Alfredo Volpi, Guignard, entre outras. Em 2019, recebeu novamente o Prêmio APCA pela retrospectiva de Yutaka Toyota, apresentada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Brasileira da FAAP, São Paulo e Museu Nacional.

 

Sobre Gustavo Possamai

 

É responsável pelo Acervo da Fundação Iberê Camargo, pela parceria com o Google Arts & Culture e pelo Projeto Digitalização e Disponibilização dos Acervos que, em 2015, apresentou ao público o maior volume de documentos e de obras de Iberê já reunidos em todos os tempos. Graduado em Artes Visuais pela UFRGS (2009) e em Comunicação Social pela PUCRS (2003), foi pesquisador no Projeto de Catalogação da obra completa de Iberê Camargo; co-curador das exposições “Iberê Camargo: Visões da Redenção”(Fundação Iberê, 2019), “Iberê Camargo: NO DRAMA” (Fundação Iberê, 2017; Centro Cultural Marcantonio Vilaça, 2019) e “Iberê Camargo: Sombras no Sol” (Fundação Iberê, 2017), entre outras.

 

A Fundação Iberê tem o patrocínio de Itaú, Grupo GPS, Renner Herrmann S/A e Lojas Renner, OleoPlan, Banco Safra, e apoio de Ventos do Sul, BTG Pactual, Grendene, Unifertil, Nardoni Nasi, DLL Group, Instituto Federal do Rio Grande do Sul, Tecnopuc e Plaza São Rafael, com realização e financiamento da Secretaria Especial da Cultura – Ministério da Cidadania / Governo Federal. O Programa Educativo/ Iberê nas Escolas tem o patrocínio de CMPC – Celulose Riograndense e Dufrio, com realização e financiamento da Secretaria Estadual de Cultura/ Pró-Cultura RS, Secretaria da Educação – Prefeitura de Porto Alegre, Secretaria de Educação – Prefeitura de Guaíba e Viação Ouro e Prata.

Live com Antonia Bergamin e Felipe Scovino

 

Esperamos que você e sua família estejam bem.

 

A fim de nos mantermos unidos e em contato, estamos realizando lives semanais no nosso perfil no Instagram. Na próxima sexta-feira, dia 10 de abril, às 16h (horário de Brasília), a sócia-diretora da galeria Antonia Bergamin entrevistará o curador, crítico de arte e pesquisador Felipe Scovino, para uma conversa sobre Paulo Roberto Leal (1946 -1991).

 

Convidamos também você a assistir o documentário que a Bergamin & Gomide realizou em 2018 para a exposição individual do artista, a quem também dedicamos o projeto Kabinett na Art Basel Miami Beach 2018.

 

Funcionário do Banco Central desde 1967, Leal realiza os primeiros trabalhos como designer em 1969, fazendo catálogos de exposições no Rio de Janeiro. É na década de 1970 que inicia a sua produção artística, utilizando-se de materiais ligados a seu trabalho no banco, como bobinas de papel, para explorar as possibilidades plásticas desse suporte. Muito impactado pelos movimentos Concreto e Neoconcreto, em meados de 1970, Leal cria a série de Entretelas nas quais linhas costuradas (e não riscadas) definem espaços modulares e simétricos que resultam em obras silenciosas e delicadas. Ao final da década, elas passam a flutuar sobre outras bases: Armaduras anteveem o possível colapso da superfície.

 

Felipe Scovino, nosso convidado, é Professor Associado do Departamento de História e Teoria da Arte e do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRJ. Foi curador de diversas exposições, entre elas: Atributos do silêncio (Bergamin & Gomide, SP, 2015), Franz Weissmann: o Vazio como Forma (Itaú Cultural, SP, 2019) e, em parceria com Paulo Sergio Duarte, Lygia Clark: uma retrospectiva (Itaú Cultural, SP, 2012). Scovino escreve regularmente para a Artforum, onde publicou, na edição de abril de 2019, um belo texto sobre a exposição de Paulo Roberto Leal na galeria. Nele, o pesquisador fala sobre o legado geométrico do neoconcretismo, das obras expostas e de outras curiosidades.

 

Através deste link, você pode encontrar uma seleção de obras de Paulo Roberto Leal. Para mais informações, entre em contato conosco.

 

Obrigado e até breve,

 

Equipe Bergamin & Gomide

 

 

Hello,

 

We hope this e-mail finds you well.

 

In order to stay connected with you, we are conducting a series of live sessions in our Instagram profile. Next Friday, April 10th, at 4 pm (EDT), Antonia Bergamin, our Director, will interview curator, art critic and researcher Felipe Scovino to discuss artist Paulo Roberto Leal (1946-1991).

 

Additionally, we invite you to watch the short documentary that Bergamin & Gomide produced in 2018 for the artist individual exhibition at the gallery, to whom we also dedicated our Kabinett project during Art Basel Miami Beach 2018.

 

Leal was an employee of the Central Bank from 1967 onwards and he starts working a visual designer in 1969, making exhibition catalogs in Rio de Janeiro. It was in the 1970s that he began his artistic production, using materials linked to his work at the bank, such as paper spools, to explore the plastic possibilities of this support. Highly impacted by the Concrete and Neoconcrete movements, in the mid-1970s, Leal created a series entitled Entretelas, in which sewn (and not drawn) lines define modular and symmetrical spaces, thus resulting in silent and delicate works. At the end of the decade, they began to float on other bases: Armaduras anticipate the possible collapse of the surface.

 

Felipe Scovino, our guest, is a Professor of Art History at the School of Fine Arts at Federal University of Rio de Janeiro. He has curated several exhibitions like Attributes of Silence (Bergamin & Gomide, SP, 2015), Franz Weissmann: Emptiness as Form (Itaú Cultural, SP, 2019) and, in partnership with Paulo Sergio Duarte, Lygia Clark: a retrospective (Itaú Cultural, SP, 2012). Scovino writes regularly for Artforum, where he published, in the April 2019 edition, a beautiful text about Paulo Roberto Leal’s exhibition at the gallery. In it, Scovino talks about the geometric legacy of Neoconcretism, the works exhibited and other curiosities.

 

Through this link, you can find a selection of works by Paulo Roberto Leal. For more information, please feel free to contact us.

 

We hope to see you soon,

 

Bergamin & Gomide team

Antologia de Arte e Arquitetura

04/abr

Bergamin & Gomide

As galerias Bergamin & Gomide e Fortes D’Aloia & Gabriel têm o prazer de apresentar a exposição coletiva AAA – Antologia de Arte e Arquitetura em formato inédito: exclusivamente online.

 

Com vídeos, fotos, áudios e textos, o conteúdo convida os espectadores a vivenciarem digitalmente as mais de 100 obras de artistas, arquitetos e designers brasileiros da exposição com curadoria de Sol Camacho, que atualmente ocupam o Galpão Fortes D’Aloia & Gabriel, em São Paulo.

 

A experiência tem início com um vídeo que retrata a exposição pelos olhos de um visitante caminhando pelo espaço físico onde as obras estão dispostas. Fotos e descrição das obras completam o trajeto.

 


 

Bergamin & Gomide and Fortes D’Aloia & Gabriel galleries are pleased to present the group exhibition AAA – Anthology of Art and Architecture in an unprecedented format: exclusively online.

