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AGENDA CULTURAL

Centenário do artista

A Galeria Base, Jardim Paulista, São Paulo, SP, de Daniel Maranhão, abre sua agenda de 2023 – até 15 de abril – com a mostra “Chico da Silva: A Boca do Mundo”, em comemoração ao centenário do artista, com cerca de 20 pinturas a guache sobre papel, da década de 1960, período considerado como um dos mais representativos em sua trajetória.

Pássaros, dragões, peixes, criaturas nada passivas mas de colorido vibrante, com posturas proativas, são grande parte da criação espontânea do universo de Chico da Silva desde seus primeiros traços em tijolo ou carvão nas paredes das casas da Praia do Pirambu, Fortaleza, para onde a família se mudou quando o artista ainda era muito jovem.

Nas palavras do pesquisador Bitu Cassundé, que assina o texto crítico da exposição, “Chico constrói através da sua visualidade uma importante caligrafia que abarca uma natureza e uma animalidade fabular inserida numa cosmologia na qual a figura humana pouco aparece e seres de diferentes espécies, reais ou não, habitam um território de disputas e conflitos”.

O título da exposição – “Chico da Silva: A Boca do Mundo” – faz alusão às figuras pintadas pelo artista, geralmente com bocas abertas, em posição de ataque ou defesa. Ainda segundo Bitu Cassundé “As relações que se estabelecem indicam a defesa do território, as brigas pelo alimento, a proteção e o acolhimento das crias, assim como a boca que rege e orquestra diferentes coreografias e performatividades”.

A Galeria Base tem como um dos pilares de sua pesquisa, a (re)descoberta de importantes artistas que, por motivos diversos, caem no esquecimento. No sentir de Bitu Cassundé, “…a história da arte brasileira é constituída por inúmeras lacunas e invisibilidades que compõem violentas narrativas de apagamentos”, e “Chico é um bom exemplo”, explica Daniel Maranhão. A exposição “Chico da Silva – A Boca do mundo” ressalta a importância deste artista indígena, cujas obras das décadas de 1950 e 1960 percorreram o mundo, tendo como ápice sua participação na Bienal de Veneza (ITA), oportunidade na qual, foi criado um prêmio inédito, para condecorá-lo. Como consequência dessas ações, “…nota-se atualmente um forte movimento de reposicionamento da obra de Chico da Silva, não só no Brasil como no exterior”, diz Daniel Maranhão. No início deste ano, a Tate Gallery (Londres), adquiriu um painel do artista para seu acervo e, a Pinacoteca do Estado de São Paulo (SP), alinhada a esse movimento, exibe uma mostra individual do artista, onde a Galeria Base colabora com a cessão de obras. O momento de exibir “Chico da Silva: A Boca do Mundo” é mais que oportuno pois se trata de um “instigante conjunto que evidencia o signo da boca na obra de Chico da Silva; a boca como estratégia de sobrevivência e de vida” conclui Bitu Cassundé.

 

Sobre o artista

Chico da Silva (Francisco Domingos da Silva) – (Alto Tejo, AC, 1922/23 – Fortaleza, CE, 1985) – Pintor e desenhista. Inicia na pintura, em 1937, utilizando como suporte os muros caiados das casas de pescadores na antiga Praia Formosa (CE). No início da década de 1940, em Fortaleza, entra em contato com o franco-suíço Jean-Pierre Chabloz, que o introduz nas técnicas do guache e do óleo. Apoiado pelo mecenato de Chabloz, participa, em 1945, do I Salão de Abril (CE) e exposições na Galeria Pour l’Art (Lausanne, Suíça), 1950 e no Museu Etnográfico de Neuchâtel (Suíça), 1956. A arte de Chico da Silva foi destaque na prestigiosa revista francesa Cahiers d’Art, sob o título “Índio Brasileiro Reinventa a Pintura”. Na década de 1960, produz quarenta guaches para o acervo do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (MAUC). Chico da Silva consagrou-se como um dos maiores pintores primitivos brasileiros. Em 1966, conquista Menção Honrosa na XXXIII Bienal Internacional de Veneza (ITA). Chico da Silva está presente com dois guaches da década de 1960 na coleção do MAR, o Museu de Arte do Rio de Janeiro, por doação do Fundo Max Perlingeiro. Em 2014, essas obras foram apresentadas nas exposições “Encontro de Mundos” e “Pororoca, a Amazônica no MAR”.

“A minha pintura é a minha própria linguagem. Sobre o sentido da alegria que sinto, ela é grande e, sobre a beleza que vejo no matizado das cores, ela é rica. O que sai do meu coração é rico e bonito; eu é que sou feio e pobre.” Chico da Silva

 

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