A Nara Roesler São Paulo convida para a abertura de “Permanência Relâmpago”, exposição com obras inéditas e recentes do celebrado artista Jonathas de Andrade (1982, Maceió, residente em Recife). A curadoria é de José Esparza Chong Cuy, diretor-executivo e curador-chefe da Storefront for Art and Architecture, em Nova York.
“Permanência Relâmpago” abrange três conjuntos de obras a que Jonathas de Andrade vem se dedicando nos últimos dois anos, em torno dos jangadeiros da praia de Pajuçara, em Maceió, que navegam em jangadas de madeira e velas tradicionais, levando turistas às piscinas naturais, e os canoeiros do Rio São Francisco, no sertão de Alagoas, próximo à Ilha do Ferro, que usam canoas de velas quadradas duplas de grande escala, notavelmente gráficas, em um circuito de competições de forma recreativa e esportiva. Ambas as manifestações representam culturas náuticas seculares transmitidas de pai para filho, praticadas por comunidades de pescadores e barqueiros, revelando um jogo cultural que tensiona intimamente tradição, patrimônio, turismo e economia.
A exposição oferece ao público uma primeira vista, privilegiada, da pesquisa em andamento para um comissionamento feito em 2023 pelo Victoria and Albert Museum, em Londres, a convite de Catherine Troiano, curadora do departamento de fotografia da instituição. Em novembro de 2025, obras inéditas produzidas por Jonathas de Andrade dentro desta pesquisa serão exibidas no V&A, quando passarão a integrar a coleção do Museu. Em “Permanência Relâmpago”, Jonathas de Andrade questiona os sistemas em transformação que moldam identidade, trabalho e memória. Suas instalações, filmes e obras conceituais atuam como arquivos vivos, reativando histórias orais, saberes marginalizados e tradições artesanais.
A exposição terá três eixos de trabalhos. Na série “Jangadeiros Alagoanos”, Jonathas de Andrade usa como suporte as velas originais das jangadas marítimas, usadas na praia de Pajuçara, marcadas pelo sol e pelo uso. No segundo conjunto de trabalhos, “Canoeiros Neoconcretos”, o artista parte das velas de padrões gráficos ousados utilizados pelos canoeiros do Rio São Francisco, próximo à Ilha do Ferro, paisagem carregada de histórias de seca, migração e sobrevivência no Sertão.
Em outra série, “Puro torpor do transe do sol”, as velas gráficas dos barcos no Rio São Francisco inspiram composições abstratas com pintura automotiva, “dando volume escultórico e objetual aos campos de cor que atravessam o rio, na corrida das canoas e as velas gigantes”, comenta o artista.
O terceiro eixo da exposição é a estreia do filme “Jangadeiros e Canoeiros”, que terá uma sala especial para sua exibição. A trilha sonora é de Homero Basílio, profícuo percussionista e produtor musical que colaborou em diversos filmes de Jonathas de Andrade.
Até 26 de outubro.