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AGENDA CULTURAL

Color Bind na Kogan Amaro

 

A Galeria Kogan Amaro, Jardim Paulista, São Paulo, SP, recebe, a partir do dia 11 de novembro, a exposição coletiva “Color Bind”, que conta com curadoria de Marcello Dantas e obras de Felipe Góes, Fernanda Figueiredo, Isabelle Borges, Patricia Carparelli e Shizue Sakamoto, artistas representados pela galeria. Dantas foi convidado pelo espaço para propor uma   curadoria a partir das aproximações de cores das obras, revelando assim relações poéticas distintas entre elas.

Foram privilegiadas em sua seleção obras de predominância cromática. “Existem pelo menos 11 milhões de cores no mundo visível aos nossos olhos, mas a maior parte das pessoas só usam os nomes de onze cores no seu dia a dia. Ou seja, a linguagem verbal é uma ferramenta bastante inadequada para representar a linguagem das cores. Como falar sobre o inominável?”, provoca o curador.

 

As aproximações de cores foram analisadas via recursos digitais, considerando os componentes cromáticos de cada obra. Após essa etapa, os resultados foram comparados à sequência da escala Pantone, sistema globalmente aceito de identificação e sequenciamento de cores. A partir dessa tabela, as obras foram dispostas no espaço. “Há alguns anos comecei a pesquisar processos curatoriais que sejam como equações: sistemas que uma vez formulados estão abertos a apresentar resultados surpreendentes. O curador propõe uma forma conceitual de organização e, diante de um conjunto existente, aplica essa métrica para revelar algo sobre o qual nem ele mesmo tem controle sobre a resultante”, comenta Dantas.

É necessário ressaltar que o processo da composição dessa mostra foi profundamente abstrato para Marcello Dantas, que é daltônico e não pôde, de fato, compreender o resultado apresentado, apesar de ter concebido sua lógica. “O daltonismo não é não ver as cores, mas sim ter dificuldade em dar nomes a elas quando justapostas lado a lado, exatamente o que eu estava propondo com essa equação: revelar como as cores conversam entre si, sem uma intervenção do gosto humano”, explica. Com isso, a exposição revela ainda que a cor é uma linguagem própria que se infiltra na percepção humana de um modo subjetivo e que não tem uma explicação exata.

 

A palavra do curador

Obras de arte podem se aproximar de várias formas. Curadoria é um processo muitas vezes subjetivo de criar relações que aproximam coisas distintas com base em uma visão de mundo particular, mas que revela algo intangível. Acredito que a curadoria é também um jogo em que regras se estabelecem e que devemos deixar as ondas se chocarem para analisar a espuma. Essa espuma é a fricção que existe latente nas obras.

Há alguns anos comecei a pesquisar processos curatoriais que sejam como equações: sistemas que uma vez formulados estão abertos a apresentar resultados surpreendentes. O curador propõe uma forma conceitual de organização e, diante de um conjunto existente, aplica essa métrica para revelar algo sobre o qual nem ele mesmo tem controle sobre a resultante.

No caso dessa exposição, fui convidado pela Galeria Kogan Amaro a criar um olhar sobre os artistas da galeria. Acreditei que a aproximação pela cor (color bind) poderia ser uma forma de revelar a relação entre tantas poéticas distintas. Abandonamos as obras figurativas deliberadamente para poder buscar a relação entre trabalhos que se aproximam por sua predominância cromática. Existem pelo menos 11 milhões de cores no mundo visível aos nossos olhos, mas a maior parte das pessoas só usam os nomes de onze cores no seu dia a dia. Algumas línguas, como a tsiname, da Bolívia, só têm nomes para três cores: preto, branco e vermelho; e outras, como a dos esquimós inuítes, têm 50 palavras para definir a cor branca, baseadas na sua observação da neve. Ou seja, a linguagem verbal é uma ferramenta bastante inadequada para representar a linguagem das cores. Como falar sobre o inominável?

Para criar a exposição, solicitamos obras novas aos artistas e usamos recursos digitais que analisaram os componentes da cor de cada obra, os comparamos com a sequência da escala Pantone, um sistema globalmente aceito de identificação e sequenciamento de cores, e seguimos essa tabela para dispor as obras no espaço.

Eu tinha consciência de que esse processo seria algo profundamente abstrato para mim, pois nasci daltônico (colorblind) e não poderia, de fato, compreender o resultado aqui apresentado, mas consigo conceber sua lógica. O daltonismo não é não ver as cores, mas, sim, ter dificuldade em dar nomes a elas quando justapostas lado a lado, exatamente o que eu estava propondo com essa equação: revelar como as cores conversam entre si, sem uma intervenção do gosto humano. A cor é uma linguagem própria que se infiltra na nossa percepção por portas que não sabemos bem explicar.

Marcello Dantas

 

 

 

Abertura: 11 de novembro, das 11h às 17h.

Exposição: Até 18 de dezembro.

 

 

 

 

 

 

 

 

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