do mundo”. Uma visão poética e sensível da mulher como matriz, gênese, força-motriz no mundo e no cotidiano é a ideia que agrega as 77 obras de 59 artistas mulheres. Entre as artistas, estão Maria Martins, Lygia Pape, Celeida Tostes, Leticia Parente, Anna Bella Geiger, Sonia Andrade, Regina Silveira, Anna Maria Maiolino, Ana Vitória Mussi, Iole de Freitas, Sonia Gomes, Lenora de Barros, Brígida Baltar, Beatriz Milhazes, Rosângela Rennó, Adriana Varejão, Laura Lima, Aline Motta, Bárbara Wagner e Lyz Parayzo. A curadoria é de Katia Maciel e Camila Perlingeiro, que selecionaram trabalhos em pintura, gravura, desenho, vídeo, fotografia, escultura e objetos. A mostra ficará em cartaz até 18 de outubro.
O início do mundo é um convite a regressar às origens. 59 mulheres evocam o feminino como princípio criador e força de transformação. Cada imagem, cada matéria carrega em si a potência das metamorfoses cíclicas, antigas e futuras. Aqui, o começo não é um ponto fixo, mas um movimento contínuo: um mundo que se reinventa no corpo feminino, na memória e na arte.
“Essa exposição é um projeto ousado, mesmo para a Pinakotheke”, diz Camila Perlingeiro. “Reunir tantas artistas e obras com suportes tão diversos foi certamente um desafio, mas um que abraçamos com entusiasmo. Há anos pensávamos em uma mostra que envolvesse um número expressivo de artistas mulheres, e a curadoria de Katia Maciel, poeta e artista múltipla, foi a garantia de um projeto ao mesmo tempo criterioso e sensível”. A montagem da exposição não obedece a um critério de linearidade. As aproximações são poéticas, onde obras em diferentes suportes se agrupam – como filmes junto a fotografias, ou pinturas que conversam com objetos, por exemplo. “É um percurso orgânico”, observa Camila Perlingeiro.
A primeira sala é toda em preto e branco, “porque simboliza o começo, antes da cor, antes de tudo”, explica a curadora. As outras salas são uma reunião de obras que conversam profundamente entre si e ao mesmo tempo formam uma cacofonia delicada e potente de tudo o que simboliza o início e o ciclo da vida.
Katia Maciel indaga: “O início é um ponto, uma linha, um círculo?”. “Para a Física, seria um ponto primeiro, um começo que explode. Para a História, uma linha contínua que por vezes se bifurca. Para as Mitologias, um círculo que gira sobre si mesmo. Para a Arte, o início são os três pontos, a reticência, a pergunta, a dúvida, uma forma viva que liga o finito ao infinito. A exposição reúne o trabalho de 59 mulheres cujos aspectos sensíveis e simbólicos expressam um início possível”, afirma.