 

Featuring videos, photos, audios and texts, the content invites viewers to experience digitally more than 100 works of Brazilian artists, architects and designers of the exhibition curated by Sol Camacho, that currently occupy the Galpão Fortes D’Aloia & Gabriel, in São Paulo.

 

The experience begins with a video that presents the exhibition through the eyes of a visitor walking through the exhibition space where the works are showcased. Photos and description of the works complete the journey.

 

Individual de Lucia Laguna

03/mar

A Fortes D’Aloia & Gabriel, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta até 16 de maio, a nova exposição de Lucia Laguna. Esta é a segunda individual da artista na Galeria, e sua primeira exposição após “Vizinhança”, mostra panorâmica dedicada à sua obra no MASP em 2018. Neste novo conjunto de pinturas, Lucia dá continuidade à divisão entre as séries de “Jardins”, “Paisagens” e “Estúdios” que norteia sua produção desde o início. Tal divisão aponta para a indissociabilidade que há entre o processo artístico de Laguna e o espaço de seu ateliê, situado na Zona Norte do Rio de Janeiro. É a partir dele – e da observação de seu entorno, que vai de seu jardim até o Morro da Mangueira – que a artista compõe paisagens híbridas, mesclando arquitetura e vegetação, planos geométricos e elementos figurativos.

 

“Paisagem n. 121” evidencia bem o método da artista. De início, Lucia permite que seus assistentes comecem o processo, delimitando linhas sobre a superfície da tela e inserindo desenhos e outros sinais gráficos. Quando a artista assume o comando da obra, dá-se início a desconstrução do que ali já estava, para que então se construam novos cenários por cima de sobreposições que acumulam dezenas de camadas até o resultado final.

 

Um peculiar cruzamento entre abstração e figuração, em jogo em sua produção, torna-se evidente no díptico “Paisagem n. 118”. Ao passo em que a pintura à esquerda revela uma paisagem dissolvida, quase líquida – portanto, mais abstrata -, à direita vemos uma composição mais fincada na figuração, com a presença de elementos como pássaros e um semáforo de trânsito. Este convívio entre registros pictóricos de naturezas distintas também está em “Paisagem n. 120”, obra em que a artista experimenta com o formato vertical, pouco usual em sua produção.

 

Já em “Jardim n. 44”, destaca-se uma outra característica da metodologia de Laguna: a tela, em formato quadrado, que é virada de ponta-cabeça diversas vezes durante sua feitura. Assim, a profusão de cores e figuras que desabrocham do centro da pintura pode assumir aparências ambíguas, ora evocando um buquê de flores, ora um galo, dependendo da direção em que é vista. Completa a exposição sua série “Desenhos”, em que Lucia cria composições sobre papel a partir dos pedaços remanescentes de fita crepe do início da produção das obras. Vestígios iniciais – e também póstumos – da engenhosa arquitetura de suas pinturas.

 

Sobre a artista

 

Lucia Laguna nasceu em Campo dos Goytacazes (RJ) em 1941. Formou-se em Letras em 1971, passando a lecionar Língua Portuguesa. Em meados dos anos 1990, começou a frequentar cursos de Pintura e História da Arte na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e realizou sua primeira individual em 1998. Ganhou em 2006 o Prêmio Marcantônio Vilaça do CNI SESI. Entre suas exposições individuais recentes, destacam-se: “Vizinhança”, MASP (São Paulo, 2018); e “Enquanto bebo a água, a água me bebe”, MAR (Rio de Janeiro, 2016). Suas principais coletivas incluem participações em: 30ª Bienal de São Paulo (2012), 32º Panorama da Arte Brasileira, MAM-SP (2011), Programa Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural (São Paulo, 2005 – 2006). Em abril deste ano, a artista estará na 12ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre, RS. Sua obra está presente em importantes coleções públicas, como MASP, MAM-SP, MAM-RJ, MAR, entre outras.

 

Objetos na Kogan Amaro

12/fev

A Galeria Kogan Amaro, Jardim Paulista, São Paulo, SP, exibe até 21 de março, “Arapuca”, mostra individual de objetos de Marcia Pastore com apresentação de Ricardo Resende.

 

Há coerência em sua obra dos primeiros trabalhos aos mais recentes. Marcia Pastore engendra formas escultóricas e instalativas dotadas de compreensibilidade e de autonomia próprias, como atos puros de invenção. A articidade, por sua vez, está na escolha dos materiais e articulações desses no espaço que lhe é dado. Trabalha com a fisicidade dos materiais, dos mecanismos, das forças energéticas, do peso, do equilíbrio, do obstáculo e das linhas visíveis e invisíveis resultantes dessas forças. O vazio do campo é preenchido por essas linhas e energias que cria, fazendo reviver a experiência do fruidor nas suas arapucas espaciais. É assim que executa a obra.

 

Essa execução é um tentar, um proceder e um planejar mental. É sua forma peculiar de pensar e fazer arte. Não esboça sobre uma folha de papel a ideia física. Essa fica no plano mental e é executada em tempo real no espaço. Pode dar certo como pode não dar. A artista vai para o campo com suas ideias e para executá-las debruça-se sobre os materiais e as articula, cria engrenagens, tensões e distensões espaciais.

 

É um corpo a corpo que pode tornar-se um embate exaustivo, tamanha a fisicalidade, movimentos espaciais, peso dessas articulações e esforço físico desprendido nas ações. Os trabalhos tornam-se pacientes interrogações da matéria, é o que deixa entrever.

 

Pedras, pó de gesso, gesso endurecido, cabos, roldanas, materiais inusitados como a rede de pescar. Física, energia, linhas, formas e desformas, água, vidro, cabos, anzóis, grafite, metais, pesos de halterofilistas, e assim por diante, em uma diversidade calculada dos materiais, elementos e forças que formam sua obra. Forças que desenham, claramente, o espaço. De alguma maneira, tenta evitar as evidências dos corpos.

 

Forças concêntricas, pendulares, de tensão e de equilíbrio ao buscar a estabilidade no vazio a ser preenchido por essas linhas de força. É sua forma de construção ao inventar desenhos espaciais que criam centros, perspectivas e preenchem todo o espaço expositivo.

 

As esculturas, se é que poderíamos chamar de esculturas pensando nos cânones dessa linguagem, na sua apresentação clássica e moderna, monolíticas, simulam forças sobre si mesmas. Pode ser uma roldana, um pêndulo com uma pedra cortada toscamente. Uma pedra cavada da parede, uma rede de pesca prendida nas paredes da sala e esticada ao ponto de criar um desenho aéreo delicado nessa tensão exercida sobre a matéria esbranquiçada e translúcida. Um processo formativo da escultura de aproximações e retornos, de puxar e distender, de cruzar e tensionar até virarem armadilhas concretas e abstraídas de sentido, obrigando quem as observa a desviar da natureza dessas coisas no ambiente real, criado pela artista.

 

Não é escultura como monólito esculpido…Também não pensa a escultura como uma pintura, representando um corpo (humano, animal ou vegetal). São esculturas de superfícies, de movimento, de articulações, das engrenagens dos mecanismos, de organicidade controlada e das relações de corpos no espaço arquitetônico.
Equilíbrio e estabilização no espaço atravessados por linhas motrizes. O vazio do espaço da sala expositiva ou o espaço arquitetônico são preenchidos por essas forças concêntricas, pendulares e gravitacionais que formam linhas que desenham no espaço. Traços visíveis e traços invisíveis da relação entre os corpos e linhas que descrevem e preenchem pacientemente o espaço.

