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AGENDA CULTURAL

O caos na arte de Marcelo Gandhi

13/out

O universo caótico das grandes cidades, a globalização determinando novas relações entre as pessoas, a crise de representação que, sintomaticamente, atinge em cheio o homem urbano. Em meio a essas reflexões, nasce e se fortalece a arte do potiguar Marcelo Gandhi, cuja mostra individual, intitulada “Suco de Máquina”, poderá ser vista Roberto Alban Galeria, no bairro de

 

 

Ondina, Salvador, BA.  

 

A exposição será composta por, aproximadamente, 15 obras de médio a grandes formatos, entre desenhos sobre papel e sobre tela, um objeto em alumínio fundido, uma animação e projeções de alguns outros trabalhos. A mostra, como explica o próprio Marcelo Gandhi, é fruto de sua incursão, “rotineira e incessante”, pela cidade de São Paulo, onde passou a viver desde que saiu do Rio Grande do Norte há alguns anos.

 

“A partir das minhas relações e reflexões de estar numa metrópole complexa como São Paulo, o desenho foi assumindo um caráter mais cartográfico, caótico, evidenciando também a minha condição de nordestino, negro, árabe, assim como o meu posicionamento objetivo e subjetivo dentro dessa grande centrifuga”, define Gandhi.

 

A relação crítica e provocativa com a cidade, ainda assim, não elimina as possibilidades de um viés mais intimista e universal do artista diante do novo paradigma do mundo em rede, “onde não há mais lugar centralizador e, sim, vários pontos de disseminação e circulação de informação”.  Para Gandhi, seu trabalho artístico adquire a partir daí um perfil divergente dentro dessa grande rede: “Uso e abuso da repetição, da arte conceitual, da pop arte, resignificando, assim, uma cosmogonia particular no meio dessa gênese coletiva. Assumo que o corpo da minha obra é híbrido, misturado ..uma perfeita metáfora do Brasil com todas suas contradições e contundências”. Segundo ele, essa metáfora se traduz por interrogações que perpassam questões como signo, fronteira, gênero, política, economia, sociedade, sexualidade, espiritualidade.

 

Em desenhos, Marcelo Gandhi começou trabalhando com nanquim e papel, herança da sua formação universitária e ibérica, depois incorporou também telas e canetas coloridas e até pintura. “Tenho me colocado em experimentação, observando como a linha se comporta em outras superfícies e suportes. A cor, pra mim, surgiu de um esgotamento do uso do preto e branco e também da dinâmica de avanço inerente ao próprio trabalho, pois chega um momento em que o próprio trabalho diz pra onde você tem que ir ou o que deve fazer. A arte é um sistema vivo e dinâmico, um motor contínuo sem começo nem fim”, sintetiza.

 

 

Toy art e Walt Disney

 

O caráter questionador e estético da obra carregada de abstração de Gandhi é reconhecido pelo curador e crítico de arte Bitu Cassundé, que apresenta a mostra da Roberto Alban Galeria. Analisando sua trajetória, ele diz que os desenhos do artista adquiriram mais recentemente uma nova estruturação e são contaminados por eixos do universo dos toy art, dos ready mades de Marcel Duchamp, dos quadrinhos, do cinema e do ocultismo. “Impossível não citar também influências diretas como Walt Disney, Jeff Koons, bonecos Playmobil, Farnese de Andrade, Louise Bourgeois, H.R. Giger, Andy Warhol, Basquiat, etc.“, afirma.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em Natal no ano de 1975, Marcelo Gandhi formou-se em arte-educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Transitando pela música, performance e desenho, foi selecionado  para a Bolsa  Residência EXO, do Itaú Cultural/ Ed. Copam, em São Paulo. Participou também, em 2006, do projeto Rumos, promovido pelo Itau Cultural em São Paulo. Em 2007, realizou a sua primeira individual na Pinacoteca do Rio Grande do Norte. Em 2012, integrou a exposição Metro de Superfície, no espaço Paço das Artes, na USP/SP. Algumas de suas obras pertencem a acervos como Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza (CE) e Pinacoteca do Rio Grande do Norte.

