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AGENDA CULTURAL

Paula Klien, obras inéditas

O Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, apresenta, de 03 de dezembro de 2019 a 26 de janeiro de 2020 a exposição “FLUVIUS”, de Paula Klien, com curadoria de Denise Mattar. A mostra reúne mais de 50 trabalhos recentes da artista cuja produção se caracteriza pela utilização incomum do nanquim.

 

“FLUVIUS” exibe um conjunto das novas pesquisas de Paula Klien ao lado de algumas obras produzidas anteriormente. São pinturas, digigrafias e um vídeo performance da artista pintando telas e papéis dentro de um rio. Além disso, “Fluvius” apresenta duas exuberantes raízes que segundo a artista “servem para proteger o rio das erosões e segurar a terra, evitando que o rio seja soterrado, deixando a água fluir”.
“Simbioticamente unidas, águas e raízes refletem bem esse momento do trabalho de Paula Klien, instável, sutil e delicado, mas também denso, intenso e profundo. São as águas mansas de um rio turbulento”, complementa Denise Mattar.

 

As pinturas expressivas que brotam do mergulho de Paula Klien no seu mundo interior, mantém a espontaneidade do gesto que as criou, produzindo uma variação monocromática de extrema riqueza. Mais do que a presença material da tinta, o que está em curso é a intimidade imersiva da artista revelando a verdade universal da relação de cada homem consigo mesmo, do eu confrontado com a luta entre a constância e a impermanência, e a transcendência metafísica necessária para absorver o axioma irrefutável do “continuum” do universo, do planeta, do ser humano – e o contraste com a complexa vida que construímos baseados na ilusão da permanência.

 

Por esse substrato, o trabalho de Paula Klien, classificado em princípio, como expressionismo abstrato, na senda de artistas como Hans Hartung ou Soulages, se revela na verdade muito mais próximo de Gao Xingjian, ou Zeng Chongbin, artistas contemporâneos chineses que hoje impressionam o circuito internacional.

 

Desde 2017 a artista vem realizando exposições no exterior. Entre elas, na AquabitArt Gallery, no Deustsche Bank e na Positions Art Fair em Berlim. Solo Booth organizado pela Saatchi Art Gallery em Londres e na ArtBA em Buenos Aires. No Brasil participou, em 2018 da exposição “Pincel Oriental” no Centro Cultural Correios, expôs na ArtRio e realizou a individual “Extremos Líquidos” na Casa de Cultura Laura Alvim, com curadoria de Marcus Lontra.

 

Sobre Paula Klien por Denise Mattar

 

Paula Klien revelou seu interesse pelas artes visuais desde cedo, e surpreendia a família com a acuidade de seus retratos. Jovem adulta fez cursos livres no Parque Lage, estudou história da arte, mas também se deteve na música e na dança. A intensidade inerente à sua personalidade fez com que cada uma dessas águas fosse bebida com sofreguidão, num mergulho vertical nessas fontes. A partir da década de 2000 ela integrou todos esses conhecimentos a serviço da fotografia. Realizou campanhas e editorais de moda, que se caracterizaram pela excelência técnica, pela dinâmica perfeita entre modelo e roupa, mas tudo criado a partir de um olhar inusitado, de um certo desafio às convenções, permeado de humor inteligente. Dentro desse espírito apresentou em 2007 a exposição “Gatos e Sapatos”, uma sátira aos homens, revelando alguns de seus defeitos específicos, especialmente aqueles que incomodam as mulheres.

 

Em 2010, se debruçou sobre outro ângulo do universo masculino no livro “It’s Raining Men”. Sensualidade, descontração e novamente o humor. Na exposição “Edible”, 2012, Paula reuniu homens e mulheres, famosos e não famosos, sob o desafio: “Você tem fome de quê?”. O resultado surpreende pela multiplicidade de situações inusitadas criadas a partir da junção improvável entre elementos simples como peixes, bolas de sabão ou guimbas de cigarro, e o despojamento de corpos desnudados, sem couraças, totalmente desprotegidos no confronto com suas próprias escolhas.

 

Seu último livro de fotografias, lançado em 2014, tem o sugestivo título de “Pessoas me interessam”. Na abordagem proposta pela artista a atitude dos fotografados era o foco, o ponto de partida que determinava o caminho do ensaio e de sua edição. Em texto para a publicação, Alexandre Murucci observa “a qualidade e o refinamento das fotos e a retomada da investigação das possibilidades sociológicas e estéticas do portrait como testemunho de uma época”. Marcus Lontra, no mesmo livro fala sobre a “transcendência e a poesia que supera o limite do real e se afirma no território das coisas misteriosas e belas”.

 

Um outro olhar sobre a produção fotográfica de Paula Klien, mostra que, paralelamente há um contínuo exercício do corpo como paisagem: extensas superfícies de pele, cascatas de cabelos, dorsos arqueados como montanhas. Há ainda uma explícita preferência pelo preto e branco, que, excluindo a cor, adensa a mensagem, intensifica a forma, concentra o olhar.

 

Em 2016 esses elementos prenunciam uma necessidade interior: a busca do silêncio e da introspecção. Num retorno às artes plásticas Paula fez uma residência na escola de artes visuais Kunstgut, em Berlim. Produziu pouco na oficina, mas achou um caminho. O encontro com a tinta nanquim foi uma descoberta, um divisor de águas, e nunca a expressão foi tão literalmente adequada para o processo que Paula viria a desenvolver no Brasil.

 

De um só fôlego Paula cria um método próprio. As pinturas expressivas que brotam do mergulho de Paula Klien no seu mundo interior, mantém a espontaneidade do gesto que as criou, produzindo uma variação monocromática de extrema riqueza. Mais do que a presença material da tinta, o que está em curso é a intimidade imersiva da artista revelando a verdade universal da relação de cada homem consigo mesmo, do eu confrontado com a luta entre a constância e a impermanência, e a transcendência metafísica necessária para absorver o axioma irrefutável do “continuum” do universo, do planeta, do ser humano – e o contraste com a complexa vida que construímos baseados na ilusão da permanência.

 

Por esse substrato, o trabalho de Paula Klien, classificado em princípio, como expressionismo abstrato, na senda de artistas como Hans Hartung ou Soulages, se revela na verdade muito mais próximo de Gao Xingjian, ou Zeng Chongbin, artistas contemporâneos chineses que hoje impressionam o circuito internacional.

 

Exatamente por atingir essa mesma essência, que hoje fascina o Ocidente, seu trabalho teve imediata aceitação na Europa, desdobrando-se num intenso período de exposições. Não por acaso foi a única artista brasileira convidada a participar da mostra Pincel Oriental, no Centro Cultural Correios-RJ, em 2018.

 

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