 

O vídeo da ação, as fotos still do vídeo são como imagens das ações gravadas no tempo. Gravuras que carimbam o espaço aéreo e a camada de gesso acumulada no chão. A cena montada vira paisagem cósmica no vídeo-ação. Imagens congeladas transformam–se em uma quase figuração de galáxia no simples gesto de jogar bolas coloridas e espirrar o pó branco do gesso. Traz cor para a exposição e deixa a obra aberta para a incorporação do outro.

 

Os trabalhos são interrogações dos materiais e suas forças que evitam a figuração. Apenas índices abstratos da fisicalidade e do real e do irreal. Não há interpretação definitiva e exclusiva, não há também interpretação provisória e aproximativa. Não há narrativas.

 

É a pessoa que observa quem faz o acesso à obra, revelando a sua natureza e exprimindo a si mesma. Torna-se ao mesmo tempo, diríamos, a obra e o seu modo de ver a obra (Umberto Eco), nas articulações e desarticulações dos objetos e das linhas no espaço da exposição. A obra mostra-se como modo de pensar.________________________________________

 

Ricardo Resende
Diretor Artístico

Alexandre Mazza na Swabe

24/set

A galeria carioca Luciana Caravello Arte Contemporânea participará da Swab 2019, importante feira de arte contemporânea fundada em 2006, que este ano será realizada de 26 a 29 de setembro, em Barcelona, na Espanha. A galeria, que é a única brasileira na seleção principal da feira, apresentará uma instalação espacial do artista Alexandre Mazza, composta por oito vídeos novos da série “Águas”, dispostos no estande como uma cascata gigante. Os vídeos serão apresentados em loop e trazem diferentes visões e sons de cachoeiras. A instalação será composta por seis monitores de 28 polegadas e dois monitores de 55 polegadas.

 

Ao exibir as diferentes imagens de cachoeiras, o artista pretende nos conectar com uma sensação de milagre natural, “que não é raro, existe o tempo todo, a cada segundo. Assim, o milagre não se torna uma exceção do que não pode ser, mas a regra. É uma criação em si”.

 

Sobre o artista

 

As obras de Alexandre Mazza (Ponta Grossa, RS, 1969. Vive e trabalha no Rio de Janeiro) têm como ponto central a pesquisa do olhar. É principalmente através dos objetos que o artista confronta seus espectadores com jogos visuais: com o que se vê e o que se acredita ver, com o que está ali e o que se imagina estar. Indicado ao prêmio PIPA em 2012 e 2014, o artista já apresentou seus trabalhos em exposições no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), no Centro de Artes Hélio Oiticica, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro, entre outros. Suas obras estão em diversas coleções privadas e públicas, como a do MAM Rio e do Museu de Arte do Rio (MAR). Alexandre Mazza foi baixista e compositor por 18 anos, antes de se dedicar às artes visuais. Seu fascínio pela ilusão de ótica e o interesse inicial e contínuo pela luz, pelo som e pela eletricidade evoluíram para a série de obras “multiplicação da luz”. Sua pesquisa compreende uma variedade de materiais que combinam alta e baixa tecnologia para produzir obras cinéticas de “luz elétrica viva”, como o artista gosta de chamá-las. Esta série particular de trabalhos, “Águas”, visa refletir a batalha dentro de nossos relacionamentos, com o mundo e a natureza, e também a esperança de uma melhor conexão entre eles através da força, força de vontade e persistência. É um incentivo para os telespectadores refletirem sobre o significado das relações interpessoais em nosso mundo e como elas são construídas em nossa sociedade, bem como uma proposição de um novo senso de entendimento para a nossa comunicação uns com os outros, não apenas através de imagens e som, mas além deles.

 

Serviço

 

Luciana Caravello, Swab, Barcelona.

Pabellón Italiano (Z.6). Feria Barcelona
Plaça de Carles Buïgas, 8,
Barcelona, Espanha

 

Dia 26 de setembro, quinta-feira: abertura para convidados

Dia 27 de setembro, sexta-feira, das 16h às 21h

Dia 28 de setembro, sábado, das 12h às 21h

Dia 29 de setembro, domingo, das 12h ás 20h.

 

Ingresso: 12 euros

Passe para os três dias: 30 euros

Novíssimos 2019, 48ª edição

12/jul

Frases retiradas do Tinder viram instalação, escritas com sal da água do mar são reveladas em telas, números de velhas cadernetas de telefones sendo contatados por um celular de última geração. Foram gravados em vídeo, cerca de 3.000 fotografias dispostas como uma paleta de Pantone que podem ser manuseadas. Estas e outras linguagens compõem as obras da 48ª edição do Salão de Artes Visuais “Novíssimos”, que abrirá no dia 18 de julho, às 18h, na Galeria de Arte Ibeu, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. Sob curadoria de Cesar Kiraly, a coletiva conta com pinturas, instalação, objeto, vídeo e desenhos de 13 artistas selecionados: Cláudia Lyrio, Evandro Machado, Fernanda Sattamini, Fernando Soares, Henrique de França, Juliana Gretzinger, Marcus Duchen, Mariana Hermeto, Nicole Kouts, Thais Stoklos, Talita Tunala e Tangerina Bruno, uma dupla de artistas gêmeos. Na noite de abertura, será divulgado o nome do artista contemplado com uma exposição individual na Galeria de Arte Ibeu em 2020. A edição deste ano será composta por temáticas diversas. Inspirado pelos últimos debates sobre o poder que as cores têm de identificar segmentos, o artista Evandro Machado, por exemplo, irá expor imagens que buscam sabotar a transformação das cores em discurso político. As obras retratam um mundo frio e calculista, onde tudo tem que ser levado a uma construção geométrica da realidade e os objetos não têm peso, não há gravidade. Dentro deste universo existem monolitos, presenças de imposição neste lugar inerte, no qual cubos flutuam carregando uma bandeira similar a brasileira.
“Parte do discurso do trabalho é a vontade de criar confusões, a partir da contaminação desses campos cromáticos. O verde e o amarelo têm o poder de serem representativos do que o brasileiro acredita. Nesse momento nacionalista, percebemos que o vermelho, por exemplo, se tornou uma cor mais difícil de ser aceita”, explica Evandro, que se inspirou no filme “2001: uma odisseia no espaço” para compor estas obras.

A dupla de gêmeos Tangerina Bruno irá expor a série “Para uma pintura”, composta por 2.971 fotografias em forma de objetos que são oferecidos ao público para serem manuseados. As obras mostram a origem do processo de criação dos artistas, que pintam a partir de fotografias tiradas por eles mesmos realizando ações, da maneira mais natural possível, em casa. “São imagens muito cruas, pois não estávamos preocupados se seria uma foto bonita, mas queríamos entender qual a ideia e chegar na imagem. Pegamos uma única imagem e usamos de referência para pintura, ou juntamos para colagem, reunimos no Photoshop para fazer a cena, passamos o desenho para a tela e começamos o processo de pintura. Quando pensamos neste processo, geralmente temos acesso ao resultado final. Mas, dessa forma, estamos representando todas as possibilidades que poderiam ser dadas à pintura”, analisa a dupla.

