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AGENDA CULTURAL

Raros, Vintages & Inéditos 2

07/abr

O projeto “Raros, Vintages & Inéditos” inaugura na Galeria Virgílio, São Paulo, SP, sua segunda ação com as exposições “É Tudo História” e “Movimento Contínuo”. “É Tudo História”, em que a seleção das obras enfatiza as técnicas de construção da imagem, exibe 48 fotografias de autoria de 20 profissionais. Com a curadoria de Guilherme Maranhão, a ênfase aos trabalhos não é necessariamente ao tema exibido, mas sim, a maneira como foi elaborada a imagem, ou seja, os procedimentos executados para se chegar àquele resultado. Em “Movimento Contínuo”, o curador Fausto Chermont selecionou 18 trabalhos de diferentes suportes e técnicas de autoria de 11 artistas em que o conceito principal está baseado na influência do concretismo brasileiro também na fotografia e no design

 

 

É Tudo História

 

Diferente do que é comumente retratado em exposições fotográficas, a pesquisa norteia e conecta os artistas convidados. Pesquisar é base para realizar tarefas; técnicas apuradas são contempladas, o que resulta em uma detalhada e cuidadosa produção de imagem fotográfica. E, para a constituição de cada um dos temas há uma história, pensada não só durante o seu registro, mas anterior e posteriormente.

 

O curador ainda questiona a postura do artista em relação a dificuldade do fazer o trabalho e o quão importante é ter liberdade para fazer escolhas, que mesmo não sendo as mais simples e comuns, são as que podem de fato solucionar alguma questão. Interligando esses itens, é possível compreender o embasamento da exposição, que destaca o conceito de se fazer uma imagem, a procura e o encontro pelas técnicas fotográficas utilizadas.

 

Fotógrafos brasileiros, com trajetória estabelecida e com reconhecimento internacional, exibem seu comprometimento com o conteúdo da imagem. São eles: Ana Angélica Costa, Ana Helena Lima, Bruna Queiroga, Cris Bierrenbach, Daniel Malva, Daniela Picoral, Danilo Valentini, Elizabeth Lee, Fatima Roque, Gabriela Gusmão, Juliana Bittencourt, Karina Rampazzo, Kenji Ota, Leka Mendes, Neide Jallageas, Patrícia Yamamoto, Paulo Angerami, Raquel Moliterno, Tatiana Altberg e Tiana Chinelli.

 

Segundo o curador Guilherme Maranhão “Independente do passado, da condição de aluno ou de professor, da idade e da experiência, todos recorreram a procedimentos rudimentares para produzir seus trabalhos. Isso não é incomum, uma solução política para seguir trabalhando, uma contingência prática que implica em mais pesquisa e que eventualmente devolve um conteúdo estético ou uma solução de linguagem que fala desse percurso alternativo. ”

 

 

Movimento Contínuo

 

Parte de uma pesquisa recorrente do curador Fausto Chermont, “Movimento Continuo” busca preencher uma lacuna nos registros de influencias de diversos movimentos na arte contemporânea. Muito já foi dito e exposto sobre as influencias dos movimentos Concretistas e Neoconcretista Brasileiro de forma a sedimentar essas teorias, mas a fotografia esteve fora dos arranjos propostos por historiadores, curadores na apresentação destes relatos.

 

Para a fotografia, este movimento no Brasil é tardio e leva o nome de Modernismo fotográfico, referenciado nas experimentações iniciadas pelo futurismo, criando uma dupla interpretação: coloca a produção de imagens como retardatária no processo histórico evolutivo mundial e não vincula ao processo pelo qual passava o Brasil no âmbito cultural, sobretudo das artes plásticas e da arquitetura, denominados corretamente de concretismo e neoconcretismo. Ancar Barcalla, Duda Rosa, Flávio Samelo, Frank Dantas, Guto Lacaz, Iatã Cannabrava, Joyce Camargo, Juan Esteves, German Lorca, Lucas Lenci e Volpi, autores clássicos e contemporâneos, exibem obras onde se utilizam de várias técnicas e linguagens em seus processos de trabalho onde o curador busca, além do resgate da sua essência, complementar a parte da história ainda não contada,mostrando as relações entre estes movimentos e apresentando a intrínseca relação entre as diversas linguagens.

 

 

“Educativa no conteúdo e cheia de surpresas no percurso, na exposição seguimos garantindo novas moradas para os nossos criativos. ”

Fausto Chermont – 2017

 

 

 Até 13 de maio.

