A exposição “Quando o corpo toca a terra”, da artista visual Beatriz Balen Susin, na Ocre Galeria, 4º Distrito, bairro São Geraldo, Porto Alegre, RS, tem curadoria de Paula Ramos, crítica e historiadora da arte, e apresenta 30 obras que retratam a Mata Atlântica em painel de 16m. de largura por 1,80cm. de altura. O painel impressiona pelo tamanho e, sobretudo, pela exuberância da pintura que contém. A mostra será aberta no dia 1º e permanecerá em cartaz até 29 de novembro.
O painel é composto por 20 telas de 0,80cm de largura (e 1,80cm de altura), montadas lado a lado numa grande panorâmica. “Habitadas por uma profusão de formas vegetais, em uma paleta vívida e exuberante, as pinturas parecem exibir, progressivamente, um adensamento da experiência, como se fosse possível tatear a superfície das plantas, acompanhar o transporte da seiva, sentir a absorção das raízes, pulsar no ritmo da mata”, comenta a curadora, no texto de apresentação da mostra.
A exposição abriga ainda dez outras obras da artista sobre o tema da natureza. Cinco igualmente inspirados num trecho da Mata Atlântica em Santa Catarina e cinco, em papel, reproduzindo troncos de árvores de outros lugares.
Doação física e ganho espiritual
A execução do trabalho ocupou a artista – que completará 79 anos – em dois turnos de maio a agosto passado. “Foi uma grande doação do meu corpo, mas espiritualmente representou o começo de muitas coisas. Do ponto de vista mental, me sinto jovem, tanto que quero fazer outros painéis. Não esmoreço, não me entrego. Tenho essa força, não desanimo jamais”, diz Beatriz Balen Susin. Ex-professora de Artes da Universidade de Caxias do Sul (UCS), RS, – sua cidade natal -, ela se define como expressionista. “Sou movida pela emoção. Não planejo antes. Já saio com a tinta. Se desenhasse antes, gastaria a emoção. Adoro desenhar com o pincel, com gesto largo”. A cor é um capítulo à parte na sua atividade. “Pra mim, tudo funciona na base da cor. Tanto em paisagens como em figuras as cores vão entrando e mudando durante o processo de criação. Tenho essa mania de transformar as coisas em cores”.
A exposição coincide com a primeira COP realizada no Brasil. A Mata Atlântica, bioma presente em 17 estados do país, será um dos temas debatidos no maior evento das Nações Unidas sobre as mudanças do clima no planeta, em Belém (PA). O desafio do Brasil é alcançar o desmatamento zero em todos seus biomas até 2030, e a Mata Atlântica, por seu histórico de resistência e recuperação, pode ser o primeiro a atingir a meta. Como pessoa e artista intrinsicamente ligada à Natureza, Beatriz Balen Susin torce para que isso aconteça e para que todos possam conviver com a beleza da floresta preservada.