 

 

De 15 de outubro a 16 de novembro.

Casa Cidade Mundo

09/out

Pensar os graves problemas de habitação, desenvolvimento urbano e crescimento das cidades sob o prisma da arte, e relatar/imaginar propostas e soluções para a realidade brasileira é o tema central de “CASA CIDADE MUNDO”, primeiro módulo do projeto “A Beleza Possível”, que o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Centro, Rio de Janeiro, RJ, abriga atualmente.  Com realização do Instituto CASA –  Convergências da Arte, Sociedade e Arquitetura e curadoria de Evandro Salles, a exposição propõe “a arte como geradora de identidade, a cultura como convergência de arquitetura, cidadania e arte”, diz o curador.

 

CASA CIDADE MUNDO apresenta cerca  de 100 obras de artistas plásticos, arquitetos, artistas e pensadores que tratam do tema em suas obras ou que produziram trabalhos especialmente para a mostra [lista de participantes abaixo]. Poderão ser vistas desde obras referenciais na história da arte brasileira, como duas maquetes de casa de Lygia Clark feitas nos anos 1960, até desenhos, maquetes, fotografias, registros de ideias, textos e outras formas de elaboração visual e textual em torno da CASA como signo fundamental da cultura.

 

A exposição foi idealizada pelo Instituto CASA –  Convergências da Arte, Sociedade e Arquitetura (instituição criada no Rio de Janeiro em 2013 com vistas à promoção das relações entre arte e arquitetura em torno da habitação popular), em parceria com o Museu de Arte do Rio –  MAR (que sediará seus dois outros módulos durante 2016) e patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro, através do edital de Fomento à Cultura Carioca, com o apoio de diversos centros culturais e instituições.

 

As obras dessa mostra foram criadas especialmente para o evento, ou foram colhidas em importantes acervos e instituições:  Museu de Arte do Rio, Museu de Arte de Brasília,  Museu Bispo do Rosário, Coleção Sérgio Carvalho– Brasília, e com diversos colecionadores particulares e coleções dos artistas.

 

 

Arquitetura e arte realinhadas

 

Núcleo de referência espacial e familiar, signo cultural, marco e identidade, interseção entre o público e o privado, a casa, desde o surgimento das comunidades sedentárias, é o “espaço de troca entre o dentro e o fora, entre a cultura e o sujeito”, como diz o curador.  “É o lugar que aqui propomos tomar politicamente para pensar a arte, a arquitetura, a cidade e o mundo, hoje”, Salles sugere.

 

A mostra pretende abrir uma reflexão coletiva, polifônica e propositiva – a partir do campo da arte e do livre pensamento – sobre novas configurações em torno da relação entre arte e arquitetura no âmbito da cultura brasileira e sobre a questão da habitação social e do desenvolvimento urbano.

 

Os trabalhos inéditos – encomendados no leque “ideia– proposta– projeto– sonho– utopia– ou– realidade de habitação”–  provocam, sugerem e se projetam em uma das mais importantes linhas de atuação do Instituto CASA: o “realinhamento da arte e arquitetura no âmbito da cultura” no Brasil, corrigindo a separação dessas disciplinas, estabelecida no país no período da ditadura militar. Os fundamentos dessa reintegração têm “base tanto da arquitetura moderna como das arquiteturas com fortes raízes culturais”, ressalta ainda o curador.

