O ruído das estrelas.

05/jun

A Nara Roesler São Paulo convida para a abertura da exposição “Ruído Estelar”, com 36 obras dos artistas Abraham Palatnik, Amelia Toledo, Artur Lescher, Brígida Baltar, Bruno Dunley, Cao Guimarães, Heinz Mack, Julio Le Parc, Laura Vinci, Mônica Ventura, Paulo Bruscky, Rodolpho Parigi, Tomás Saraceno e Tomie Ohtake. A abertura da exposição será no dia 7 de junho e ficará em cartaz até 16 de agosto.

Luis Pérez-Oramas, diretor artístico da galeria, e o Núcleo Curatorial Nara Roesler selecionaram 36 obras a partir da ideia do ruído das estrelas, identificado em 1932, e localizado em 1974, emitido a partir do centro da Via Láctea, na constelação de Sagitário. Em 1974, se descobriu que a origem do ruído estelar era um gigantesco buraco negro, mais massivo 4,3 milhões de vezes do que o Sol, e resultado de um colapso estelar. A exposição sugere ao público uma metáfora em que o mundo das formas artísticas possa ser compreendido como campos de ressonância, em um constante exercício de tornar atual a energia figural que as constitui e que nunca cessa de se transformar, de se transfigurar.

O ponto de partida foi a “música das estrelas”, ouvida, identificada e registrada pela primeira vez em 16 de setembro de 1932, às 19h10, nos campos de Nova Jersey por Karl Jansky (1905-1950), físico e engenheiro especializado em ondas de rádio. Empregado pelos Laboratórios Bell Telephone, ele tinha a tarefa de estudar as fontes de interferência “estática” nas comunicações radiotelefônicas transatlânticas. Para fazer isso, Karl Jansky construiu um dispositivo receptor de ondas de rádio, e ao longo de três anos conseguiu definir três tipos de recepções estáticas: tempestades próximas, tempestades distantes e o que chamou de “um chiado persistente, também de origem estática, cuja fonte é desconhecida”. Com sua antena giratória, no entanto, Karl Jansky pôde identificar a direção de onde os sinais estavam vindo. O estranho chiado ocorria exatamente a cada 23 horas e 56 minutos – quatro minutos a menos que um dia solar – correspondendo assim à duração de um dia sideral. A maior intensidade registrada em 16 de setembro de 1932 permitiu-lhe sugerir que a origem do ruído não vinha do sistema solar, mas do centro da Via Láctea, na constelação de Sagitário. Alguns dias depois, Karl Jansky afirmou que as ondas de rádio que ele havia captado realmente vinham do “centro de gravidade da galáxia”. Anos depois, em 1974, no Observatório Nacional de Radioastronomia, Bruce Balick e Robert Brown descobriram o objeto no centro da Via Láctea de onde se originava o chiado que Karl Jansky havia registrado: Sagitário A*, o imenso buraco negro, 4,3 milhões de vezes mais massivo do que o sol, e resultado de um colapso estelar.

A partir das obras de Laura Vinci, Abraham Palatnik, Tomás Saraceno, Tomie Ohtake, Bruno Dunley, Monica Ventura, Artur Lescher, Cao Guimarães, Paulo Bruscky, Rodolpho Parigi e Julio Le Parc, a exposição busca sugerir uma cena análoga em que as obras de arte seriam objetos que, como as antenas de Karl Jansky, capturam ressonâncias de fundo de seus próprios campos figurais. Ou por imitarem a aparência de dispositivos técnicos (Saraceno, Vinci, Ventura, Lescher); ou por apresentarem composições semelhantes à representação e ao registro de ressonâncias cósmicas (Le Parc, Dunley, Palatnik, Ohtake, Parigi); ou por incluírem, com tons irônicos, referências a rádios e antenas de rádio (Guimarães, Bruscky).

Instrumento para pensar o tempo.

29/maio

O MuBE, Jardim Europa, São Paulo, SP, inaugurou exposição inédita da artista e escultora Laura Vinci. Com curadoria de Agnaldo Farias, FLUXOS, aborda as relações das obras com as questões da natureza e da paisagem, conectando com o espaço arquitetônico em movimento e reflexões sobre o tempo e explora as interfaces da arte, arquitetura e ambiente, enquanto dialoga com a icônica arquitetura do MuBE, projetada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha.