Domingo no MASP

A cidade é um bem comum e todos os seus habitantes têm direito de usá-la, ocupá-la e produzí-la de forma democrática, justa e sustentável. Assim pressupõe o Direito à Cidade. Em outras palavras, trata-se do direito que todo cidadão e cidadã tem de, não só ter atendidas suas necessidades de saúde, educação, moradia, mobilidade, cultura, dentre diversas outras, mas também de participar ativamente da construção e do uso da cidade. Nessa perspectiva, o Direito à Cidade se molda como um direito coletivo, onde a sociedade se encontra para transformar os espaços e os processos urbanos.

 

Mas, como se dá o Direito à Cidade hoje? Em qual nível temos esses direitos atendidos? Quantas São Paulos diferentes existem hoje? Como o espaço urbano interage com as diversidades culturais, raciais, sexuais e sociais? Qual é a leitura e o uso que essas diversidades fazem da cidade?

 

Para provocar essas reflexões, o Instituto Pólis e o MASP convidam a todos e todas a participarem da aula pública “A Cidade de Todas as Cores”, uma intervenção urbana que trará questionamentos sobre as diversas faces do Direito à Cidade. Realizada na tarde do domingo, dia 9 de abril, na Avenida Paulista em frente ao MASP, a aula pretende ser um ambiente interativo, onde participantes poderão dialogar, explorar e questionar, por meio de jogos e outras linguagens, o significado do Direito à Cidade e as diferenças na sua efetivação na vida de cada pessoa de acordo com sua identidade de gênero, raça, orientação sexual, classe social, dentre outros elementos.

 

A atividade ajudará na compreensão do contexto da cidade abordada nas obras expostas no MASP: a mostra de Agostinho Batista de Freitas, que retrata diferentes espaços da cidade entre 1950 e 1990; e a exposição Avenida Paulista, que reúne obras de diversos artistas, com diferentes visões sobre esse local, que é ao mesmo tempo cartão-postal e palco de disputas.

 

A aula pública “A Cidade de Todas as Cores” marca o início de uma série de atividades em comemoração aos 30 anos do Instituto Pólis.

 

 

Domingo, 9 de abril, às 15hs. Avenida Paulista, em frente ao MASP

Instâncias do Olhar

06/abr

A Fortes D’Aloia & Gabriel, Vila Madalena, São Paulo, SP, recebe em sua galeria, “Instâncias do Olhar”, a nova exposição de Efrain Almeida. Personagens habituais na prática do artista ressurgem através de esculturas em madeira e bronze, aquarelas e bordados, repletas de simbolismos e elementos biográficos. As obras parecem formar uma fábula pessoal suspensa no tempo.
Efrain Almeida ressignifica temas e figuras do seu repertório sob uma perspectiva circular. O trabalho central da exposição, por exemplo, tem relação direta com sua mostra anterior em São Paulo: em “Uma coisa linda”, de 2014, o artista exibiu 150 passarinhos em bronze no Galpão, reencenando o pouso de um bando de galos-de-campina no quintal de sua casa. Inédita de 2017, no entanto, há apenas um pássaro, caído de costas sobre um tablado de madeira. A imagem evoca liricamente a memória de seu pai que faleceu ano passado. Era dele a exclamação que deu título à obra de 2014, o que dá mais sentido à escolha lacônica para o nome usado em 2017 (uma referência às palavras die e dad). O galo-de-campina, aliás, é uma ave típica do Nordeste e que, assim como fez seu pai em vida, migra do norte ao sul do país.
Ninho do Beija-Flor, de 2016, contrasta com esse peso ao retratar o instante em que o diminuto pássaro abre os olhos, fazendo seu primeiro contato com o mundo. O conceito da visão como signo mediador entre sujeito e realidade é desenvolvido ainda em outros trabalhos da exposição. As asas da Mariposa, de 2016, mimetizam os olhos de um predador como mecanismo de defesa. No autorretrato “Cabeça”, Mestiço, de 2017, o artista devolve o olhar ao espectador através da superfície reflexiva do bronze. E em “Cabeça”, Transe, de 2017, os olhos da escultura de madeira revelam sua introspecção, em um movimento para dentro de si. Aqui, o interesse de Efrain volta-se ao transe como um estado de interstício – entre imaginário e o real, entre a loucura e a sanidade -, análogo ao próprio ofício do artista.
Em “O Outsider”, de 2017, o autorretrato ganha forma através de uma camisa de seda bordada com o rosto do artista. “Hanging” de 2017, também um bordado de seda, é uma paisagem porosa na qual o horizonte sustenta um ninho. Nas esculturas e aquarelas da série “Pouso”, Efrain retrata beija-flores empoleirados para capturar um instante efêmero de quietude. A paleta reduzida dessas aquarelas evoca o céu de um melancólico fim de tarde, atribuindo à paisagem um estado de espírito.

