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AGENDA CULTURAL

Dois no Museu Afro Brasil

29/jan

O Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, abriu duas exposições: “Giracorpogira II” do artista Jaques Faing, que apresenta 38 obras, resultado de pesquisa realizada desde 2003 sobre o Carnaval do Rio de Janeiro e de São Paulo e “Devoção” do fotógrafo Rodrigo Koraicho, que traz imagens captadas nas cidades de Katmandu (Nepal) e Varanasi (Índia) em 2013.

 

 

 

“Giracorpogira II”

 

As imagens obtidas pelo artista visual carioca, Jaques Faing, que vive e trabalha em São Paulo, sugerem inúmeras camadas de significados, fruto de seu trabalho tanto como poeta quanto como performer. Elas conduzem o espectador a prolongar seu olhar sobre o movimento dos corpos nelas insinuados, possibilitando uma nova experiência estética. Em suas obras, Faing busca apreender o invisível, explorando seu próprio movimento, circulando ousadamente dentro das passarelas, o movimento da câmera fotográfica e o das figuras para ousar captar algo mais do que uma imagem. O resultado são cores pulverizadas pela harmonia entre a baixa velocidade da câmera, a alta velocidade da dinâmica das personagens e o deslocamento contínuo do olhar do artista.  São baianas desmaterializadas girando delicadamente acima do chão, como abstrações que revelam sutilezas cromática, cinética e poética. Estes corpos flutuam com suavidade e leveza para além da realidade do carnaval, transportando o espectador para um campo sensível, silencioso e transcendente.

 

 

Sobre o artista

 

Jaques Faing nasceu no Rio de Janeiro, formou-se em engenharia e atualmente vive e trabalha em São Paulo. Realizou várias mostras coletivas e individuais, expondo em instituições como a Pinacoteca e o Museu de Arte Moderna de São Paulo, entre outras. Em seu trabalho, Faing se inspira no movimento, tanto pela maneira de gerar e captar imagens, considerando o ato fotográfico uma performance, como pela utilização de suportes cinéticos para as imagens que produz. Pesquisa a transposição da fotografia para suportes tridimensionais que ele mesmo projeta e constrói, transformando a imagem em objetos e esculturas. Faing possui obras nos acervos do Museu de Arte Moderna (MAM) e no Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC), ambos em São Paulo, no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) e no Museu de Arte do Rio (MAR), na cidade do Rio de Janeiro.

 

 

 

“Devoção”

 

Rodrigo Koraicho apresenta ao público 40 imagens realizadas entre outubro e novembro de 2013 nas cidades de Katmandu, no Nepal e Varanasi, na Índia. Integra ainda a exposição uma série de registros do cotidiano de trabalho do fotógrafo e de seu assistente durante a viagem. Segundo o curador, Claudinei Roberto da Silva, “o jovem fotógrafo Rodrigo Koraicho (1985) é animado pelo espírito de alteridade característico a certa parcela de artistas que, como ele, vem empreendendo, desde muito tempo, viagens motivadas pelos propósitos mais variados, sendo, portanto, possível inseri-lo na interessante tradição dos artistas viajantes.” Ainda segundo o curador, o fotógrafo não somente realizou na Índia e no Nepal fotografias de inegável qualidade, mas, além disso, prospectou filosofias, sistemas de ideias, modos de veneração à vida e, sobretudo, uma compreensão da realidade que quase sempre é, na sua beleza, estranha e não raro incompreensível às mentalidades dominadas pelo exacerbado materialismo da sociedade ocidental. As 40 fotografias que Koraicho apresenta no Museu Afro Brasil transportam o público a um mundo onde homens e mulheres comungam com a ideia de que a santidade, entendida como busca pelo Divino, pelo transcendental, é possível de ser alcançada através do labor devoto. O que emerge dessas imagens é a força espiritual e a excepcional sabedoria estampada em mãos, olhos, pele vincada, enfim, no corpo dessa gente que vem definindo e pavimentando através de tempos imemoriais os caminhos da Devoção.

 

 

Sobre o artista

 

Com uma trajetória na fotografia iniciada as 16 anos de idade, Rodrigo Koraicho é formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e mestrando em Estética e História da Arte pela Universidade de São Paulo. Sua experiência profissional inicial se deu no mercado publicitário onde trabalhou para a Agência Africa de Publicidade e Propaganda e junto a fotógrafos do ramo. Abriu estúdio próprio em 2010 e hoje divide suas atividades entre a fotografia comissionada e projetos autorais, nos quais procura conhecer e registrar diferentes povos, culturas e estilos de vida.

 

 

 

Até 03 de abril.

 

“da banalidade” Volume 1

Criado pelo Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, em 2013, o Programa Arte Atual se consolida como plataforma para pesquisas e trabalhos inéditos de jovens artistas e como um espaço de mostras coletivas construídas a partir de perspectivas múltiplas e heterogêneas sobre uma mesma questão. De início concebido para realizar-se anualmente, apresentou em suas três primeiras edições 10 artistas em distintas configurações e motes e, em 2015, gerou um novo programa associado: o Festival Arte Atual, no qual artistas ainda mais jovens são convidados para um processo dinâmico e experimental de exposição.

 

Neste ano, o Arte Atual ganha novo fôlego, apresentando-se como um programa que ao longo do ano realiza diversas mostras pensadas a partir de um tema central que funciona como denominador comum, lido por diferentes horizontes a cada nova montagem. “O conjunto da Banalidade (volumes 1, 2, 3 e 4) pode ser entendido como um livro e seus vários capítulos, organizados intermitentemente com diferentes artistas, abordagens e leituras”, explica Paulo Miyada, curador do Instituto Tomie Ohtake.

