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AGENDA CULTURAL

Mostra de João Farkas

31/mai

O povo, a paisagem e a vida na vila de Trancoso e arredores entre 1977 e 1993, compõem a exposição com 27 fotografias (sendo 4 impressas em alumínio de alta permanência, e as restantes emjato de tinta sobre papel de algodão, com qualidade museográfica,  nas dimensões de 60 x 90 cm), que João Farkas apresenta na Paulo Darzé Galeria de Arte, Salvador, Bahia.

 

A relação de João Farkas com Trancoso vem de longas datas, inteiramente verificado ao nos defrontarmos em suas imagens com a construção de casinhas de barro, a subsistência pela pesca, o lazer por meio da natureza, e um cenário da vida de um local pacato, através de seu povo, da sua paisagem e do seu cotidiano em imagens da vila de Trancoso e arredores entre 1977 e 1993.  Para o fotógrafo, a mostra, onde vemos um local pacato, tem o desejo que o hoje tenha orgulho deste ontem e reconheça a cultura local, além de alertar os turistas para a beleza e a magia, e que não se esqueçam de olhar o céu.

 

AntonioRisério, em longo texto no livro, onde analisa antropologicamente e historicamente a região, inicia dizendo: “As fotos de João Farkas me tocam assim, simultaneamente, em três planos: o estético (lembrando-me uma observação de Victor Hugo em Os Trabalhadores do Mar: à beleza basta ser bela para fazer bem), o histórico e o antropológico, sem nunca eclipsar o presente. Deixo a leitura do plano estético para filósofos, artistas e críticos do fazer artístico. E me concentro no Brasil profundo da zona cabralina de nossa fachada atlântica, hoje tantas vezes transformado e desfigurado. Não para analisá-lo, obviamente, que isto aqui não é um estudo ou ensaio. Mas para tocar em alguns pontos memoriais e presenciais que as belas fotos de Farkas avivam”.

 

Durante a abertura da mostra foi lançado – nacionalmente – o livro “Trancoso”, Editora Cobogó, com 128 páginas, projeto gráfico de Kiko Farkas, textos assinados porWalter Firmo e Antônio Risério, com apoio editorial da Paulo Darzé Galeria de Arte.

 

 

 

A palavra do artista

 

João Farkas e a Bahia é um amor antigo. “Tem aí uma história boa também, um parentesco indireto com Jorge Amado, porque meu tio Joelson, muito próximo a nós (casado com a irmã de minha mãe, Fanny) era irmão de Jorge e James. E a Bahia sempre foi uma coisa muito presente em nossa família. Meu pai, Thomas Farkas, tinha um fascínio brutal pela Bahia. Perguntado certa vez quem ele gostaria de ser se não fosse o Thomaz, respondeu: Batatinha. Vim muitas vezes a Salvador com ele e me hospedei algumas vezes na casa do Rio Vermelho, tendo sempre a riqueza cultural baiana muito presente”.

 

“Com Trancoso a coisa aconteceu na época da contracultura, após a ressaca da militância política. Foi uma descoberta do paraíso. E minha ligação foi imediata. Pensei em morar lá, comprei terreno, fiz casa e inúmeros amigos. Mas percebi que se morasse lá não faria o registro daquilo tudo que me parecia tão frágil e tão preciso. Aquele equilíbrio de séculos entre o homem e seu ambiente que nós mesmos os forasteiros acabaríamos alterando. Os fotógrafos que estavam por lá tinham as lentes mofadas e os filmes derretidos pelo calor. Era impossível trabalhar morando lá. Então eu virei um cigano que vinha sempre que possível e fotografava sistematicamente tudo: o trabalho, as festas, as casas, as pessoas. Fui aceito como uma pessoa local. Fotografava livremente”.

 

“Então quando começaram a sugerir que eu fizesse exposição deste material e livro eu pensei que os primeiros que deveriam ver este material e poder usufruir dele seria a própria comunidade. Daí nasceu o projeto de um Memorial do Povo, da Cultura e da Paisagem de Trancoso. Um pequeno museu que inauguramos agora em março de 2016. Foram 30 obras doadas que estão expostas provisoriamente no espaço da comunidade, no centro de Trancoso. Esta foi minha doação a eles. Doei também o uso de minhas imagens da vila para usos culturais. Uma das sensações mais gratificantes de minha vida foi ver o pessoal de Trancoso curtindo a exposição, reconhecendo amigos e parentes, discutindo as fotografias e a forma de vida de então. Maravilhoso”.