 

 

Participantes

 

Adalgisa Campos  |  Adolfo Montejo Navas  |  Antoni Muntadas  |  Antonio Risério  |  ARCHE/ Elsa Buguiere  |  Armando Queirós  |  Artur Casas  |  Augusto de Campos  |  Bárbara Nascimento da Rosa  |  Carla Guagliardi  |  Carla Juaçaba  |  Chico Amaral  |  Cildo Meireles  |  Daniel Murgel  |  Daniel Senise  |  Demetris Anastassakis  |  Eduardo Coimbra  |  Eduardo Frota  |  Elizabeth de Portzamparc  |  Ernesto Neto/Laura Taves  |  Fund. Bento Rubião |  Gil Vicente  |  Gustavo Speridião  |  Guy Veloso  |  Hélio Oiticica  |  Jacobsen Arquitetura  |  João Castilho |   Jorge Mario Jauregui  |  José Bechara  |  José Damasceno  |  Lucia Koch  |  Luiza Baldan  |  Lygia Clark  |  Marcelo Silveira |  Marcos Bonisson  |  Milton Hatoum  |  Milton Machado  |  Montez Magno  |  Pablo Benetti  |  Patricia Osses  |  Paula Trope  |  Paulo Bruscky  |  Paulo Climachauska  |  Pedro da Luz  |  Pedro David  |  Pedro Rivera/Pedro Evora  |  Regina Vater  |  Rainer Hehl  |  Rodrigo Braga  |  Rodrigo Zeferino  |  Rubens Gerchman  |  Rubens Mano  |  Umberto Costa Barros  | Walter Firmo  |  Waltercio Caldas  |  Wlademir Dias-Pino  |  Yana Tamayo

 

Mostra é o primeiro módulo do projeto A BELEZA POSSÍVEL

 

A exposição inaugura um projeto ambicioso, “A BELEZA POSSÍVEL – arte e cultura para uma arquitetura social no Brasil”, que em 2016 se desdobrará em mais dois segmentos – um seminário e uma mostra, avançando para debates e criações propositivas.  O espaço da habitação, da residência, “núcleo estruturador da cidade”, que pertence tanto à esfera individual quanto à coletiva –  “não como fronteira que separa, mas como intercessão que integra”, ressalta o curador – , serve aqui de pilar para a discussão do “entrelaçamento fundamental” entre a arte e a arquitetura.

 

O conjunto de intenções de “A BELEZA POSSÍVEL” parte da reflexão sobre a arquitetura praticada hoje no Brasil e busca sugestões de novos modelos habitacionais “que associem custo compatível, qualidade de projeto, qualidade de vida, inserção urbana, sustentabilidade e desenvolvimento tecnológico”. A intenção é a de reunir grandes arquitetos brasileiros e estrangeiros para projetar casas de baixo custo e alta qualidade técnica e estética, numa proposta de democratização do direito de moradia, discutindo soluções técnicas e a sustentabilidade sem perder de vista o apuro estético.

 

 

Instituto Casa

 

O Instituto CASA – Convergências da Arte, Sociedade e Arquitetura é uma instituição civil sem fins lucrativos, criada em 2013, que trabalha com a interação entre os campos da arte e da arquitetura, objetivando o bem-estar social e o desenvolvimento da cultura em amplos setores da sociedade.

 

O campo de atividades do Instituto CASA se abre com a proposição de projetos de arte e arquitetura voltados para a moradia popular, que fomentem o diálogo permanente entre arquitetos, artistas, urbanistas, ativistas, sociólogos, economistas, educadores e pensadores.

 

Os programas e projetos desenvolvidos integram, a partir de sua abordagem colaborativa e abrangente, diversos saberes, olhares e manifestações. Desse ponto de vista, o Instituto acredita que pensar a casa como espaço primordial do indivíduo é pensar a cultura, a educação, a arte, a arquitetura, a economia como instrumentos do desenvolvimento social. Pensar a casa é pensar o mundo, e pensar a casa através da arte é pensar eticamente um novo mundo para o sujeito social.

 

 

Até 14 de novembro.

As Aventuras de Pierre Verger

O Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, em parceria com a Fundação Pierre Verger, inaugurou a exposição “As Aventuras de Pierre Verger”. A mostra foi elaborada para possibilitar, inclusive ao público infanto-juvenil, a apreciação da obra do etnólogo e babalaô, reconhecido como um dos maiores nomes da história da fotografia no mundo.

