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AGENDA CULTURAL

As práticas artísticas de Lia Letícia.

O Governo do Estado de Pernambuco, a Prefeitura da Cidade do Recife, o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Dona Ledy Arte e Cultura e Rosa Melo Produções Artísticas apresentam Tudo dá, individual de  Lia Letícia sob curadoria de Clarissa Diniz no MAMAM, Recife, PE.

Faz quase 30 anos que Lia Letícia, nascida no Rio Grande do Sul, radicou-se em Pernambuco. Sua mudança para Olinda em 1998 possibilitou a consolidação das práticas artísticas que havia iniciado tempos antes, quando trabalhou na confecção de carros alegóricos no carnaval gaúcho. Uma vez que chegou à terra do frevo, especialmente no ateliê de Iza do Amparo e nas ações do coletivo Molusco Lama, Lia Letícia encontrou espaços, interlocutores e aliados tão instigantes quanto aguerridos para sua formação e atuação como artista. Desde então, tem desenvolvido uma obra vasta em contaminações e colaborações, hackeando e reinventando concepções elitistas de arte que, como velhas fortalezas, ainda hoje erigem muros que inocuamente tentam conter sua vocação ao múltiplo, ao outro ou ao avesso de si.

Letícia Letícia fez performance, pintura, objeto, instalação, vídeo, fotografia, intervenção, serigrafia, direção de arte, gestão de espaços independentes, ilustração, cinema, militância, cenografia, curadoria, educação. Sua prática nunca se restringiu a galerias e museus: ao contrário, esteve fundamentalmente lastreada nas ruas, sets de filmagem, comunidades, salas de aula ou mesmo em grupos de WhatsApp. Não à toa, passaram-se muitos anos até que sua obra pudesse ser apresentada em conjunto numa instituição cultural de relevo: um gesto que, sem qualquer ambição de contemplar toda a sua trajetória, tem todavia a intenção de compartilhar as forças norteadoras de sua poética com os públicos do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães. Ocupando todos os andares do MAMAM, a exposição se organiza em quatro núcleos. Neles, aproximamos trabalhos de linguagens e períodos distintos que, todavia, transitam nas mesmas órbitas políticas. No térreo, Nesta terra, tudo dá reúne obras que denunciam o extrativismo (neo)colonial através de uma filosofia da abundância capaz de resistir aos seus projetos de escassez. No primeiro andar, o núcleo Artista desconhecida explora a debochada iconoclastia que tanto identifica a obra de Lia Letícia, enquanto Arriar a bandeira desafia o triunfalismo do poder e suas presunções de progresso. Por fim, Desculpe atrapalhar o silêncio de sua viagem que congrega obras que, a partir da experiência das cidades, insurgem-se contra as injustiças sociais do nosso tempo. Ao longo da exposição, alguns gestos e interesses revelam sua permanência na obra da artista: memórias insurgentes, posicionamentos irônicos, subversões de traços anárquicos, enfrentamentos políticos performativos, criações colaborativas, o caminhar como método, estéticas da abundância. Permeando diferentes temas e estratégias de linguagem, de forma transversal, testemunhamos a iconoclasta vocação da obra de Lia Letícia de arejar as tão estafadas concepções tradicionais de arte, aqui devidamente inscritas – e nutridas – na vida que Tudo dá.

por Clarissa Diniz

Até 09 de novembro. 

 

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