 

“Trazer isto a Salvador é outra missão, que o Paulo Darzé me ajuda a cumprir. A gente tem a sensação que a Bahia tem tantas coisas maravilhosas: a chapada, Itacaré, a costa do coco, do dendê, o recôncavo, a Baía de Camamu, é tanta coisa, tanta riqueza, que a região de Trancoso é mais usufruída pelos ‘sudestinos’ como diz Risério ou pelos franceses, italianos, holandeses e americanos do que pelos próprios baianos. É preciso incluir Trancoso na geografia dos soteropolitanos”.

 

 

Texto de Walter Firmo – De Quase Nada, Tudo

 

Ao pousar os olhos nas fotografias obtidas pela retina humanitária de João Farkas – numa memorável viagem aos confins de um paraíso terrestre em vias de extinção – penso no fazer fotográfico; ou como foi bom para a pintura o descobrimento da fotografia, uma vez que, libertada revelaram-se os Picassos e Dalis relegando o homem máquina fotográfica como um instrumento que se alimenta da realidade e que muito circunstancialmente nos devolve algo que vale a pena. A fotografia ainda é demasiadamente jovem (infinitos serão seus rumos) para um vaticínio seguro de sua maioridade como arte ou aquilo. Afinal o que é arte? Nestas fotografias tenho a sensação da gratificação do estar, do viver e isto me basta. O João é um emissário audaz, vigilante na arte de transmitir encantos mil a desafortunados cosmopolitanos. A função social da fotografia é também nos remeter o sopro da aragem e o doce perfume da felicidade e João segreda, na função decimal do segundo eterno “amém” folhas e sentimentos, luzes e arrabaldes daquela comunidade costeira arredia mas hospitaleira.O brilho de Farkas é puro estado sólido do espírito lírico, direito clássico na maneira de olhar o valor das coisas dimensionando o simples e transformando o quase nada em tudo, isto porque o toque mágico da lira do povo – preciso e paulatino – mostra o afago da necessidade de se ver nenhum momento supérfluo, porém, intimista e revelador.Visionário e carinhoso azuleja o singular na razão direta do cidadão que ama seu país, enaltecendo suas cores, expressando sua aldeia e sua gente, discursando o ambiente iluminado e as nuvens glorificadas; de quebra uma inesquecível aula de sociologia desnudando com elegância o caráter dos caboclos, mulatos e cafuzos “com todas as suas roupas comuns dependuradas salpicando de estrelas nosso chão”. É ele quem diz: “Eu queria uma coisa que saísse do coração, não importava o tamanho.” Aí a gente medita e também galopa o prazer do seu olhar, a candura, o mistério, ser feliz é estar, heróis de si mesmos, o riso, o digno, o gesto, a fatalidade de ser simples.Aliás, seu impiedoso olhar equilibra-se na fronteira do fio da navalha flutuando entre o simples e o simplório. Porém, nosso “intrépido” cavaleiro apeando o animal enleva e sublima o passeio – pé-ante-pé, de porta em porta – e empunhando o bisturi de sua intacta retina revela amálgamas da alma primeira valorizando olhos, caras e bocas, decifrando-nos num estudo psicológico “farkiano” toda a sofisticação do simples onde a crítica cede lugar à análise e as doçuras e sutilezas desfilam ao sol dará – pois foi assim que o artista escolheu.

 

 

Até 14 de maio.

Obras de Oswaldo Goeldi

30/mai

A galeria Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, apresenta a exposição “O Universo de Oswaldo Goeldi”. A obra de Oswaldo Goeldi impressiona pela amplitude e profundidade das questões que apresenta. Homens que vagam pelas superfícies negras da cena urbana, pescadores que trabalham em condições extremas, o mar como cenário frequente, personagens desconhecidos que no fundo não conseguem ocultar um sentimento de mistério e solidão.

 

Serão expostos 35 trabalhos do artista que virou referência mundial no campo da gravura. Ao invés de apresentar a sua obra de forma cronológica, temática ou formalista, o grupo de obras na exposição obedece uma sequência de associações que acontecem de forma fluída e subjetiva. Entre as obras selecionadas (xilogravuras, desenhos e aquarelas) estão aquelas com as temáticas mais marcantes de seu trabalho: a solidão, a vida cotidiana dos pescadores e dos homens urbanos.