 

Reunindo cerca de 270 imagens registradas por Pierre Verger em diversas partes do mundo,  destacando o cruzamento da fotografia com vídeos, tecidos artesanais de diferentes países e artes sequenciais (quadrinhos), a exposição marca a finalização do projeto Memórias de Pierre Verger, patrocinado pela Petrobrás e pela Odebrecht e que, por quatro anos, encampou a tarefa de duplicar digitalmente o valoroso acervo fotográfico da Fundação e de concluir o seu acondicionamento em condições adequadas.

 

A mostra que chega ao Museu Afro Brasil já foi exibida em Salvador, no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), de março a maio de 2015, com um grande sucesso de público, recebendo mais de 30.000 visitantes.

 

A curadoria e coordenação é de Alex Baradel, responsável pelo acervo da Fundação Pierre Verger, é uma das mais completas realizadas pela instituição criada pelo próprio fotógrafo francês na Bahia, local que escolheu para residir depois de viajar pelo mundo registrando as expressões culturais e o cotidiano de diversos povos.

 

O público é convidado a “embarcar” numa instigante viagem que retrata as experiências vividas por Pierre Verger (Paris, 1902 — Salvador, 1996), em um século marcado pelo desbravamento de fronteiras e guerras mundiais.

 

 

Fronteiras

 

A exposição está dividida em nove módulos: Paris, Viagens, Polinésia, Saara, China, Peru, África, Projeto e Educativo. São cerca de 220 imagens expostas ao longo do circuito e outras 50 que integram os vídeos que compõem a exposição. Onze ilustrações do artista visual baiano Bruno Marcello (Bua) também acompanham a mostra, retratando o personagem Verger em diversos episódios e contextos vividos por ele.

 

A exposição se destaca também por explorar o paralelo entre a obra de Verger e As Aventuras de Tintim, histórias em quadrinhos editadas entre 1929 e 1983, bastante populares e que se tornaram clássicas graças ao apuro estético dos traços e aos roteiros bem elaborados pelo autor belga Georges Prosper Reni, mais conhecido como Hergé.

 

 

Até 30 de dezembro.

Os incríveis anos 60

A Pinacoteca Ruben Berta, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, exibirá a exposição “OS INCRÍVEIS ANOS 60 – britânicos na Pinacoteca Ruben Berta”, um verdadeiro tesouro escondido. Por ter sido poucas vezes mostrada na sua totalidade, e por não existirem telas com este perfil na maioria dos museus brasileiros, a exposição é uma rara oportunidade de apreciar o trabalho de artistas britânicos vistos como visionários nos anos 60, época culturalmente revolucionária.

 

A exposição apresenta peças criadas por nomes que no calor daqueles “anos incríveis” já haviam conquistado importantes lugares no mundo das artes como Graham Sutherland, John Piper, Kitaj e Alan Davie. Mas também de um artista, como Allen Jones, naquele momento apenas iniciando uma carreira que o tornaria, como os demais, uma referência da Arte Pop no mundo inteiro. Outros tantos, ao longo das décadas seguintes atuariam com trajetórias constantes, seja como professores, ou projetando-se no mercado de arte internacional, como Michael Buhler ou Mario Dubsky.

 

As linguagens destes trabalhos – consoantes com as profundas mudanças da sociedade dos anos 60 – influenciaram sucessivas gerações de brasileiros que miraram nestas expressões atuantes na Inglaterra. Estas obras que aportaram na capital do Rio Grande do Sul são representativas dos desdobramentos lírico, expressionista e informal da pintura e apontam para a consagração dos elementos pictóricos que compuseram a Arte Pop, em especial nos procedimentos gráficos desenvolvidos pela publicidade e pela propaganda.