 

Tomando emprestado seu nome da clássica tratadística renascentista do século XV, da Banalidade funciona, diz Miyada, como um ensaio sobre o senso comum, a superfície das coisas, as coisas pequenas, a delicadeza, a banalidade do mal e a banalização do político. Segundo o curador, a cada leitura novos jeitos de lidar com este grande tema se desdobram nos projetos dos artistas convidados a integrar essa proposta.

 

Neste primeiro volume, Ana Elisa Egreja, Julia Kater e Cabelo – por meio de pinturas, serigrafias, instalações e vídeos– associam e discutem a frivolidade, a futilidade, o mau gosto, a tolice, o que passa despercebido, a delicadeza, o pequeno e o ordinário, numa tentativa inicial de refletir sobre a muitas formas da banalidade. “O que interessa aqui não é demonstrar como os artistas podem fazer algo especial valendo-se de coisas materiais banais, ao contrário, é acompanhá-los no manuseio do banal enquanto banal, aproveitando sua suposta falta de especificidade, aura e valor na tentativa de pensar seus significados mais desconcertantes”, explica Miyada.

 
O Programa Arte Atual é realizado por meio de parcerias entre o do Instituto Tomie Ohtake e galerias de arte, que apoiam a realização do projeto e das obras de seus artistas representados.  Nesta edição, contou com a colaboração das galerias Leme, Marília Razuk e SIM.

 

Até 06 de março.

Claudia Jaguaribe na Suiça

28/jan

Até 21 de março, a Fundação Brasilea, Basel, Suiça, apresentará obras da fotógrafa brasileira Claudia Jaguaribe. A artista nasceu no Rio de Janeiro e reside em São Paulo desde a década de 1990.

 

Claudia Jaguaribe
As obras da artista tem sido moldadas por uma investigação sobre as metrópoles e a natureza. Fortemente influenciada pelas atuais questões sócio-políticas de nosso tempo, a artista trata da dicotomia entre a urbanidade e a natureza. Suas obras tem como objetivo mostrar a relação de tensão entre o crescimento urbano e a paisagem; como a cidade recria o espaço urbano e modifica a natureza ao seu redor. A intenção da artista nao é documentar a realidade. Ela pretende amplificar através da justaposição de elementos uma visão de um futuro provável onde está contida uma crítica de como acontece o desenfreado desenvolvimento urbano. As obras de Claudia Jaguaribe são baseadas em técnicas fotográficas, instalações de vídeo e trabalhos que embora trazendo um aspecto documental vão além procurando enriquecer os registros com uma discussão da própria linguagem da fotografia. As transições entre as metodologias aplicadas são fluidas. Isto forma o núcleo de suas criações: um desfoque de contornos, limites e da percepção da realidade. Ela trabalha com a matéria primordial da natureza como uma realidade determinada – e nos traz novas percepções. Este tipo de processo recria a realidade e traz imagens trabalhadas por um novo contexto influenciado por suas próprias experiências que criam a estrutura necessária da percepção. A série de Claudia Jaguaribe, “Topografias”, que está sendo exibida na Fundação Brasilea, é um exemplo da sua forma de trabalhar misturando documentação com criação; entre as técnicas de produção e construção fotográfica. Através da composição de azulejos individuais para formar o complexo trabalho, cria-se a impressão de uma imagem fotográfica da realidade ainda que seja, na verdade, uma composição fictícia. Azulejos são grandes superfícies compostas por diversos quadrados parecido com um mosaico, uma forma herdada da herança portuguesa e incorporada as técnicas da fotografia de hoje. O conceito da exposição explora nos 3 andares as diferentes abordagens pictóricas sobre os temas da natureza e da urbanidade e como estas se relacionam em diferentes formatos. No piso do porão a natureza é vista num grande painel com uma interferência gráfica que cria partes cobertas numa referência ao desmatamento. No térreo, a urbanidade da cidade do Rio de Janeiro é abordada em diversas perspectivas repensando a relação do urbano com a natureza, tanto nas imagens da Série Entre Morros quanto na série Topografias. As outras duas series exibidas são: Homenagem a Hélio que mostra restos de construção encontradas em favelas do Rio que adquirem formatos de esculturas e a série Cacotocea onde a natureza é apropriada para criar azulejos numa crítica ao aquecimento e a consequente desertificação da paisagem brasileira. Por ultimo, temos os livros da artista expostos juntamente com a série das Bibliotecas – fotografias que criam um trompe l’oeil de uma biblioteca aonde livros com lombadas de florestas fazem uma alusão a preservação da memória da mata. (Daniel Faust, Diretor)

 

 

Até 21 de março.

Artista havaiana

A Gabriel Wickbold Studio & Gallery, Vila Nova Conceição, São Paulo, SP, inaugura seu espaço com a individual “Celestial Bodies – A Fotografia Subaquática de Christy Lee Rogers”, com curadoria de Gabriel Wickbold. Expostos pela primeira vez no Brasil, 11 trabalhos da artista visual havaiana Christy Lee Rogers compõem a mostra, exibindo seu domínio técnico em cenas inspiradoras, que representam corpos submersos em água, durante a noite, com efeitos naturais criados pela refração da luz.