 

 

Sobre o artista
Efrain Almeida nasceu em Boa Viagem, Ceará, 1964, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Entre suas exposições recentes, destacam-se: Uma pausa em pleno voo, Paço Imperial, Rio de Janeiro, 2015; Lavadeirinhas, SESC Santo Amaro, São Paulo, 2015; O Sozinho, Casa França-Brasil, Rio de Janeiro, 2013; 29ª Bienal de São Paulo, 2010; 10ª Bienal de Havana, 2009; Marcas, Estação Pinacoteca, São Paulo, 2007. Sua obra está presente em diversas coleções públicas e privadas do Brasil e do mundo, entre as quais: MoMA – Nova York, MAM São Paulo, Centro Galego de Arte Contemporânea, Santiago de Compostela, Espanha, Toyota Municipal Museum of Art, Toyota, Japão, Pinacoteca do Estado, São Paulo, entre outras.

 

 

Até 20 de maio.

A trajetória de Antonio Bokel

O livro “Ver” será lançado dia 08 de abril no Lounge SP, no Pavilhão da Bienal, São Paulo, SP, apresentando um dos percursos mais instigantes da arte contemporânea no Brasil. Nos últimos 15 anos, o carioca Antonio Bokel testou quase todas as possibilidades da arte. Interage com o espaço urbano através do lambe-lambe de propaganda, das pichações e do grafite. O discurso das ruas, em palavras e a imagens, ganha vários outros significados com o uso de técnicas mistas. Colagem e fotografia. Os suportes utilizados por ele passam pela instalação, quadros, moda, esculturas. Artista incansável, seu acervo tão diverso contabiliza mais de três mil imagens. 100 delas, a parte mais representativa de sua trajetória em ordem cronológica, foi selecionada para o livro Antonio Bokel: Ver, Réptil Editora, 160 páginas, R$ 80,00. A obra, com textos dos curadores Vanda Klabin, Daniela Name, Oswaldo Carvalho, Mario Gioia e do artista plástico Pedro Sánchez será lançada dia 8 de abril no Pavilhão da Bienal, durante a feira internacional de arte moderna e contemporânea SP-Arte 2017.
Uma parceria da Réptil Editora com a Mercedes Viegas Galeria, o título percorre em 160 páginas os principais trabalhos do artista carioca. “Um diplomata talentoso, um articulador, um criador de mundos”. A análise é de Pedro Sánchez, um dos cinco convidados a observar a produção de Bokel.

 

 
Lançamento

 

 

Livro de Antonio Bokel – “Ver”,Réptil Editora, 160 páginas. R$ 80,00.
08 de abril de 2017, às 18hs.
Lounge Sp-arte no Pavilhão Ciccilo Matarazzo, Pavilhão da Bienal. Parque do Ibirapuera – Portão 3.

 
Sobre o artista

 

Antonio Bokel nasceu no Rio de Janeiro, em 14 de abril de 1978. O contato com a arte começou bem antes do Curso de Design na Univercidade, onde se formou em 2004. “Um dos passatempos preferidos da infância era pintar com guache. Eu e uma tia, Vera Lucia, pintora autodidata, ficávamos horas pintando”, recorda Antonio. Na faculdade de Design Gráfico, Bokel teve aulas de fotografia, curso de modelo vivo com Bandeira de Mello, de pintura com João Magalhães, no Parque Laje, Rio de Janeiro. Em 2003, fez sua primeira exposição individual na Ken´s Gallery, na Via Lambertesca, em Florença, Itália. “Onde passei quase um ano, fazendo pesquisas e testando várias linguagens”. Ao retornar ao Rio, fundou a marca de moda Soul Seventy com a estilista Amanda Mujica. As peças eram vendidas na praia, no Posto 9, e logo foram parar na semana de moda carioca, o Fashion Rio.

 