 

A Pinacoteca Ruben Berta foi doada à Prefeitura de Porto Alegre em 1971 pelos Diários e Emissoras Associados, conglomerado pertencente à Assis Chateubriand. O magnata das comunicações empreendeu entre 1965 e 1967 a criação de cinco museus – entre eles a Pinacoteca Ruben Berta – instalados em diversas regiões do país. Um dos nichos destas coleções era formado por obras de artistas britânicos adquiridas em galerias londrinas obras de Alan Davie, Michael Buhler, Allen Jones, John Johnstone, Neville King, Bill Maynard, John Piper, Patrick Procktor, Graham Sutherland, Mario Dubsky e Peter Behan.

 

 

De 13 de outubro a 30 de novembro.

Wanda Pimentel na Frieze Masters

A artista brasileira Wanda Pimentel é um dos destaques da Frieze Masters, feira que reúne mestres da história da arte contemporânea, que acontece de 14 a 18 de outubro, no Regent’s Park, em Londres. Segundo o site da feira, Wanda Pimentel possui uma importante e reconhecida trajetória artística de quase 50 anos. Ela apresenta na feira  de Londres nove pinturas produzidas nos anos 1960.

 

No Brasil, o trabalho da artista pode ser visto no Rio de Janeiro, na Anita Schwartz Galeria, na Gávea, onde ela apresenta, até o dia 17 de outubro, a exposição

 

“Geometria/Flor”, ocupando todo o espaço expositivo da galeria com pinturas, desenhos e esculturas inéditas. Os trabalhos da exposição têm a ver com um processo iniciado pelo artista em 2011, de rever o passado.

 

“Esses trabalhos tem um tom dramático, têm a ver com as minhas memórias, mas, ao mesmo tempo, é uma saudação à vida, rompendo com tudo que já fiz. Vou dissecando lembranças e construindo novas memórias”, afirma a artista.

Nário Barbosa: além do clique

Enquanto a sociedade ainda discute o que é atividade masculina e feminina, Nário Barbosa, artista representado pela OMA | Galeria, comprova que tradição é tradição e que esta pode virar arte quando se permite ultrapassar barreiras pré-existentes do tipo. Isso porque, ele que é reconhecido por atuar como repórter fotográfico há mais de 22 anos – venceu um dos principais prêmios, o Metro Challenge Photo 2014, na categoria Fuga Urbana – decidiu, em 1997, unir duas paixões: a fotografia e os bordados aprendidos com as mulheres de sua família. De lá para cá, não parou mais e ampliou sua criatividade ao criar imagens com costura e outras intervenções, formando peças únicas. “Nasci em uma cidade sergipana em que muitas pessoas vivem do artesanato. Então, esse universo sempre me foi comum. Quando eu tive a ideia de alterar os meus registros, logo imaginei que o ponto cruz, por exemplo, seria uma de minhas experimentações”, conta o artista.

 

Desde então, seus registros compõem coleções e comumente são inseridas em projetos de decoração de ambientes. Segundo o galerista da OMA | Galeria, Thomaz Pacheco, o segredo das obras de Nário está nas emoções que elas causam, principalmente a primeira vista. “O trabalho que ele faz, sempre gera algum tipo de comoção. Alguns ficam curiosos em identificar o que foi feito na obra. Outros acham uma loucura mexer em um registro fotográfico. Outros se encantam com a complexidade que ele consegue atingir fazendo simples modificações. É muito interessante observar essas reações”, comenta.

 

Em novembro, as peças do artista poderão ser vistas na PARTE – Feira de Arte Contemporânea –, edição Paço das Artes, entre os dias 4 e 8, no estande da OMA | Galeria. Além dele, outros cinco artistas representados pela galeria – Andrey Rossi, Daniel Melim, Giovani Caramello, RIEN e Thiago Toes – e uma artista visual convidada, Juliana Veloso, vão apresentar suas mais recentes e inéditas produções.

 

 

Entre 04 e 08 de novembro.