 

“O sigilo é a garantia do replay”, “nunca vou gostar de você mais do que gosto de beber”, “só me curta se tiver todos os dentes na boca”, “desaprendi a flertar, mas ainda sei comer e tomar vinho” são algumas das frases presentes no oráculo que será apresentado pela carioca Juliana Gretzinger, todas retiradas de aplicativos de relacionamento há cerca de dois anos. “Vejo o oráculo com humor, pois há um deboche envolvido. É um oráculo que, na verdade, não está preocupado em responder nada”, resume a artista.

 

Fernanda Sattamini irá apresentar o trabalho “As ondas que nos separam”, composto por gravuras com mensagens que a artista escreveu pensando em enviar para alguém e, depois, molhou na água do mar.

 

O paulistano Marcus Duchen irá expor duas obras inspiradas em uma viagem feita durante cerca de quatro anos por cidades do Sul de Minas, na qual o artista captou as impressões e as cores dos locais. Segundo ele, esta é uma pesquisa, quase geográfica, de alguém que não tinha naturalidade com os ambientes visitados e que, por meio da abstração, pode captar as sensações proporcionadas pela viagem.

 

Mariana Hermeto irá apresentar parte de objetos e materiais presentes em uma casa. Em um exercício de agrupamento, a artista trabalha a geometria e a (des)função de cada um deles, buscando a poesia na ressignificação do que é ordinário. O trabalho de Mariana se baseia na pesquisa da construção de uma arquitetura íntima e se assenta no cotidiano e nas relações estabelecidas a partir dele.

 

Na série “Força”, Fernando Soares utiliza a borracha de câmaras de bicicletas e as ressignifica para abordar a maleabilidade da matéria. O artista recolhe o material em uma loja de bicicletas perto de seu ateliê e tenciona a borracha em um chassi de madeira, retratando as nuances entre o tenso e o relaxado, como a respiração. A ideia é abordar movimentos completamente opostos mas que, na verdade, são complementares. “Nos trabalhos de Novíssimos, os selecionados são os mais tensionados. Na superfície de borracha, forço um pouco o material para ter abertura e criar conceitos de espacialidade. O próprio material se contrai e, por vezes, está solto, relaxado, tendendo apenas para a força da gravidade”, explica o artista.

 

Os desenhos figurativos de Henrique de França exploram o branco do papel através de mínimas insinuações de linha e sombra. Sua inclinação a abandonar figuras no vazio é audaciosa e intrigante. Assim, o artista define artificialmente os limites entre o urbano e o rural como os limites da civilização, de modo a criar dramáticas composições onde algo parece estar para acontecer ou acabou de acontecer. Há um sentimento de reflexão, como se os personagens estivessem em profundo pensamento sobre a vida, memória, esperança e mudança. Os trabalhos criam histórias com as quais todos podem se relacionar de um ponto de vista pessoal e nostálgico, mas ao mesmo tempo relatam o confronto de gerações, tradições e classes, como modo de refletir sobre a construção de uma sociedade, por uma perspectiva latino-americana.

 

Thais Stoklos irá apresentar a série “Sol, estou acordada”, falando sobre o dia e noite, luzes do céu, o pôr do sol, de intensidades de energia, de sentimentos humanos. Seus trabalhos são apresentados como verdadeiras pinturas feitas através da sobreposição de tules, que foram introduzidos nas obras da artista através da confecção de saias de bailarinas para suas filhas. Neste sentido, ela lança mão de tudo aquilo que é descartado: linhas, papéis, galhos, tecidos e pedras são reunidos e, com eles, Thais propõe novas formas, agrupando elementos em uma linguagem urbana, industrial ou natural. Como que se traçando caminhos ou construindo monumentos efêmeros, retrata a importância do sutil, na fugacidade do contemporâneo.

 

Cláudia Lyrio irá expor duas obras: “Teoria” e “Anteparo”. “Teoria” é um trabalho híbrido de desenho e pintura, de ficção e ciência, que tem como objeto o estudo do Pardal, ave da cidade (ave da polis, ave política). Cláudia apresenta esse pássaro de diversas maneiras e aponta algumas de suas características com pequenos textos entremeados. Este trabalho é a ação de observar e traz as etapas do desenho, os rascunhos, as inseguranças e inquietações do estudo. Mostra dados do animal e de seu ciclo de vida, nome científico e ano de sua chegada ao Brasil escritos em retalhos de linho colados sobre um canto da tela. Já a obra “Anteparo” é um desenho a carvão, grafite e aquarela sobre tela de algodão com imprimação transparente, mostrando uma floresta em perspectiva lateral, com árvores secas e queimadas. É um políptico composto de cinco telas que evocam o formato de um biombo dobrável de pequenas dimensões. Na primeira tela à esquerda, um pássaro solitário observa a vastidão da natureza degradada.

 

Inspirada no filme “Blade Runner”, Talita Tunala usa a metáfora das metrópoles chuvosas, sombrias e melancólicas, trazendo para o presente e representando cenas cotidianas atuais com a mesma atmosfera desalentada. Para Novíssimos, a artista procurou dar mais densidade aos tons escuros das obras, retirando com ranhuras a cor do papel cartão, acrescentando pequenas coberturas com lápis de cor, ao invés de usar a tinta sobre o papel branco como normalmente faz. Esse gesto é similar ao de um esculpir sutilmente, fazendo emergir imagens como se estivessem esperando para serem descobertas, exigindo do espectador um certo esforço do olhar para seu desvelamento.

 

A pesquisa central dos trabalhos de Nicole Kouts gira em torno da ressignificação de imagens, lugares da memória, narrativas multiformes, sobreposição de linguagens, dogmas da atualidade e da arqueologia do processo criativo. Todas essas questões são compreendidas dentro de um contexto de convergência e divergência entre os meios analógicos e digitais. Essa investigação é uma constante tentativa de encontrar consistência e novos parâmetros no quebra-cabeças que é a linguagem visual contemporânea. “As interlocuções entre arte e tecnologia, imagem impressa, audiovisual, desenho e colagem são a principal matriz geradora destes trabalhos. Há também a influência de outras linguagens artísticas como a música, o cinema, os quadrinhos, a ilustração, a literatura e o teatro. Os títulos, textos e sobreposição de imagens são um elemento importante, em geral compostos por minúcias que coleto em meus cadernos, abordando a amplitude das transformações de sentido e de narrativas construídas por múltiplas associações”, explica Nicole. “Novíssimos” tem como proposta reconhecer e estimular a produção de novos artistas, e com isso apresentar um recorte do que vem sendo produzido no campo da arte contemporânea brasileira, em suas variadas vertentes. Até 2018, 633 artistas já haviam participado de “Novíssimos”, que teve sua primeira edição em 1962.

