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AGENDA CULTURAL

TRANSARTE Apresenta Silvia M

Depois do pintor americano Timothy Cummings e da fotógrafa alemã Iwajla Klinke,  o espaço Transarte, Jardim Paulista, São Paulo, SP, inaugura a exposição de Silvia M, fruto, assim como as duas exposições anteriores, do programa de residência oferecido pelo espaço. Enquanto a vivência favoreceu aos artistas estrangeiros um contato intenso com a realidade brasileira – e o resultado disso está presente em seus trabalhos -, a experiência para a artista paulistana Silvia M está evidente na introspecção e na concentração da própria pesquisa.

 

A artista realiza suas obras com objetos que lhe foram dados ou que a mesma encontrou abandonados no espaço público. Tais objetos então sofreram uma série de intervenções e foram fotografados, moldados em gesso, costurados com espuma ou justapostos a outras peças. Embora a artista afirme que, ao coletar coisas nas ruas, ela tenta selecionar as que lhe parecem mais “plasticamente interessantes”, ela também leva em conta a história de cada artefato.

 

As costuras e os bordados são características dos trabalhos de Silvia M desde “Por dentro” (uma série de caixas manipuláveis expostas no espaço cultural da Caixa Econômica Federal, em 2002). A partir de 2006, a artista cria objetos com imagens cobertas de parafina e moldes de gesso sobre peças de mobília, como gavetas e portas de armário. Os móveis, que não foram produzidos pelas mãos da artista, compõem o trabalho. O procedimento tem como referência os ready-mades de Duchamp e os objets-trouvés dos surrealistas. Também em 2006, Silvia M produziu trabalhos a partir da residência artística do Ateliê Amarelo, utilizando objetos coletados na região paulistana da “cracolândia”, famosa por abrigar usuários de crack. Tais objetos foram substituídos por moldes de gesso e instalados no local em que haviam sido encontrados. Muitos deles foram reaproveitados em trabalhos posteriores e figuram, por exemplo, na própria exposição atual.

 

Em 2009, com a série “Visitas invasoras”, a artista aprofunda sua proposição de caráter relacional, que, anteriormente, era de trocas com o meio (as coisas substituídas pelos moldes). Silvia M propõe uma série de visitas a pessoas que lhe são mais ou menos próximas e, sem escolher, recebe objetos oferecidos por essas pessoas. Moldes de gesso produzidos a partir desses objetos devem ser posteriormente instalados nas casas, como uma espécie de retribuição. Os moldes e as ações da artista são visíveis apenas para os que receberam a obra. Seus vestígios são os registros escritos e fotográficos, além dos próprios objetos doados, que, assim como os objetos descartados, retornam em forma de outros trabalhos. Esses novos trabalhos, por sua vez, não deixam de ser vestígios das ações pelas quais os objetos foram adquiridos, de modo que o conceito de obra de arte é problematizado como um determinado objeto que deve ser apreciado por suas próprias qualidades. O complexo sistema de trocas recíprocas tematizado por Silvia M extrapola as intenções vanguardistas e reproduz os passos estipulados pelo sociólogo Marcel Mauss em Ensaio sobre a dádiva (1925): ao reencenar as obrigações de dar, receber e retribuir está-se exprimindo a vida própria que as coisas parecem ter quando estão em circulação.

 

 

A disposição dos trabalhos de Silvia M foi desenhada pela artista plástica Maria Bonomi. Amplo catálogo de trabalhos da artista foi produzido por Maria Helena Peres Oliveira com textos do artista plástico Arthur Luiz Piza e do crítico José Bento Ferreira.

 

 

De 16 de agosto a 17 de dezembro

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