“Machintla, La Sombra Eléctrica de las Cosas”, é o título da primeira exposição individual de Abraham González Pacheco – nascido em San Simón el Alto, México, 1989 – no Brasil. Em exibição na Carpintaria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, reúne escultura, desenho e pintura em uma investigação sobre história material, arqueologia e transformação cultural. Ao reelaborar os códigos visuais e os signos sociais da história mexicana, a prática de González Pacheco desestabiliza a tradição – do muralismo e suas implicações políticas à iconografia pré-hispânica e suas associações rituais – abrindo caminhos para imaginários especulativos.
A mostra apresenta obras realizadas com materiais de construção, como concreto, sob imagens de seres híbridos, paisagens e ícones. O artista inicia o processo aplicando pigmentos sobre uma superfície plana para definir formas e contornos iniciais. Tampas de garrafa são então posicionadas ao redor da composição para sustentar uma grade metálica levemente elevada, criando um pequeno vão entre as duas camadas. O concreto é derramado nesse espaço e, ao endurecer, absorve os pigmentos e as formas subjacentes. O resultado não é uma pintura no sentido tradicional: as imagens emergem da interação material entre pigmento e concreto. Evocando pinturas murais antigas e, ao mesmo tempo, inserindo-se nas texturas urbanas contemporâneas, esses objetos enigmáticos – construídos com sucata metálica e ferragens industriais – ampliam o diálogo do artista com a matéria e a construção, revelando os entrelaçamentos entre ruína e possibilidade. Ao colocar monumento e precariedade em tensão constante, González Pacheco desenvolve uma linguagem formal que desafia narrativas canônicas e insiste em futuros alternativos. Sua obra reformula os resíduos da história não como relíquias estáticas, mas como agentes ativos na construção de sentido no presente. Dessa forma, a exposição articula uma visão artística profundamente enraizada no patrimônio cultural do México, ao mesmo tempo em que se engaja em conversas globais sobre memória, visualidade e identidade coletiva.
Entre as exposições recentes de González Pacheco estão Monopolítico Suspendido (Nuestras nuevas ruinas), Museo Experimental El Eco, Cidade do México, México (2024); La lumbre de las serpientes, Espacio Doble A, Toluca, México (2022); e Texcal, Machete Galería, Cidade do México, México (2022). O artista também participou das mostras coletivas Plaza pública, Centro de Creación Contemporánea de Andalucía (C3A), Córdoba, Espanha (2025); Otrs Munds, Museo Tamayo, Cidade do México, México (2025); Histórias Indígenas, Kode Bergen Art Museum, Bergen, Noruega (2024); e MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo, Brasil (2023).
Até 24 de janeiro de 2026.