Em 2008 participou da exposição de Verão na galeria Silvia Cintra + Box 4, neste mesmo ano e no e anos seguinte participou da SP arte, representado pela mesma, atingindo grande sucesso de vendas em 2009. Em 2010, realizou as exposições “Cruzes e Credos”, na Jaime Portas Vilaseca Galeria, Rio de Janeiro, e “AAAAA No Thing But Truth”, na Sid Lee Collective Gallery, em Amsterdam, Holanda. Em 2011, participou da 1ª exposição ARTUR – Artistas Unidos em Residência, em Lagos, Portugal. Neste mesmo ano, também realizou duas exposições individuais: “Corpus Cordex”, no Centro Cultural Solar de Botafogo, Rio de Janeiro, Grafitti, “Error”, na FB Gallery, Nova York. Em 2012, participa da exposição “Gramática Urbana”,no Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro. No mesmo ano fez sua individual, “Transfiguração do Rastro”, no mesmo museu. 2013 participou da exposição e residência artística “Movimentos Paralelos” na República Dominicana. Em 2014 mais uma exposição individual “Na Periferia do Mundo” com curadoria de Vanda Klabin , onde ocupou 5 salas do Centro Cultural Justiça Federal, no Rio de Janeiro. Foram no total 35 obras entre pinturas, fotografias , esculturas e vídeo. Seu trabalho já foi publicado nas revistas brasileiras Zupi, Vizoo e Santa, e na espanhola Rojo. Possui obras em coleções brasileiras , como a de Gilberto Chateubriand e BGA Investimentos. Bokel tem alguns trabalhos no acervo do MAM, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e do MAR Museu de Arte do Rio. Em 2015 foi um dos indicados ao prêmio PIPA. Em 2016 participa da exposição coletiva “Point of View/site specific”, nos jardins do Palácio da Pena, em Sintra, Portugal. Atualmente é representado pela galeria Mercedes Viegas, no Rio de Janeiro, galeria Matias Brotas em Vitória e AM galeria em Belo Horizonte.

Livro de Rosângela Rennó

Na próxima terça, dia 11, será o lançamento do livro da exposição “O Espírito de Tudo”, de Rosângela Rennó, no Oi Futuro Flamengo, Rio de Janeiro, RJ. A edição bilíngue conta com textos da curadora Evangelina Seiler, da própria artista e com citações de autores consagrados como Walter Benjamin, Marcel Proust e Ítalo Calvino.

 
Rosângela manteve no livro o caminho percorrido na exposição, obedecendo a uma lógica sensorial. “É importante ressaltar que eu não lanço um catálogo, mas um livro em que as obras ganham um tratamento especial por estarem em outro meio. O que na exposição era vídeo, por exemplo, agora apresenta imagens gráficas. É um prolongamento do trabalho”, explica a artista.

 

 

 
Lançamento:

11 de abril- Rio de Janeiro –
Horário: 18h30 no Oi Futuro Flamengo, Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo.
Rio de Janeiro
168 páginas, edição de 2017.

Preço de capa: R$ 90,00.

 

Décio Vieira, homenageado

04/abr

Da abstração ao neoconcretismo: uma homenagem a Décio Vieira. Esta exposição é um dos frutos da profícua parceria firmada em 2016 entre o Sistema Fecomércio RJ, por meio do Sesc, e o Museu de Arte do Rio – MAR. Focada no projeto Partiu MAR!, programa de formação continuada de professores e visitas educativas ao museu, a parceria estende-se também ao programa curatorial, permitindo que sejam realizadas exposições de forma conjunta, de modo a ampliar o alcance deste programa para além da capital carioca.

 

Esta é a primeira vez que o MAR apresenta uma mostra fora de sua sede, na Praça Mauá, além de ser uma das mais ricas parcerias curatoriais que desenvolvemos até então. Foi por conta da vontade de pensar coletivamente que surgiu este projeto, nascido de um olhar prospectivo sobre a complexidade da história do Palácio Quitandinha, onde hoje funciona a unidade de Petrópolis do Sesc. Esta é, portanto, uma preciosa oportunidade de expansão das perspectivas e das ações do Museu de Arte do Rio.

 

 

Museu de Arte do Rio – MAR

 

A mostra parte de um marco fundamental para a história da arte brasileira, a 1ª Exposição nacional de arte abstrata, realizada aqui, no Palácio Quitandinha, em 1953. Sob a organização geral de Edmundo Jorge e Décio Vieira – e por meio de articulações que envolveram também a Associação Petropolitana de Belas Artes e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro –, a exposição foi um dos momentos inaugurais de afirmação social de uma arte não figurativa no Brasil.

 

Pouco programática em termos de escolhas estéticas e políticas dentro do campo da abstração, e diferentemente de iniciativas posteriores, a 1ª Exposição nacional de arte abstrata não buscava afirmar um paradigma construtivo único, mas abrir espaço para as liberdades de investigação então em efervescência. “Da abstração ao neoconcretismo: uma homenagem a Décio Vieira” apresenta, por um lado, uma contextualização histórica do campo da arte do Rio de Janeiro entre as décadas de 1940 e 1950 e, por outro, a trajetória pessoal de Décio, articulando o indivíduo à coletividade como forma de dar a ver a instauração de um ambiente moderno no país. Além de organizador da mostra, ele foi também o artista premiado pelo júri formado por Mário Pedrosa, Niomar Muniz Sodré e Flávio de Aquino.

