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AGENDA CULTURAL

Vergara e as nuances avermelhadas.

Depois de um hiato de uma década, Carlos Vergara volta a expor em galeria na mostra individual que apresentará na Galeria Patrícia Costa, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, com curadoria de Vanda Klabin.

Há exatos 25 anos, Carlos Vergara cultua o hábito de ir, religiosamente, ao ateliê que mantém em um casarão em Santa Teresa. Fruto dessa produção ativa e constante será mostrado em trabalhos inéditos na individual “Além da Pintura”, a partir do dia 28 de agosto. Essa mostra guarda uma particularidade em especial: é a celebração de uma amizade, pois sela o encontro entre o artista, a galerista Patrícia Costa e a curadora Vanda Klabin. Pioneiros da arte no Rio de Janeiro, os três mantêm relação de longa data, desde 1980, e estarão reunidos em uma exposição pela primeira vez. Literalmente, além da pintura.

Conhecido por desenvolver seus próprios pigmentos com elementos naturais, desta vez Vergara apresentará sua mais recente alquimia: uma tintura de nuances avermelhadas extraída do pau-brasil, árvore que possui enraizada em seu ateliê. A matéria-prima também virou serragem para ele desenhar com uma seringa, criando sutis relevos traçados em algumas telas. Essa técnica de pigmentação foi apresentada em novo terroir, quando participou de uma residência artística no Château Cos d’Estournel (vinícola de Bordeaux), no primeiro semestre desse ano, como parte da Temporada Brasil-França 2025.

Os trilhos dos bondes de Santa Teresa, um dos ícones da cidade carioca onde está radicado desde a adolescência (Vergara nasceu em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 1941), se fazem presentes em monotipias que também poderão ser vistas pelo público em “Além da Pintura”, que terá um recorte com cerca de 16 trabalhos com diferentes suportes, até 27 de setembro, na Galeria Patrícia Costa.

A palavra da curadoria.

“O artista presentifica um entrelaçamento de outros processos manuais, uma escolha estética, ao decalcar elementos naturais, como o pigmento com suas texturas e propriedades, carregado de história. Estar impregnado de gestos dos materiais que vêm da terra traz uma nova forma de expressão para a sua prática pictórica. Seus trabalhos são sempre atravessados pela pintura, um processo que se confunde com uma depuração ou fusão com outros elementos, com um embeber, um provocar depósitos, vestígios, detritos ou fragmentos. Uma adesão aos puros pigmentos naturais e seus valores cromáticos, que se deixam impregnar ou diluir, de maneira aberta ao imprevisível, como o próprio artista declarou, “utiliza o acaso e a precisão”. A diluição do pigmento traz perturbações delicadas na superfície da obra, como se estivessem à procura de uma outra instância para a sua existência, um novo modo de ser, uma nova significação, como se relutasse em alcançar sua forma final. São pulsações diferenciadas, irradiações impregnadas de valores cromáticos que flutuam e adotam comportamentos divergentes e o artista comentou que “as formas não mudam, o que muda são as formas de olhar”. Sua pintura permanece extremamente vigorosa, plena e fluida, seu universo discursivo sempre diversificado, pulsante, propaga a sua imensa energia plástica, continuamente desdobrada em inovações. Essa exposição amplia o entendimento sobre a trajetória do artista e da constituição de uma linguagem plástica brasileira, com incessante fidelidade ao ato da pintura”.

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