 

A obsessão de Christy Lee Rogers com a água como ferramenta para quebrar as convenções da fotografia contemporânea ganhou força na última década, por meio de um mergulho contínuo no universo dos grandes mestres da pintura. Autora de imagens turbulentas em cor e complexidade, constrói cenas elaboradas de coloração coalescente e corpos que exaltam a figura humana como fonte de vigor e calor, em um processo frágil de experimentação. “O propósito por trás do meu trabalho é questionar e encontrar um lugar de compreensão em meio a loucura, a tragédia, a vulnerabilidade, a beleza e o poder da humanidade. Minha preocupação encontra-se em questões de liberdade, tanto no ganho quanto na perda”, reflete a artista. Sobre seu trabalho, Adam Jacques, jornalista do londrino The Independet, comenta: “A recompensa etérea é, de fato, sinônima de uma mistura de Mestres – os tons vívidos de Ticiano, os corpos tencionados de Rubens, o chiaroscuro de Caravaggio, mas também as pinceladas soltas e o movimento fluido de Delacroix; pistas, também, das ascensões celestiais ao estilo de Tiepolo que adornam muitas capelas venezianas do século XVIII”.

 

A mostra marca a inauguração da Gabriel Wickbold Studio & Gallery, espaço desenvolvido fora dos moldes de uma galeria convencional. “Vamos trabalhar em prol da memória fotográfica na cena cultural brasileira”, diz Gabriel Wickbold. Acerca da individual de Christy Lee Rogers, o curador comenta: “Os trabalhos têm uma relação muito forte com o ambiente da galeria. Eles são energéticos, acessíveis para diversos públicos, e ao mesmo tempo estimulam a reflexão com uma pesquisa profunda sobre a história da arte e um domínio técnico e autoral da fotografia”.

 

 

 

De 28 de fevereiro a 11 de março.

Frida Kahlo na Caixa Cultural-Rio 

26/jan

A Caixa Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, em parceria com o Instituto Tomie Ohtake, apresenta a exposição “Frida Kahlo: conexões entre mulheres surrealistas no México”, que reúne 30 obras da grande artista nascida no México. Em torno desses trabalhos de Frida Kahlo – 20 óleos sobre tela e dez em papel, entre desenhos, colagens e litografias – estão cerca de cem obras de outras quatorze artistas, principalmente mulheres nascidas ou radicadas no México, autoras de potentes produções, como María Izquierdo, Remedios Varo, Leonora Carrington, Rosa Rolanda, Lola Álvarez Bravo, Lucienne Bloch, Alice Rahon, Kati Horna, Bridget Tichenor, Jacqueline Lamba, Bona de Mandiargues, Cordélia Urueta, Olga Costa e Sylvia Fein.  Quando esteve em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo,a mostra atraiu 600 mil pessoas. Integrará a exposição uma mostra de filmes, dedicados às artistas Alice Rahon, Rara Avis, Jacqueline Lamba, Leonora Carrington, Remedios Varo, além de Frida Kahlo.

 

Com curadoria da pesquisadora Teresa Arcq, “Frida Kahlo: conexões entre mulheres surrealistas no México” proporciona ao público brasileiro um amplo panorama do pensamento plástico da artista, e revela a intrincada rede e o potente imaginário que se formaram tendo como eixo sua figura. A exposição, que abrange pinturas, esculturas e fotografias – além de vestimentas, acessórios, documentos, registros fotográficos, catálogos e reportagens – ocupará todo o espaço expositivo do segundo andar da Caixa Cultural.

 

A exposição foi idealizada e coordenada pelo Instituto Tomie Ohtake, de São Paulo, e tem o patrocínio da Caixa, com apoio da Secretaria de Relaciones Exteriores do México (SER), Embaixada do México no Brasil, do Instituto Nacional de Bellas Artes (INBA), do Consejo Nacional para la Cultura y las Artes (Conaculta) e do Conselho de Promoção Turística do México (CPTM).

 

Durante toda a sua vida, Frida Kahlo, nascida em 06 de julho de 1907, em Coyoacán, México, onde morreu em 13 de julho de 1954, pintou apenas 143 telas. Dentre as 20 pinturas de Frida na exposição, seis são autorretratos. Há ainda mais duas de suas telas que trazem a sua presença, como em “El abrazo de amor del Universo, la terra (México). Diego, yo y el senõr Xóloti” (1933), e “Diego em mi Pensamiento” (1943), além de uma litografia, “Frida y el aborto” (1932). Imagens de Frida Kahlo estão presentes ainda nas fotografias de Nickolas Muray, Bernard Silberstein, Hector Garcia, Martim Munkácsi, e na litografia “Nu (Frida Kahlo)” (1930), de Diego Rivera.

 

Teresa Arqc destaca que os autorretratos e os retratos simbólicos marcam “uma provocativa ruptura que separa o âmbito do público do estritamente privado”. “Em alguns de seus autorretratos Frida Kahlo, Maria Izquierdo e Rosa Rolanda elegeram cuidadosamente a identificação com o passado pré-hispânico e as culturas indígenas do México, utilizando ornamentos e acessórios que remetem a mulheres poderosas, como deusas ou tehuanas, apropriando-se das identidades destas matriarcas amazonas”, afirma. “Impressiona constatar como estas artistas subvertem o cânone para realizar uma exploração de sua psique carregada de símbolos e mitos pessoais”, observa a curadora. A presença vigorosa de Frida Kahlo perpassa ainda a exposição pelas obras de outras artistas que retrataram a sua figura icônica, como Cordélia Urueta. Por meio da fotografia, destacam-se os trabalhos de Lola Álvarez Bravo, Lucienne Bloch e Kati Horna.