 

Sobre os artistas

 

 

Cláudia Lyrio é natural do Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Sua pesquisa busca pensar o ciclo da vida, a natureza e seus elementos, tendo a pintura como linguagem. A artista tem seu interesse voltado para questões cromáticas, alquímicas, processo e artesania. Em seu trabalho, uma ideia de paisagem vem se deixando entrever através de diálogos com pensamentos de campos de cor, Land Art e com as pesquisas dos viajantes naturalistas. Distância, perda, deterioração e efemeridade são parte do seu vocabulário. Formação em Pintura e Letras (UFRJ), especialista em História da Arte (PUC-Rio) e mestre em Literatura (UFRJ). Algumas exposições já realizadas: “Luz Balão” (Galeria Solar/RJ); “Pessoas, Cidades e Afins” (MARCO/MS); “Aos Fios Entreguei o Horizonte” (Galeria Hiato, Juiz de Fora/MG), todas em 2018. Em 2017, destacam-se: “Imersões” (Casa França-Brasil/RJ), “Além da Imagem” (Sem Título Galeria, Fortaleza/CE) e “Miragens” (CMAHO/RJ). Participou dos Salões Rio Claro (2015), Guarulhos e Vinhedo/Prêmio Aquisição Pintura (2016) e Fortaleza (2017). Artista selecionada para individual no Museu de Arte de Blumenau (SC) em 2019.

 

Evandro Machado é natural de Blumenau, mas vive e trabalha no Rio de Janeiro. Foi ilustrador e desenhista de HQ em Santa Catarina. No Rio de Janeiro, em 2007, frequentou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 2006, fez a primeira viagem no Programa Dynamic Encounters e, em 2008, participou da Residência CAPACETE, no Rio de Janeiro. Em 2009, realizou uma campanha da TV Futura para a Organização Mundial de Saúde, com curadoria de Fernando Cochiarale. Recebeu bolsa de estudos no Parque Lage para o Programa, em 2011, e Bolsa de Acompanhamento de Pesquisa, em 2013. Seus trabalhos foram acompanhados por Luiz Ernesto, Lívia Flores e Glória Ferreira.

 

Juliana Gretzinger é formada em Práticas Artísticas Contemporâneas pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage (2015) e em Produção Audiovisual pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro (2017). Atualmente, é estudante no curso de Artes Visuais da Escola de Belas Artes da UFRJ, exercendo função de pesquisadora bolsista no projeto PIBIAC Fotografia Contemporânea. Pesquisa a fotografia, a imagem digital e os efeitos da internet na sociedade contemporânea.

 

Fernanda Sattamini vive e trabalha no Rio de Janeiro. Sua produção explora processos experimentais e alternativos, transitando entre fotografia, gravura, escultura e objetos. Tomando como ponto de partida imagens apropriadas e suas próprias fotografias e anotações, a pesquisa que desenvolve aborda questões acerca da memória, saudade e solidão. Graduada em Publicidade e Marketing pela PUC-Rio, completou seus estudos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Ateliê da Imagem e Escola sem Sítio, no Rio de Janeiro.

 

Fernando Soares nasceu em São Paulo, onde reside e trabalha. Seu trabalho discute a natureza pictórica da matéria em si, através de pinturas/objetos, colagens e instalações. Sua pesquisa parte das propriedades e/ou ambiguidades dos materiais que utiliza e fatores como ação e reação dos mesmos em seus trabalhos. Iniciou seus estudos e produções de maneira autoditada, aos 17 anos, para posteriormente frequentar o Hermes Artes Visuais, onde ainda participa de elaborações de projetos e acompanhamento de sua produção. Participou de diversas exposições coletivas e individuais em galerias e espaços independentes, além de ser selecionado para salões e feiras de arte contemporânea.

 

Henrique de França nasceu e trabalha em São Paulo. Formado em Artes Plásticas pela USJT e pós-graduado em Design Gráfico pela FAAP, já participou de diversas exposições no Brasil e no exterior, entre elas “No Barrier to Entry”, na Gallery19, em Chicago (2018) e “Desenho Ocupado”, na Galeria Leme, em SP (2009). Entre suas exposições individuais destacam-se “Torpor”, no Sesc Interlagos, em SP (2016), e “Lugares Congruentes”, no Carpe Diem Arte e Pesquisa, em Lisboa, Portugal (2013). Os trabalhos exploram as possibilidades de representação do imaginário latino-americano no tocante à sua história recente, sobrepondo memória individual e coletiva dentro do escopo do desenho contemporâneo figurativo.

 

O paulistano Marcus Duchen iniciou muito jovem sua trajetória pelas artes, com participações em projetos e campanhas como ilustrador, em São Paulo. Em 2001, já em Minas Gerais, se formou em Arquitetura e, em 2004, fez sua primeira mostra coletiva no grupo Poéticas Visuais, no Instituto Moreira Salles, em Poços de Caldas. Depois, veio a exposição individual por premiação no BDMG Cultural, em 2006, em Belo Horizonte, e a coletiva no Espaço Cultural de Guarulhos, em 2008, em São Paulo. Em seguida, uma individual por premiação no Salão de Arte Contemporânea de Guarulhos, no mesmo ano. Outros prêmios vieram, como a menção honrosa no Salão de Arte Contemporânea de Arceburgo, Minas Gerais, em 2018, a seleção pela publicação de arte na Califórnia, Selah Magazine, no mesmo ano, e aprovação na galeria Art Lab Gallery, em São Paulo, entre outros. Em 2018, o artista também teve uma obra incluída no Livro “Arte Sempre”, coletânea dos artistas de Minas Gerais. Sua plataforma de expressão é o óleo sobre a madeira, em grandes painéis que misturam, atualmente, o abstrato a instantâneos da vida, em traços imemoráveis de paisagens mineiras.

 

Mariana Hermeto é designer e artista. Sua pesquisa se assenta no cotidiano e nas relações estabelecidas a partir dele. Numa procura por brechas e encaixes, através da contenção e da ruptura, do acúmulo e do vazio, há uma busca silenciosa pela ressignificação do comum e pela construção de uma arquitetura íntima. Participou de exposições coletivas como “Formação e Deformação”, nas Cavalariças da EAV Parque Lage, em 2018; “Fixo, só o prego”, no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, e “Doze métodos de se chegar a lugar algum”, no Paço Imperial, em 2019.

 

Nicole Kouts é graduada em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e desenvolve seus trabalhos de forma multidisciplinar nas linguagens da arte e tecnologia, do audiovisual, da imagem impressa e do desenho. Participou de exposições coletivas nacionais e internacionais, dentre elas a “SP-Arte” (São Paulo, 2018 e 2019), “MADA – 1ª Mostra Audiovisual do Barreiro” (Belo Horizonte, 2018), Abstratas Moradas (Museu Belas Artes de São Paulo, 2018), “1ª Bienal de Artes de Taubaté” (Taubaté – SP, 2018) e “Cosmovisión Femenina” (Cidade da Guatemala, 2018). Realizou cursos e oficinas com os artistas Paulo Bruscky, Lourenço Mutarelli, Carlos Fajardo, Márcia de Moraes, J. Borges, Helena Freddi e Augusto Sampaio, e é assistente da artista Lia Chaia, importantes referências em sua pesquisa. Dedica-se também à ilustração, figurino e cenografia, fantoches e à música.

