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AGENDA CULTURAL

Marcelo Guarnieri exibe Iolanda Gollo Mazzotti

 

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, apresenta até 03 de novembro, “Luz que emana”, primeira mostra na unidade de São Paulo da artista Iolanda Gollo Mazzotti. A exposição reúne pinturas, esculturas e frotagens produzidas durante os anos de 2021 e 2022 e conta com texto crítico do curador Ricardo Resende.

Iolanda Gollo Mazzotti nasceu em 1952, em Caxias do Sul, RS, einiciou sua produção ainda na década de 1990, exibindo seu trabalho em museus como MAM São Paulo; MAM Rio de Janeiro; Paço Imperial do Rio de Janeiro; MAC Paraná; MAC Rio Grande do Sul e Itaú Cultural de São Paulo. Em sua pesquisa, a artista investiga questões relacionadas à luz e ao poder da imagem, através de uma aproximação com o universo da estatuária religiosa e da experimentação com a técnica da gravura em um campo expandido.

Filha e neta de artesãos marceneiros de altares e santos, Iolanda Gollo Mazzotti cresceu rodeada de figuras religiosas, que, ao seu olhar, pareciam sempre perfeitas e inalcançáveis, distanciadas do plano terreno. Movida por essa inquietação e interessada pelos aspectos plásticos daqueles objetos escultóricos, a artista deu início a um trabalho – que já dura mais de vinte anos – de distorção e desmanche da Nossa Senhora da Luz, uma santa da Igreja Católica tradicionalmente invocada por pessoas com deficiência visual, que em sua imagem original carrega uma lamparina.

Sua curiosidade pelas questões do invisível a levou a associar a sua pesquisa sobre a imagética religiosa ao campo das percepções sensoriais, questionando a importância que havia sido socialmente atribuída ao sentido da visão para a experiência humana. Em meados da década de 90, Iolanda Gollo Mazzotti acompanhou de perto o trabalho da APADEV – Associação dos Pais e Amigos dos Deficientes Visuais de Caxias do Sul, trocando experiências e reflexões com os associados em torno das potencialidades e limitações das pessoas videntes e das pessoas não-videntes. Essa vivência permitiu à artista refletir que nem sempre a luz possibilita uma apreensão da realidade, já que pode inibir outros sentidos e, quando em excesso, pode cegar. Retirando a lamparina das mãos da santa em seu trabalho, Iolanda Gollo Mazzotti ressignifica a imagem da Nossa Senhora da Luz como uma maneira de explorar questões não somente filosóficas, como também plásticas. “Em meu trabalho, essa imagem tem a mão vazia porque a luz agora se apresenta de diferentes formas. Modelando, delimitando e se diluindo para gerar diferentes intensidades de sombras.”, diz Iolanda.

Iolanda Gollo Mazzotti apresenta esculturas, pinturas e objetos que se constroem por meio de técnicas como a frotagem, a moldagem e a costura, e materiais como o carvão, a seda e o gesso. Todas essas obras são provenientes de uma única matriz: a escultura de uma Nossa Senhora da Luz. Para produzir um dos trabalhos, são retiradas dessa matriz impressões frotadas em seda com carvão e gesso que geram imagens fragmentadas da santa, como se fossem registros imperfeitos de um corpo sagrado, suspensos pelo teto. Outro conjunto de peças apresentadas se aproxima um pouco mais do campo tridimensional, embora ainda se relacionem com o ato de gravar e com o interesse da artista pela linguagem da gravura. Moldadas sobre tecido, compõem corpos deformados da santa cujos aspectos podem ser percebidos através de um efeito de drapeado. A artista explica que “a santa nunca se reconstrói totalmente, apenas dá indícios de sua totalidade”.

Indo além no exercício de desmanchar tal figura, Iolanda Gollo Mazzotti exibe também os moldes de silicone e as camas de gesso, não mais suspensas e aéreas, mas dispostas no chão, em contato com o solo: “As camas que acolhem os moldes contém a força de uma forma impregnada de conceitos e limitações, mas agora descansam sob uma luz tênue que se desprende da estrutura rígida da matéria.” Outros moldes menores feitos de gesso, resina e cera são apresentados, mas o que se vê são apenas suas cavidades interiores iluminadas por pequenas lâmpadas de baixa voltagem. Duas máquinas em paredes opostas riscam a superfície com carvão – uma linha na horizontal e outra na vertical – e compõem uma cruz desmembrada, deixando também no chão o registro da ação em forma de Galeria Marcelo Guarnieri.

 

 

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