 

 

Mostra de filmes

 

A Galeria 1, no térreo da Caixa Cultural, também com entrada gratuita, será transformada em espaço de exibição de filmes sobre as artistas Alice Rahon, Rara Avis, Jacqueline Lamba, Leonora Carrington, Remedios Varo e Frida Kahlo. A programação se repetirá nos mesmos horários, ao longo da exposição, com os filmes:

 

10h30 – Alice Rahon (2012), 64’, de Dominique e Julien Ferrandou (Produção: Seven Doc)

12h – Rara Avis – Bridget Tichenor (1985), 21’, de Tufic Makhlouf

12h30 – Jacqueline Lamba (2005), 120’, de Fabrice Maze (Produção: Seven Doc)

15h – The Life and Times of Frida Kahlo (2005), 90’, de Amy Stechler (Produção: Daylight

Films e WETA, Washington DC, in association with Latino)

17h – Leonora Carrington (2011), 107’, de Dominique e Julien Ferrandou (Produção:

Seven Doc)

19h – Remedios Varo (2013), 64’, de Tufic Makhlouf (Produção: Seven Doc)

 

 

Atmosfera criativa

 

A confluência dos grupos de exiladas europeias, como a inglesa Leonora Carrington, a francesa Alice Rahon, a espanhola Remedios Varo, a alemã Olga Costa (nascida Kostakovski) e a fotógrafa húngara Kati Horna, e das artistas que vieram dos Estados Unidos, como Bridget Tichenor e Rosa Rolanda, permanecendo no México o resto de suas vidas, além de outras visitantes vinculadas ao surrealismo, atraídas pelas culturas ancestrais mexicanas, como as francesas Jacqueline Lamba e Bona de Mandiargues, e a norte-americana Sylvia Fein, favoreceu a atmosfera criativa intelectual e uma completa rede de relações e influências com Kahlo e demais artistas mexicanas. “A multiplicidade cultural, rica em mitos, rituais e uma diversidades de sistemas e crenças espirituais influenciaram na transformação de suas criações. A estratégia surrealista da máscara e da fantasia, que no México forma parte dos rituais cotidianos em torno da vida, a morte no âmbito do sagrado, funcionava também como um recurso para abordar o tema da identidade e de gênero”, explica Teresa Arcq.

 

Paulo Miyada, curador do Instituto Tomie Ohtake, observa que a mostra permite confrontar uma face desafiadora do surrealismo, em que “a intensidade, dramaticidade e subjetividade das obras dessas artistas tornam este conjunto inquietante até para aqueles mais familiarizados com o movimento, que originalmente surgiu na França na década de 1920, tendo como maior predicado a tentativa de escapar do império do realismo e da racionalidade, acenando para o inconsciente, o acaso e o onírico”. “Na produção das artistas conectadas ao surrealismo que passaram pelo México, os tópicos já consagrados na discussão do surrealismo se multiplicam e extravasam muitas fronteiras, o que se reflete em imagens pungentes e inesquecíveis por suas cores e traços impositivos, pelos elementos da cultura nativa mexicana, pelos gestos confrontadores e pelo desprezo por qualquer convenção do que seja o bom gosto burguês tradicional”, completa.

 

Sobre a curadora

 

Teresa Arcq, historiadora de arte, Mestre em Museologia e Gestão em Arte e em Arte Cinematográfica pela Universidade de Casa Lamm na Cidade do México, trabalhou como curadora chefe do Museu de Arte Moderna da Cidade do México entre 2003 e 2006. Foi co-curadora da exposição A Arte de Mark Rothko – Coleção da The National Gallery of Art, e de várias exposições do acervo permanente, destacando-se a de Remedios Varo. A partir de 2007, como curadora independente produziu para o Museu de Arte Moderna da Cidade do México Remedios Varo – Cinco Chaves, uma retrospectiva em comemoração ao centenário do nascimento da artista inspirada em seu livro homólogo; e Alice Rahon – Uma surrealista no México, que também foi apresentada no El Cubo, em Tijuana. Arcq é Professora de História da Arte no Centro de Cultura Casa Lamm. Publicou vários ensaios e faz palestras sobre arte moderna mexicana, movimento avant-garde europeu e mulheres surrealistas no México, Estados Unidos, Europa e Ásia.

 

 

 

De 29 de janeiro a 27 de março.

Goldfarb em retrospecto

As duas décadas de carreira do artista carioca Walter Goldfarb estão sendo celebradas em “Walter Goldfarb – Retrospectiva 1995-2015: Ela não gostava de Monet”, sob curadoria de Vanda Klabin no Centro Cultural Correios, Centro, Rio e Janeiro, RJ, ocupando 1.000m2 de espaço expositivo. A mostra é um projeto da Graphos Brasil com produção da Artepadilla.  Essa panorâmica da produção de Goldfarb reúne cerca de 40 trabalhos pontuais, selecionados pela curadora, vindos de coleções institucionais e particulares do Brasil e do exterior, entre elas obras nunca exibidas, guardadas por Goldfarb, e telas de 2015.

 

Sobre as pinturas como um todo, Vanda Klabin assinala que “registram o desenvolvimento peculiar do seu laborioso exercício de ateliê e visa contemplar também as suas estruturas seriadas, que proporcionam articulações infinitas, dando espessura aos trabalhos e fornecendo consistência plástica ao olhar.”

 

A opção curatorial é a de privilegiar o enfrentamento visual e simbólico das obras, independentemente de datas, escolhidas entre as séries Teatros Bíblicos, Branca, Negra, Teatros do Corpo, Lisérgica e a mais recente Brinquedo de Roda, a partir de Heitor Villa-Lobos.