 

Não apenas sua importância para a exposição e o ambiente de consolidação de uma arte não figurativa no país, mas também a contribuição e permanente revolução de Décio Vieira para a arte são evidenciadas nesta mostra. Integrante do Grupo Frente – responsável pela afirmação de uma agenda de arte concreta no Brasil -, logo depois ele passou a desenvolver sua obra em chave neoconcreta, evidenciando uma produtiva inquietação. Sua trajetória da “abstração ao neoconcreto” fala da singularidade da obra de Décio e nos adverte do inquestionável lugar de importância do estado do Rio de Janeiro diante da cultura brasileira.

 

 

Até 09 de julho.

Nelson Felix no MAM-Rio

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, inaugura no próximo dia 08 de abril a exposição “Trilha para 2 lugares e trilha para 2 lugares”, com trabalho homônimo inédito de Nelson Felix – a quarta e última parte da série “O Método Poético para Descontrole de Localidade”, iniciada em 1984. A obra reúne a vivência do artista em dois locais distintos: Citera, uma ilha na Grécia, e a cidade de Santa Rosa, no pampa argentino.  A palavra trilha, repetida duas vezes no título da exposição, tem duplo significado: o percurso percorrido pelo artista e a presença sonora. Um cabo de aço atravessará o espaço do MAM, em tensão máxima, a ponto de emitir um som que será captado e amplificado. Com um total de 270 metros – 35 metros estirados a 60 centímetros do chão e o restante tensionado em volta de pilastras do Museu – o cabo de aço aponta para duas direções: Citera e Santa Rosa.  

 

Em uma pequena sala fechada e toda forrada por espuma, haverá três monitores onde serão exibidos vídeos que registram a vivência do artista em cada um dos locais. As imagens foram feitas por Guilherme Begué e Cristiano Burlan, este último  há quatro anos se dedica a fazer um filme sobre o artista. Caixas de som irão reproduzir o som emitido pela tensão do cabo de aço, que se somará ao som ambiente dos vídeos, constituindo assim, a sua trilha sonora. A estrutura de edição das imagens, que ora se duplicam ora se alternam nos monitores, se assemelha a uma composição musical para três instrumentos.

 

O trabalho de Nelson Felix torna assim o museu dúbio instrumento: musical e uma espécie de bússola, formalizada na direção que indica o cabo de aço no espaço expositivo, a mesma percorrida pelo artista no globo terrestre.

 

A série “O Método Poético para Descontrole de Localidade” sempre teve na poesia seu ponto de partida. No trabalho apresentado no MAM Rio, foi a obra do poeta francês Mallarmé, principalmente seu poema “Um lance de dado jamais abolirá o acaso”, que determinou o início do processo. Nelson Felix lançou sobre um mapa-múndi um dado com o número seis em todas as faces, em data e hora estabelecidas, e em local incidental do curso de uma estrada. Daí surgiram os dois locais-eixo do trabalho: Citera e Santa Rosa (pampa argentino).  Em Citera, lançou o dado ao mar, em Santa Rosa, o enterrou. Nesses lugares, o artista desenhou compulsivamente, durante várias horas, impregnado do ambiente e ao mesmo tempo deixando sua marca nele, como se fundisse à paisagem.

 

Depois de estar em Citera, Nelson Felix observou que “vários artistas realizaram obras sobre a peregrinação a esta ilha: Watteau, Gerard de Nerval, Verlaine, Victor Hugo, Debussy, mais recentemente Theo Angelopoulos, e principalmente Baudelaire, grande influência de Mallarmé”. E descobriu ainda outro fato curioso em comum a esses artistas: com exceção de Watteau, todos haviam frequentado o café-restaurante Closerie des Lilas, em Paris, fundado em 1847. Nelson Felix se sentiu impelido a ir, ele mesmo ao local, e de lá acrescenta algumas imagens aos vídeos da exposição.

 

 

A palavra da curadoria

 

 

Trilha para 2 lugares e trilha para 2 lugares, de Nelson Felix, inscreve-se com destaque na programação do MAM de 2017. Tal destaque, entretanto, não se restringe ao reconhecimento da importância inegável de sua obra para a produção contemporânea brasileira. Ao acolher esse projeto da série Método poético para descontrole de localidade (iniciada com o projeto 4 cantos feito pelo artista, a convite da Fundação Serralves, em 2007, na cidade do Porto, em Portugal, o museu também reitera sua vocação experimental e vincula, uma vez mais, seu nome a outras mostras emblemáticas de artistas e movimentos artísticos brasileiros aqui realizadas. Finalmente, Trilha para 2 lugares e trilha para 2 lugares soma-se ao nosso programa de exposições temporárias, cuja dinâmica é complementar àquela das mostras do acervo – ou seja, revelar outros pontos de vista da produção de artistas que fazem parte de nossa coleção.