 

Nas palavras do próprio artista “os fenômenos da natureza me empolgam – trovoadas, ventanias, nuvens pesadas, céu e mar, sol e chuva torrencial e noites cheias de mistério, pássaros e bichos. Os dramas da alma humana me consomem. Sinto-me bem com os simples e às vezes me confundo com eles.”

 

 

Sobre o artista

 

Gravador, desenhista, ilustrador e professor, Goeldi nasceu no Rio de Janeiro, em 1895, onde faleceu em 1961. Expôs na 25ª Bienal de Veneza em 1950 e ganhou o Prêmio de Gravura da 1ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1951. Sua obra já participou de mais de uma centena de exposições póstumas no Brasil, Argentina, França, Portugal, Suíça e Espanha. Hoje, Goeldi é venerado no meio artístico e suas obras são matérias de referência no campo da gravura no mundo todo. Foi no ano de 1923, que iniciou experimentos com xilogravura com o intuito de “impor uma disciplina às divagações a que o desenho o levava”. Em depoimento ao crítico e poeta Ferreira Gullar conta ter sentido “a necessidade de dar controle a estas divagações”. Goeldi é considerado pelos experts como o Pai da Gravura Nacional.

 

 

De 02 de junho a 02 de julho.

20 grafiteiros

A Verve Galeria, Jardim paulista, São Paulo, SP, abre suas portas para uma grande exposição coletiva de Arte Urbana, “PULSO”, que reúne 20 artistas de street art que encontram no meio urbano o canal para expressar seus questionamentos sociais e políticos, inquietações e sentimentos. A curadoria é de Ian Duarte Lucas.

 

Na “PULSO”, estão as narrativas urbanas de Alto Contraste, Boletabike, Derlon, Feikehara, Grazie Gra, Gustavo Amaral, Higraff, Hudson Melo, Jorge Galvão, Luis Bueno, Mateus Dutra, Milo Tchais, Nick Alive, Ninguém Dormi, Paulo Ito, Prozak, Santhiago  Selon, Thais Ueda, Tikka Meszaros e o veterano Miguel Cordeiro, precursor do graffiti nordestino nos anos 70.

 

O conceito da exposição é inspirado nas palavras da poetisa afro-americana Maya Angelou, “On the Pulse of Morning” em que ela tematiza a inclusão social e responsabilidade. Na coletiva os artistas apresentarão suas interpretações do atual momento político pelo qual passa o pais, com registros inerentes a situação presente e sugestões de caminhos convergentes para o futuro.

 

“No momento atual, assim como em todos os momentos de instabilidade e polarização de ideias, faz-se necessária a sensibilidade do artista. O artista tem a oportunidade de lançar um novo olhar sobre a realidade que vivenciamos, revelando assim possibilidades de diálogo antes adormecidas”, comenta o curador.

 

A partir desta abordagem, a ideia é sensibilizar o público e induzi-lo a rever o seu próprio olhar e questionar seus posicionamentos. A coordenação é de Allann Seabra.

 

 

 

De 07 de junho a 31 de julho.

 

James Benning&Easy Rider

O Ateliê397, Rua Wisard, 397 – Vila Madalena, São Paulo, SP, com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, via ProAC, realizou uma sessão do Cineclube397, com a mostra de James Benning. Na mesma ocasião, aconteceu o lançamento do livro “METADADOS (METADATA), publicado pelo Ateliê Aberto que conta a história de mais de 18 anos do espaço que funcionou até o ano passado, em Campinas. O Cineclube397, projeto voltado à ampliação da experiência do cinema, segue sua programação anual exibindo o filme Easy Rider (2012), o terceiro do ciclo de exibições dedicadas ao cineasta norte-americano James Benning. O programa foi elaborado pela crítica e curadora audiovisual Sofía Machain.

 

Na mesma ocasião, foi realizado o lançamento, com distribuição gratuita, do livro “METADADOS”, organizado e editado por Henrique Lukas, Maíra Endo, Samantha Moreira e a crítica Ruli Moretti. O livro conta com 60 participações, dentre artistas e pesquisadores que relatam, por meio de interferências e textos inéditos, a história do espaço independente Ateliê Aberto, de Campinas, SP, grande referência de atuação independente na arte contemporânea brasileira.