 

Thais Stoklos nasceu na África do Sul e reside em São Paulo. É formada em Pedagogia (2000) pela PUC-SP e pós-graduada em Imagem e Som pelo Senac (2005). Participou de residência artística em Londres, na Slade School of Fine Arts (2016), e em Berlim, na Berlin Art Institute (2017). Participou do grupo de acompanhamento de projetos com Pedro França, no Mam (2015), e, atualmente, participa do grupo de acompanhamento com Nino Cais, Carla Chaim e Marcelo Amorim, no Jardim do Hermes. Já expôs individualmente na Galeria Arte Formato e Arte Hall e, coletivamente, em diversas galerias e salões. Foi ganhadora do prêmio do Salão Nacional de Artes no Mac de Jataí.

 

Talita Tunala vive e trabalha no Rio de Janeiro, e é graduada em Psicologia. Sua formação artística foi feita na EAV/RJ e na Escola Sem Sítio/RJ. Dentre as exposições que participou nos últimos três anos, destacam-se a individual “O Melhor Fruto”, no Espaço Cultural Correios, em Niterói (2019) e as coletivas “Aos Fios Entreguei o Horizonte”, na Galeria Hiato, em Juiz de Fora; “A/Fronta/A”, na UNB, em Brasília; “Feminino Gabinete de Curiosidades”, no Museu Palácio Rio Negro, em Petrópolis; “Luz Balão”, na Galeria Solar, no Rio de Janeiro, todas em 2018. Em 2017, destacam-se os salões “68º Salão de Abril Sequestrado”, “Salão das Ilusões” e “Fortaleza”, e as coletivas “Miragens”, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro; “Além da Imagem”, na Galeria Sem Título, em Fortaleza; “Imersões Poéticas”, na Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro.

 

Tangerina Bruno é a dupla formada pelos gêmeos Letícias e Cirillo, naturais de Porto Ferreira, onde vivem e trabalham a quatro mãos e duas cabeças, da concepção à execução. Assinam com o seu sobrenome, Tangerina Bruno. Entre as exposições, destacam-se “Novas Aquisições” (2012-2014); “Coleção Gilberto Chateaubriand”, no MAM/Rio; “Coletiva no Auroras”; “17º Programa Exposições”, no MARP”; “28ª Mostra de Arte da Juventude”, no Sesc Ribeirão Preto. Entre os salões que já participaram estão “50º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba” e o “25º Salão de Artes Plásticas de Praia Grande”.

Até 23 de agosto.

 

 

Arte-veículo

05/jun

O SESC/Santos, São Paulo, SP, apresenta a exibição coletiva com 40 artistas e grupos estudados na pesquisa Arte-veículo, da curadora Ana Maria Maia. Desde a televisão, inaugurada em 1951, e a Internet, difundida no início dos anos 2000, diferentes artistas e grupos figuraram no agendamento midiático para nele experimentar e praticar “inserções em circuitos ideológicos”, como alegou Cildo Meireles em 1970. Ou disseminar “ideias vírus”, conforme Giseli Vasconcelos prescreveu já em 2006, fazendo ressoarem ao longo das décadas os termos de uma relação que se dá entre os veículos de comunicação como hospedeiros e os artistas como parasitas.

 

Para repercutir intervenções midiáticas no contexto de uma instituição cultural, a curadoria pretende misturar diferentes suportes na organização espacial da exposição, de documentos impressos e registros em vídeo a objetos e instalações. O projeto foge de uma narrativa cronológica para priorizar o entendimento de estratégias recorrentes dos artistas e grupos no decorrer desse intervalo histórico. Desse partido, surgem seus seis núcleos, denominados a partir de verbos que denotam um conjunto de ações: duvidar da verdade, perder-se, duelar, “ouviver”, hackear e ficcionalizar. A exposição propõe também um programa público de performances, conversas e laboratórios, e ainda a reinserção de trabalhos em espaços de imprensa e mídias, como jornais, revistas e programas de rádio, e mesmo redes sociais. Destaque para o Grupo Manga Rosa: Carlos Dias, Francisco Zorzette e Jorge Bassani.

 

Até 28 de julho.

50 anos de Realismo

17/mai

O CCBB Rio, exibe 92 obras de 30 artistas para o panorama internacional sobre a representação da realidade na arte contemporânea. Conversa com a curadora Tereza de Arruda e artistas participantes acontece na abertura com entrada franca.

 

A exposição “50 anos de realismo – Do fotorrealismo à realidade virtual” que o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro inaugura, na quarta, 22 de maio, vai provocar perplexidade no visitante: é pintura ou fotografia? É real ou escultura?

 

A proposta da curadora brasileira Tereza de Arruda, radicada em Berlim, é apresentar um panorama internacional da representação da realidade na arte contemporânea, nos últimos 50 anos, do surgimento do fotorrealismo, o hiper-realismo, até a realidade virtual. A mostra é patrocinada pelo Banco do Brasil, com apoio da Cateno e do Banco Votorantim. A coordenação geral é da Prata Produções, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Tereza de Arruda selecionou 92 trabalhos, datados dos anos 1970 a 2018,   de técnicas diversas de 30 artistas – cinco brasileiros e 25 estrangeiros, de gerações e nacionalidades variadas, radicados na América do Sul, nos Estados Unidos e na Europa.

 

No final da década de 1960, jovens artistas que trabalhavam nos Estados Unidos começaram a fazer pinturas realistas baseadas diretamente em fotografias. Detalhistas minuciosos, eles retratavam objetos, pessoas e lugares que definiam a vida urbana  e rural. Essa produção recebeu rótulos diferentes, entre eles Fotorrealismo.

 

Diferentemente dos artistas pop, os fotorrealistas não ironizavam seus temas – vitrines brilhantes, carros, plásticos de cores berrantes e cenários do campo e da cidade. Posicionavam-se fiéis à reprodução na tela, no papel ou na escultura do que lhes servia como fonte.
A curadora Tereza de Arruda explica:

 

– O surgimento do fotorrealismo, pinturas baseadas na representação de cenas fotografadas, deu-se nos Estados Unidos nas décadas de 1960 e 1970. Sua infiltração na história da arte aconteceu como reação ao abstracionismo vigente na época. O hiper-realismo apareceu como uma tendência da pintura no final da década de 1970, amparada na realidade, ainda mais fiel que a própria fotografia. Sua força de expressão é tão significativa que se dissemina até os dias de hoje.
Mesmo com a reprodução instantânea da realidade pelas câmeras digitais hoje, essas pinturas e esculturas ainda são fascinantes pela precisão cirúrgica e virtuosismo extraordinário. Essa tentativa de “congelar” o momento e apreciá-lo eternamente em sua exatidão é um dos motivos de apreciação e difusão do hiper-realismo. Ali não há os efeitos da passagem do tempo e “a permanência é a condição da grande arte”, avalia o autor inglês Clive Head.