 

De acordo com Felix os trabalhos dessa série “visam traduzir uma ideia de espaço simultâneo, de construção poética que amalgamam locais por meio do desenho […]. Nesse sentido, esculturas, desenhos, ações, fotografias, vídeos e deslocamentos ilustram um texto formando uma noção de lugar que se submete a um desenho no globo terrestre.” A confluência desses espaços diversos, fundamentados experiencialmente, só pode fazer sentido e ser produzida com base num “método poético para descontrole de localidade” marco que separa a ambiguidade poética característica da arte da experimentação cientificamente regulada.

Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes

 

 

Sobre o artista

 

Nascido no Rio de Janeiro, em 1954, Nelson Felix ocupa lugar de destaque na cena contemporânea desde 1978, quando integrou a exposição “Artistas Cariocas”, na Fundação Bienal de São Paulo, até a recente mostra individual “O Oco” (2015), na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Com diversos prêmios, residências e exposições no Brasil e no exterior, o artista participou ainda de várias bienais, como a III Trienal de Desenho (1986), no Germanishes National museum, em Nuremberg, Alemanha; XXIII Bienal Internacional de São Paulo (1996); Bienal do Barro (1998), no Centro Cultural de Maracaibo, Venezuela; II Bienal do Mercosul (1999), em Porto Alegre; Brasil + 500 anos, Mostra do Redescobrimento, Bienal de São Paulo (2000); V Bienal do Mercosul (2005), em Porto Alegre; Bienal no Instituto Tomie Ohtake (2010), em São Paulo; Bienal do Vento Sul (2011), em Curitiba.

 

 

 

De 08 de abril a 04 de junho.

Curso com Catunda/Dunley

03/abr

Curso Manifestos de artistas do Século XX – Abril 2017 – Vagas limitadas
O curso abordará a História da Arte do Século XX, baseado na leitura e discussão de manifestos e textos de artistas que protagonizaram as vanguardas desde o inicio do século até aproximadamente os anos 70.
Leda Catunda e Bruno Dunley, professores e artistas, atuarão juntos em todas as aulas, com intervalos na apresentação da pesquisa e a discussão com os alunos.
Uma bibliografia será recomendada no ato da inscrição para que os participantes possam, de antemão se familiarizar com o tema.
As aulas contarão, além dos textos dos manifestos em questão, também com uma seleção de imagens das obras referentes à cada período abordado.
Pretende-se, desta maneira, propor um ponto de vista diferente daquele encontrado nos livros de História da Arte, trazendo uma visão mais aguda e visceral, presente nas palavras que os próprios artistas escolheram pra falar sobre aquilo em que estavam pensando.

 

 

Calendário bimestral Março • 3 encontros
Dias:11 de abril a 30 de maio, terças-feiras Horário: das 19h30 às 22h30.
Valores:4x R$ 300,00 Estacionamento:Valet no local, R$ 20,00 pelo período.
Número de telefone para inscrições: (11) 33602726

 

 

Sobre Leda Catunda
Com três participações na Bienal de São Paulo e um grande número de exposições individuais e participações coletivas em instituições brasileiras e internacionais, Leda Catunda é uma de nossas artistas mais respeitadas. Doutora em artes pela ECA-USP, com vasta experiência educacional, trata-se de uma artista cujo trabalho combina um caráter com formação teórica e fortemente experimental.

 
Sobre Bruno Dunley
O artista vive e trabalha em São Paulo. Formou-se bacharel em Artes Visuais pela Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, e bacharel em Fotografia pelo SENAC, na mesma cidade. Por seu envolvimento com o Grupo 2000e8, desenvolveu um pensamento crítico acerca da trajetória da pintura no mundo contemporâneo. Atualmente é representado pela galeria Nara Roesler.

“Jardim de Guerra”, de Neville D´Almeida

29/mar

O filme “Jardim de Guerra”, de 1968, de Neville D´Almeida, será exibido no Cine Joia, em Copacabana, quase 50 anos após sua produção. Recolhido pela censura em 1968, o filme será apresentado ao público por ocasião da exposição “Permissão para falar”, que tem curadoria de Fernanda Lopes e está em cartaz na galeria Athena Contemporânea até o dia 1º de abril.

 

A exibição do filme “Jardim de Guerra” será precedida do curta-metragem “Redenção”, de 2017, que tem direção de Neville D’Almeida e Joaquim Haickel, e seguida de debate com Neville, a curadora Fernanda Lopes e a artista plástica Laura Belém, uma das artistas da exposição “Permissão para falar”, cujo trabalho motivou a exibição do filme. Na mostra, a artista apresenta a obra “Hoje tem cine”, de 2015, em que cria letreiros em neon com títulos dos filmes que marcaram a história do Cine Palladium, um dos cinemas mais importantes de Belo Horizonte. Dentre estes filmes, está o “Jardim de Guerra”, apresentado pela primeira vez no cinema mineiro.