 

Criado em 1997, em Campinas, o Espaço Ateliê Aberto iniciou suas atividades focado nas artes visuais e no design gráfico, mas expandiu seu escopo de interesses para fomentar e difundir a cultura contemporânea em geral, por meio de plataformas multidisciplinares. O Espaço Ateliê Aberto se consolidou pela continuidade e consistência de suas atividades e com seu compromisso com projetos inovadores e experimentais, tornando-se referência na cena cultural de Campinas. Realizou mais de 90 eventos em seu espaço, como exposições, workshops, intervenções, conversas abertas, cursos e performances visuais e musicais. Também participou de mais de 50 projetos externos, envolvendo mais de 350 artistas em todos os seus projetos.

 

 

Sobre o artista

 

James Benning é um cineasta norte-americano, nascido em Wisconsin, 1942. Ao longo da sua carreira fez mais de vinte e cinco longas-metragens, tendo utilizado diversos métodos, temas e estruturas, em uma constante investigação dos modos narrativos do cinema e suas relações com as histórias pessoais, a memória coletiva, a indústria e, sobretudo, a paisagem. Por produzir à margem do mercado e pelo fato de sua obra, até muito recentemente, não ter sido disponibilizada em DVD, sua produção não logrou atingir a visibilidade que certamente mereceria hoje em dia.

 

Sinopse

Easy Rider (2012)

 

Benning trabalha sobre o filme Easy Rider – de 1969, dirigido por Dennis Hopper -, visitando os espaços onde o filme, marco da contracultura americana, foi filmado. No filme, o diretor apresenta esta paisagem nos dias de hoje, acompanhada de uma trilha sonora incorporada a diálogos da película anterior com canções selecionadas por ele, mesclando um mundo documental e fictício.

Nova representação

A Galeria Silvia Cintra + Box4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, anuncia  que passa a representar a obra de Sebastião Salgado e sua primeira exposição na galeria será em julho deste ano.

 

Sobre o artista

 

Nasceu em 1942 na vila de Conceição do Capim , vive e trabalha em Paris. Sebastião Salgado hoje é reconhecido como um dos maiores nomes da fotografia mundial. Suas exposições já viajaram por todos os continentes do globo, sendo vistas por milhões de pessoas nos mais importantes museus do mundo.  Salgado possui também uma extensa bibliografia, sendo alguns de seus trabalhos mais conhecidos os livros das séries “Trabalhadores”, “Exodus” e mais recentemente “Gênesis”. Sebastião Salgado é também, ao lado de Lélia, com quem é casado, fundador do Projeto Terra, que apoia o reflorestamento e revitalização comunitária em Minas Gerais. Por ter uma obra extremamente ligada a causas sociais e humanitárias, Salgado é hoje Embaixador da Boa Vontade da UNICEF e membro honorário da Academia de Artes e Ciências dos  Estados Unidos. Recentemente o fotógrafo também foi eleito membro da respeitada Academia de Belas Artes da França. Em 2014 foi lançado o documentário “Sal da Terra” dirigido por Win Wenders e Juliano Salgado sobre a obra de Sebastião Salgado. O filme venceu o Cesar de Melhor Documentário e concorreu ao Oscar na mesma categoria.

Na Marcelo Guarnieri/SP

25/mai

A Galeria Marcelo Guarnieri, Alameda Lorena, Jardins, São Paulo, SP, será ocupada pela produção atual da artista plástica Ana Paula Oliveira. Sua primeira individual na galeria nomeada de “Círculo de giz e um pouco sobre sólidos”, dá prosseguimento às criações com vidro, chumbo e taxidermia, do mesmo modo em que também avança em suas pesquisas espaciais. A trajetória da artista é pontuada pela criação de instalações que nascem a partir da tensão entre atração e repulsa e entre estabilidade e desequilíbrio. O resultado visual causa uma mescla de estranhamento e interesse, que sempre desperta o olhar e a aproximação.

 

Os materiais e procedimentos operados por Ana Paula Oliveria partem desde a tradição escultórica – mármore e fundição – até materiais considerados ordinários e não nobres – borracha, plástico, graxa. Eles funcionam na produção da artista como mediadores entre o artesanal e o industrial, entre a tradição e seu desmantelamento. É possível observar essas oposições no trabalho “Vetores”, no qual a artista faz uma cópia da estátua grega “Discóbolo”, – executada pela primeira vez em torno de 455 a.C -, no entanto, a escultura atual é feita em alumínio com espadas de São Jorge saindo de algumas das articulações do corpo do imponente atleta. A utilização de materiais vivos é uma operação quase sempre orquestrada pela artista. Em trabalhos anteriores, era possível encontrar pássaros, borboletas, galinhas, peixes e jabuticabeiras, que conviviam durante o período expositivo com o público – galinhas se empoleiravam nas esculturas, borboletas nasciam de partes de peças de mármore e passarinhos faziam de comedouro materiais colocados no ambiente.

