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AGENDA CULTURAL

Marco Maggi na Fundação Iberê Camargo.

“La economía de la atención” é a primeira exposição de Marco Maggi na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS. A mostra propõe uma reflexão sobre os modos como a atenção se constrói e é direcionada e permanecerá em exibição até 26 de março de 2026.

Com curadoria de Patricia Bentancur, que acaba de ser anunciada como a responsável pelo Pavilhão do Uruguai na Bienal de Veneza em 2026, a mostra apresenta doze trabalhos entre desenhos, instalações, elementos do cotidiano como rolo de tinta, bola de pingue-pongue, mesa de sinuca e colagens com papeis recortados, uma das marcas do artista. Na Fundação, ele criará uma obra inédita, de grandes dimensões, a partir de pequenos recortes em papel. Nascido em 1967 em Montevidéu, Marco Maggi divide seu tempo entre Nova York e a cidade natal criando trabalhos em pequenos fragmentos de papéis das mais diversas cores, materialidades e recortes. Utilizando humor, jogos de palavras e uma variedade de alusões visuais, Maggi incentiva seus espectadores a desacelerar e refletir sobre os detalhes e as complexidades de cada objeto. 

As obras de Maggi configuram um sistema visual de estruturas mínimas, quase imperceptíveis. Compreendê-lo é entrar em um código analógico de um algoritmo que se repetirá e reformulará uma e outra vez. Micro cortes em papel, incisões sobre acrílico ou grafite, que só existem a partir do intangível: a luz e a sombra.

A Fundação Iberê Camargo é uma obra de Álvaro Siza Vieira, um arquiteto que é capaz de direcionar nossa atenção a partir de ênfases espaciais e visuais mínimas. Uma pequena janela em um extenso muro cego nos induz a olhar para o exterior do museu. Enquanto Siza, neste caso, nos convida a olhar para longe, Maggi nos exige olhar de perto. Dois focos, aparentemente contraditórios, que não têm outra função senão economizar distrações, criar uma pausa para possibilitar um ato de observação ativa e concentrada. Marco Maggi compõe um protocolo de observação que é ativado apenas quando o corpo do espectador decide aproximar-se e manter o olhar. Em suas propostas, tanto os títulos de suas exposições quanto os de suas obras normalmente escondem um meta-sentido. A ambiguidade do título desta instalação não é um déficit de clareza, mas uma ferramenta crítica situada em um limiar de sentido deliberado. Por um lado, o da circulação, gestão e intercâmbio de um recurso escasso (economia) e, por outro, o da percepção, sensibilidade e capacidade de deter-se (atenção). A experiência da exposição se desdobra no terreno intermediário entre esses dois polos. Ela não designa univocamente, mas abre um campo de tensões que cada visitante deve negociar em seu percurso. Neste método de proximidade, não há espetáculo de impacto, mas relação; não há mensagem, mas cooperação; não há eficiência; há atenção. Sob esta perspectiva, seu trabalho não combate a aceleração com nostalgia, mas com técnicas concretas de lentidão, onde propõe possíveis práticas que, em nenhum caso, são diretrizes. Diante dos atalhos da velocidade, olhar devagar pode inclusive ser entendido como uma tecnologia cultural.

Patricia Bentancur

Curadora

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