 

“Jardim de Guerra” é o primeiro filme do cineasta Neville D’Almeida, com argumento e roteiro do cineasta com Jorge Mautner. O longa foi proibido e interditado e jamais exibido comercialmente. Preste a completar 50 anos, o filme inaugurou a quinzena dos Realizadores do festival de Cannes, em 1969, foi premiado no festival de Brasília e exibido em vários festivais na Europa. Foi consagrado como um dos ícones do cinema experimental e do cinema de invenção.

 

 

 

Sobre a exposição

 

 

“Permissão para falar”, em cartaz na Athena Contemporânea, tem a palavra como ponto de partida e reúne obras recentes e inéditas de destacados artistas da cena contemporânea brasileira: Laura Belém, Lais Myrrha, Vanderlei Lopes, Yuri Firmeza (que apresenta uma obra em parceria com Frederico Benevides), Paula Scamparini, Diego Bressani, Beto Shwafaty, Jaime Lauriano e Sara Ramo. Em comum, todas as obras trazem palavras, com interesse especial em seus uso e variações de significados. Muitas delas possuem escritas, literalmente, mas nem todas. Neste caso, a palavra é a base de construção de um discurso, que traz mais de um significado. “A exposição tem como ponto de partida a palavra. Não a palavra isolada, com significado único e fixo, mas sim a palavra como construção e como discurso, que pode assumir diferentes características e leituras a partir do ponto de vista e do contexto de leitura. Nenhuma palavra pode ser lida sozinha, isolada, fora de contexto. Toda fala é construída, se constrói a partir de pontos de vista e referências, e não elimina a possibilidade de existência de outros olhares”, explica a curadora Fernanda Lopes, que ressalta que “essa é uma exposição interessada em pensar o lugar da fala e da escuta”.

 

 

Dia 29 de março de 2017, às 20h30

 

Cine Joia – Av. Nossa Sra. de Copacabana, 680 – Copacabana

 

Programação:

 

Curta-metragem “Redenção” (2017), Direção: Neville D’Almeida e Joaquim Haickel, Guarnicê Produções, 15 min.

 

Jardim de Guerra (1968), 100min., Classificação: 16 anos.

 

Debate com o diretor Neville D´Almeida, a curadora Fernanda Lopes e artista plástica Laura Belém.

 

Exposição “Permissão para falar”

 

Galeria Athena Contemporânea, Rio de Janeiro, Shopping Cassino Atlântico

Fiaminghi no IAC

28/mar

Inaugurando o calendário do ano, o IAC, Instituto de Arte Contemporânea, Vila Mariana, São Paulo, SP, apresenta mais uma ação de seu Grupo Experimental de Curadoria, “Fiaminghi – Pensamentos compostos”, dando continuidade ao programa de exposições que busca divulgar o acervo da instituição, constituído por importantes arquivos de artistas brasileiros.

 

Esta exposição reúne um expressivo número de obras e documentos entre desenhos, esboços, projetos, produtos gráficos e estudos realizados por Hermelindo Fiaminghi (São Paulo, 1920 – 2004), desde os anos 1950 até a década de 1990. Dos desenhos e projetos, passando por suas experiências junto ao Grupo Ruptura, a produção em têmpera e os offsets dos anos 1970, a exposição traz um importante panorama da obra de Fiaminghi, ao mesmo tempo em que apresenta aspectos de seu pensamento visual e modo de produção.

 

Com uma obra plástica marcada pela forte influência de suas experiências profissionais como litógrafo da indústria gráfica e como publicitário, a mostra revela aspectos fundamentais das soluções poéticas encontradas pelo artista. A imagem fotográfica tem papel crucial nas questões sobre cor e sua relação com a luz. O artista passa a denominar de corluz a produção na qual utiliza, de maneira extremamente original e criativa, a presença dos fotolitos e das provas gráficas, acentuando os efeitos criados por uma enorme ampliação das retículas.

 

Fiaminghi, junto com outros artistas, aderiu ao Grupo Ruptura em 1955 e ajudou a organizar, em 1956, a 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta. Sobre esse período, o próprio Fiaminghi afirma que somente na 3ª Bienal de São Paulo se deu conta – devido à crítica que o enquadrou na arte concreta – de que ele era um artista concreto. Foi nessa época que buscou descobrir do que se tratava esse tipo de arte e quais seus pressupostos. Ao refletir sobre essa fase, o artista afirmou que “O quadro concreto começa quando você chega. (…). Na arte concreta a coisa é limpa, é clara! O que você está vendo, é!”