 

Todos os trabalhos da exposição emulam um movimento, seja ele percebido pelo público ou algo invisível, as plantas crescem e se desenvolvem durante a exposição, os pássaros taxidermizados “Manon” na série “Vistaña”, simulam um voo pelas placas de vidro. O mesmo acontece em “Círculo de giz e um pouco sobre sólidos”, na qual chapas-lâminas de vidro assimétricas cortadas a laser criam uma incomum perspectiva de espaço. Cada vidro é puxado por uma ave moldada a partir do corpo de um animal real e fundida em chumbo. Essas chapas-lâminas são sustentadas por sólidos geométricos que criam o peso necessário para o trabalho.

 

Na obra “Para Avistar”, Ana Paula Oliveira utilizou um banco que pertencia a seu pai fundindo-o com uma peça modelada em ferro que atravessa a parede e forma uma instalação que anula a possibilidade do ato de sentar. Por fim, um outro tipo de ocupação espacial é o que acontece com a “Vai que Vai”, no vídeo, uma sequência de imagens em câmera lenta exibem o momento da quebra de placas de vidro e a queda dos peixes de chumbo e de borracha. As imagens simulam o movimento das águas e a subida dos peixes durante a piracema, no entanto, o ato nunca se completa.

 

 

A palavra da artista

 

“Um espaço nunca é vazio. Ele pode ser constituído por linhas e até ser palco para o movimento dos objetos”.

 

 

De 04 até 15 de julho.

Nova plataforma

Com o objetivo de aproximar e conectar, através da tecnologia, artistas do público que se interessam pela arte contemporânea, as empresárias Manuela Seve e Renata Thomé, da Alpha´a, lançam aplicativo Alpha´a, é gratuito para ios e Android free onde artistas podem enviar obras, compartilhar a localização de seus estúdios receber visitas, e participar de votações. Após o resultado os ganhadores  tem retorno imediato de seus trabalhos através das votações, além de terem suas obras produzidas em edições tais como impressões de excelente qualidade, em papel e canvas. Trata-se de uma nova plataforma de artes. Atualmente são cerca de 1.000 artistas cadastrados.

 

Três na Artur Fidalgo

19/mai

A Artur Fidalgo galeria, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, apresenta Fernando de La Rocque, Julia Debasse e Victor Arruda. Os artistas se reúnem para apresentar seus mais recentes trabalhos. Com caneta, aquarela e nanquim uma série de desenhos nos surpreende e nos afeta de várias formas. O desenhar obsessivo de Victor Arruda, os corpos flutuantes de Fernando de La Rocque e, através das aquarelas de Julia Debasse, temos expostas nossas fauna e flora interiores. Apesar das diferenças entre esses três artistas, as situações que envolvem o corpo, acabam se tornando uma conexão entre esses universos.

 

 

De 20 de maio a 10 de junho.

Novas pinturas de Gonçalo Ivo

18/mai

Gustavo Rebello Arte, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Aurora”, exposição individual do pintor Gonçalo Ivo. A mostra reúne parte das 35 pinturas que ilustram a edição brasileira do livro “Aurora”, do pai do artista, o escritor e poeta alagoano Lêdo Ivo (1924-2012), publicado postumamente na Espanha, em 2013, e que será lançado na abertura da mostra.

 

“É hora da partida/ parto sem levar nada/ no fim da madrugada, na aurora amanhecida”, são os versos que encerram o livro “Aurora”, de Lêdo Ivo, que conta com reproduções de pinturas de Gonçalo feitas especialmente para a edição brasileira do livro, em atenção a um desejo do poeta. Essas pinturas não apenas condensam e deslocam a recente investigação pictórica de Gonçalo Ivo, como servem para iluminar as 15 obras presentes na mostra, entre as quais duas pinturas feitas sobre fórmica, um suporte inédito em sua produção e apresentado pela primeira vez ao público.