 

Nas telas de Teatros Bíblicos, de escala monumental, o artista discute a relação da escrita com a geometria e a figuração através das sagradas escrituras e da arquitetura bíblica. Entre as técnicas empregadas estão a impressão a fogo, o bordado e a costura em cânhamo, piche e couro de vaca sobre aninhagem e lona. Como exemplo dessa série, a pintura “Mezuzá” possui formato de pergaminho com seis metros de comprimento, com escrituras judaicas gravadas sobre lona crua, e estará ao lado do primeiro trabalho de Goldfarb com figuras humanas, quase esboços, pintadas com piche.

 

Na série Branca, a pintura de escassez, trata das relações entre o Cristianismo, Islamismo e Judaísmo através da ópera de Wagner, dos poemas de Teresa de Ávila e de mitos literários, como Fausto. O branco da têmpera toma conta da tela e a obra é feita com esboços de carvão, sem truques de sedução do olhar. O trabalho “Ela não Gostava de Monet”, que dá o título à exposição, reúne técnicas criadas pelo artista, como a pintura com esmerilhadeira no lugar do pincel, e bordados com fio retirado da própria lona do suporte.

 

Na Negra, a pintura sem luz, alude a Rembrandt, Goya, Velázquez, Da Vinci e Vermeer. Goldfarb substitui as áreas brancas da lona crua pelo preto das camadas com milhares de bastões de carvão (fusain). Submetidos a lavagens a cloro, os trabalhos revelam nuances alaranjadas e magentas, de acordo com a árvore que produziu o carvão.

 

Em Teatros do Corpo, as telas abordam a sexualidade na arte, o fetiche e a construção do corpo contemporâneo, espelhado no arquétipo greco-romano, partindo de uma pesquisa feita por Goldfarb em academias de ginástica da zona sul do Rio de Janeiro e na orla carioca. O artista anamorfoseia imagens de corpos de obras de Michelangelo, Caravaggio, Gustav Klimt e Egon Schiele com corpos de cartões postais de mulheres de fio dental na praia de Ipanema e Copacabana, revistas pornográficas femininas e masculinas, carnaval e lutas marciais.

 

Em reação às fases Branca e Negra, os trabalhos de Lisérgica buscam na solaridade do Rio de Janeiro a cor e a luz para uma reflexão sobre a possibilidade de uma pintura neo-impressionista, mesclada ao Barroco tão presente na obra de Goldfarb. A paleta lisérgica é feita da mistura de nanquim com anilinas alcoólicas, que mudam de acordo com a luminosidade e se alterarão infinitamente através da irradiação e temperatura da luz.

 

A série mais recente, Brinquedo de roda, é baseada nas cantigas de roda de Heitor Villa-Lobos. A pesquisa e a construção física das peças começaram em 2012. O conjunto é  formado por seis dípticos de grandes dimensões, em tons pastéis. Cada díptico é formado por duas telas: uma com detalhes de ornamentos arquitetônicos do Brasil Império em laca injetada na lona crua e bordados em Gobelin à mão e a outra com partituras das cantigas de Villa-Lobos, onde notas musicais aleatórias dançam como crianças rebeldes sobre as linhas dos pentagramas.

 

Walter Goldfarb é reconhecido por sua linguagem peculiar que mescla o fazer artesanal no exercício diário de ateliê, nos moldes dos mestres da Renascença e dos tecelões da Idade Média, com as vanguardas modernistas, impregnando os trabalhos de histórias e conceitos para além da arte pela arte, em telas de dimensões monumentais e técnicas incomuns, que quase nunca utilizam pincéis. É um artista contemporâneo mergulhado no curso da História da Arte no Ocidente e Oriente.
A curadora descreve, no texto do folder da mostra, características da fatura de Goldfarb: “[…] é uma  arte feita de construções e raspagens, onde aos fios de algodão são retirados da própria lona da tela, num procedimento de combinação e sobreposição das peças análogo ao modo com que aplica a tinta em seus quadros, seja pelos elementos fragmentários que se superpõem, num movimento realizado do fundo para a superfície, bem como o gosto pela composição cuidadosa e quase artesanal, como  se “tatuasse’ a realidade que habita o seu imaginário.”]

 

 

Sobre o artista

 

Foi no Centro Cultural Correios que Walter mostrou seu trabalho pela primeira vez, em 1995. No início da carreira, participou de salões e coletivas importantes como o Salão Carioca, Projeto Macunaíma [Funarte], Antárctica Artes com a Folha, selecionado pelos críticos Reynaldo Roels Jr., Fernando Cocchiarale e Lisette Lagnado, respectivamente. A partir de então, realiza regularmente individuais e expõe em feiras internacionais através de seus galeristas brasileiros e estrangeiros. Em 2010, Goldfarb foi escolhido, pela Academia Latina de Gravação de Hollywood, o Artista Visual do 11º Grammy, em Las Vegas. Sua obra ilustrou o catálogo dos indicados, milhares de ingressos e o pôster oficial do evento. Em sua lista de mostras, destacam-se as do Museu Nacional de Belas Artes, RJ, sob curadoria de Paulo Herkenhoff, atual diretor do MAR – Museu de Arte do Rio; no Museum of Latin American Art, Los Angeles, curada por Agustín, atual diretor do Museo Nacional de Arte do México, Jeu de Paume, Paris; no Domus Artium – Salamanca, Espanha; no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo; no Culturgest/Caixa Geral de Depósitos, Lisboa; no Museo di Arte Moderna e Contemporanea di Trento e Rovereto, Itália, e no Museu Nacional de Belas Artes do Chile, entre outras. Walter Goldfarb tem obras nos acervos do MAR – Museu de Arte do Rio, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (coleção Gilberto Chateaubriand), Museu Nacional de Belas Artes, Museu de Arte Contemporânea de Niterói (coleção João Satamini), Museu de Arte de Miami (coleção Jorge Perez), da Fundacíon Golinelli, Bolonha-Veneza (Paolo e Marino Golinelli) e do Museu de Arte Moderna e Contemporânea, Lisboa (Colecção Comendador Joe Berardo), entre outros.