“Laura Vinci transforma o espaço em organismo sensível. Em FLUXOS, ela faz da matéria um instrumento para pensar o tempo, a impermanência e as forças invisíveis que nos atravessam. Sua obra não se impõe, mas se insinua, instaurando uma escuta do ambiente e uma desaceleração do olhar. O público percorrerá os ambientes do museu ao sabor de uma atmosfera habitada por acontecimentos que provocarão a desaceleração de seus passos; um encadeamento de experiências a um só tempo sensoriais e contemplativas, dele exigindo atenção e escuta.”, comenta Agnaldo Farias, curador da exposição

Composta por estruturas metálicas e sistemas mecânicos, como nas peças com vapor a frio, que é empregado como matéria efêmera ocupando o espaço de forma orgânica e imprevisível, a instalação evoca a presença do ar e de forças invisíveis, instaurando um ritmo silencioso e constante. O público é convidado a percorrer o ambiente e se deixar afetar por uma atmosfera que provoca desaceleração, atenção e escuta do espaço, propondo assim uma experiência sensorial e contemplativa. A mostra “FLUXOS” é uma continuidade da pesquisa poética de Laura Vinci sobre estados de transformação, presença e impermanência. Ao ocupar o espaço do MuBE, se integra à arquitetura brutalista do museu e revela, em sua leveza e escala, uma dinâmica marcada pela impermanência.

A produção de Laura Vinci, transita por escultura, instalação e intervenções, com ênfase em experiências sensoriais e materiais em transformação. Ao longo de sua carreira, participou de importantes mostras institucionais, como a Bienal de São Paulo, além de realizar exposições individuais em grandes instituições de arte. Sua obra integra acervos públicos e privados e é reconhecida por sua sutileza formal e profundidade conceitual.

Até 07 de setembro.

Cosmos – Outras Cartografias.

03/fev

 

A Nara Roesler São Paulo convida para a abertura, em 06 de fevereiro, da exposição coletiva “Cosmos – Outras Cartografias”, com curadoria da artista Laura Vinci em parceria com o núcleo curatorial Nara Roesler. A ideia de mapas é discutida em 32 obras de 20 artistas de diferentes gerações e origens: Brígida Baltar, Paulo Bruscky, Jonathas de Andrade, Carlos Bunga, Jaime Lauriano, Ana Linnemann, André Vargas, Alfredo Jaar, Marina Camargo, Rivane Neuenschwander, Talles Lopes, Vanderlei Lopes, Arjan Martins, Carlos Motta, Nelson Leirner, Nelson Felix, Paulo Nazareth, Anna Bella Geiger, Runo Lagomarsino e Laura Vinci.

No dia da abertura Laura Vinci fará uma visita guiada à exposição às 19h.

Laura Vinci diz que “das várias crises que o nosso planeta enfrenta atualmente – sejam elas políticas, migratórias ou ambientais – o objetivo desta exposição é inspirar a reflexão sobre essas questões urgentes”. “Alguns trabalhos podem ter uma perspectiva mais política ou geopolítica, enquanto outros podem enfatizar preocupações ambientais. Juntas, as obras incentivarão um diálogo mais amplo sobre o mundo em que vivemos”, afirma a curadora.

Em cartaz até 15 de março.

Campanha Arte Para o Bem.

11/set

Le Lis e Galeria Nara Roesler lançam edição limitada de camisetas em parceria com artistas renomados para apoiar o Instituto Protea na luta contra o câncer. O projeto “Arte Para o Bem” une moda e arte em 600 camisetas exclusivas, com estampas de Bruno Danley, Cristina Canale, Laura Vinci e Maria Klabin, cujo lucro das vendas será 100% revertido à ONG, que atua na prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de mama.