 

 

Circuito

 

A mostra é dividida em segmentos: histórico, representado por Ralph Goings, Richard McLean, John Salt e Ben Schonzeit; contemporâneo, por Javier Banegas, Paul Cadden, Pedro Campos, Rafael Carneiro, Andrés Castellanos, Hildebrando de Castro, François Chartier, Ricardo Cinalli, Simon Hennessey, Ben Johnson, David Kessler, Fábio Magalhães, Tom Martin, Raphaela Spence, Antonis Titakis e Craig Wylie; tridimensionalidade, por John DeAndrea, Peter Land e Giovani Caramello; e novas mídias, por Akihiko Taniguchi, Andreas Nicolas Fischer, Bianca Kennedy, Fiona Valentine Thomann, Sven Drühl, The Swan Collective e Regina Silveira.
No térreo do CCBB estão esculturas/instalações do dinamarquês Peter Land (1966), onde o ser humano é a figura central. Mais três artistas ocupam a área da rotunda: Craig Wylie (Zimbábue, 1973), radicado no Reino Unido, é premiado pela profundidade psicológica de seus retratos; o inglês Simon Hennessey (1976) pinta rostos mais detalhados do que o que a fotografia poderia oferecer ao espectador. No centro da rotunda impera a escultura de uma figura humana, maior do que a real, do jovem paulista Giovani Caramello (1990) feita especialmente para esta exposição. Autodidata, Caramello iniciou a carreira com modelagem 3-D e se tornou o único escultor brasileiro com produção hiper-realista.
O circuito segue para o segundo andar do centro cultural, ocupando mais quatro salas. O conjunto de trabalhos está subdividido em Retrato, Natureza-morta, Paisagem natural, Paisagem urbana e Novas mídias.
Um espaço concentra obras de artistas seminais do fotorrealismo e do hiper-realismo como os norte-americanos Ralph Goings (1928), Richard McClean (1934), Ben Schonzeit (1942), John DeAndrea (1941) e o inglês John Salt (1937). Pinturas ou esculturas, as representações são tão realistas que podem causar um certo desconforto pela proximidade do ser e do parecer. É o caso da obra de DeAndrea, um dos pioneiros da escultura hiper-realista. As figuras humanas extraídas de seu universo particular são despretensiosas e sem ornamentos supérfluos.
Uma das salas reúne o gênero recorrente no fotorrealismo e no hiper-realismo que é o retrato. A maioria dos artistas se baseia em modelos que eles mesmos fotografam. As pessoas costumam ser retratadas sem uso de recursos adicionais para manter sua essência, mas há margem para a subjetividade: um olhar que mira o espectador ou a dor do retratado resignado. As pinturas ou desenhos do zimbábue Craig Wylie (1973), do baiano Fábio Magalhães (1982), do escocês Paul Cadden (1964), do argentino Ricardo Cinalli (1948) e do inglês Simon Hennessey (1976) são exemplos.
Na história da arte do século XX, a pintura realista precisou se impor e se defender da ascensão da fotografia contemporânea. Os pintores passaram a incorporar a fotografia como recurso para tornar seus retratos mais precisos. O fotorrealismo e o hiper-realismo fascinam porque o real demanda fidelidade rigorosa a seu contexto. Um dos segmentos da mostra é o que junta natureza-morta e paisagem naturalista ou urbana. Estes temas são cultivados há 50 anos mundo afora como se pode ver pela diversidade de procedência dos artistas: o canadense François Chartier (1950), os espanhóis Pedro Campos (1966) e Javier Banegas (1974), o inglês Tom Martin (1986), o paulista Rafael Carneiro (1985) e o galês Ben Johnson (1946) exibem naturezas mortas; o espanhol Andres Castellanos (1956), o grego Antonis Titakis (1974), a inglesa Raphaella Spence (1978), o brasileiro Hildebrando de Castro (1957) e o norte-americano David Kessler (1950) mostram paisagens.
As novas mídias trouxeram a expansão da realidade e o visitante é o protagonista da obra. O advento da realidade virtual altera a percepção e a relação com o real. Os ambientes virtuais produzem mundos ilusórios para serem experimentados, usando equipamentos adicionais, como os óculos de RV. Esta exposição traz experiências com realidade mista, realidade expandida e realidade virtual do japonês Akihiko Taniguchi (1983), dos alemães Andreas Nicolas Fischer (1982) e Bianca Kennedy (1989), da francesa Fiona Valentine Thomann (1987), do bahamense Sven Drühl (1968), de The Swan Collective (liderado pelo alemão Felix Kraus, 1986) e da brasileira Regina Silveira (1939).

O Rio de Janeiro é a terceira e última itinerância da mostra, que recebeu mais de 240 mil visitantes nos CCBBs São Paulo e Brasília.

 

Catálogo

 

Acompanha “50 anos de Realismo, do fotorrealismo à realidade virtual” uma publicação bilíngue (portugês e inglês) de 187 páginas, com textos de Tereza de Arruda, Boris Röhrl, Maggie Bollaert e Tina Sauerländer, e reprodução de todas as obras em exibição.

 

Conversa com o público

 

Dia 22 de maio (quarta-feira), às 18h30h, o CCBB Rio promove  um bate-papo sobre realismo na contemporaneidade aberto ao público. Participam a curadora Tereza de Arruda, os artistas Bianca Kennedy, Fiona Valentine Thomann, Hildebrando de Castro, Rafael Carneiro, Regina Silveira, Ricardo Cinalli, The Swan Collective e a consultora Maggie Bollaert.

 

 

A entrada é franca, mediante retirada de senha uma hora antes do início do evento.

 

Sobre a curadora

 

Tereza de Arruda (São Paulo, SP, 1965) é historiadora de arte e curadora independente, que trabalha junto a instituições, museus e bienais. Estudou história da arte na Freie Universität Berlin, onde mora desde 1989. Assinou a curadoria de: Ilya und Emilia Kabakov “Two Times”, Kunsthalle Rostock, em 2018; José de Quadros: A Beleza do Inusitado, Sesc Santo André; Sigmar Polke, Die Editionen, me Collectors Room Berlin, em 2017; Chiharu Shiota – Under the Skin, Kunsthalle Rostock, em 2017; In your heart | In your city, Køs Denmark; Clemens Krauss, Little Emperors, MOCA – Museu de Arte Contemporânea de Chengdu, em 2016; Kuba Libre, Kunsthalle Rostock, em 2016; Bill Viola, Three Women, Bienal Internacional de Curitiba, em 2015; InterAktionen Brasilien in Sacrow, Schloss Sacrow/Potsdam, em 2015; ChinaArte Brasil, Oca Museu da Cidade, São Paulo, em 2014; Wang Qingsong: Follow me!, Køs Museum for Kunst, Copenhague, em 2014; Bienal de Curitiba de 2013; Índia lado a lado, CCBB Rio, São Paulo e Brasília, em 2011|2012; Se não neste período de tempo – Arte Contemporânea Alemã 1989-2010, Masp – Museu de Arte de São Paulo, em 2010. Cocuradora e assessora da Bienal de Havana desde 1997. Cocuradora da Bienal Internacional de Curitiba desde 2009.

 

CCBB 30 anos

 

Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o Centro Cultural Banco do Brasil celebra 30 anos de atuação com mais de 50 milhões de visitas. Instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, o CCBB é um marco da revitalização do centro histórico do Rio de Janeiro e mantém uma programação plural, regular, acessível e de qualidade. Mais de três mil projetos já foram oferecidos ao público nas áreas de artes visuais, cinema, teatro, dança, música e pensamento.  Desde 2011, o CCBB incluiu o Brasil no ranking anual do jornal britânico The Art Newspaper, projetando o Rio entre as cidades com as mostras de arte mais visitadas do mundo. Agente fomentador da arte e da cultura brasileira segue em compromisso permanente com a formação de plateias, incentivando o público a prestigiar o novo e promovendo, também, nomes da arte mundial.
 