 

 

Até 28 de fevereiro.

Pocket exhibition na Milan

A Galeria Millan, Vila Madalena, Rio de Janeiro, RJ, apresenta uma pocket exhibition com novos trabalhos de Ana Prata. A pintura é o meio escolhido pela artista. Em sua superfície ela faz com que diversos assuntos sejam manipulados, forjados e torcidos. Para isto, Ana Prata utiliza vários materiais como o linho cru, barbante e tecidos estampados.

 

O que instiga a artista, é justamente ver seu trabalho transitando entre o figurativo e o abstrato,  sempre rumo a um novo lugar. A dispersão causada pelos diferentes temas e técnicas fortalece a autonomia de cada tela, tornando cada uma delas, ao mesmo tempo, dependente e repelente da pintura que se encontra ao lado.

 

 

Até 30 de janeiro.

Guilherme Vaz no CCBB-Rio

O CCBB-Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta ao público a exposição “Guilherme Vaz: uma fração do infinito”, com 50 anos de produção desse artista multimeios, músico experimental, maestro, pensador e integrante das vanguardas dos anos 1970.  Um dos pioneiros da arte conceitual e sonora, Guilherme Vaz é um dos introdutores da música concreta no cinema brasileiro. A mostra conta com debates, reedição de trabalhos antigos, produção de novos trabalhos e edição de livro com ensaios inéditos, históricos e vasto conjunto de imagens e documentos.

 

A curadoria de Franz Manata apresenta o caráter inovador da obra de Guilherme Vaz ao destacar sua produção no contexto das vanguardas da arte contemporânea e sua vivência no Brasil central, com os sertanistas e povos indígenas. Em sua primeira grande exposição serão mostradas 41 obras que contemplam os diversos suportes utilizados pelo artista, como a instalação, objetos sonoros, instruções, desenhos, partituras, performances e parte de sua produção musical. “Guilherme Vaz: uma fração do infinito” destaca a importância da obra desse artista no panorama da cultura e deixará como legado um conjunto de textos, documentos e imagens para a memória da arte no Brasil.

 

 

Trajetória

 
Guilherme Vaz iniciou sua interlocução com a cena cultural do Rio de Janeiro no final da década de 1960, trabalhando com cineastas, músicos e artistas residentes na cidade. Realizou na época trilhas sonoras dos filmes “Fome de amor” (1968), de Nelson Pereira dos Santos – a primeira experiência de música concreta no cinema nacional, e O anjo nasceu (1969), dirigido por Júlio Bressane. Ambos premiados no Festival de Cinema de Brasília. Guilherme produziu trilhas para mais de 60 filmes, sendo 30 longas-metragens; ganhou nove prêmios e estabeleceu parcerias com importantes cineastas, como Júlio Bressane e Sérgio Bernardes. Segundo o curador, seu trabalho para o cinema traduz o “espírito do Brasil profundo”. Franz Manata comenta ainda o processo da pesquisa e curadoria da mostra.

 

Como músico e maestro, Vaz se envolveu com a música harmônica, a música concreta, experimental, o jazz, aprofundando-se na pesquisa com a música popular e flertando com a MPB. Esteve envolvido na fundação e apresentações do Grupo de Compositores da Bahia, organizado por Ernst Wiedmer; em 1967 funda com Vitor Assis Brasil o grupo Calmalma de Jazz Livre, que produzia jazz de vanguarda com acento na experimentação e improvisação musical; e participou da gravação do disco e da turnê do álbum de Ney Matogrosso, Água do céu-pássaro, de 1975, que apresenta sonoridade experimental permeada por elementos da natureza. Participou também da então nascente cena carioca de arte conceitual, articulada em torno das atividades do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, da criação da Unidade Experimental e de exposições históricas como o Salão da Bússola, realizado nesse museu, em 1969, e a polêmica “Agnus Dei”, realizada na Petit Galerie, no Rio de Janeiro, em 1970, além de participar das mostras internacionais: “Information”, no MoMA, em 1970, e da 8ª Bienal de Paris, em 1973, ambas relevantes no contexto da arte conceitual.

 

Dividida em três salas que ocupam o segundo andar da instituição, a exposição apresenta um percurso que se articula de forma complementar a mostrar uma fração do infinito artístico de Guilherme.

 

Na primeira sala, a experiência de Guilherme no interior do Brasil, onde desenvolveu trabalhos de antropologia, artes visuais e música pré-histórica com os povos indígenas sul-americanos Zoró-Panganjej, Gavião-Ikolem e Araras. O público poderá conhecer de perto um conjunto de pinturas realizado com o índio Carlos Bedurap Zoró, da tribo Gavião-Ikolem, de Rondônia, que por solicitação do artista reproduziu, nos tecidos fornecidos por Guilherme, suas pinturas corporais. Mais a série Solos ardentes, composta por 16 fotografias feitas com uma câmera amadora em 1999, em que crianças da tribo Gavião-Ikolem estão em frente a uma pilha de carvão da selva, dentro do escritório da Sociedade Pró-Arte, em Ji-Paraná, Rondônia.