A Le Lis, marca da empresa Veste S.A. Estilo, se une à Galeria Nara Roesler para apresentar o projeto “Arte Para o Bem”, do Instituto Protea, ONG que já custeou mais de 80 mil sessões de quimioterapia e radioterapia, além de consultas e exames, e onde mais de 1800 mulheres tiveram acesso ao tratamento completo contra o câncer de mama. A parceria conta com camisetas estampadas com as obras de quatro artistas consagrados. Ao todo, são 600 peças, sendo 150 unidades para cada desenho, e o lucro da venda desta edição limitada será 100% revertido para a instituição.

Os modelos exclusivos serão apresentados no dia 12 de setembro, na Galeria Nara Roesler, em São Paulo. Durante o evento, além da venda das peças, haverá uma mostra com trabalhos de cada um dos artistas. Após esta data, as camisetas também serão vendidas no e-commerce da Le Lis e na loja da marca no Shopping Iguatemi São Paulo.

Nara Roesler, fundadora da galeria de mesmo nome, conta que apoia o Protea desde sua fundação, quando conheceu Gabriella, que estava tratando de um câncer na mama. “Essa iniciativa me emocionou, pois sei o quão fundamental é iniciar o tratamento o quanto antes. Muitas mulheres não têm acesso ao atendimento preventivo, porque os serviços públicos não conseguem a agilidade necessária”, diz a empresária, que pontua a iniciativa como uma oportunidade para o público da marca de fazer algo para que outras pessoas se curem com mais rapidez.

Circuito Integrado das Galerias

10/set

A ArtRio, Marina da Glória, parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, chega a sua nona edição e reforça, entre suas principais metas, a valorização da arte brasileira. Com o objetivo de aproximar cada vez mais o público carioca e os visitantes do segmento de arte, o evento promove, pelo sétimo ano consecutivo, o CIGA – Circuito Integrado de Galerias de Arte. Nos dias 16 e 17 de setembro, segunda e terça-feira, respectivamente, de 17h às 21h, galerias dos bairros de Copacabana, Ipanema, Leblon, Gávea e São Conrado, abrem suas portas com uma programação especial para o evento, como vernissages, conversas com artistas e curadores, além de visitas guiadas. O CIGA tem entre seus objetivos estimular a visitação às galerias de arte, além dos museus e centros culturais.

 

“O CIGA é a primeira agenda da semana ArtRio. As galerias programaram ações especiais para receber o público e estimular a apreciação e o debate sobre a arte. A ideia é que, estimulando a visita às galerias dentro da programação da ArtRio, estamos estimulando a inclusão desse hábito na agenda das pessoas durante todo o ano”, indica Brenda Valansi, presidente da ArtRio.

 

Defina seu roteiro para cada dia do evento e visite as principais galerias da cidade!

 

 

Segunda-feira, 16/09 – Ipanema e Copacabana

IPANEMA

Cássia Bomeny Arte Contemporânea

Rua Garcia D’Avila 196, Ipanema

Conversa com o artista Carlos Zilio, na sua individual “Pinturas e Desenhos”.

 

Galeria Nara Roesler

Rua Redentor, 241 – Ipanema

Coquetel de abertura da exposição “Reflexões sobre o Tempo e o Espaço”, que reúne obras de Alicja Kwade, Anish Kapoor, Camille Henrot, François Morellet, Mohamed Bouroissa, Laura Vinci, Lucia Koch, entre outros. A curadoria é de Agnaldo Farias.

 

Simone Cadinelli Arte Contemporânea

R. Aníbal de Mendonça 171, Ipanema

Abertura das exposições “Longe dos olhos”, de Jimson Vilela, e “Maraca”, de Gabriela Noujaim.

 

COPACABANA

Galeria Inox

Av. Atlântica 4240, subsolo 101 e 132, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana

Visita guiada com Renato Bezerra de Mello à sua individual “O que a gente não tem coragem de jogar fora”. A mostra tem curadoria de Bianca Bernardo.

 

TERÇA-FEIRA, 17/09 – LEBLON, GÁVEA E SÃO CONRADO

LEBLON

Lurixs

Rua Dias Ferreira 214, Leblon

Abertura da exposição individual de Elizabeth Jobim.

 

Mul.ti.plo

Rua Dias Ferreira, 417 – Sala 206, Leblon

Exposição “Paralelos”, de Carlos Vergara e Roberto Magalhães.

