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AGENDA CULTURAL

Dois artistas na galeria A Gentil Carioca.

A Gentil Carioca, Higienópolis, São Paulo, SP, anuncia, em sua sede paulistana, a primeira exposição do artista colombiano Carlos Jacanamijoy no Brasil. Intitulada “Ambi Yaku” – expressão em quéchua que significa “água que cura” -, a mostra evoca a relação vital entre natureza, espiritualidade e ancestralidade. No andar superior da galeria, Ana Silva apresenta “Contemplação do Vazio”, sua segunda individual na galeria. Atualmente em cartaz na coletiva “O Poder de Minhas Mãos”, no Sesc Pompeia, a artista reúne composições de atmosfera onírica, que expandem a poética de seu trabalho e costuram tempos, territórios e memórias. As aberturas acontecem em 03 de setembro, coincidindo com o início do circuito da Travessa Dona Paula, encontro de colecionadores, patronos e curadores no contexto da 36ª Bienal de São Paulo.

Reconhecido como um dos principais nomes da arte indígena contemporânea nas Américas, Carlos Jacanamijoy (n. 1964, Putumayo, Colômbia) apresenta obras inéditas desenvolvidas durante residência no Rio de Janeiro. Sua pintura, de dimensão quase sinestésica, compõe partituras visuais em que cores e gestos se transformam em murmúrios, silêncios e explosões sonoras. Os títulos em quéchua, língua aprendida com a avó, reafirmam a resistência cultural e prestam tributo às gerações anteriores: “O quéchua é uma língua muito doce. Talvez eu sinta isso porque é minha língua materna ancestral em risco de extinção, e porque sinto nostalgia de fazer parte de uma cultura de língua milenar, silenciada, esquecida, invisibilizada (…). Sua sonoridade abre um portal de memórias muito imersas na natureza que me viu crescer e que eu via enquanto crescia.”

Para Carlos Jacanamijoy, a arte é uma linguagem de liberdade, capaz de “desfolclorizar e descolonizar”, rompendo estereótipos que historicamente reduziram os povos indígenas a representações folclóricas ou exóticas. Ao afirmar-se como artista – sem rótulos limitadores como “arte indígena” -, Carlos Jacanamijoy reivindica um espaço de dignidade, diálogo e reconhecimento. Suas obras integram coleções de prestígio, como o National Museum of the American Indian – Smithsonian Institution (Washington, D.C., EUA), Biblioteca Luis Ángel Arango (Banco da República, Bogotá), Museu de Arte Moderna de Bogotá e o Museo La Tertulia (Cali), consolidando-o como figura fundamental na arte contemporânea latino-americana.

A pesquisa de Ana Silva (n. 1979, Calulo, Angola) toma o bordado como linguagem plástica para refletir sobre heranças culturais, afetividade e identidade. Bordados, pigmentos e tecidos são sobrepostos e tensionados, ganhando densidade poética. O gesto manual, também uma escolha política, resgata tradições ligadas ao trabalho doméstico e feminino, articulando delicadeza e força, intimidade e potência. Suas obras integram as coleções do Centre Pompidou; Fondation H – Paris; Fonds de Dotation agnès b., PAMM: Pérez Art Museum Miami, e Fondation Gandur pour l’Art.

Na individual “Contemplação do Vazio”, Ana Silva apresenta obras inéditas produzidas em residência artística em São Paulo, nas quais investiga o vazio como espaço de potência e transformação: “Nesta série, parto do princípio de que o vazio não é sinônimo de ausência, mas de potencial. Um espaço em expansão, tal como o universo, traz consigo a possibilidade da criação, da transformação e da leveza. Tal como a respiração – que se expande e contrai -, o vazio pulsa, ressoa e oferece um refúgio ao movimento da existência.”, diz a artista.

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