Na Casa do Bandeirante

08/out

A Casa do Bandeirante, Praça Monteiro Lobato, s/n, Butantã, São Paulo, SP, abriga “Arrasto” a nova exposição individual de Marcelo Moscheta, vencedor do PIPA Voto Popular Exposição 2010. A exposição é um relato da expedição realizada pelo artista em toda a extensão do Rio Tietê, desde sua nascente em Salesópolis até a foz no Rio Paraná, entre março e agosto de 2015.

 

Nesse período, foram coletadas rochas, argilas, areias e minerais diversos das duas margens, e tudo foi documentado e classificado. O resultado é um pequeno museu de curiosidade e memórias, em que o artista flerta com a arqueologia, a geografia e a história dos Bandeirantes. Durante esta jornada, Moscheta catalogou, coletou, documentou e classificou argilas, rochas, areias e minerais das duas margens do rio. Com este material de referências de arqueologia, geologia e do movimento dos bandeirantes paulistas, o artista formou um pequeno museu de curiosidades sobre as particularidades do leito do rio.

 

Um dos destaques desta obra fica por conta de um grande desenho de uma queda d’água do Rio Tietê, adicionado ao que foi coletado na expedição. Expostos lado a lado, desenho e rochas criam um diálogo entre representação e a paisagem transferida para o interior da obra.

 

Durante todo o período da instalação, será distribuída, gratuitamente, uma publicação sobre a expedição do artista, com relatos de viagem, fotos da produção da instalação e textos dos artistas plásticos: Divino Sobral e Douglas de Freitas, além do próprio Moscheta.

Sobre a Casa do Bandeirante

 

A Casa do Bandeirante representa um dos exemplares típicos das habitações rurais paulistas construídas entre os séculos XVII e XVIII, localizadas predominantemente junto à bacia dos rios: Tietê e o seu afluente Pinheiros.O local tem uso museológico desde 1955.

 

Mais que uma exposição, o projeto “Arrasto”recebeu a Bolsa Funarte de Estímulo à Produção em Artes Visuais 2014 e resulta também em uma publicação, com distribuição gratuita, sobre a expedição, com textos de Divino Sobral, Douglas de Freitas e do próprio artista, além de fotos e relatos.

 

 

 

Até 19 de dezembro.

Martin Parr : Covers Exhibition

A Galeria Lume, Jardim Europa, São Paulo, SP, exibe “Covers Exhibition”, exposição individual do fotógrafo britânico Martin Parr, com curadoria de Iatã Cannabrava e Paulo Kassab Jr. Ao propor um conceito curatorial inédito, a mostra é composta por 22 fotografias – a maior parte nunca exposta no Brasil -, coloridas e em preto e branco, que foram capas de livros publicados pelo artista entre 1982 até 2014, e que traduzem seu estilo irônico, crítico e bem humorado de registrar os hábitos da sociedade moderna. Além das fotografias, uma linha do tempo conta a trajetória de Martin Parr, montada com as 76 capas de todos os seus livros.

 

Aos olhares mais ingênuos, as imagens de Martin Parr podem parecer exageradas, com temas estranhos, cores gritantes e perspectivas incomuns. “Ao mesmo tempo, suas fotografias nos mostram, de um jeito penetrante, o modo como vivemos, como nos apresentamos uns aos outros, e a que damos valor.”, comenta o curador alemão Thomas Weski. Não à toa sua fama de “cronista da sociedade moderna”, Martin Parr cria narrativas sobre o cotidiano de forma única e original, capturando o momento na exata fração de tempo, sempre munido de um olhar crítico e, de certa forma, satírico. Na própria definição do artista: “Com a fotografia, gosto de criar ficção a partir da realidade. Eu tento fazer isso tirando o preconceito natural da sociedade e acrescentando um toque especial.”. Sua pesquisa, há várias décadas, recai sobre as singularidades da vida em sociedade e aborda temas como lazer, consumo e comunicação, permitindo uma justaposição de imagens entre signos universais e experiências visuais incomuns, sem a intenção de resolver ou discutir contrassensos – o que agrega um toque de excentricidade em sua obra.