 

Numa dessas telas, “Poema noturno”homenagem a Lêdo Ivo, de 2014, sobre fórmica negra, cruzes e linhas, recorrentes em suas últimas obras, estabelecem uma misteriosa constelação, cujas cores e movimento, carregam consigo a claridade que, no dizer de seu pai sobre a aurora, “… permite ver/ a matéria do mundo.”. Como sugerem os versos que, desta vez, abrem o livro preparado por Lêdo Ivo, “Ao romper da aurora/ tudo é epifania…”, e a pintura de Gonçalo, como se nota no conjunto agora exposto, continua a celebrar, em sua própria religiosidade, aparições que, “… vindo da sombra/ do mistério da noite…”, devolvem ao olhar a capacidade de surpreender-se e reanimar-se com coisas terrestres.

 

Sob a iniciativa da Gustavo Rebello Arte e com o apoio da Contra Capa Editora, a exposição, “Aurora”, conjuga, assim, duas linhas de força da trajetória de Gonçalo Ivo: a incessante investigação cromática, cotidianamente invocada em seu ateliê, e o diálogo com outras manifestações da arte e do espírito, não raro estabelecido na forma de livros.

 

 

 A opinião do escritor Valter Hugo Mãe

 

“A pintura de Gonçalo Ivo é mais do que um estudo da cor, é uma escola para a cor. Ali, ela aprende. Amadurece, como animal efetivamente caçado, que não pode mais deixar de assumir sua evidência no mundo. Cada tela é uma classe, feita de superior maestria, onde a luz incide para se adorar já não enquanto acaso, mas enquanto inteligência. É esta a diferença entre a cor por consciência e a casual. O trabalho de Gonçalo Ivo, cientista desta arte, é um modo de revelação, não enquanto delirante tentativa mas exatamente enquanto pronúncia de sábio que chega cada vez mais perto do que não se podia ver.”

 

 

Sobre o artista:

 

Gonçalo Ivo nasceu no Rio de Janeiro, 1958, pintor, ilustrador e professor. Filho do escritor Lêdo Ivo, estudou pintura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1975, orientado por Aluísio Carvão e Sérgio Campos Melo. Formado em Arquitetura pela Universidade Federal Fluminense, foi professor do Departamento de Atividades Educativas do MAM/RJ, entre 1984 e 1986. Deu aulas como visitante na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro – EBA/UFRJ, também em 1986. Trabalhou como ilustrador e programador visual para as editoras Global, Record e Pine Press. Faz exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Em 2000, assinou o cenário do programa “Metrópolis” da TV Cultura, SP, nesse mesmo ano, montou ateliê em Paris.

 

 

De 24 de maio a 24 de junho.

Arte sacra

O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS-SP, Luz, São Paulo, SP, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, em celebração às comemorações de Corpus Christi, abre a exposição “Trajetória de Jesus de Nazaré”, composta por trabalhos executados pelo santeiro Wandecok Cavalcanti e curadoria de Jorge Brandão.

 

Com núcleos dedicados a passagens bíblicas relevantes – da Anunciação do Anjo a Maria sobre sua gravidez até a Ascensão de Cristo – o artista exibe 38 obras em argila com fortes referencias tanto a arte popular como barroca.

 

As peças foram confeccionadas com terracota e cinco tipos e tonalidades de argila (marfim, preta, creme, shiro e tabaco), recurso utilizado para mostrar e enfatizar detalhes, como cor de cabelo e de rosto, tudo em tom natural, sem nenhum pigmento ou pintura. O que as diferencia é que cada uma tem um ponto de queima. “O barro, por hora, torna-se nobre aplicado ao requinte de detalhes fundamentais para o artista Wandecok Cavalcanti, que neste momento muito maduro, o fez extravasar e aflorar sua devoção nesse conjunto de obras desenvolvido especialmente para narrar a “Trajetória de Jesus de Nazaré” no Museu de Arte Sacra de São Paulo”, define o curador da mostra.

 

Com essa exposição, o museu pretende se abrir a novos formatos de contato com o público bem como espaço de incentivo ao trabalho de novos artistas: “O Museu de Arte Sacra que habitualmente exibe obras centenárias de seu próprio acervo e de coleções particulares, que já proporcionou ao público a possibilidade de admirar obras da fase sacra de artistas modernos como Anita Malfatti e Brecheret, também dá espaço para artistas ainda vivos que produzem arte sacra. Por essa razão, julgamos importante propiciar a exposição de obras de Wandecok Cavalcanti, que nos apresenta sua visão da “Trajetória de Jesus de Nazaré”, esclarece José Carlos Marçal de Barros, diretor executivo do MAS/SP.

 

 

De 22 de maio a 31 de julho.

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