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AGENDA CULTURAL

Marine Hugonnier na Fortes Vilaça

Com a exposição “A Abelha, o Papagaio e a Onça”, a artista francesa Marine Hugonnier,  realiza sua segunda individual na Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP. A mostra apresenta um filme, fotografias e esculturas que partem de pesquisa da artista sobre maneiras de abordar, compreender, e conviver com a natureza e os sistemas de representação que nossa sociedade criou. No filme “Apicula Enigma”, Marine Hugonnier desconstrói a linguagem corrente do “documentário de vida selvagem” ao usar recursos técnicos do cinema para se aproximar da verdade fatual de uma colmeia. Partindo de pesquisa sobre mitologias ocidentais associadas às abelhas, incluindo os livros “A Vida das Abelhas”, de 1910, de autoria de Maurice Maeterlink, “Dos Animais e dos Homens” de J.V Uexkull e também de filmes que vão de Eadweard Muybridge e Etienne-Jules Marey às histórias infantis de Walt Disney, a artista procurou filmar o espaço entre as abelhas e a equipe de filmagem, o estar na presença das abelhas, ao invés de humanizar a sociedade apícula usando-a como uma parábola para nossa sociedade. O filme é uma maneira de procurar a exata distância em que o mundo animal ainda mantém o seu mistério.

 

Nesta mostra, Marine Hugonnier considera a figura do papagaio como a de um animal aculturado, já que tem a habilidade de falar. A ideia de poder incluir um animal no contexto público por sua capacidade de comunicação foi a base para a performance que aconteceu na abertura da exposição, onde um papagaio interagiu com os visitantes. É também base para seu próximo filme, “The Parrot Case”, – O caso do Papagaio-, adaptação da história real sobre um papagaio que presenciou um assassinato e depois foi usado como testemunha chave no julgamento. Três objetos são ressignificados por um carimbo com as palavras “Union Pour La Cinegenie” – União pela Cinegenia. Esta união é um grupo informal criado por Marine Hugonnier e Manon De Boer, com o propósito de definir a palavra inventada “cinegenia”.  As obras que levam o carimbo são uma gravura do século XVIII, “An Assembly of Animals’ -Uma Assembleia de Animais -, um livro-colagem e um anúncio antigo do carro Jaguar que assim formam um tipo de coleção de exemplos que podem definir esta qualidade especial ou que simplesmente devem ser consideradas por suas qualidades cinemáticas.

 

A terceira parte da exposição está baseada na pesquisa e conceitos delineados por Eduardo Viveiros de Castro: a perspectiva ameríndia em que existe somente uma humanidade da qual os animais também fazem parte.  A noção ameríndia expande assim a ideia de subjetividade para uma não diferenciação entre humanos e animais. Dentro desta diferente concepção ontológica, a realidade e o ponto de vista de um animal, como a onça, pode ser apreendida e compartilhada. Ter uma outra perspectiva da mesma realidade é um dos intuitos dos rituais xamânicos praticados pelos povos habitantes da região amazônica. Neste contexto, a artista apresenta a série de esculturas abstratas “Anima”, que são objetos móveis. O título faz referência as palavras alma ou espírito ou psyche. Estas obras estão posicionadas em bases espelhadas nas quais o reflexo agrupa o espectador, seu entorno e a escultura em si, criando um único corpo.  Em “Anima(L)”, a escultura abstrata é acompanhada pela a fotografia de um animal criando assim uma nova relação. Ao lado desta,  a artista intervêm com folhas de ouro em uma escultura “ready made” que representa um xamã virando uma onça. Dois grandes luminogramas compõem a exposição, os trabalhos que são feito de papel fotossensível exposto à um lugar e período determinado, resultando em imagens quase monocromáticas, sendo a simples emanação do calor e elementos presentes no ambiente. Esta exposição considera diferentes tipos de concepções ontológicas sobre humanos e animais e assim questiona dicotomias tradicionais modernas; a divisão entre Natureza e Cultura, Sujeito e Objeto e os modos de produção e troca que estes sistemas de pensamento implicam.

 

 

Sobre a artista

 

Marine Hugonnier nasceu em Paris, França, em 1969 e vive e trabalha em Londres. Entre suas recentes exposições individuais podemos destacar: Chateau D’Angers, França (2014); Sainsbury Centre for Visual Arts, Norwich, UK (2013); FRAC Champagne-Ardenne, Reims, França (2009); Malmö Konsthall, Suécia (2009); Kunstverein Braunschweig, Alemanha (2009); Musée D’Art Moderne et Contemporain MAMCO, Geneva, Suiça (2008); S.M.A.K. Stedelijk Museum voor Actuele Kunst, Gent, Bélgica (2007); Philadelphia Museum of Art, Philadelphia, EUA (2007). Sua obra está presente em importantes coleções como: Thyssen-Bornemisza Contemporary Art Foundation, Viena; National Gallery of Art, Washington DC; Musée d’art Moderne de la Ville de Paris; MOMA, New York;  MACBA, Barcelona; Jumex Collection, Cidade do México; Reina Sofia, Madrid; Centro de Arte Contemporânea Inhotim, Brumadinho, MG; entre outros.

 

 

De 22 de março a 03 de maio.

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