 

Ao longo desses mais de 40 anos dedicados à fotografia, Martin Parr produziu constantemente e lançou 76 livros, publicados desde o início da década de 1980 – até então, o fotógrafo registrava tudo em preto e branco; a partir de 1983, passa a usar apenas filmes coloridos, quando a saturação de cores se torna uma das principais características de sua produção. Em sua primeira individual no circuito cultural brasileiro, a proposta dos curadores é apresentar este trabalho em uma montagem nunca vista: contar a trajetória do artista através das capas de seus 76 livros, em uma linha do tempo, destacando 22 dessas capas em fotografias ampliadas para a exposição.

 

Por transcender os tradicionais tipos de fotografia, as imagens de Martin Parr se encaixam tanto no contexto da arte, em exposições e livros, como nos campos da publicidade e do jornalismo. Assim, ao desvendar toda a genialidade deste verdadeiro artista, a Galeria Lume oferece ao público a chance de entrar em contato com um dos fotógrafos mais importantes da atualidade, cuja obra é referência e fonte de inspiração às gerações mais novas de profissionais. Como diz o artista: “Fotografia é sorte, mas é sorte merecida.”. A coordenação é de Felipe Hegg e Victoria Zuffo.

 

 

De 15 de outubro a 14 de novembro.

Krajcberg e O Grito para o Planeta

07/out

Às vésperas da 21ª Conferência do Clima (COP 21), que será realizada de 30 de novembro a 11 de dezembro, em Paris, com chefes de Estado e de governo dos 196 países membros da ONU, Frans Krajcberg, chega ao Rio de Janeiro no início de novembro para uma prévia do evento “O Grito para o Planeta”. A programação organizada com parceiros como o Instituto Paulo Saldanha e o Governo Federal terá um dia inteiro de encontros no Jardim Botânico, com participação da Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro e de líderes indígenas como Francisco Pianko Ashaninka, entre outros.

 

Um dos artistas visuais mais famosos do mundo, Frans Krajcberg, vive em Nova Viçosa, interior da Bahia, desde a década de 70, e criou a maioria de suas peças em cipós e troncos de árvores destruídas pelo fogo. Seus trabalhos possuem uma estética totalmente inovadora com o tema mais discutido no mundo contemporâneo: a Natureza. Segundo a marchand Marcia Barrozo do Amaral, que representa as obras do artista, Krajcberg vive 24 horas por dia pela incansável luta pela natureza e pelo planeta.

 
“A natureza para Frans Krajcberg é um enorme reservatório de energia vital e de poesia visual, o teatro permanente de sua metamorfose…” Com estas palavras o critico Pierre Restany define a principal preocupação do artista, ao longo de mais de meio século de trabalho: as grandes questões do meio ambiente e a possibilidade de formular soluções realistas.

Elifas Andreato nos Correios/Rio

06/out

A exposição Elifas Andreato, 50 Anos está em cartaz no Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, reunindo alguns dos principais trabalhos elaborados pelo artista paranaense ao longo de cinco décadas de carreira. A Mostra traz obras que marcaram a fase áurea da música popular brasileira, a luta contra a ditadura e o teatro brasileiro. Depois, segue para o Museu dos Correios, em Brasília, e para o Centro Cultural Correios, em São Paulo.

 

A mostra tem início com uma linha do tempo narrando desde os primeiros trabalhos, realizados ainda nos tempos de operário, até as mais recentes produções, passando por alguns dos principais capítulos da história da música, do teatro e da política no Brasil. No campo musical, trabalhos feitos para alguns dos mais importantes nomes da MPB, como Elis Regina, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Tom Zé, Clara Nunes, Clementina de Jesus, Chico Buarque, Adoniran Barbosa, Carmen Miranda e Vinicius de Moraes, entre outros.