 

GÁVEA

Carpintaria

Rua Jardim Botânico 971, Gávea

Happy hour celebrando a exposição de Sarah Morris.

 

Anita Schwartz Galeria

Rua José Roberto Macedo Soares, 30, Gávea

Encontro com o artista Cadu e visita à sua exposição individual “Fábrica de Ratoeiras Concorde”.

 

Danielian Galeria

Rua Major Rubens Vaz, 414 – Gávea

Abertura da exposição “Crônicas anacrônicas, e sempre atuais, do Brasil”, de Glauco Rodrigues. A curadoria é de Denise Mattar.

 

Galeria da Gávea

Rua Marquês de São Vicente, 432 – Gávea

Exposição “Pi-Nic no Front”, de Pedro de Morais e roda de samba na galeria.

 

Galeria Mercedes Viegas

Rua João Borges, 86, Gávea

Abertura da exposição “Deixa Ventar”, de Cela Luz. A curadoria é de Pollyana Quintella.

 

Silvia Cintra + Box 4

Rua das Acácias 104, Gávea

Abertura da exposição “O Real Intocável”, de Ana Maria Tavares.

 

SÃO CONRADO

Gaby Indio da Costa Arte Contemporânea

Estrada da Gávea, 712 sala 407, São Conrado

De 19h às 21h – Exposição “Através”, de Rosângela Dorazio.

 

Sobre a ArtRio

 

Em 2019, a ArtRio acontece na Marina da Glória, de 18 a 22 de setembro. Mais do que uma feira de reconhecimento internacional, a ArtRio é uma grande plataforma de arte, com atividades e projetos que acontecem ao longo de todo o ano para a difusão do conceito de arte no país, solidificar o mercado e estimular o crescimento de um novo público.

 

Laura Vinci em Porto Alegre

25/abr

O Instituto Ling, Porto Alegre, RS,  apresenta a exposição “Todas as Graças”, da artista paulista Laura Vinci. Com curadoria de Virginia Aita, “Todas as Graças” é uma instalação concebida especialmente para a galeria do Instituto Ling, com peças das séries “Graças”, “Pins” e “Mundos”, produzidas entre 2015 e 2018, em que a artista trabalha com materiais como latão (banhado a ouro e prata) e vidro borosilicato. São 21 peças da série “Graças”, quatro peças da série “Mundos” e “180 Pins”, dispostas no solo e paredes, em conjuntos que se relacionam entre si e preenchem de forma harmônica o espaço da galeria.

 

Conhecida do público portoalegrense por suas participações na Bienal do Mercosul (1999, 2005, 2009 e 2015), Laura Vinci é escultora e artista intermídia, com atuação em cenografia teatral. A artista se interessa, principalmente, pelo espaço e suas possíveis configurações. Com sua narrativa particular, poética e política em torno do corpo, do espaço e do efêmero, seus trabalhos são intervenções que provocam mudanças no ambiente, muitas vezes diante dos olhos do espectador. Laura Vinci investiga diferentes materiais, explorando suas diversas propriedades e seus potenciais de transformação visível, como nas passagens de estado (como mármore, pó e vidro, ou água, gelo e vapor) ou nas metamorfoses desses materiais.

 

Desde o final dos anos noventa, Laura também se dedica ao teatro, fazendo cenografia e direção de arte. Em 1998 fez “Cacilda!”, com o diretor Mundana Companhia, “O Duelo”, uma adaptação teatral da novela de Anton Tchekhov.

 

Suas obras fazem parte dos acervos da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Inhotim, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.

 

Segundo diz, em seu texto de apresentação, a curadora Virginia Aita, “a instalação Todas as Graças é um recorte peculiar na sua produção: mais intimista, solicita uma ‘escuta’ sutil das formas, que se coagulam num desenho despojado, pontuando elegantemente um silêncio aparente. Condensações de espaço e tempo, essas esculturas funcionam num conjunto dinâmico”.

 

A exposição é organizada pelo Instituto Ling com patrocínio da Crown Embalagens e realização do Ministério da Cultura / Governo Federal.

