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AGENDA CULTURAL

Dois na Marsiaj Tempo

Duas exposições individuais ocupam a nova Marsiaj Tempo Galeria, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, resultado da associação das galerias Tempo e Laura Marsiaj. O mineiro Iuri Sarmento exibe pinturas e esculturas e Steve Miller apresenta radiografias impressas em papel fotográfico.

 

 
Texto de Solange Farkas sobre Iuri Sarmento

 
Barroco Reinventado

 
Nas suas pinturas, Iuri pratica, quase que gradualmente, a transição da sensualidade de cores e texturas para uma figuração que referencia a própria história da arte, mesclada de experiências pessoais. No rico imaginário barrocos de suas obras estão presentes técnicas de confecção de porcelanas, azulejos e bordados, alguns estampados com a imagem da azulejaria azul e branca do barroco português ou com fragmentos pictóricos de ícones da pintura universal. Suas pinturas são verdadeiras colagens. Suas composições pop-barroco elogiam o excesso e a saturação. Somam-se à justaposição de cores improváveis, uma infinidade de texturas e detalhes diferentes – brilhantes e opacos, listras e bolas, flores e figuras geométricas -, formando um excepcional vocabulário de efeitos pictóricos. Cada uma das obras expostas suscita questões plásticas singulares. Em algumas, Iuri deixa aparente sua paixão pelos ornamentos e sua incrível capacidade de conjugar formas geométricas com formas orgânicas: azulejos e barras ornamentais passeiam entre as bordas e os primeiros planos de suas composições carregadas de forte conotação barroco-cristã. Sua obra investiga também a utilização do corpo humano e da moda como elemento estético. Estrategicamente instaladas no meio do espaço expositivo, as obras “Sem título”, conjunto de vestes femininas pertencentes ao acervo do MAM, denotam um trabalho minucioso, rico em cores e detalhes, que constitui a linguagem híbrida entre moda e escultura característica de sua produção artística. Nesta individual, Iuri Sarmento expõe uma série de esculturas de louças coladas umas às outras, produzidas com pedaços de objetos utilizados no cotidiano como xícaras, bules, canecas. Um ajuntamento aparentemente imprevisível que estabelece um íntimo diálogo híbrido com sua pintura, como se uma linguagem avançasse no limite da outra. Apesar de remeter ao barroco, seu trabalho adquire forte contemporaneidade em decorrência do acúmulo excessivo de cores, formas e informações. A densidade simbólica do artista chega a escandalizar os espectadores, mas, ao mesmo tempo, é responsável pela sua evidente projeção no circuito das artes.

 

 
Até 13 de março.

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