 

Em estações multimídia, os visitantes podem selecionar e assistir a depoimentos do artista sobre a realização de alguns de seus principais trabalhos para a música: capas de disco, coleções de fascículos, projetos culturais. Os visitantes podem ainda sentar-se em torno de estações digitais para ouvir discos que Elifas embalou, a partir de um aplicativo que reproduz as velhas vitrolas, seus característicos chiados e sua forma de operação. A obra do artista voltada para o universo infantil também está representada, com destaque para uma reprodução em grande escala da arca e dos bichinhos que compõem a capa do inesquecível LP “Arca de Noé”, de Vinicius de Moraes. Crianças e adultos podem se colocar dentro da capa, em uma proposta expográfica que desdobra os planos da obra, quase como em um livro pop-up.

 

A mesma experiência, de adentrar os trabalhos de Elifas, os visitantes têm através dos discos como Canto das Lavadeiras, de Martinho da Vila, e de cartazes para Elis Regina e para peça Rezas de Sol para a Missa do Vaqueiro. A contribuição para o teatro ganha espaço também com a reprodução de cartazes como A Morte de Um Caixeiro Viajante, de Arthur Miller, com direção de Flávio Rangel; Mortos Sem Sepultura, de Jean-Paul Sartre, dirigida por Fernando Peixoto; e Murro em Ponta de Faca, de Augusto Boal, com direção de Paulo José.

 

A atuação política, sobretudo durante o regime militar, tem espaço com a reprodução de alguns dos trabalhos que ilustraram a resistência à ditadura no período, como capas para publicações alternativas que fundou e dirigiu: os jornais Opinião e Movimento e a revista Argumento. Como denúncias dos crimes cometidos pelos militares estão 25 de Outubro (1981), que escancarou em tela o assassinato do jornalista Vladimir Herzog nas instalações do DOI-CODI, e o majestoso painel A Verdade Ainda que Tardia (2012), encomendado pela Comissão da Verdade da Câmara. A exposição traz ainda um raro exemplar do Livro Negro da Ditadura Militar, com capa assinada pelo artista, além de outras reproduções e objetos valiosos que ajudam a recontar a trajetória de Elifas Andreato e seu compromisso com a cultura e a história do País.

 

 

Sobre o artista

 

Elifas Andreato nasceu no Paraná em 1946. O marco inicial da sua carreira é 1965, quando abandonou o trabalho de aprendiz de torneiro mecânico na fábrica da Fiat Lux, em São Paulo, para dar os primeiros passos em sua trajetória artística profissional. Nos anos 1960, na Editora Abril, participou da equipe de criação de inúmeras revistas, fascículos e coleções, como Placar, Veja e História da Música Popular Brasileira. Durante o regime militar, fundou órgãos da imprensa alternativa como Opinião, Argumento e Movimento. Iniciou também o trabalho como programador visual e cenógrafo para peças teatrais memoráveis. Ainda nesse período, destacou-se como criador de capas de discos para os mais importantes nomes da MPB. Ao longo da carreira, calcula que tenha produzido em torno de 400 trabalhos – capas antológicas de praticamente todos os grandes nomes da nossa música. A partir dos anos 1990, seu trabalho voltou-se para a área editorial, tornando-se responsável pelas históricas coleções MPB Compositores e História do Samba, ambas lançadas pela Editora Globo, e pelo Almanaque Brasil, publicação mensal que circula nos vôos da TAM. Em 2011, pelo conjunto da obra, recebeu o Prêmio Especial Vladimir Herzog, concedido a pessoas que se destacam na defesa de valores éticos e democráticos e na luta pelos direitos humanos. O reconhecimento, assim como a comenda da Ordem do Mérito Cultural, se junta a diversos prêmios que recebeu ao longo da carreira pela contribuição ao País, seja no campo artístico, político ou social.

 

 

Até 29 de novembro.

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