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AGENDA CULTURAL

Resistência Retiniana

“Uma vez que estes mistérios nos ultrapassam, finjamos ser os seus organizadores”.

Jean Cocteau

A “Resistência Retiniana”, uma expo-instalação, do documentarista Silvio Tendler – no Sesc Niterói até 08 de julho -, diretor premiado, reconhecido no Brasil e no exterior por sua contribuição ao cinema apresenta-se como criador de três projetos distintos: expo-instalação, espetáculo teatral (Olga e Luís Carlos, uma história de amor) e o documentário em longa-metragem (O Futuro é nosso!), produzidos por sua produtora Caliban Produções Cinematográficas.

Para a expo-instalação, “Resistência Retiniana”, Silvio Tendler convidou a artista visual Wira Tini, e os fotógrafos João Roberto Ripper e Antonio Scorza. Assina como curador, fotógrafo e cineasta e, atesta ser “…Uma experiência propositadamente caótica de fotografias, palavras e sons. Subverti o conceito ao criar a “resistência retiniana”, onde o cérebro captaria várias imagens em paralelo (ao invés de apenas uma) e criaria um labirinto de memórias com o que vivemos e sentimos em nossos percursos pela vida”, define o curador que, no texto abaixo, explica o termo como um dos primeiros aprendizados da escola de cinema.

Para Silvio Tendler, que passou trinta anos lecionando para alunos da PUC-RJ, nos ensina o desafio, quando se reinventa para cada nova criação entregue ao seu público. E reflete sobre “Resistência Retiniana”: “As imagens que selecionei, fotografias minhas de diversas fases, desde o jovem amante da imagem estática que corria o mundo atrás de revoluções, ao cineasta experiente que perdeu parte do movimento das mãos, mas não a vivacidade, e capta o que vê com um celular pela janela do carro”.

Um dos primeiros aprendizados nas escolas de Cinema é o fenômeno da persistência retiniana, que faz com que um objeto permaneça na retina por uma fração de segundo mesmo após desaparecer do campo de visão. O que seria uma falha do olho humano gera a ideia de movimento e está na origem da sétima arte. Subverti o conceito ao criar a “resistência retiniana”, onde o cérebro captaria várias imagens em paralelo e criaria um labirinto de memórias com o que vivemos e sentimos em nossos percursos pela vida.  A ideia surgiu a partir de uma conversa com Alice Maria Ferreira, professora da UnB, que me chamou a atenção para o tempo que o cérebro leva para processar uma imagem. É nessa experiência propositadamente caótica de fotografias, palavras e sons que eu convido o visitante a mergulhar. Ao cruzar o pano preto que nos separa da realidade, entramos em uma caixa escura feita de guerras, dores, afetos, rupturas, carnavais, cidades, povos originários e muita, muita resistência. Convidei dois fotógrafos e uma artista visual para dividir essa experiência comigo. João Roberto Ripper é ligado aos movimentos sociais, à defesa dos Direitos Humanos e às populações vulneráveis. Antonio Scorza transita entre o desalento e a alegria, em um testemunho do Homem e sua busca por sobrevivência. A artista visual Wira Tini, de origem indígena, traz as raízes de um Brasil profundo, a luta das mulheres, e a esperança de um futuro com mais igualdade. Nossa seleção de fragmentos de mundo conta com quatro olhares diversos que se encontram na busca pelo Humano. Selecionei fotografias minhas de diversas fases, desde o jovem amante da imagem estática que corria o mundo atrás de revoluções, ao cineasta experiente que perdeu parte do movimento das mãos, mas não a vivacidade, e capta o que vê com um celular pela janela do carro.

Silvio Tendler, cineasta, fotógrafo e curador

Sobre os artistas

Antonio Scorza: mergulhado no caleidoscópio da vida, transita em favelas e palácios, fome e banquetes, guerras e amores, capturando a contradição impregnada na condição humana em pequenos lapsos de luz. Trabalhou na France Presse, “O Globo”, “Jornal do Brasil” e já recebeu os prêmios World Press Photo, National Press Photographer Association e CNT.

João Roberto Ripper: fotojornalista autodidata, há mais de 50 anos focaliza seu trabalho na afirmação dos Direitos Humanos e busca documentar a delicadeza, a beleza dos rostos e dos fazeres dos socialmente marginalizados. Para Ripper, tão importante quanto fazer a denúncia dos desrespeitos aos direitos, é evidenciar a beleza, dignidade e humanidade de cada um.

Silvio Tendler: em 50 anos de carreira, lançou mais de 80 longas, médias e curtas-metragens com viés histórico, social e político. Acumula as três maiores bilheterias de documentários brasileiros e foi premiado em importantes festivais. Prefere biografar os “vencidos” aos vencedores, por isso ficou conhecido como cineasta dos sonhos interrompidos.

Wira Tini: grafiteira e muralista, traz em seus trabalhos sua raiz ribeirinha e de seus ancestrais do povo kokama, imagens  que retratam a cultura e a vivência nortista,  especialmente mulheres e trabalhadores. Pioneira na cena da arte urbana no Amazonas e primeira mulher a fazer um festival de grafite sobre as mulheres da região Norte.

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