 

 

Até 21 de julho

A mágica da cor 

27/fev

A Lurixs Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ, abre a programação 2018, em sua nova sede no Leblon, com a exposição individual de Renata Tassinari, “A Espessura da Cor”, sob curadoria de Felipe Scovino, na quinta-feira, 01 de março, às 18h. São 15 trabalhos – dez pinturas e cinco desenhos (pintura sobre papel) – realizados entre 2015 e 2018, em que se vê planos geometrizados por cores sobre papel ou estruturas de acrílico em lugar de telas, resultado de uma pesquisa que a artista faz desde 2003.

 

Em uma primeira observação, as obras de Tassinari provocam dúvidas: são retângulos e quadrados soltos, justapostos, ou se trata de uma superfície contínua? A pintura é feita sobre tela por trás da caixa acrílica ou a tinta é aplicada diretamente sobre a placa industrializada que também lhe serve de proteção? Há ainda a madeira nua, sem tinta alguma, que  entremeia os planos de acrílico. Tassinari conta que a forma de seus trabalhos tem inspiração na arquitetura urbana – fachadas, portas e janelas – de linhas e ângulos retos exclusivamente. O desenho da estrutura das pinturas é transformado em caixas de acrílico de cinco centímetros de profundidade.

 

A parte interna dessas caixas é pintada com tinta acrílica e a face externa ganha camadas de tinta a óleo, sem se sobreporem. O contraste da característica dos materiais, o brilho da placa acrílica, a opacidade do óleo no plano de fora e da madeira,  mais o fio branco de tinta nas bordas do suporte criam um volume, que projeta os planos pintados para o espaço. As cores e a materialidade é que provocam a impressão de relevo e depressão, mas a estrutura é absolutamente plana. Aos olhos do espectador, é quase uma mágica o que Tassinari consegue criar com as cores. E aí entra outro recurso autoral da artista: ela cria sua paleta cromática e todas as cores são bem-vindas. Nenhuma sai do tubo industrializado à venda no mercado.

 

“Transmitir esse caráter expansivo à cor definitivamente não é pouca coisa. Transformar a cor em algo que magicamente avança em direção ao  espaço e que em outros casos, dentro da sua obra, concretamente ganha uma espessura ou dobra, como é o caso das pinturas recentes que fabricam uma imagem, como escrevi há pouco, da fratura, são características notáveis no trabalho da artista”, elogia o curador Felipe Scovino.

 

Dentro do que está reunido nessa exposição, há a série “Lanternas”, formada por módulos de acrílico pintados e instalados na parede em linhas paralelas verticais ou horizontais, que dão a ilusão de hastes de luz acesas. “A partir das ‘lanternas’, os trabalhos aumentaram sua relação com o espaço”, diz a artista. O conjunto mais recente dessa mostra é o intitulado “Beiras”, que são um desenvolvimento das lanternas, de aparência mais econômica na forma (mais estreita) e composição de cores (tons rebaixados).

 

Nas pinturas sobre papel, que Tassinari prefere chamar de desenhos, o plano é dividido com linhas de grafite em quadrados e retângulos. Alguns campos são eleitos para receber tinta a óleo em tons intensos ou suaves. Ambos demonstram um toque de leveza, como se o papel merecesse um contato mais fluido por ser frágil. Críticos detectam na produção da artista um chamado para um olhar mais minucioso e atento do espectador, em contraste com a dispersão vertiginosa do momento.

 

“Em tempos de uma desatenção acelerada, as obras da artista nos levam a nos determos sobre os detalhes, as minúcias e as singularidades de um gesto sobre o papel, a espessura do óleo ou a fresta branca (o “pulmão da obra”, o risco por onde corre o ar) que percorre os limites da pintura sobre a superfície de material acrílico transparente”, resume o curador Felipe Scovino.