 

Será apresentado o vídeo-concerto harmônico Música em Manaos (2004). Realizado por Guilherme e sob sua regência, a Orquestra Filarmônica Bielorussa se junta aos indígenas da etnia Gavião-Ikolem, no Teatro Amazonas. O registro é uma parceria com seu amigo, cineasta e documentarista Sérgio Bernardes (1944-2007). No outro vídeo, Uma fração do infinito, realizado em 2013 em parceria com o Instituto Mesa, Guilherme estabelece um diálogo com Charles Darwin ao refazer, simbolicamente, o caminho percorrido pelo naturalista britânico na cidade de Niterói. Um teatro sonoro onde os maracás ”acionam” as forças da natureza.

 

Na sala B estarão a escultura inédita Totem de maracás, composta por centenas de unidades do instrumento indígena, que reflete sobre o aprendizado com o universo indígena, e Jardim sem nome, uma instalação com seixos rolados que, segundo o artista, é uma metáfora acerca do universo da arte, em que sua própria história é como um imenso rio no qual os artistas são seixos dispostos ao longo do caminho.

 

A segunda sala mostra a produção de Guilherme como artista multimeios, músico experimental, maestro, pensador e integrante das vanguardas dos anos 1970. Aí poderão ser vistos sua pesquisa no campo da notação musical será apresentada (partituras convencionais, balizamentos gráficos, notações para o cinema e partituras como performance), a instalação sonora Crude, que surge a partir de sua pesquisa acerca do que ele definiu como “música corporal” iniciada na 8ª Bienal de Paris, em 1973, ainda sob o nome de Cru. Em sua primeira versão, o trabalho foi realizado de forma acústica quando o artista extraía sons diretamente da arquitetura. Já a partir da apresentação da 7ª Bienal do Mercosul em 2007, ele incorpora microfones e amplifica o som no espaço. Na versão atual, o artista convida o público para essa experiência. Tem também a instalação acusmática, composta por instruções de Guilherme Vaz, apresentadas ao público na “Information” – importante exposição de arte conceitual realizada no MoMA, em 1970. Para o CCBB o artista convida o público a seguir por um corredor, onde se escutam suas instruções. Segundo o curador é “uma estratégia para colocar ‘algo’ em evidência”.

 

A última sala destaca sua relação com a imagem em movimento através da parceria com o cineasta e documentarista Sérgio Bernardes, que traduz o Brasil profundo em sete filmes: Os guardiões da floresta (1990), Panthera Onca (1991), Cauê Porã (1999), Nós e não nós (2003), Amazônia (2006), Mata Atlântica (2007) e Tamboro (2009). A exposição conta com uma cronologia ilustrada, que aborda a vida e o percurso de Guilherme Vaz, com um vasto conjunto de documentos, obras, vídeos e arquivos de áudio.

 

Sobre o artista

 

Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Pioneiro da arte sonora, formou-se na Universidade Nacional de Brasília, tendo como professores Rogério Duprat, Décio Pignatari, Nise Obino, Cláudio Santoro, Damiano Cozzela, Régis Duprat, Hugo Mund Júnior, entre outros (1962-1964); e na Universidade Federal da Bahia, onde foi aluno de Walter Smetak e Ernst Wiedmer (1964-1966). Fundou, em parceria com Frederico Morais, Cildo Meireles e Luiz Alphonsus, a Unidade Experimental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1968-1970). Presidiu a Fundação Cultural de Ji-Paraná, fronteira com a Bolívia, onde desenvolveu trabalhos de antropologia, artes visuais e música pré-histórica com os povos indígenas sul-americanos Zoró-Panganjej, Gavião-Ikolem e Araras. Artista multimeios e experimental, autor das obras sonoras: Walk to anywhere, Rio de Janeiro (1970); Open your door as slow as you can, Rio de Janeiro (1970); Solos ardentes, Nova Iorque (1970); Crude, Paris (1973); Ensaio sobre a dádiva, d’après Marcel Mauss, Oslo (2008). Sua obra foi incluída em importantes exposições coletivas, dentre as quais se destacam: “Hélio Oiticica e seu Tempo”, Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro (2006); VIII Biennale de Paris, Museé d’Art Moderne de la Ville de Paris (1973); “Agnus Dei”, Petite Galerie, Rio de Janeiro (1970); “Information”, MoMA, Nova Iorque (1970), entre outras.

 

Editou várias obras em CD com a gravadora OM Records: o vento sem mestre (2007), Sinfonia dos ares (2007), La Virgen (2006), Deuses desconhecidos (2006), Anjo sobre o verde (2006); A tempestade, El arte, Povos dos ares, Der Heiligue Spruch (2005); A noite original – Die SchopfungsNacht [Die Windeuber der Meer am Anfgang der Welt] (2004); Sinfonia do fogo (2004); O homem correndo na Savana (2003), todas elas lançadas no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC). Publicou a Sinfonia das águas goianas (2001), um livro em que reúne algumas das conjunções sonoras mais profundas, arcaicas e significantes do meio central da América do Sul.

 

 
Debates

 

 Guilherme Vaz e a arte contemporânea
Sinopse: Comenta aspectos de sua produção artística, destacando seu papel na introdução da arte conceitual e sonora no Brasil. Na mesma data também será lançado o livro “Guilherme Vaz: uma fração do infinito”.
Palestrantes: Franz Manata, Marisa Flórido César

 
 Data: 24/02/2016

 

 Guilherme Vaz e o cinema
Sinopse: Comenta aspectos de sua obra musical, destacando seu papel na introdução    da música concreta nas trilhas sonoras do cinema brasileiro.
Palestrantes: Franz Manata, Júlio Bressane, Suzana Reck Miranda

 
 Data: 09/03/2016

 
 
 Guilherme Vaz e a música
Sinopse: Comenta sua produção como maestro, sua relação com os aspectos estéticos da música erudita e sua relação com a formação da identidade cultural brasileira.
Palestrantes: Franz Manata, J. P. Caron

 
 Data: 23/03/2016

 

 

 Até 04 de abril.

