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AGENDA CULTURAL

Raquel Arnaud com Célia Euvaldo e Tuneu

Em “Desenhos e Colagens”, Célia Euvaldo resgata o desenho sobre papel, marca do início de sua carreira, precisamente até 1997, quando a artista transfere sua ação para a tela. Segundo a artista, os sete novos desenhos em grandes dimensões representam uma recriação de seu próprio trabalho, trazendo um gesto cada vez mais construído. Para Lorenzo Mammì, que assina o texto da exposição, são obras que apresentam a delimitação de um território e dos movimentos que são possíveis nele. Nos trabalhos mais antigos, o papel era uma área livre cuja única constrição era determinada pela referência a um centro. Nestes novos, ao contrário, cada traço é fruto de uma negociação entre os contornos do papel e a posição da artista que se movimenta ao redor dele. “A maneira como os contornos do suporte são retomados, segmentados e deslocados pode lembrar procedimentos de desconstrução minimalista; mas a densidade e a tensão dramática dos traços remetem a uma poética expressionista”, afirma o crítico. Completam a exposição três grandes colagens nas quais a artista realiza um contraponto entre os suportes, colando o frágil papel chinês na rígida cartolina.

 

 

Paralelamente, no segundo piso da galeria, Tuneu, em “Dobradura”, retoma a pintura com aquarela por meio de 16 trabalhos. Como destaca Marco Giannotti em seu texto sobre esta nova série do artista, a opção pela aquarela acompanha Tuneu desde a década de 70, uma técnica que testa os limites impostos pela linha. Segundo Giannotti, ao sobrepor finas camadas aguadas de cores, o artista alcança um efeito aéreo luminoso, no qual o branco do papel é essencial, principalmente pelo uso do Arches, por não ser nem liso nem granuloso demais, potencializando esta luminosidade. “Se, em relevos anteriores feitos por Tuneu, a dobra era literal, agora ela aparece apenas como uma ideia, algo que só se realiza na imaginação”, diz Giannotii. Mas segundo ele, se por um lado os recortes cromáticos, que se insinuam nas dobraduras, revelam um quadrado latente, que no faz pensar na Bauhaus ou em Albers, nestas aquarelas recentes além da dobradura, sempre há um espaço interno vazio, que remete a um jardim Zen de pedra. “Algo que efetivamente não pode ser visto –  afinal, como disse outro mestre da cor, Matisse: ‘as cores existem e todavia, não existem’”, completa.

 

 

Sobre Célia Euvaldo

 

 

Célia Euvaldo, São Paulo, 1955, vem expondo regularmente desde meados da década de 80, tendo obtido o 1º prêmio – Viagem ao Exterior – no 11º Salão Nacional de Artes Plásticas em 1989. Entre 1988 e 1997, seu trabalho consistiu basicamente em desenho sobre papel, explorando e estirando os limites dessa categoria. A partir de então a pintura tem sido seu foco principal. Entre as mostras mais recentes, realizou individuais em 2011 no Museu da Gravura Cidade de Curitiba, e na Lemos de Sá Galeria, Belo Horizonte, bem como a mostra “Poeminhas” no Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo. Em 2006 apresentou a exposição “Brancos” na Estação Pinacoteca, São Paulo. Participou, em 2005, da 5ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre.

 

 

Sobre Tuneu

 

Professor, pintor e desenhista, Tuneu cujo nome civil é Antonio Carlos Rodrigues, nasceu em São Paulo, 1948. Foi aluno de Tarsila do Amaral entre 1960 e 1966 e recebeu influência de Wesley Duke Lee. Foi assistente de Willys de Castro e Hércules Barsotti durante vários anos. Entre as exposições de que participou, destacam-se: Salão de Arte Contemporânea de Campinas, várias edições entre 1966 e 1974; Prêmio Viagem à Europa, 1970, e Prêmio Aquisição, 1974; 16º e 17º Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo, 1967 e 1968; Bienal Internacional de São Paulo, várias edições entre 1967 e 1975; Prêmio Aquisição Itamaraty, 1971 e 1975; Panorama da Arte Atual Brasileira, MAMA – São Paulo, várias edições entre 1971 e 1989; 3º e 6º Salão Paulista de Arte Contemporânea, no MASP, 1971 e 1975); Arte na Rua 2, São Paulo, 1984; Off Bienal, no Museu Brasileiro de Escultura, São Paulo, 1996. Realizou exposição individual na Galeria Raquel Arnaud, em 2008, e em 2010 na Casa de Cultura de Paraty, Rio de Janeiro. A editora BEI organiza um amplo catálogo sobre a trajetória e a obra do artista. A Galeria Raquel Arnaud o representa desde 2008.

 

 

Até 21 de dezembro de 2013.

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