 

 

Sobre a artista

 

Formada em Arte pela FAAP, SP, onde foi aluna de grandes mestres como Carlos Fajardo e Dudi Maia Rosa, Renata Tassinari tem dezenas de mostras individuais e coletivas em seu histórico, incluindo a retrospectiva no Instituto Tomie Ohtake, SP, em 2015 e mostras solo no MAM RJ, MAM SP e Paço Imperial. Paulo Venancio Filho, Rodrigo Naves, Lorenzo Mammi, Taisa Palhares e Laura Vinci são alguns dos críticos,  historiadores de arte e artistas que já escreveram sobre seu trabalho.

 

 

“A Espessura da Cor” fica em cartaz até 14 de abril.

Coletiva na SIM galeria

08/jul

Anna Maria Maiolino, Alice Miceli,  Daisy Xavier, Juliana Stein, Lais Myrrha, Laura Vinci, Leonilson, Luiza Baldan, Lygia Pape, Maria Laet, Marilá Dardot, Mira Schendel e Romy Pocztaruk  formam o grupo de artistas expositores reunidos sob a curadoria de Luisa Duarte para a mostra coletiva “Hiato”, em cartaz até o dia 13 de agosto na SIM galeria, Curitiba, PR.

 

 

 

A palavra da curadora

 

Hiato

 

Ao me convidar para realizar uma exposição que contasse somente com artistas mulheres, a SIM Galeria desejava incorporar à sua agenda um debate atual no Brasil. Tratava-se de tentar refletir um momento no qual os movimentos feministas e pós-feministas mobilizam de maneira candente o país.

 

Mas, aceito o convite, acabei por descartar os caminhos que me levariam a uma exposição sobre o feminismo, mas me comprometi a buscar uma pesquisa sobre traços que pudessem evocar aquilo que associamos ao registro feminino. Tratava-se de insistir numa chance de me ocupar de um universo que partisse da feminilidade sem cair num gesto ilustrativo.

 

Em meio a pesquisa leio uma entrevista da crítica e curadora Lisette Lagnado, cujo tema central era justamente o feminismo. Dessa fala sublinho o seguinte trecho:

 

Ao longo da sua carreira como curadora, você já organizou exposições que deram ênfase a artistas mulheres? E quanto a obras que exploram questões feministas?

 

Só fiz uma vez uma curadoria efetivamente voltada para descascar essa questão. Era o aniversário do livro de Simone de Beauvoir, O Segundo Sexo (1949). Clio, Pátria (Caderno Sesc-Videobrasil nº 5) foi um exercício muito especial para mim, porque percebi que eu falava do Leonilson quando era convidada a falar de feminismo…

 

Poderia citar alguns artistas e/ou obras que abordam essas questões e que considera bons?

 

Para mim, Leonilson contribuiu mais para me pensar como mulher do que Ana Maria Tavares, então não sei se consigo responder. A pergunta me parece machista. O que é “bom”? Que questões? Como já disse, o feminismo não se reduz a temas (violência doméstica, aborto, estupro, salários iguais etc.). As questões formais não devem ser menosprezadas. Eva Hesse era feminista? O que importa? Na minha percepção, o feminismo é um modo de estar no mundo, de se relacionar com o outro, de lidar com problemas econômicos, de fazer partilhas, de pensar ecologia, de resolver dívidas, de brigar e botar o pau na mesa, de ser generoso e não perder a ternura, tudo isso junto e muito mais.

 

Tomando a colocação de Lisette Lagnado com uma posição com a qual me identifico, tendo sido Leonilson um leitmotiv de diversos textos meus até hoje publicados e de ao menos duas exposições, tomo o artista como ponto de partida para a exposição hoje apresentada. O título escolhido evoca o intervalo entre vogais. Hiato tem origem no termo Latim “hiatus”, cujo significado é “abertura, fenda, lacuna”. Assim, o título sinaliza para algumas características presentes no trabalho de Leonilson, quais sejam: o uso da palavra seguida por longos intervalos em branco; a capacidade de se fazer dizer justamente no intervalo, no não dito; o vazio como produtor de sentido; a ausência que caminha na contra mão do espetáculo.  Tais aspectos da obra de Leonsilson me levaram, por sua vez, a uma citação a respeito de Walter Benjamin que pode iluminar o caminho que pretendemos seguir, trazendo a tona a questão da mulher, e do feminino, de um modo singular:

 

