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Claudia Watkins nos Correios

Neste dezembro, o público carioca volta a se encontrar com os trabalhos de Claudia Watkins, que, na exposição “OPUS CW XVI”, composta de apenas nove pinturas da artista. Na próxima terça-feira, 20 de dezembro, o Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, abre a exposição traz a série “Vasos e Flores”, últimos trabalhos de Claudia Watkins, nos quais ela explora cores, relevos e os limites entre o concreto e o onírico, que, para o artista Xico Chaves, se destacam pelo “lirismo impressionista (…) como se a poesia estabelecesse um laço romântico entre o passado e o presente, a permanência da linguagem já consagrada e sua atualidade efêmera”.

 

Claudia Watkins emprega pigmentos naturais e/ou industriais em seus trabalhos ou como ela diz ser obras “quase arqueológicas, de abstração quase simbólica”, até chegar ao “quase impressionismo”.

 

“Arte em sânscrito quer dizer fazer. Esta série resulta da progressão do que venho fazendo em pintura. Já tive como referência a arte rupestre, já passei por períodos monocromáticos. Agora, surge um momento de telas com cores e transparências aguadas, mais impressionistas, um aprendizado constante que a arte me proporciona”, diz Claudia.

 

A escolha do nome da mostra, é quase um verbete de arquivo: OPUS CW XVI ou Obras de Claudia Watkins, 2016. “Produzi a série este ano”, conta Claudia Watkins, que adotou Teresópolis para viver perto da natureza e dos animais, nunca deixando de dedicar-se à pintura e realizar exposições.

 
Sobre a artista

 

Começou a pintar nos anos 1990, quando passou a frequentar os ateliês de pintores como David Largman e Xico Chaves. Também participou, como acompanhante, no ateliê de artes do Museu do Inconsciente (criado pela psiquiatra Nise da Silveira),e esteve no London Project, de Charles Watson, em Londres.

Texto de Xico Chaves

 

Desde o início a pintura de Claudia Watkins compreende a ação direta e energética sobre o vazio da tela ou qualquer superfície. Projeta-se sobre o suporte decidida, como se fosse arrancar dele o que já está em seu imaginário. Múltipla na utilização de materiais pictóricos extrai do pigmento natural e industrial, ou da água e da resina acrílica, camadas que se reverberam em diversos planos, ora em linguagens abstratas, ora delineando sutilmente figurações simbólicas.

 

Para ela, o quadro é como um território poético a ser explorado, que deixa a descoberto sua própria extensão, como se expandisse sempre para fora, à procura de associações e narrativas abertas a diversas leituras. No entanto, captura e revela a constelação de imagens que compreende seu cotidiano e seu entorno, quase se desfazendo em pinceladas gestuais descontínuas, onde cor e forma interagem à procura do equilíbrio. A liquidez da tinta se dilui, ora em grossas camadas em primeiro plano, ora quase em aguadas que deixam a descoberto as colorações do fundo, o inconsciente, onde tem origem parte de sua investigação.

 

Espontânea e decidida, a escrita da pintura estabelece lugares inusitados em busca da reconfiguração de uma realidade não estática, onde o movimento é quase um improviso, quase improvável e sem resolução definitiva. A figura, delineada e simbólica, vem surgindo nas fases mais recentes de Claudia, que adquirem fisionomias etéreas em uma temática, mas não se apegam a resoluções demasiadamente explícitas, como na sequência de pinturas intitulada por ela de Madeixas, quando a água, os cabelos, o corpo e a natureza formam quase que uma só paisagem. Esta mimetização da figura parece simular a intenção consciente de estabelecer a narrativa de personagens que desejam falar de dentro para fora, mas sem a pretensão de ocupar um papel de protagonismo único. São emergências muitas vezes involuntárias, mas reais, submersas na semântica exposta pela abstração informal predominante.
 

Nesta exposição literalmente aflora a materialização da imagem objetiva e central onde a abstração cede seu espaço à figuração, mas esta inversão não exaure sua presença intensa e afirmativa. O lirismo impressionista se configura como se a poesia estabelecesse um laço romântico entre o passado e o presente, a permanência da linguagem já consagrada e sua atualidade efêmera. Vasos de flores, pura e simplesmente, mas estas flores parecem imaginárias sem abdicarem de sua presença cotidiana. Predominam na pintura os relevos da espátula, ferramenta que a artista sempre manuseou com destreza e a planura expressiva da tinta, que imprime profundidade e luminosidade. A linha do horizonte, eventualmente presente em algumas de suas paisagens, torna-se concreta e instaura o plano de apoio para a explosão de cores sobre o fundo semi- infinito, com ranhuras e diversas camadas de cor, como paredes envelhecidas, o passado, que se reflete ainda sobre a mesa. No presente, flor e fundo se interpenetram de forma compacta ou translúcida, com suas constelações florais intensas, híbridas, inquietas, sonoras, sensitivas, vivas.

 
De 20 de dezembro a 12 de março de 2017.

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