 Até 29 de julho.

Dois na Luciana Caravello

22/mar

No térreo da galeria, estarão obras inéditas de Marcelo Solá, que tratam da história do desenho, com influências que vêm desde os tempos das cavernas, com a pintura rupestre, até os tempos atuais, com o grafite. No terceiro andar, estará uma instalação lúdica, formada por 30 espelhos criados por um dos mais importantes designer brasileiros, Sergio Rodrigues, na década de 1960. Com curadoria de Afonso Luz, haverá, ainda, um exemplar de época exposto, feito em jacarandá.

 

O artista goiano Marcelo Solá ocupará todo o espaço térreo da Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, RJ, a partir do dia 21 de março, com cerca de 20 desenhos inéditos, produzidos este ano. As obras feitas em técnica mista dão continuidade a uma pesquisa que o artista vem desenvolvendo há alguns anos sobre a história do desenho, com influências que vêm desde os tempos das cavernas, com a pintura rupestre, até os tempos atuais, com o grafite.

 

Os trabalhos de Marcelo Solá misturam referências e têm muita influência da rua, não só do grafite, como também dos cartazes de propaganda. “Tem a ver com os muros das grandes cidades, com os cartazes nos muros, que vão se desgastando com o tempo ao serem molhados pela chuva”, diz o artista.

 

Os desenhos, em diversos formatos, com tamanhos que variam entre 2mX2m e 80x100cm, são feitos com aquarela, tinta a óleo, lápis e spray. Além disso, nesses novos trabalhos, a serigrafia, que o artista vinha utilizando de forma mais tímida, está mais evidente e ganha importância inusitada dentro da obra. Primeiro, o artista pensa em um desenho e o transforma em serigrafia. “A serigrafia é usada como base e vou trabalhando em cima dela, que em alguns momentos, quase desaparece, mas continua ali”, conta Marcelo Solá.

 

As frases criadas pelo artista, que também já estavam presentes em trabalhos anteriores, ganham mais destaque nessas obras aos serem feitas com carimbo.

 

 

Sobre o artista

 

Marcelo Solá nasceu em Goiânia, 1971. Vive e trabalha em Goiânia. É um assíduo desenhista e se comunica principalmente através desta linguagem. Com mais de 20 anos de trajetória, já participou de importantes exposições no Instituto Tomie Ohtake, na Funarte, nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo, no Centro Cultural São Paulo, no Festival de Cultura da Bélgica, na 25ª Bienal de São Paulo e no Drawing Center (Nova York). Recebeu diversos prêmios, como a “Bolsa de Apoio a Pesquisa e Criação Artística”, da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro e duas vezes o “Prêmio Projéteis de Arte Contemporânea”, da Funarte. Além disso, ainda participou de residências artísticas no Brasil e no exterior, como nos Estados Unidos, Canadá e Holanda.

 

 

Até 13 de abril.

 

 

O espelho Dragãozinho

 

No dia 21 de março, Luciana Caravello Arte Contemporânea inaugura a exposição “O espelho Dragãozinho”, com uma série inédita de 30 espelhos do designer Sergio Rodrigues (1927-2014), criados originalmente na década de 1960, para a Oca, loja/galeria que movimentou a cena cultural carioca. As obras serão apresentadas a partir de uma instalação que provoca de forma lúdica a reflexão sobre a construção/desconstrução de uma autoimagem, tema abordado por Sergio Rodrigues em texto de época sobre o trabalho.

 

Os espelhos, que medem 45cm de diâmetro, são confeccionados em seis madeiras nobres: jacarandá, mogno, conduru, peroba do campo, peroba rosa e imbuia, editados pela Sergio Rodrigues Atelier. Cada uma dessas madeiras possui uma tonalidade distinta – avermelhada, castanha e marrom escuro – tornando cada conjunto diferente. Até as obras feitas com a mesma madeira são distintas entre si, pois os veios variam, tornando cada peça única. Um exemplar de época, feito em jacarandá, também estará exposto.

 

O nome da obra remete ao espelho da casa da infância de Sergio Rodrigues, no bairro do Flamengo, um espelho retangular que possuía um dragão entalhado em madeira no topo e que é descrito por ele no texto publicado na edição de número 49 da revista Senhor, em 1963. Diferentemente do espelho de sua infância, o Dragãozinho criado por ele na década de 1960 possui o formato arredondado, com uma moldura em madeira, lembrando os porta-retratos que eram pendurados nas paredes das casas de antigamente, com fotos dos membros da família.

 

O curador Afonso Luz, em texto que acompanha a exposição, faz uma analogia entre o momento atual em que vivemos, das selfies, com os espelhos. “Na nossa sociedade de massas, na sua versão 3.0 do pós-pós-modernismo desse novo milênio, talvez o espelho tenha se tornado apenas um objeto da história da arte, como tantos outros dispositivos de imagem que nos capturavam a existência, como a própria pintura fizera na modernidade. Vivemos todos mergulhados no momento atual, em uma nova revolução sensível, no qual a moldura dos telefones celulares com sua superfície de cristal líquido nos registra em tempo real em microcâmeras, o que gera a revelação imediata de quem somos, onde estamos e como nos vestimos para a vida, a fim de instaurar o espelhamento cotidiano da sociedade numa cultura de selfie”.

 

A exposição contará, ainda, com um conjunto documental pertencente ao Instituto Sergio Rodrigues, que mostrará um pouco do universo do artista para a criação desta obra. Em uma mesa-vitrine criada pelo próprio Sergio estarão o catálogo original da Oca, com o croqui do espelho, a revista Senhor, com o texto “O espelho do Dragãozinho”, escrito por ele, e o próprio dragão em madeira, que compunha o espelho de sua infância.

 

 

Sobre o artista

 

Sergio Rodrigues (1927–2014) é um mestre para produção cultural brasileira de tantas maneiras que até se confunde com o próprio Brasil, com Brasília, com o Rio de Janeiro e com o nosso reconhecimento internacional. Criou mais de 1.200 peças, muitas das quais tornaram-se ícones de nossa maneira de viver, como a poltrona Mole. Durante toda a vida, Sergio Rodrigues seguiu criando e transformando suas inquietações nesse mobiliário que é deliciosamente nosso, sempre de forma bem humorada, dando nomes inusitados aos seus objetos, “Chifruda”, “Vronka”, “Xibô”, quase como se fossem personagens afetivos de nossa história comum nestes trópicos. Essa obra de coerência única é mais do que reveladora de nossa cultura, é a própria cultura traduzida em elementos da mobília e da habitação.

 

 

Sergio Rodrigues Atelier

 

Moveis e objetos inéditos do designer Sergio Rodrigues integram a coleção Sergio Rodrigues Atelier, marca dedicada a resgatar o modo de ver e viver a vida do mestre do design brasileiro e a fabricação de peças singulares do seu acervo. Todo o mobiliário Sergio Rodrigues Atelier é fabricado em madeira maciça a partir de técnicas construtivas da marcenaria tradicional. Formões, spokeshavers e plainas são ferramentas manuais presentes nas bancadas de quem se dedica aos encaixes e aos detalhes originais dos projetos do mestre. Fazer com alma é a essência da marca que tem como propósito inspirar as pessoas a viver experiências, histórias e sensações.

 

 

 

Até 13 de abril.