 “O silêncio – tipificado como atitude da mulher – é o elemento decisivo para a compreensão, no texto, da natureza da conversa. A valorização do silêncio determina a grande diferença de sua compreensão em relação às teorizações filosóficas sobre o diálogo da tradição metafísica. Estas teorizações, privilegiando a dimensão comunicativa da conversa, detêm-se unicamente na fala, compreendendo o diálogo como uma troca verbal onde se produziria o sentido. A dialética aqui é simétrica, entre iguais – os dois falantes. Para Benjamin, a dialética da conversa é, ao contrário, assimétrica e se estabelece entre duas diferenças: a que fala, e a que escuta, ou seja, entre a fala e o silêncio, entre o homem e a mulher. Na conversa, silêncio e fala engendram-se mutuamente: se o silêncio é a fonte de sentido, a fala gera o silêncio. (…) É no vazio das palavras escutadas que o ouvinte apreende, com desenvoltura, a verdadeira natureza da linguagem – o som das palavras que lhe entra pelos ouvidos, a sua visibilidade nos esforços de expressão do rosto de quem fala. (…) As conversas dos homens são sempre ardilosas e Benjamin usa termos fortemente negativos para classificá-las: “jogos obscenos”, “paradoxos que violentam a grandeza da linguagem”. A cultura, onde a linguagem degradou-se ao interesses de poder e dominação é, para Benjamin, uma cultura masculina onde a mulher não pode existir sem também degradar-se. (…) Estes personagens, a mulher, o jovem, fornecem-lhe a diferença necessária para construir a sua crítica da cultura e a esperança de uma outra cultura apenas adivinhada, uma visão fugaz do paraíso. Como conversam entre si as mulheres que não perderam a alma no mundo das palavras masculino? pergunta-se Benjamin.”

 

Assim, em tempos nos quais somos todos chamados a guerrear por meio de palavras diariamente num Brasil imerso na polarização política, a presente exposição busca uma pausa reflexiva, um intervalo para pensarmos na importância do silêncio como formador de sentido, ou mesmo em uma outra forma de nomear e conversar que nos endereça a possibilidade de outras maneiras de se estar no mundo.

 

“Hiato” torna-se assim uma aposta no murmúrio em meio a cacofonia generalizada em que estamos imersos. Uma aposta na delicadeza, na falha, no momento em que a palavra nos falta, na permanência no vazio que gera tempo para algum tipo de elaboração. Ou seja, trata-se de recordar que é ali, no espaço em branco entre um verso e outro de um poema que encontra-se guardado o sentido daquilo que está sendo dito.

Luisa Duarte

 

 

 

 

 

Coletiva na Galeria Laura Marsiaj

22/jan

A Galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição coletiva “JUNTOS, APOLO e DIONISIO”, sob a curadoria da crítica de arte Ligia Canongia. A curadoria elencou os seguintes artistas (em ordem alfabética): Angelo Venosa, Antonio Dias, Daniel Senise, Fábio Miguez, José Damasceno, José Resende, Kilian Glasner, Laura Vinci, Marcos Chaves, Paulo Pasta e Paulo Vivacqua. A proposta da curadoria foi reunir artistas que fundem a bipolaridade entre as formas apolíneas e as dionisíacas, isto é, aquelas que primam pela definição de uma estrutura precisa e aquelas que carregam uma pulsão mais vital e romântica.

 

 

A palavra da curadora

 

“Essa tensão bipolar sempre esteve enraizada na civilização ocidental, como uma esquizofrenia crônica, gerando programas artísticos que pendiam ora para a grade matemática, ora para a prática mágica ou orgíaca.”

 

“A ideia da exposição é exatamente revelar como os artistas contemporâneos romperam essa dicotomia, fundindo os dois polos de sua oposição, e imiscuindo a energia dionisíaca no seio mesmo do equilíbrio apolíneo.”

 

“Os artistas escolhidos parecem impermeáveis às dicotomias que nortearam a tradição histórica da arte, propondo obras que entrelaçam o cogito com as experiências sensoriais, na busca de espacialidades mais complexas e dissonantes.”

 

 

De 28 de janeiro a 13 de março.