Leonilson, filme no Parque Lage

Dirigido por Carlos Nader, “A Paixão de JL”, realizado pelo Itaú Cultural em parceria com a produtora Já Filmes, foi produzido a partir de um único registro, o de fitas cassetes gravadas pelo artista na última fase de sua vida, entre 1990 e 1993. No dia 25 de fevereiro o longa-metragem entra definitivamente em cartaz no circuito Espaço Itaú de Cinema de São Paulo (Augusta, Shoppings Bourbon Pompeia e Frei Caneca), Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador.

 

A “Paixão de JL” (82′, cor, 2015), dirigido por Carlos Nader, com realização do Itaú Cultural, terá pré-estreia nacional na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, em sessão no Cine Lage, no próximo dia 29 de janeiro, às 20h. Após a sessão haverá uma conversa aberta com o diretor do filme, com a diretora da EAV Parque Lage, Lisette Lagnado, e o professor Ivair Reinaldim. Carlos Nader destaca que “a EAV foi um lugar central na carreira de Leonilson. Foi onde ele cresceu e se projetou”. Foi a partir da exposição “Como Vai Você, Geração 80?”, realizada no Parque Lage em 1984, com curadoria de Marcus Lontra Costa, Paulo Roberto Leal e Sandra Magger, que a obra do artista ganhou propulsão e ele passou a ser reconhecido nacionalmente.

 

O filme percorre os três últimos anos de vida de Leonilson (1957-1993), narrado pelo próprio artista, e seu depoimento é associado a imagens, músicas e algumas das suas principais obras, formando uma poética audiovisual sobre as impressões do que o artista viu e sentiu neste período. A ideia que culminou na realização do longa-metragem surgiu em 2011, quando o Itaú Cultural fez a mostra “Sob o Peso dos Meus Amores”, uma

retrospectiva da obra de Leonilson. Carlos Nader foi convidado a dirigir um curta sobre a exposição, cujo resultado levou, naturalmente, à produção deste longa-metragem. O filme recebeu o prêmio de melhor crítica e de melhor documentário brasileiro nos festivais “É Tudo Verdade” e “Mix Brasil de Cultura da Diversidade”, o reconhecimento de melhor longa-metragem pelo júri popular no “Festival Mostras CURTA-SE” (Festival Ibero-Americano de Cinema de Sergipe), e o prêmio especial pelo júri no “37º Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano de Havana”, em 2015.

 

Pintor, desenhista e escultor brasileiro, José Leonilson Bezerra Dias nasceu em 1957 em Fortaleza, e morreu em São Paulo, vítima da Aids. Em janeiro de 1990, quando tinha 33 anos – três antes de morrer –, ele começou a produzir um diário íntimo gravado em fitas cassete. Carlos Nader, amigo próximo, conseguiu acesso ao material guardado pela família. “Alternando reflexões sobre sua intimidade e sobre o espírito de sua época, ele deixou um registro precioso em que um indivíduo especialmente sensível se relaciona com as grandes mudanças de seu tempo”, conta o diretor.

 
A partir do diário de Leonilson, ele optou por um caminho arriscado que, no entanto, resultou em uma produção no qual o espectador embarca em uma história pessoal de paixão, dúvidas e questionamentos, arte e criação, alinhavada por imagens de arquivo sobre aquele período.  Os tempos narrados por Leonilson são acompanhados por cenas que fizeram parte do seu imaginário e dos seus comentários. “Além de mostrar algumas de suas obras, o documentário entretece o diário íntimo com imagens públicas ligadas a diversos temas mencionados nas gravações”, conta Nader, premiado no “É Tudo Verdade”, em 2014, com o filme “Homem Comum”. “São assuntos tão diferentes quanto o Plano Collor, a Guerra do Iraque, filmes de Wim Wenders ou Derek Jarman, novelas da Globo, a tragédia da Aids ou o reino pop de Madonna”, completa. Vale ressaltar, ainda, a presença de trechos de programas da televisão, como “Família Dó-Ré-Mi”, o noticiário do Jornal Nacional, em 1990 e 1992, a série “Mico Preto” e “Perdidos no Espaço”. Nas gravações, Leonilson fala de seus trabalhos, de tristezas e alegrias, amores e desamores, medos, família e da homossexualidade. Um dia se descobre soropositivo, tema principal da última fase da sua vida.

Exposição e bate papo

A Galeria TATO, Vila Madalena, São Paulo, SP, convida para um bate papo no dia 30 de janeiro, sábado, às 16:00h, com o artista Luiz83 e o curador Paulo Gallina sobre a exposição “ Z”.

 

A mostra reúne esculturas em bronze recentes e inéditas do artista. Como uma linha se transforma em palavra? Como um texto reproduz o mundo? Ao apresentar as pesquisas de Luiz83 procuramos explorar o universo dos símbolos por trás daquilo que conhecemos em nosso cotidiano.

 

Com uma pesquisa que começa com “GRAPIXO”, manifestação típica da
capital paulista, Luiz83 transforma o signo das letras em imagem e intenção. Como se o exercício da caligrafia nada mais fosse do que o exercício em desenho. Na reunião e sobreposição das formas Luiz cria ritmos, sensações sem escrever uma só palavra.

 

 

De 30 de janeiro a 06 de fevereiro.

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