 

 

Sobre o artista

 

Hermelindo Fiaminghi nasceu em São Paulo em 1920. Tornou-se conhecido como pintor e desenhista, mas também atuou profissionalmente como publicitário, litógrafo e artista gráfico. Suas experiências profissionais, em todas essas áreas correlatas, influenciaram mutuamente sua pesquisa imagética. No Liceu de Artes e Ofícios, foi aluno entre 1936 e 1941, onde estudou com Waldemar da Costa. Trabalhou em várias empresas de publicidade e, também, na indústria gráfica. Participou das mudanças iniciadas pelos movimentos construtivos e aderiu ao Grupo Ruptura. Nesse âmbito, atuou junto aos poetas concretos, desenvolvendo o projeto gráfico de vários poemas.

 

Frequentou o atelier de Alfredo Volpi de 1959 a 1966. Junto com Cordeiro, Féjer, Mauricio Nogueira Lima e Décio Pignatari, fundou, em 1958, o Atelier Livre do Brás. Ali desenvolveu a série virtuais, considerada como uma passagem da produção construtiva, vinculada aos pressupostos concretos, para uma pesquisa na qual começa um trabalho de desconstrução, tornando suas formas e o uso de cores e do espaço menos rígidas. A partir dos anos 1960, passa a nomear parte importante de sua produção com o uso adaptado do termo corluz. Nessa fase, utiliza retículas na forma de fotolitos e o offset por meio do sistema CMYK de cores, no qual cada cor é impressa separadamente. Por outro lado, nessa mesma década, começa a trabalhar com têmpera e, nela, da mesma forma, privilegia os estudos com a cor.

 

O artista expôs em várias Bienais Internacionais de São Paulo, em exposições individuais e coletivas e sua obra faz parte de importantes coleções públicas e privadas no Brasil e no exterior. Além disso, atuou como professor, júri e membro de conselhos. Faleceu em 2004 também na cidade de São Paulo. Desde 2017, o Instituto de Arte Contemporânea abriga seu arquivo pessoal.

 

 

Sobre o Grupo Experimental de Curadoria do IAC

 

Já pela segunda vez, o Instituto de Arte Contemporânea abre espaço para que o processo curatorial – das coleções e das exposições – seja colocado em questão por meio do envolvimento de distintos personagens e, portanto, de múltiplos olhares sobre seu acervo. A criação do Grupo Experimental de Curadoria envolveu, na preparação da exposição “Fiaminghi – Pensamentos compostos”, formações conceituais diferenciadas em uma elaboração final coletiva. O processo de conhecimento do arquivo pessoal de Hermelindo Fiaminghi tem sido bastante rico: seus desenhos, gravuras, fotolitos, offsets, pinturas, fotografias, projetos, estudos, revelam-se de maneira inusitada, a cada novo olhar. Trabalhar em conjunto e contar com diversas consultorias tem sido um processo complexo e bastante afinado com a própria produção de Fiaminghi que foi um pesquisador incessante e que, a partir de um certo momento, compreendeu – e nos deu a conhecer – sobre a importância fundamental da des-construção para a compreensão da arte como manifestação. Suas despaisagens e desretratos são ‘apenas’ mais uma faceta dessa personalidade inquieta e riquíssima que, agora, o Grupo Experimental de Curadoria do Instituto de Arte Contemporânea apresenta ao seu público.

 

 

Sobre o IAC

 

O Instituto de Arte Contemporânea – IAC, entidade cultural sem fins lucrativos, foi criado com a finalidade principal de preservar documentos e difundir a obra de artistas brasileiros de tendência construtiva. Os arquivos destes artistas, entre eles Willys de Castro, Sérgio Camargo, Amilcar de Castro (em parceria com o Instituto Amilcar de Castro), Sérvulo Esmeraldo, Luis Sacilotto, Lothar Charoux e, mais recentemente, Hermelindo Fiaminghi têm na instituição um espaço próprio para a exposição e pesquisa com documentação arquivística, bibliográfica e museológica, armazenada em banco de dados específico. Os acervos têm finalidade de pesquisa e divulgação da obra dos artistas por meio do trabalho com seus documentos preparatórios (cartas, agendas, esboços etc.). Assim, podem ser usados em exposições internas ou cedidos a outras instituições, em publicações, em estudos e quaisquer outros usos de caráter cultural e/ou acadêmico.

 

O IAC pesquisa, coleta, organiza e disponibiliza quaisquer fontes de informação sobre os artistas relacionados em seu acervo e, através de uma interface online, permite que pesquisadores de qualquer parte do mundo acessem seu banco de dados. Promover ações educativas e intercâmbios culturais com museus e instituições com a mesma linguagem em outros países também estão entre os objetivos da instituição. Desde julho de 2011, o IAC funciona no primeiro andar do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, na Vila Mariana.

 

 

Até 01 de julho.

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